domingo, dezembro 24, 2006

Feliz Natal

para todos.



Deixo-vos o presépio dos Marias que triplica o advento e acrescenta alguns elementos ao tradicional presépio (tigres, leões, elefantes, guerreiros, tartarugas e rinocerontes). Se em Faro também tivessem colocado três meninos Jesus, o presépio tinha resistido a pelo menos dois ataques.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Arco-Íris


E de repente a imensa curva das cores, brincadeira de luz a desdobrar-se nas gotas d’ água. Tentou alcançá-la, já ela sábia, se escapava à proximidade dos gestos. “Anda alguém atrás da ponta do arco-íris, para me fugir assim” pensou.
Conta-lhe se eras tu em busca do fim da gigante roda de luz. Numa outra roda, gigante círculo de risos e música de acordeão, tangente ao chão e às nuvens, os mesmos tesouros impossíveis, o mesmo pote de sonhos, à inatingível chegada.
Estremunhado regressa à realidade, e quando novamente olhou o céu, já a magia de cor se dissipara.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

A estante

A estante da sala dos meus pais desapareceu.
Aquela estante que estava lá desde que me conheço e que me acompanhou durante quase trinta anos. Mais ou menos até aqueles dias em que, com 28 anos, já tinha vergonha de pôr a chave à porta, sempre à espera que um deles acabasse por perguntar “Ainda moras aqui ? Sabes que com a tua idade já estávamos casados e com filhos?”. A verdade é que as candidatas eram muitas e o processo de selecção foi complicadíssimo, pelo que só após longos anos de triagem acabei por optar por aquela que tinha as mamas maiores (cheira-me que hoje vou dormir no sofá).
Falava eu da estante, que desapareceu por troca de um plasma que ainda não conheço. Essa estante, que ao que parece foi desenhada pelo meu pai, foi desde sempre cúmplice da minha infância e adolescência. Uma lista de memórias misturadas nas prateleiras de livros, nas gavetas de fotos e nos armários de bebidas. A saber:
- os livros da Mafalda, daqueles mais compridos que altos, de várias cores e com duas tiras por página
- o livro dos anarcas, que tinha frases como “Portugal é um país geométrico, resolvem-se problemas bicudos, em mesas redondas, com bestas quadradas”, “Pratique desporto, faça tiro ao Álvaro” e “Soares tem a tripa cagueira ligada ao cérebro, quando fala, fala merda, quando caga, caga sentenças.”
- as fotos da ida à serra da Estrela e dos verões com as primas Rita e Sara em Tibaldinho
- uma garrafa de fazer soda que tinha umas recargas de gás, capazes de colocar qualquer bisnagas de carnaval a um canto. Essencial portanto para a consolidação da posição social, na escola da Câmara lá do Bairro.
- a Araldite em duas bisnagas, cujo o conteúdo se misturava para fazer cola, mas que por uma razão ou por outra nunca funcionava e aquilo que eu partia acabava sempre por ser descoberto
- o atlas verde e o guia da vida saudável que tinha umas páginas geni(t)ais sobre a vida sexual
- os livros do “Pão com Manteiga” e as “Crónicas de um bom malandro” que, não sei porquê, estão na mesma área do meu cérebro
- a primeira televisão a cores lá de casa (a segunda também). A prateleira que sobrou com a entrada da televisão e que nos braços do sofá, serviu para tantas horas de estudo
- uns maços de cigarro Português Suave com filtro dos tempos em que a minha mãe fumava um cigarro por semestre, e que eu roubava para fumar às escondidas
- as garrafas de bebidas que eu e os meus colegas de faculdade quase limpámos quando fizemos uma festa lá em casa durante umas férias dos meus pais. Acabámos por ser expulsos pela minha irmã, que tinha exame de anatomia nessa semana e não estava para nos aturar bêbados em casa (foi uma injustiça porque a bebedeira foi-se construindo à volta de tão nobre motivo – brindávamos ao general Kadafi pela forma como resistia e afrontava o poder autoritário do imperialismo Americano).
Outras memórias estão presas aquela estante, mas por um motivo ou outro, ou simplesmente porque a memória é selectiva, são estes que aqui escrevo.
A madeira que desapareceu da casa de Campo de Ourique não é importante, a estante e as prateleiras de memórias, ainda existem assim, meias desarrumadas e dispersas. Mas também o arrumo e a organização, nunca persistiu na dita estante. Felizmente.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Saúde Publica

Certo e sabido que comer doces fora de prazo é um convite à intoxicação. Pinto da Costa veio provar que o perigo também existe com Salgados.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Frase da Semana

"O Paulo Bento, de castigo, devia ser obrigado a usar risco ao lado durante 3 meses."

Também, caramba, não é caso para tanto. Afinal o advento nunca foi amigo do leão.

terça-feira, dezembro 05, 2006

MPB.pt


Carlos Vaz Marques

... à conversa com a música do Brasil. Ney, Bethânia, Chico, Caetano, Marisa, Carolina, Rita na certa, muitos outros que não lembro agora. E estas conversas derramadas nas páginas de um livro, escancaradas aos nossos olhos, de certeza pausadas como as conversas de um grande conversador. Razões, memórias, risos, angústias e paixões, extraídas da alma de entrevistados, como o minério se extrai da mina. A mãe na memória de Maria Rita “Maria Rita vá escovar seus dentes”, não esqueço. Pessoais e transmissíveis, estas conversas acompanham-me nos regressos a casa. Fim de tarde. São o separador dos meus mundos, como um separador de televisão. Como um separador de rádio. Esvaziam-me a mente do frenesim, dos prazos, das tarefas e do faz de conta, calibram-me as emoções para o abraço dos filhos, o beijo da mulher, o conforto do serão.

[lançamento do livro hoje na FNAC do Chiado às 21:30]

quarta-feira, novembro 29, 2006

Mea culpa

Hoje vou levar o João a confessar-se, actividade inserida no PPCDEJVT (programa primeira comunhão dezembro e já vai tarde) do mais velho dos marias. Espero que o facilitador desta conversa com Deus (vulgo prior lá da paróquia), não me convide a fazer o mesmo. Se o fizer, é coisa para durar até aos reis. Um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo para todos vós.

Eu vou, eu vou ...

- Ainda bem que o vejo, precisava de falar consigo sobre o Manel, ele ...
- Passa-se alguma coisa com o Manel? O que é que ele partiu ? Bateu em quantas pessoas ? Atirou o quê janela fora ? Mordeu em professores ? Cuspiu na sala de aula ? Eu já o avisei que esta mania de cuspir é muito feia... não sei onde é que ...
- Ele está muito entusiasmado por ir ser anão na festa. Por certo já falou lá em casa que ia ser um dos anões.
- Desculpe ?
- Vai ser anão na festa de Natal. Como os anões da branca de neve. Anda tão contente.
- Acho que não disse nada em casa.
- É estranho ele anda tão feliz.
- Por acaso agora que fala nisso, ele disse qualquer coisa sobre anões, mas levou logo um chapadão para aprender a não fazer pouco dos deficientes. Ah então era isso, um dos anões da branca de neve.
- Sim. O que eu queria falar é da indumentária. Umas peças de roupa com as cores parecidas com a dos anões da branca de neve, umas botas e um gorro de anão.
- Algum anão em especial ? Talvez o rezingão lhe fique bem, ou o Atchim já que ele anda sempre com as alergias. Se a senhora professora lhe der uma fatia de fiambre uma hora antes do início da peça, vai ver que ele fica fantástico como Atchim.
- Então pronto. Fica combinado, se precisar de alguma ajuda diga-me. Há uns gorros à venda por 70 cêntimos que bem conversadinhos, bem conversadinhos fazem de gorro de anão ...
- Com certeza. Obrigado Branca de Nev ... digo senhora professora.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Pontaria


A IVM, na sua imensa saveforia criou um afaptafor fo rato que permite a quem pafeça fe tremor essencial, acertar com a porcaria fo rato nos minúsculos icons que permitem interagir com esta coisa.
É verfafe que estremeço fas mãos, às vexes mais, outras vexes menos. Às vexes é um hanficap, outras vexes uma tremenfa vantagem. Faxer maionese, misturar o café e o açúcar, ou mesmo para a técnica fo esponjafo, o tremor essencial coloca-me no topo fa competência. Já na electrónica, na neurocirurgia e na ginecologia pofia conferir-me uma fama que eu não acho que não iria querer.
Ora a IVM lançou esta magnífica invenção para ajufar os meus parceiros oscilantes no manuseamento fo ponteiro fo rato: Desenvolvido pela IBM, o novo adaptador para ratos de computador regula os movimentos involuntários dos utilizadores que sofrem de tremuras nas mãos, permitindo-lhes desempenhar todo o tipo de tarefas com facilidade..”
Vai faí eu queria aproveitar para sugerir à IVM que invente uma merfa qualquer que permita que o mesmo universo fe pessoas acerte à primeira nas ínfimas teclas fos portáteis.
Cumprimentos

Or' olha

Estou nomeado para o melhor blogger masculino. Foi a Catilu que tratou da minha nomeação. A Catilu tem sentimentos maternos, legítimos, sobre este blog e vai daí, nomeou-o para a categoria de "Melhor blog masculino".
Acontece que este blog tem trejeitos de blog feminino, o que a deve fazer sentir-se como o Néné no dia em que estava à espera do filho para jantar e lhe apareceu a Filipa Gonçalves.
Este blog é lamechas, fala de bimby's, é cusco e bisbilhoteiro, fala de patermaternidade e volta não volta até revela alguns segredos de culinária. Este blog não é blog de gajo, mais parece blog de roto. Gajo que é gajo não se comove com umas coisas que eu para aqui escrevo. Gajo que é gajo comove-se a ver a sua equipa levar três secos em Braga. E comove-se muito. A ponto de partir o plasma a meio e espancar o mulher, filhos, e mais os filhos dos amigos que por acaso cá estavam a jantar. E porrada na mãe dessas criancinhas que também não é do Benfica. Gajo que é gajo vê o glorioso levar três secos, mas distribui oito biscoitos para compensar. Mas já nem isso me comove, ninguém levou nos cornos e o plasma está intacto, que nem sequer é plasma, é uma daquelas televisões que tem um rabo maior que o pavilhão atlãntico.
Este blog deveria estar nomeado ? Sim, claro que devia. Mas na categoria Melhor Blog de Roto. De qualquer das formas, Catilu, os meus sinceros agradecimentos.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Mudanças

- O Senhor faz favor de ter cuidado com esse sofá. Comprei-o há dois anos na Moviflor a 48 meses e não quero que o estrague (…) atenção a essa natureza morta, esse quadro não tem preço, vocês acondicionem isso como deve ser. Parece impossível. Se isto é maneira de tratar das mudanças de uma pessoa.
- Sr José Veiga.
- Sim.
- Somos jornalistas e pedíamos para comentar a execução destes seus bens.
- A quantas?
- A acção judicial que determinou a execução dos seus bens.
- Com licença. ATENÇÃO AO PLASMA. ATENÇÃO AO PLASMA. O meu amigo acha que isso é forma de transportar um televisor. Faça favor de voltar para trás que isso não pode seguir fora da esferovite. Diga lá o que é que quer que comente?
- A execução destes bens por causa de um milhão de euros reclamados por um banco do Luxemburgo.
- Vocês são mesmo vampiros. Estes jornalistas. De certo enviados pelo sr Pinto, já se vê. Então eu estou a mudar umas coisinhas para a minha casa de campo e vocês vêm filmar uma acção judicial? Que cambada.
- O sr Veiga desculpe. Mas trata-se na realidade de um arresto de bens. Diga-me lá porque é que são polícias a fazer a mudança?
- Parecem polícias não parecem? Mas não são. É uma empresa que eu contratei para fazer a mudança, mas não sei porquê, vestem-se desta maneira. Eu por mim não me importo, desde que não venham às riscas azuis e brancas, tanto me dá. Agora fora daqui que eu não tenho culpa que não tenham notícias para o jornal da noite. Vão mas é filmar o César Peixoto a mudar a fralda ao filho e não me chateiem. NÃÃÃÃOOOOOOOOOO. O DRAGÃO de OURO NÃO. Ó xor guarda, não me leve a estatueta. Tudo menos isso. Quer dizer. Ó senhor da empresa das mudanças, se reparar na lista de bens, de mobiliário a transportar, verá que não consta o Jorge Nuno, a minha réplica do Dragão de Ouro que apesar de tão merecida, nunca me foi atribuída. Tudo menos isso.

domingo, novembro 12, 2006

Novo Canal

... de comunicação com o João Maria ou o primeiro sinal exterior de adolescência.

[18:48] a_f: Olá João
[18:49] a_f: Joãããããoooooooooooooooooooooooo
[18:49] a_f: Fala com o pai JÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ
[18:53] a_f: ainda não recebi nada
[18:56] a_f: continuo sem receber nada !!!!!
[18:56] João Maria: anda para casa brincar
[18:56] a_f: isso é um recado da mãe?
[18:56] João Maria: não
[18:57] a_f: O que é que o Nhó está a fazer?
[18:57] a_f: e o Antum ?
[18:57] João Maria: está a brincar
[18:59] João Maria: e o António também
[18:59] a_f: Olha então agora eu vou desligar e sair para ir ter a casa e ainda vamos ter tempo para brincar com o BUZZZZ
[18:59] a_f: Boa?
[18:59] a_f: Beijos
[18:59] João Maria: sim

Vantagens do poder paternal:
Se te pões com histórias de eu ter publicado uma conversa tua no Messenger, levas um chuto no rabo que ficas encastrado na parede do quarto até ao Natal.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Usa

Se nos tempos do Clinton a América desabrochava, agora, aos poucos, desemBusha. Ir(r)aque alívio.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Chico

“Para delírio das gerais
No coliseu
Mas
Que rei sou eu (...)“

O velho Francisco, de pose recta e figura esguia, olhos de um profundo azul. A dedilhar o violão em contador de histórias. Mulheres, censuras e futebol. Os sonhos e a "precisão das flechas nas folhas secas".
Ninguém te espera animal de palco, mas sábio. E sábio és. Não senti a falta de ouvir as que todos conhecem, antes atenção à palavra, à voz, aos arranjos. Uma mulher entre os músicos. Coisa tão rara. Também te emoldurou a voz. Dois nomes Chico Batera e Luis Cláudio Ramos serviram-me outros sons, passageiro da máquina do tempo.
Quase no fim, aquele recado enviado há tantos anos. Temo que o cravo tenha murchado pá. Tanto mar. Tanto amar.

domingo, novembro 05, 2006

Rapaz

Chegas então aos oito anos. Rapazão ainda com cara de bebé. Muito por culpa dessas bochechas gigantes onde os óculos aterram. E depois não é só a cara, ainda és muito bebé mesmo. Ter uma crise de choro porque a fada dos dentes se baldou à favola da frente. E a história do baloiço na toalha de banho? Como é que te convenço que já não te consigo fazer aquilo. O António pesa uns 10 quilos, o Manel uns 16, é fácil embrulhá-los na toalha e baloiçá-los violentamente entre a casa de banho e o quarto, calcular as tangentes às ombreiras das portas e fazer a aterragem final em grande estilo no colchão da cama. Mas tu já tens quase 30 quilos. Quase que tens peso suficiente para entrar num desfile de moda de Madrid. Correu muito mal pois claro. Eu também já não vou para novo e a guinada na coluna não foi a fingir. Fiquei três dias quase sem andar. Tem paciência, mas vamos parar com essa brincadeira. Continuam as histórias ao deitar, as descomposturas aos semáforos vermelhos, a escolha do caminho para a escola (cessa também a história de passar por cima das poças de água enquanto eu não descobrir donde vem o lago que está dentro do carro), as jogatanas de playstation e os jogos de escondidas (cheira-me que também já não cabes no cesto da roupa). A idade tem destas coisas. Causa mixed feelings. Por um lado é bestial, mas atiram-se sempre outras para trás das costas. É melhor nem falar em costas que ainda lhes sinto as pontadas. Parabéns bochechas.

sexta-feira, novembro 03, 2006

Quem sou eu ...

... para dizer o que é que os outros hão-de escrever.
Deus me livre e guarde. Antes o poço da morte que tal sorte.
Moderar comentários não é comigo ... aos poucos é levantado o estado (cá) do sítio.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Eu...

... que sou tendencialmente boa pesssoa, resolvi brindar os mais atentos leitores da Caixa de Costura, com a chave que amanhã vai sair no Euromilhões.
Têm toda a sexta feira para colocar esta chave nas vossas matrizes e transformarem a vossa vida num sonho doirado. Não têm que me agradecer. Apenas vos quero ver felizes e excêntricos.
11 13 24 44 49 Nas estrelinhas coloquem o 3 e o 9.
Agora é só esperarem pelo início da noite de amanhã.

domingo, outubro 29, 2006

A contas com a campanha Caixa-Fã, fui assistir a um jogo da selecção nacional de Rugby. Um importantíssimo Portugal Rússia. Tratava-se da qualificação para o mundial de 2007.
O jogo parecia animar as hostes, mas confesso que passei toda a primeira parte a garantir que oito crianças não entravam campo dentro nem eram atropelados por nenhum daqueles senhores exagerados. No tempo livre que me restou passei os primeiros 40 minutos a tentar descobrir quem eram os portugueses e os russos, qual o resultado e o que levava aquela gente toda a encaixar a cara nas nádegas dos parceiros. O Rugby tem umas coisas engraçadas quando comparado com o futebol:

- um é jogado por Nélsons, Betos, Petits e Decos, o outro é jogado por Vascos, Gonçalos, Diogos e Salvadores
- no futebol não se promove o contacto físico e é vê-los a partir perónios e a fazer roturas de ligamentos. No rugby, promove-se o contacto físico mas as equipas médicas raramente entram nas quatro linhas
- depois de marcar um golo é natural que os companheiros de equipa se atirem todos para cima do jogador, ao tentar marcar um ensaio é natural que os adversários tentem todos atirar-se para cima do jogador
- a bola passar por cima da trave tem sabores antagónicos nos dois jogos
- a bola passar por baixo da trave também
- num, dada a forma da bola, é estranho que se falhem tantos passes, no outro, dada a forma da bola, é estranho que se acertem tantos



Enfim, algumas diferenças entre “um jogo de cavalheiros jogado por animais e o jogo de animais jogado por cavalheiros”. A coisa acabou bem, Portugal venceu os Russos por 26 a 23 e a criançada passou o resto do fim de semana a ensaiar placagens e ensaios.





quinta-feira, outubro 26, 2006

As Homilias do Bispo Vieira

Fui educado com alguns cuidados, a menos daquela questão de oferecer o lado de dentro do passeio às senhoras, sem que nunca me explicassem o que fazer no caso de um piano ou de um cofre cair do lado de dentro esmigalhando a respectiva e deixando-me intacto mas sem companhia.
Neste processo cognitivo, aprendi, penso eu, a saber ganhar com modéstia e perder com sabedoria (o Benfica tem contribuído muito neste último aspecto). Mais ainda, aprendi que, em competição, devemos com cuidado, evitar ruídos desnecessários focando-nos no essencial, sem subestimar nem sobrestimar o nosso valor ou o valor do adversário. A arrogância, o cantar de galo, o excesso de confiança, a desculpa de mau perdedor e a fanfarronice do mau vencedor dão, regra geral, mau resultado. Para não dizer que são características dos estúpidos, diria que o são dos pouco inteligentes, de visão turva e enevoada pela vontade de vencer. Vencer ou perder com postura são atitudes que, são tão simples quanto sábias.
Por um tremendo azar o presidente do Benfica assim não pensa. Faz do presidente do Porto o seu cavalo de batalha sem se focar nos seus verdadeiros problemas. E quando faz isto garanto-lhe que envergonha muitos Benfiquistas, por muitas e boas razões que me atrevo a recordar:
- O presidente do Porto não diz “hã” nem “hum”, no meio de cada frase;
- O presidente do Porto consegue ser mais irónico, mais acutilante e venenoso, mais sarcástico e tem muito mais razões para actualmente estar satisfeito com a equipa que o senhor presidente do Benfica;
- O presidente do Porto não concorre à presidência do Benfica;
- Não se conseguem contrariar frases do estilo “o Benfica está cheio de incompetentes porque esta época já perdeu quatro vezes por 3-0, tem um quarto da equipa lesionada e os restantes três quartos divertem-se a acumular cartões amarelos e vermelhos, está prestes a ser eliminado da liga dos campeões e nem consegue calcular um deadline para a solicitação de bilhetes ao adversário”.
- Os verdadeiros cavalos de batalha do Benfica devem ser a indisciplina, a falta de ambição, a irregularidade, o desequilíbrio do plantel, o departamento médico, o passivo gigantesco, a falta de pontos na liga dos Campeões e o preço exagerado dos bilhetes;
Posto isto sugiro ao Luís Filipe Vieira alguma contenção verbal, e muito, mas muito maior elegância na postura. Nestas condições, sr Filipe Vieira, asseguro-lhe que, no caso de vitória, esta saberá exactamente ao mesmo e que na eventualidade de uma derrota a amargura nunca será tanta. E a atitude é certamente muito mais sábia e educada e diatante da do Sr Pinto da Costa.
Já me basta ser católico, e ouvir, de vez em quando, as barbaridades que ouço, ditas por quem tem sérias responsabilidades. Poupe-me lá a sentir o mesmo nesta Catedral.

terça-feira, outubro 24, 2006

Aborto - Teorema - Factor Z

1. Considere-se o esforço gasto em campanhas, em recolhas de assinaturas, em debates, em lançamentos de livros, no esgrimar de argumentos, em sessões parlamentares, em votações, em manifestações a favor e contra, em vigílias, em panfletos, em velas acesas nas janelas, em tempos de antena, em escritas de artigos, peças de televisão, notícias de rádio e escrita de posts de tantos blogs. Seja esse esforço = X
2. Considere-se o esforço gasto em julgamentos, defesas e acusações, denúncias, ministérios público, factos não são comprovados, audições e mais vigílias. Seja esse esforço = Y.
3. Seja Z igual à soma de X e de Y
4. Pegue-se em Z e em tanta gente cheia de energia para debater a questão e coloque-se toda essa gente tão enérgica, junto daqueles que por falta de condições, por excesso de condições, ou por pura estupidez, não têm acesso (ou tendo-o não o realizam) à educação sexual e ao planeamento familiar.
5. Talvez assim, recorrendo ao factor Z, a discussão e o referendo se tornem desnecessários.
Já aqui disse que ninguém é a favor do aborto, mas a verdade é que ele se pratica. Ninguém se coloca no meio desta discussão que não seja com boas intenções. Mas dessas está, obviamente, o inferno cheio.

sexta-feira, outubro 20, 2006

Prós e Contras

Fui aluno durante uns anitos. Durante dezoito anos tive, pelo menos, uma centena de professores. Há alguns que me marcaram para o resto da vida, por boas ou por más memórias. Outros houve com quem aprendi muito, e ainda outros que mal deixaram marca no meu conhecimento.
Ao que parece os professores andam com alguma insatisfação sobre o tema da progressão na carreira. Pessoalmente, faz-me confusão, a progressão depender, na sua essência, do número de anos de serviço. Avançar para o próximo nível era um corolário natural do tempo de serviço. Então e o valor efectivo do serviço prestado conta para quê? O que distingue um bom de um mau professor com trinta anos de carreira ? O que premeia o bom e o que penaliza o mau ?
Parte do que ganho depende da minha capacidade em atingir determinados resultados pré estabelecidos e negociados durante o primeiro trimestre do ano. Em caso de discórdia prevalece a opinião da pessoa que os define para mim. Estes objectivos, muito bem mensuráveis, não dependem em exclusivo da minha acção. Estou dependente das decisões, do orçamento e do calendário de terceiros. Consigo influenciar estes terceiros com maior ou menor eficácia, mas nunca consigo garantir a obtenção dos resultados finais. E se em alguns casos consigo atingir os objectivos, noutros fico aquém do que ficou estabelecido como meta. Pela regra dos grandes números compete-me garantir, que no final do ano, me encontro numa zona de conforto (que já aconteceu e também já aconteceu o contrário). A negociação dos objectivos é provavelmente uma das mais importantes fases de cada ano na gestão da própria carreira.
E se os professores tivessem objectivos definidos no início de cada ano ?
E se em vez de 1300 euros (imaginemos 1300 euros ) passassem a ganhar entre 1000 e 1500 no ano seguinte, dependendo do sucesso em atingir os objectivos estabelecidos?
Se o seu ordenado do ano seguinte dependesse da taxa de abstinência do presente ano ?
Se o seu ordenado do ano seguinte dependesse da taxa de abstinência dos alunos do presente ano ?
Se o seu ordenado do ano seguinte, para anos em que haja exames, dependesse da avaliação dos seus alunos nesses mesmos exames, ponderada com a média da escola ?
Se o seu ordenado do ano seguinte, dependesse da avaliação feita pelos pais dos alunos sobre o desempenho dos professores ?Já sei que existem casos em que estas regras não são aplicáveis, mas esses parecem-me dever ser excepção. Acho ser obrigação do professor, além de passar conhecimento, fazê-lo de forma eficaz, influenciando pais e filhos na condução do aluno aos melhores resultados. Qual será o problema em premiar quem tem capacidade para o fazer e em penalizar quem a não tem ?

Cinco

“Eu sou o médio. O João é o mais velho e o António é bebé.”
E agora Manel Maria? É de mão aberta que mostras a idade, ou recorres ao x para dizer xinco? É já no Domingo. Mais um aniversário do meu príncipe dos cinco T’s. Traquina, Teimoso, Ternurento, Teatral, Tesouro.
Quando as mães dos amigos da escola te perguntam que prenda gostavas de ter, evita dizer um computador a sério e uma pistola a sério. Quereres o mundo todo também me parece um exagero. O furador de folhas parece-me bem, mas não é para fazer furos nas roupas. Logo se vê o que é que se arranja.Depois, atempadamente, dou-te um beijo de parabéns. Seu selva.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Algoritmo

a) mudar para a versão beta do blogger - isto impede-o de fazer comentários em blogs que ainda usem a antiga versão
b) deixar-se levar pela conversa das facilidades da gestão de temnplates e escolher um novo template de gestão em modo "arrasta e larga"
c) descobrir que tem um blog ainda mais feio, sem possibilidade de comentar e ficar com os nervos em franja
d) undo até b) o undo do a) não existe
e) cuspir com desprezo no monitor - evitar perdigotos no rato e no teclado

quarta-feira, outubro 18, 2006

Bem feita

... para não me meter com a porcaria do Blogger. Perdi os comentários e mais umas tantas coisas que ainda não me aprecebi...
Em princípio deixa de chamar janelas com publicidade e está carregadinho de aloe-vera.

Défice tarifário

Desde ontem que se ouve falar no défice tarifário. Um novo monstro dos nossos dias. A razão para um aumento de quase 16 por cento nas próximas facturas de electricidade. A lógica, mais uma vez a lógica, é simples. Ao que parece temos pago muito pouco pela electricidade. Nós os particulares e as empresas também. Já o aumento de 16 por cento, é só para os particulares porque as empresas têm que manter a competitividade.
Eu queria expressar aqui a minha necessidade vital de manter também a competitividade, pelo que , no meu caso, o aumento dever ser menor que os tais 16 % por cento.
Queria também denunciar alguns défices de que tenho sido vítima nos últimos anos, a começar pelo salarial. De há alguns anos para cá tenho cobrado muito menos à empresa onde trabalho do que aquele que é o meu real valor, pelo que em 2007 terei que compensar este défice.
Também tenho pago valores excessivos pela casa, seguros, gasolina, escolas, internet, telefone, água, gás, televisão e hipermercados pelo que, no decorrer de 2007, apenas pagarei metade do valor que me for facturado. Não é que eu queira, mas tenho que compensar o défice de despesas dos últimos anos. Assim já me parece estar em condições de reequilibrar o orçamento. Corte nas despesas à semelhança da lógica do engenheiro timoneiro.

domingo, outubro 15, 2006

Uma (outra) noite só

Há coisas que não se explicam ... e isto do Trovante é uma dessas coisas. Para perceberem melhor a dimensão, sou do Trovante como sou do Benfica. Talvez a senhora que esteve ao meu lado no concerto leia este post e me perdoe mais facilmente o facto de ter ido ver um concerto deles e meu e não um concerto só deles. Não me calei pois claro, também não tinha razões para o fazer, não os via jogar há sete anos. Teve azar a senhora, sentou-se ao lado de um diabo vermelho. Também já me aconteceu. É chato, mas não é o fim do mundo, minha senhora.

Juntam-se a pretexto de um evento institucional o que me provoca algumas cócegas. A mudança de imagem do Montepio. Juro que cheguei a temer o pior. Convites para os melhores clientes do banco, ou seja, uma plateia de contrutores civis, produtores de mármore, de importadores de automóveis borrifada com um ou outro excitadinho que tinha suado por um bilhete como eu. No máximo, cheguei a pensar, esta gente vai mexer-se na cadeira no refrão do Timor e pouco mais. Nada disso. Provavelmente a construção civil, a indústria do mármore e a importação de automóveis está muito diferente e quem não souber pelo menos a Balada das Sete Saias, a Saudade, a Outra Margem, a Travessa do Poço dos Negros, a Memória de Um Beijo, o Perdidamente, o 125 Azul e o Timor não consegue singrar nestas áreas.

Restava saber como é que os rapazes lá em cima do estrado iam encarar o evento e se se conseguiam divertir-se por aquelas bandas. Pegue-se no alinhamento do Pavilhão Atlântico de há 7 anos atrás e eliminem-se os riscos desnecessários. Chão Nosso, Aerograma, Linha das Fronteiras e Fim era esticar a corda. Saltam para fora pois então. De resto mantém-se a sequência. Quem lá tivesse estado ou alguma vez ouvisse o disco, ia lembrar-se de algo, à medida que os rapazes desembrulhavam as memórias.
A audiência foi-se deixando conquistar e os rapazes davam sinais de que estavam mesmo com saudades de tocar juntos. Cumplicidades estabelecidas. No palco e entre palco e plateia. Divertem-se todos (talvez a senhora ao meu lado continue de trombas sempre que a minha voz se adianta a uma entrada ou se ouve melhor que a do Luis). A vê-los estava também uma geração que nunca os tinha visto juntos. Os filhos deles e os Joões Marias que existiam entre a assistência. Quem disse que os álbuns de recordações não chegam para gargallhar?

Noite conquistada e o Luis consegue fazer um discurso quase institucional sobre a mudança de imagem. Isto sim é novidade. O homem adquire, ao fim de tantos anos, a competência da expressão oral. Também novidades nalguns arranjos ou improvisos em zonas mais instrumentais de icones de outrora. Refinaram a relação com os instrumentos ao longo destes anos, tocam cada vez melhor. Já com a voz é preciso sabedoria, e ali nunca faltou. Na esplanada, no namoro II e na saudade nota-se a defesa nos muito agudos, ora em forma de mudança de tom ora na gestão da distância entre o microfone e o aparelho vocal (muito bem feita que é para não acharem que as canções são para se cantar entre os 20 e os 30 anos. A esplanada raramente saía na perfeição, mas quem se rala com isso). O João Maria encantado, já canta quase todas as músicas para maior desespero da senhora do lado que certamente pensa - esta merda é hereditária raios os partam.

No fim de festa cabia agradecer a pachorra e a simpatia do João Gil em nos ter arranjado bilhetes. Camarins connosco. Aquela parte gaga de cair no meio de familiares e amigos próximos a provocar uma nesga para dizer obrigado, dar os parabéns e pedir uma assinatura num bilhete. Mas soube tão bem. O João Maria já meio em alfa de centauros, songamongas de sono a olhar por trás das lunetas para Luises e Joões e Manueis e Zés e Fernandos e Artures. No nosso bilhete abraços assinados pelo João Gil pois claro, Manuel Faria, e Luis Represas. Regresso a casa depois uma noite inesquecível.
Parafraseando Manuela Azevedo "Juntem-se mais vezes,..., se quiserem"
Saudades do futuro.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Rapidinha

É que vão ter que esperar porque estou parco em energia e com excesso de tarefas e então vou ter que canalizar a que existe para as ditas. Continua em boa intenção o post sobre o concerto de ontem (ida aos camarins incluída).

quinta-feira, outubro 12, 2006

quarta-feira, outubro 11, 2006

Actualização (dos posts anteriores)

Hoje recebi muitos sms’s. Todos iguais provenientes do 4343:
“Lamentamos mas nao foi desta pode continuar a tentar a sua sorte, ate as 18 vamos oferecer 2 bilhetes por hora. Boa onda com a RR”
Boa onda os tomates, seus palhaços. Não só tive que ouvir os ABBA em Chiquitita, como gastei oquesóeueDeussabemosequeaAnanemdesconfiasenãoaindaapanhoemcasa a enviar sms’s para este número com a palavra “Trovante” escrita. Ingratos. O caso está muito mal parado. Já pensei na hipótese de ir amanhã roubar bilhetes para a porta do Campo Pequeno. Podia iniciar os Marias na técnica do gamanço. Amanhã uns bilhetes, depois de amanhã uns talões do Euromilhões e para a semana tratavam de limpar umas carteiras nos autocarros da carris.
Está decidido. Para a semana vamos passar a ir de autocarro para o colégio.

terça-feira, outubro 10, 2006

Actualização

... do post anterior.

O concurso só dá convites aos primeiros 50 e eu devo ser o 50000
Até os primeiros oito da lista, que são artistas, parecem ter dificuldade em arranjar convites porque é um concerto à porta fechada ao qual só se vai por convite
Da rádio renascença chegam-me estas novas:
"Acabei de falar com o director da RR que me reafirmou o que lhe tinha dito : não há bilhetes. É um espectáculo à porta fechada e a RR tem muito poucos convites e são acima de tudo para os ouvintes. Ele que esteja atento à emissão de amanhã ( todo o dia ) e 5ª feira no programa do Paulino"
Logo amanhã que tenho reuniões de manhã e de tarde ... vou ter que pôr alguém a ouvir a Renascença. Quita Feira o Paulino não me escapa.
Se à hora do almoço de quinta feira ainda não tiver os convites na minha mão, vou ser abertura nos noticiários da noite
"Homem careca com quase quarenta anos, faz 10 reféns no Balcão da Baixa do Montepio Geral e exige convites para o concerto do Trovante (e já agora uma conta pelicano XXL - não sei se existe mas devia)"

Carta (cunha) aberta ...

ao Luis
ao João
ao Manel
ao João Nuno
ao Fernando
ao Artur
ao Zé
ao outro Zé o mais novo dos caracóis (não sei porquê chamei-lhe Carlos na versão anterior do post)
ao Sampaio que uma vez os reuniu
à administração do Montepio Geral
ao António Sala que conhece umas pessoas da RR

era um convite duplo ou triplo para o concerto do Trovante na próxima Quinta Feira lá no Campo Pequeno. Este post fecha o capítulo "já fiz tudo o que estava ao meu alcance para ganhar um convite". Já escrevi, telefonei e participei em concursos. Se nada funcionar, resta-me este post. Eu porto-me bem e estou capaz de levar o Maria mais velho.
Obrigadinho.

sexta-feira, outubro 06, 2006

A implica B não chega para dizer Não A implica Não B

Embrulhada no rol de notícias desta manhã, chegou-nos mais uma novidade sobre o partido que põe sempre a bola ao centro (“... mas quem melhor os fintar é que vai marcar o tento”).
“Luís Nobre Guedes não exclui a possibilidade de uma eventual candidatura à liderança do CDS-PP, no próximo Congresso.” Esta afirmação chega, pela TSF, ilustrada com um excerto da entrevista de ontem à noite a Judite Sousa. Segundo o que me apercebi era qualquer coisa do estilo
“Então não exclui a possibilidade de se candidatar à liderança do CDS – PP”
“Ó Judite, sabe que o futuro a Deus pertence “
“Sim, mas não exclui essa possibilidade”
“Bem, excluir excluir, não excluo”
Ar triunfante de Judite Sousa
“Quer dizer que vai ser candidato à liderança no próximo congresso do CDS-PP?”
“Eu não disse isso”
“Não disse de forma explícita, mas deixou entendido implicitamente”

Eu não sei bem quem é que ensinou os princípios da lógica a alguns jornalistas, mas fico pasmo com a capacidade de inferência de alguns. Se a rapaziada que desenha os Chip’s dos computadores implementassem esta lógica vaga,  a electrónica estaria, nos dias de hoje, muito mais avançada do que na realidade está.

Apetecia-me que o Luís Nobre Guedes, por quem nem nutro grande estima, lhe tivesse proposto um exercício semelhante
“Imagine a Judite Sousa no papel de entrevistada. Perguntam-lhe se exclui a possibilidade de ser mãe, ao que, após algumas insistências, a Judite acabaria por responder que não exclui essa possibilidade.”. Seguindo a lógica dos factos implícitos, legitimar-se-ia a seguinte conclusão “Quer isto dizer que daqui a nove meses, vamos ter a Judite de Sousa numa sala de partos com contracções de 5 em 5 minutos e com meia dilatação feita???”

Usemos a lógica tradicional para analisar a conversa de Luís Nobre Guedes
Judite pergunta se LNG exclui a possibilidade de se candidatar ?

Reformulando:
1. Qualquer que seja o cenário, LNG não se candidata.
Verdadeiro ou Falso pergunta Judite

LNG responde que não exclui.
Reformulando, responde que é falsa a afirmação 1.
Negar  a afirmação 1. é equivalente a dizer:
Existem cenários em que LNG se candidata

Judite instancia logo o cenário e conclui de forma brilhante
No próximo congresso, você é candidato.

Lembro-me do final do 9º ano em que a rapaziada com alergia às Matemáticas ia para as áreas das ciências humanas. Foi por aí que passaram muitos dos jornalistas, fazendo essa finta a Matemática.  As operações lógicas eram, nesse tempo, ensinadas no 10º ano. Recorrendo-me da lógica dos factos implícitos, deduzo que se trata de um erro não ensinar lógica ao 9º ano.

terça-feira, outubro 03, 2006

Rasteira

Chateia-me encontrá-los assim. Acabei por rever alguns amigos e os meus primos a expensas da morte do meu tio Victor, o pai deles. À parte isso, é como se fosse Campo de Ourique da meninice outra vez. Como se nos encontrássemos todos os dias, se bem que os miúdos agora já estão quase do nosso tamanho. Os afectos, as conversas, as parvoíces. Fez-me falta rever o João. Tudo à tona num instante. Os telhados dos prédios dos Geadas onde fomos super heróis, os Put’s (que grande conjunto de rock aquilo teria dado – o rock do dentista – lembram-se do concurso em que ficámos à frente dos Band’Almôndega que agora são os Ena Pá 2000), as idas no carro da avó Fernanda para a lagoa de Albufeira (para horror dos pais quando souberam que íamos todos pendurados do lado de fora do carocha, assim que chegávamos à terra batida), os pombos correio Rui e Rita, os pinheiro e o rio de Tibaldinho.
É a máquina do tempo a fazer das suas, é o tempo a servir desculpas para só nos encontrarmos assim.

sexta-feira, setembro 29, 2006

O 253º efectivo

Diz ali num jornal on-line que Portugal vai continuar a apoiar Timor-Leste. No desenvolvimento da notícia, refere-se o facto de Portugal passar a ter um contingente de 252 efectivos na actual Missão Integrada da Organização das Nações Unidas em Timor-Leste.
Tá bem que em 75 saímos de lá assim com a coisa mal resolvida, mas mal voltámos costas, começámos logo a apoiar Timor como se não houvesse amanhã. Apoiámos a Resistência, acolhemos os refugiados no Jamor, apoiámos o referendo, mandámos um barco cheio de jovens aventureiros para águas internacionais que inverteu a marcha assim que avistou a armada Indonésia, cantámos muitas vezes uma música do Trovante, atirámos flores aos riachos, fizemos uma data de minutos de silêncio, compramos café Delta para construir escolas. Caramba. Desde que me conheço que apoio Timor-Leste. Mas a paciência tem limites. Agora que se tornou uma nação independente, desatam todos ao estalo uns com os outros. Aquele povo de bigodinho penugem parece não se entender, nem querer fazer por isso.
Eu acho bem que os apoiemos mais uma vez, mas só mais uma vez, senão também é abuso. E para provar o que digo, acho que devíamos passar a ter um contingente, não de 252 efectivos, mas de 253. Portugal tem um engenheiro empreendedor a comandar os seus destinos, está na altura de nos ultrapassarmos no apoio à jovem nação e de cedermos a Timor Leste um engenheiro à altura do desafio que este povo tem pela frente. O 253º efectivo. O Engº Fernando Santos.

quinta-feira, setembro 28, 2006

SG (green)Light

Zapping. RTPN. Trio de Ataque. Painel de comentadores. Pelo Sporting. Sérgio Godinho. Quem ?
“Querem lá ver que os miúdos me avariaram a televisão?” Foi a minha primeira reacção. Foi uma dupla surpresa. O contexto genérico do desporto rei e a especificidade leonina. Sérgio Godinho rima com o Porto na origem, e com o Benfica no conteúdo. Pasme-se! O escritor de canções é do Sporting. Não lhe diminuo a admiração por este facto, apenas estranhei.
Nunca pensei que o “Espectáculo”  tenha sido escrito com Alvalade como pano de fundo
“Quando
tu me vires no futebol
estarei no campo
cabeça ao sol
a avançar pé ante pé
para uma bola que está
à espera dum pontapé
à espera dum penalty
que eu vou transformar para ti
eu vou
atirar para ganhar
vou rematar
e o golo que eu fizer
ficará sempre na rede
a libertar-nos da sede
não me olhes só da bancada lateral
desce-me essa escada e vem deitar-te na grama
vem falar comigo como gente que se ama
e até não se poder mais
vamos jogar”

quarta-feira, setembro 27, 2006

Inquérito

O estádio da Luz não é propriamente o ponto de encontro da mais fina flor da cultura portuguesa. Não é porque não é e não é porque também não é suposto ser. A heterogeneidade faz parte da nação benfiquista, e o estádio da Luz é a pátria dessa imensa nação. Não se estranha portanto a proliferação de figuras ímpares, também conhecidos por cromos difíceis. Em seis milhões, é muito alta a probabilidade de existirem cromos difíceis, aves raras, enfim, autênticas peças de colecção. Foi uma destas que se sentou atrás dos nossos lugares.
A rapariga atrás de nós, que vinha com os pais e tinha uns 20 anos, guinchava como um porco na matança e chamava nomes a tudo o que no relvado mexia. A bola, o árbitro, os jogadores de encarnado, os jogadores de branco, o Cristiano Ronaldo, a Merche, as mães dos jogadores e dos árbitros foram todas saudadas com rasgados elogios por parte da donzela que esperneava aos guinchos atrás de nós. Os pais da moça não se manifestavam com tanto afinco, mas a performance da jovem adulta não lhes causava espanto. “É uma menina com muita vida” deve ser a frase que lhes percorre o pensamento. Não tenho que os condenar, gosto pouco de interferir na educação que os outros dão aos filhos. Se fosse meu filho levava um tabefe que ia parar lá abaixo para poder insultar o árbitro cara a cara.
Ao meu lado, a meio da primeira parte, sentou-se um jovem casal com muito bom aspecto. Até achei esquisito. Nisto o rapaz vira-se para mim, pede desculpa e diz-me, apontando para diferentes zonas do relvado
“Pode-me só ajudar? Quim, Alcides, Luisão, Petit, Simão, Paulo Jorge, Nuno Gomes. Quem mais está a jogar ?”
Eu nem sabia que aqueles eram os nomes dos vermelhinhos lá em baixo, com a excepção do Luisão que é gigante e do Nuno Gomes que tem trejeitos de gaja. Como é que lhe ia fornecer a informação que me pedia ? Que tristeza, preparo-me tão mal para estes eventos. Esquivei-me com o que tinha ouvido no rádio à ida para o estádio
“Pois não cheguei a tempo de ver o alinhamento, mas sei que o italiano pequenino não está a jogar de início e que aquele que foi acusado de dopping também não.” O rapaz olhou para mim com um ar desconfiado, mas continuou o inquérito “E quem é o árbitro?”. Mau mau Maria. Quem é o árbitro ??  Sei lá eu quem é o árbitro. Nem quero saber. Eu nunca conheci nenhum nome de árbitro a não ser aquele careca  italiano que aparece na capa do Pro Evolution Soccer 3 – o Molina , ia mesmo saber o nome do árbitro. “Não faço ideia, mas a miúda aqui atrás deve saber porque está farta de insultar a mãe dele”. Acabei por só dizer que não fazia ideia.  Voltou a olhar-me com estranheza. Curiosamente não me fez mais perguntas até ao final do encontro mas deve ter achado que eu era um Sportinguista infiltrado que tinha conseguido um bilhete para aquele jogo nalgum concurso de rádio. Não penso, tão cedo, voltar ao futebol, mas quando o fizer, juro que vou saber tudo de uma ponta à outra. Até os signos e ascendentes da mãe do quarto árbitro eu hei-de decorar.

terça-feira, setembro 26, 2006

Tudo

... o que vocês querem saber sobre a Bimby e nunca tiveram coragem de perguntar.
Já aqui escrevi sobre este animal da cozinha mas desta vez vou abordar o tema com seriedade. Afinal o que é esta Bimby de que toda a gente fala ?
A Bimby é, primeiro que tudo, um mito urbano. Na sua essência a Bimby é um robot de cozinha.
A Bimby vende-se como as máquinas de aspiração (vulgo aspiradores mas dez vezes mais caros). A diferença está nas vendedoras. Se as máquinas de aspiração são vendidas por Cátias e Tânias do Cacém, as Bimbys são vendidas por Pituchas e Dadinhas da Lapa.
A Bimby tem um copo com umas ventoinhas lá dentro que rodam numa ou duas direcções (consoante a versão da Bimby). Estas ventoinhas que cortam, a partir de agora designadas por pás, rodam algures entre o devagar e megadepressa. Além das pás giratórias, a Bimby tem capacidade para aquecer e para pesar. Aquece até aos 100 graus e pesa até aos dois quilos.
Potencialmente qualquer receita que envolva misturar, triturar, mexer, aquecer, pesar pode ser feitas numa só sessão da Bimby. O universo de receitas varia entre a caipirinha,  a massa de pizza, o recheio de galinha para as empadas, a pasta do leite creme e a sopa de feijão.
Além disso a Bimby tem um chapéu alto que permite cozer a vapor e estufar.
Vejamos o exemplo de uma receita:

Ingredientes:
-          200 gr de açucar
-          250 gr de chocolate em tablete
-          250 gr de manteiga
-          6 ovos
-          50 gr de farinha

Ingredientes p/ cobertura:
-          120 gr. de chocolate
-          30 gr. de Manteiga
-          10 gr. de Leite

Preparação:
Coloque no copo o açúcar, as gemas e a manteiga e programe 5 Min. Temp. 70º, Vel. 4.
Adicione o chocolate, espere que se funda, e misture 20 Seg. Vel. 5.
Adicione por fim a farinha e misture 10 Seg. Vel. 5, ajudando com a espátula, deite numa taça e reserve.
Lave muito bem o copo, coloque o suporte giratório na lâmina, deite as claras e programe 6 Min., Vel. 3.  Envolva à massa de bolo reservada.
Leve ao forno pré- aquecido a 200º durante cerca de 5 minutos.

Para preparar a cobertura, deite todos os ingredientes no copo Bimby e programe 5 Min. Temp.50º Vel.4. Deite por cima do bolo arrefecido.
Se preferir, enfeite apenas com raspa de chocolate ou icing sugar.

Conselho Bimby:
Este bolo coze muito pouco tempo. Mal esteja cozido dos lados, retira-se, pois o interior é como se fosse uma mousse.

Esta receita é um bom exemplo para os limites da Bimby. A Bimby não faz o bolo de chocolate de uma ponta à outra. Se não tiver um forno bem que pode pedir de joelhos, que a Bimby não tem como aquecer o bolo. A Bimby pesa e mistura os ingredientes, e neste caso, como não é preciso aquecer nada a não ser o bolo nem sequer se usa a função da temperatura. Já no caso da sopa a coisa é diferente. A Bimby faz tudo menos descascar os legumes.

A Bimby, tal como os aspiradores tem a mania que é boa, e portanto custa 10 vezes mais que um robot de cozinha (acho que anda perto dos 800 euros).

Existe uma frase, a meu ver sábia, sobre a Bimby que aqui deixo para reflexão:
“Enquanto tiver a minha bimba lá em casa para cozinhar, dispenso a presença da Bimby”

segunda-feira, setembro 25, 2006

Parceria

Para que a Dona Bimby não se encha de peneiras, entrou uma nova menina mimada lá na cozinha. Branca e cúbica

sexta-feira, setembro 22, 2006

De Costas Voltadas

... as já longínquas férias... os Marias ...

Al dente

Ontem experimentei o meu novo espremedor de alhos. De fino recorte técnico, cinco euros, única compra da minha primeira visita a um shopping suburbano da margem sul. Bem catita.
Azeite quente para alourar três dentes de alho espremido. Uma dúzia de gambas descascadas lá para dentro. Sal. Na panela ao lado tagliatelli cozido al dente (al dente demais, um minuto mais não faria mal) e acabadinho de escorrer. Quando as gambas estão bem fritas sem estarem secas, deitar tudo por cima do tagliatelli e em lume brando misturar bem o azeite, o alho, o tagliatelli e as gambarolas. Antes de servir e já de lume apagado, um salpico de manjericão.
As coisas que um espremedor de alhos consegue fazer.  Ainda falam da Bimby.

quarta-feira, setembro 20, 2006

Apito Coisado

Vamos lá a ver se nos entendemos. O futebol não se dá bem com estas coisas da transparência. Nem nunca vai dar. Isso da transparência é cena para o Badminton , o Ténis de Mesa e para aquela coisa dos OVNIS e das esfregonas em cima do soalho deslizante. O futebol tem árbitros, presidentes, ligas, federações, jogadores, transmissões televisivas, publicidade, espectadores, orçamentos e patrocínios. Uma actividade com tanto peso num prato da balança, não se consegue equilibrar com a verdade desportiva. Não há como.  
Ninguém, no seu juízo perfeito, se surpreende e muito menos se indigna com as influências trazidas a lume pelo apito coisado.  É inimaginável pensar que não existem cordelinhos para puxar. O futebol tem tanto cordelinho que mais parece uma renda de bilros. A única novidade está na ponta solta que passou cá para fora. Não nos iludamos, a prática é tão corrente, tão corriqueira, tão tipicamente Portuguesa, tão na onda do “faz-me lá um jeitinho“, que não passa pela cabeça de ninguém fazer rolar cabeças apenas e só pela prática do nacional porreirismo.
Sugiro que façamos tudo à luz do dia, que a renda de bilros seja montra para todos nós. Peço veementemente que se realizem, em vez de sorteios, leilões de árbitros. Cada Clube oferecia o que podia por determinado árbitro e quem oferecesse mais levava o árbitro para o seu jogo. Até se podiam abrir os leilões a particulares, garantir transmissões televisivas, votar por SMS, ter números de variedades a intercalar cada árbitro. Ainda podiam doar parte dos lucros a instituições de caridade, e que bem que ficava um gesto destes.
Pensem nesta sugestão e deixem-se dessa mariquice de se sentirem enganados quando  pagam dinheiro para ver um jogo de futebol ou uma transmissão codificada.

Tempestade em Copo de Gin

O Gordon sempre chega ao arquipélago. Atrasado e diminuído. Ironicamente, este furacão tem nome de gin, tónica dominante do Peter’s. Não conheço o bar nem nenhuma das ilhas de qualquer grupo. Conheço-lhe o Gin Tónico. Peter’s. Mais uma vez o Trovante e o último disco ainda por digerir, as minhas próprias tempestades
“Há quem tema por nós assim
Quando os barcos partem por fim
Há quem tenha os braços fechados
Com beijo jurado
Eu voltarei pra ti”
O Gordon vai chegar discreto ao continente, quase brisa. Nunca vou entender o meu fascínio por tempestades de chuvas e ventos. Mas gosto de as ver passar. Talvez aqueles dois dias sem escola quando os ventos desalinharam a cidade, e o mar despenteou Cascais, fazendo-a perder a compostura. Uma vila costeira no atlântico não deve andar sempre de saltos altos.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Agulha no Palheiro

Hoje, pela hora de almoço, recebi um telefonema de um amigo que me relatou que no programa da manhã da SIC, a Caixa de Costura tinha sido mencionada, por motivos pouco abonatórios, a propósito deste post sobre a mãe do rock português.
É preciso ter azar. Eu escrevo rores de artigos sobre coisa nenhuma, e a Caixa de Costura lá muito sossegada no seu cantinho. Cada vez que aproximo da fronteira do razoável, sou logo descoberto.
Nããããã. Se calhar era o meu amigo a entrar comigo e no programa da Fátima Lopes não falaram sobre este Caixote do Lixo.
Pelo sim pelo não, cabe aqui dizer que chamei poeta zarolho ao José Cid com o mesmo carinho com que chamo pequenas bestas aos meus filhos a quem tanto amo (Marias, se alguma vez lerem isto, o pai depois explica a história das pequenas bestas).

sexta-feira, setembro 15, 2006

Obrigados

A inteligência emocional anda na moda, a ponto da revista Sábado juntar à sua edição semanal sete livros dedicados ao tema. Um dos sinais externos de inteligência emocional é a auto estima, e neste ponto cabe-me aqui expressar admiração e homenagear três classes, que batem qualquer uma das outras aos pontos. A classe política, a classe arbitral e a classe dos colaboradores da TV Cabo. Se houvesse um Nobel da auto estima, os indivíduos destas classes batiam qualquer concorrente com larga vantagem.
Esta gente vê o seu nome constantemente a ser arrastado na lama, são diária e publicamente enxovalhados, as mães deles são insultadas dezenas, centenas, milhares de vezes por dia, e isso não os impede de todos dias se levantarem cheios de energias para enfrentar mais uma jornada. Sabem que vão durante as várias horas que se seguem vão poder ler e ouvir palavras nada amigáveis, dirigidas a si e à classe que representam. Esta gente enfrenta a vida de peito feito e chega a casa com a sensação do dever e da missão cumprida. Estas mulheres e estes homens são heróis da nação e da auto estima. Qualquer variação nos elevados níveis de auto estima os faria saltar da ponte abaixo, mas eles insistem a fazer orelhas moucas ao insulto gratuito, e transformam cada adversidade numa verdadeira oportunidade.
É por tudo isto que os nossos políticos ocupam os mais distintos cargos na cena internacional, que os nossos árbitros estão em todas as competições internacionais até à final e que a TV Cabo é um exemplo para qualquer prestadora de serviços no mundo. É por isto que se a Maria Gracinda da Assistência a Clientes fosse presidente da Câmara de Felgueiras, se o Bruno Paixão fosse atender clientes de humor alterado e se a Fátima Felgueiras fosse arbitrar derbys, ninguém ia dar muito pela diferença.
Uma última palavra para a coragem dos colaboradores da TV Cabo, ao contrário dos outros dois, esta gente, quando se desloca em viaturas oficiais, fá-lo sempre em viaturas devidamente identificadas com o nome TV-Cabo visível a mais de 100 metros. Auto estima e coragem. Proponho que no próximo 10 de Junho, esta rapaziada seja condecorada com a Grã Cruz da Ordem de Cristo.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Parabéns

Atrasados a este blog, que perfez 3 primaveras.
Como o seu autor, também este blog é virgem.

quarta-feira, setembro 13, 2006

SMS

Não te tenho em grande conta Aníbal, mas, a ser da tua autoria, ainda mais genial se torna a frase “(...) a segurança é a torre gémea da liberdade.” A frase faz parte da mensagem enviada para o Bush, no passado 11 de Setembro.
Duvido que o inteligente do lado de lá consiga percebê-la.
“Security is the twin tower of liberty ???? This Portuguese must be crazy. The twin tower was the other tower, right? … let me see  … the liberty is a state in the small island. One must catch the ferry to get there. This guy is nuts. Let me see his name. Hannibal? Somehow this name remembers me something … Hannibal … Hannibal”

terça-feira, setembro 12, 2006

Onze do nove

Passados cinco anos, as mesmas imagens a forçar entrada, sala dentro. Desfazem-me o conforto do sofá. Parem com isso. Dão-me sempre que pensar as imagens. No desespero das pessoas, no medo, e naquela mescla de tanta gente que, num repente, se une na cicatrizarão da gigante ferida. De Nova Iorque sempre pensei “Qualquer que seja a pessoa que se imagine, por estranha, peculiar ou maravilhosa que seja, consegue-se encontrar nesta cidade”. Foi isso que me impressionou. O mundo inteiro, numa só ilha. Uma espécie da Terra do Nunca.
Sempre a mesma história na minha cabeça quando penso no 11 de Setembro. A das crianças que ao fim da tarde, não tinham nenhum dos pais para as ir buscar à creche ou ao infantário.
O discurso do presidente faz-me olhar para a outra América. A América de Bush e da sua Administração. A polícia arrogante, autoritária e provinciana do mundo, esse enorme Texas. A América da hipocrisia moral. A América incapaz de olhar o próprio umbigo de ver os próprios pés. De tão obesa, de tão imóvel, tão cheia de escaras. O mundo seria um lugar tão melhor se a gorda decadência invertesse o foco para dentro com a mesma energia com que o faz para fora.

sexta-feira, setembro 08, 2006

Hoje



Tu és, divina e graciosa
Estátua majestosa do amor
Por Deus esculturada
E formada com ardor
Da alma da mais linda flor
De mais ativo olor
Que na vida é preferida pelo beija-flor
Se Deus me fora tão clemente
Aqui nesse ambiente de luz
Formada numa tela deslumbrante e bela
Teu coração junto ao meu lanceado
Pregado e crucificado sobre a rósea cruz
Do arfante peito seu
Tu és a forma ideal
Estátua magistral oh alma perenal
Do meu primeiro amor, sublime amor
Tu és de Deus a soberana flor
Tu és de Deus a criação
Que em todo coração sepultas um amor
O riso, a fé, a dor
Em sândalos olentes cheios de sabor
Em vozes tão dolentes como um sonho em flor
És láctea estrela
És mãe da realeza
És tudo enfim que tem de belo
Em todo resplendor da santa natureza
Perdão, se ouso confessar-te
Eu hei de sempre amar-te
Oh flor meu peito não resiste
Oh meu Deus o quanto é triste
A incerteza de um amor
Que mais me faz penar em esperar
Em conduzir-te um dia
Ao pé do altar
Jurar, aos pés do onipotente
Em preces comoventes de dor
E receber a unção da tua gratidão
Depois de remir meus desejos
Em nuvens de beijos
Hei de envolver-te até meu padecer
De todo fenecer.

MÚSICA: Rosa
AUTOR: Pixinguinha

quarta-feira, setembro 06, 2006

Gosto de rimas, pois gosto

O futebol luso na Europa do Norte, o Filipão não acredita na sorte, aqui reina a confusão do sobe e desce de divisão, chamem a Fifa para conferir o peso da mão, o calor de quarenta graus está de partida, o Freddy faria 60 não fora a SIDA, os voos secretos da CIA, fazem estragos na aparente acalmia, da política nacional, Guantanamo no destino, a vergonha ocidental. Finalmente nasce menino, imperador no sol nascente, a Marisa Monte voltou, vou tê-la mesmo à frente, a cantar (quase e só) para mim. Fim.

terça-feira, setembro 05, 2006

Pontos de Vista

- Vamos embora
- Vamos. Vou trocar de fato de banho. Passa-me aí essa toalha.
- Estamos numa praia em que metade das pessoas são nudistas, não te vais pôr a trocar de fato de banho com toalhinha, pois não ?
Viro-me de costas para o grupo tiro o fato de banho e quando me inclino para apanhar o outro
- ENAAAA PÁÁÁÁÁÁÁÁÁ. O PAI TEM PÊLOS NO RABO

segunda-feira, setembro 04, 2006

O Império Contra Ataca


O café Império reabriu fez sexta-feira uma semana. Aparentemente, a pretensão da IURD de transformar a sala em mais um local de culto, não foi avante e eis que reabriu sob nova gerência. Parece que muitas vozes se levantaram para impedir a queda do Império, e que o resultado de tudo isso foi uma renovação do espaço, com alguns conceitos interessantes. Manteve-se algum pessoal da mesa e da cozinha, pelo que o bife à Império também. Juntaram-se mais empregados, renovou-se
cozinha e balcão, criou-se um espaço para Café_Bar_Concerto e outro para crianças. Os empregados, desacostumados de tanta gente, viam-se aflitos para dar conta do recado e comentavam entre si “Há quanto tempo, isto não tinha tanta gente”.
O espaço pareceu-me engraçado, mas desconfio que não pega, e não há-de tardar até retomar a agitação de há um ano atrás: mortiço excepto no almoço de Domingo (talvez me engane). O bife, confirmei-o, continua a ser o melhor de Lisboa.
Mais uma coisa. Se levar filhos pequenos, evite lugares junto à varanda para o piso inferior. Se não conseguir evitar os lugares, evite garrafas de água nas mãos dos seus filhos. Se não conseguir evitar a garrafa, evite que ela esteja cheia. Se não conseguir, evite que ele a poise no corrimão da varanda. Se mesmo assim não conseguir evitar tudo isto evite que ela caia em cima da senhora que está sequinha a almoçar tranquilamente lá em baixo. Eu só evitei a parte do “cair em cima” , substituindo-a por “explodir aos pés”.
É inacreditável a quantidade de adrenalina que as pessoas de idade ainda conseguem produzir.
Na foto do novo Império, a amarelo, está marcada a trajectória da garrafa.

quarta-feira, agosto 30, 2006

"As memórias


... são os sorrisos que queremos rever. Devagar"
Em casa dos meus pais existe um album, feito e oferecido pela minha mãe ao meu pai. Conta a história deles, que curiosamente é também a minha história e a da minha irmã. Já na segunda metade dessa história vem a página do meu 5º aniversário. A foto foi tirada há 34 anos.

terça-feira, agosto 29, 2006

Momentos II

Um fecho de férias, já a braços com uma semana de trabalho, como que a guardar o ultimo trago no fundo do copo para saborear depois. E foi um despertar de sentidos que me trouxe o vale, em sons, em cheiros, em tons e cadências certas para silêncios. A longa varanda, camarote central sobre mar de cores, faz-se às conversas de entardecer, e estende-se pela noite em risadas e brindes a outras tantas. O último cigarro já só as rãs e os grilos, entre estrelas de brilho descarado e luzes a ziguezaguear encostas. Soubesse eu escrever nas cinco linhas, fazia como o Pedro, que compôs sobre aquele Douro, saboreado a partir da mesma varanda.

segunda-feira, agosto 28, 2006

Contas parvas

Não serve para nada, saber isto. Ainda mais porque leitores desta Caixa são algumas dezenas, mas se cada visita ocupasse um lugar no estádio da Luz, estávamos perante lotação esgotada.

quarta-feira, agosto 23, 2006

Casa não casa

Ás tantas, as conversas de almoço, chegam a atingir dimensões gigantescas:
“Casar é contra-natura. O instinto animal leva-nos para caminhos diferentes do compromisso e da monogamia. Resistir a esses instintos é uma luta desgastante e é capaz de transformar a vida de qualquer um num inferno.”
“O instinto animal também nos leva a cagar e a mijar quando se tem vontade. Não obstante, conseguimos esse feito heróico de esperar até ao próximo encontro com uma casa de banho. No fundo se seguíssemos todos os nossos instintos animais o mundo era uma imensa casa de banho. Do ponto de vista do instinto animal, a opção de não casar é semelhante à de usar fraldas Lindor para adultos incontinentes.”
Este texto é um excerto da conversa de almoço, que foi, obviamente, bastante animado.

segunda-feira, agosto 21, 2006

Filarmónica

Já a noite se fazia ao céu, nuvens em contraluz, quando cheguei a São Martinho. O entusiasmo deles, para lá do meu regresso, vinha do concerto da filarmónica Gil, ali mesmo encostado ao areal e às embarcações. Jantámos as empadas feitas durante a tarde a várias mãos, adormecemos o António que ficou com o avô (ainda não tem estatuto para estas aventuras) e descemos desde o cruzeiro até ao Cais, já o som nos dizia que perdemos o início.
Depois foram três quartos de hora de novas emoções. Os acordes, o entusiasmo, as luzes, a dança, uma ou outra canção reconhecida. O João Às vezes atentos ao cenário montado, outras vezes dispersos nas brincadeiras entre os barcos. Palmas, sempre palmas.
O homem da Filamórnica – “Não vale a pena dizer certas coisas em campanhas politicamente correctas. A droga é mesmo uma merda. É uma merda.”
Risos do João e do Manel Maria
- Paiiiiiiiiiii. Ele disse merda. Disse que eu ouvi.
- Eu também ouvi. Disse meda.
- Disse porque está a falar de uma coisa tão má e tão feia, que nesses casos e só nesses casos, os adultos podem dizê-lo.
O concerto assim seguiu e fluiu. Deve ser difícil gerir a relação com um público acidental. O regresso ao palco para só mais uma e em jeito de brincadeira o “Postal”.
Roubei o alinhamento aqui nos desabafos do vizinho Gil. Não leves a mal pá.

quinta-feira, agosto 17, 2006

Verão Quente

A restante família Real continua de férias. Pobre Rainha às voltas com os três príncipes selvagens, e tão preocupada com a sua Bimby, que na passada semana sofreu uma hemorragia de creme de alho francês. Ainda hoje se está para ver se foi um episódio clínico excepcional ou se configura alguma doença crónica. Se a Bimby adoece de vez, acaba a paz do reino.
Desde o internamento da Playstation 2 durante quinze dias numa clínica de Madrid, que a harmonia familiar não se encontra tão ameaçada.

quarta-feira, agosto 16, 2006

Regresso

... após três semanas e meia de férias. Algarve e São Martinho do Porto. Muita praia que me deixou bem passado. Trouxe a chuva comigo para o safanão não ser tão violento. A família da Caixa de Costura foi conhecer o Sopro do Coração num jantar na ilha de Faro. A M&M é fantástica e estragou-nos com mimos e com doces da região.
Olho para o outlook. Cruz credo. É inacreditável a quantidade de mails que tenho para ler. Os do Viagra e os das soluções milagrosas para aumentar a pila em não sei quantas polegadas (não sei como é que eles descobriram certas coisas pretensiosamente íntimas sobre mim) já foram para o lixo, os outros requerem uma leitura mais atenta. Faço-me a esta longa estrada.

quinta-feira, julho 20, 2006

Troca de Identidade

Manel - Pai. Eu quero trocar o meu nome.
Eu – Trocar de nome Manel ?
Manel – Sim. Eu quero trocar de nome.
Eu – Não pode ser. Manel. Não se pode trocar de nome assim só porque se quer.
Manel – É o Jesus que não deixa ?
Eu – Não Manel, não é o Jesus. É um juiz que só deixa trocar de nome se for mesmo muito importante.
Manel – Mas é que é mesmo muito importante.
Eu - Mas é mesmo muito importante porquê Manel?
Manel – Quero chamar-me Ronaldinho ... Ronaldinho Maria.

terça-feira, julho 18, 2006

Vidas

A seguir a Camões, José Cid é o poeta zarolho mais conhecido deste país. Este homem não salvou os Lusíadas, mas salvou-nos a todos de uma infância e juventude a ouvir António Calvário e Madalena Iglésias. Este homem é um herói. Para quem não acredita em jornalismo sério, a TVI ontem entrevistou-o, e o resultado foi o melhor momento televisivo do ano.
Para quem já sabia que o Rui Veloso é pai do Rock Português, ficou a saber que o Camões do século XXI é a mãe. Não consegui nenhuma imagem do momento da concepção (ainda bem porque não prometia ser nada bonito), mas temos imagens, gentilmente cedidas pela Funda São (desde já aviso que os conteúdos deste blog podem ferir os leitores mais impressionáveis), do momento logo a seguir ao parto. Uma imagem ternurenta com o recém nascido rock português em cima do (baixo) ventre de sua mãe, ocultando-lhe as vergonhas.

segunda-feira, julho 17, 2006

Devotos

Quem sai do meu prédio, se virar à direita e andar uns cinquenta metros, depara-se com as IURD (ex cinema Império) frequentada maioritariamente por brasileiros e africanos, se virar à esquerda e andar uns cinquenta metros, depara-se com uma igreja ortodoxa frequentada por maioritariamente por emigrantes de leste. Esta última, tem mais ar de igreja que a primeira, e fica em frente às paragens de autocarro.
Foi na paragem de autocarro, que encontramos a vizinha e que nos detivemos uns minutos à conversa. O António ao nosso colo, o João Maria e o Manel com alguma soltura de rédea. Resolveram entrar na igreja e ficaram-se pelos primeiros metros do templo ainda ao alcance da vista, de quem conversa junto à paragem. A conversa distrai-me dos Marias mais velhos. Retomo-lhes a atenção porque já os ouço a discutir quase a roçar a agressão física. Discutem alegremente os rituais religiosos. “Primeiro tens que te benzer” Grita o João “Fazes assim. E lá ensina o Manel a benzer-se”. O Manel está ajoelhado já de mãos unidas, à entrada da Igreja e respondia-lhe “Não é preciso nada disso. É assim que se reza.” O João insistia que ele é que sabia porque ele é que ia à catequese. Interrompi a discussão e levei-os dali para fora antes que as posições se extremassem. Ainda tentei dizer-lhes que a forma não era muito importante e que mais importante para o Jesus era eles não discutirem tanto e serem amigos. O Jesus é um personagem estranho para eles, porque além de ser o rapaz que teve aquele azar da cruz, também é o homem da muleta que arruma carros lá na rua e que de manhã está sóbrio, mas à tarde nem por isso. Depois, o João insiste que a catequista Gina, lhe diz que a forma é importante e que se deve benzer. Eu nem sabia que era permitido às catequistas chamarem-se Gina, e não confio muito naquela mulher de óculos. As catequistas deviam chamar-se Marta, Maria, Maria de Fátima, na pior das hipóteses Madalena. Gina não. Gina é o nome da histórica revista, totalmente impressa a cores, que durante décadas, antes dos canais da TV Cabo, da Internet, e dos festivais eróticos, manteve acesa a chama da pornografia em Portugal.
Para o ano ou a mulher muda de nome, ou a paróquia muda de catequista ou o João muda de paróquia. Amen.

sexta-feira, julho 14, 2006

Eu googlo, tu googlas, ele googla ...

Ainda me surpreendo quando descubro que algumas das visitas da caixa de costura, o fazem após googlar coisas estranhas. Na mais recente investigação descubro duas pesquisas que as enviaram para aqui
“Fotos de mulheres a fazer chichi”
“Pôr-se sócio do Noddy”
Tenho dificuldades em descobrir qual a mais estranha, mas opto pela segunda. O Noddy é um personagem de ficção, da mesma autora dos cinco, dos sete, do colégio das quatro torres e das gémeas. O Noddy é um taxista, uma espécie de Zé Manel, mas menos perspicaz. Nunca vi o Noddy cobrar dinheiro pelo transporte dos passageiros pelo que a ideia de ser sócio de um boneco, ainda é mais triste, pelo facto deste não apresentar rendimentos decorrentes da sua actividade.
Quanto às fotos das mulheres a fazer chichi tenho algumas reservas. Experimente googlar com “fotos de mulheres a fazer xixi”, pode ser que tenha mais sorte na pesquisa. Informo-o que as mulheres urinam sentadas (a menos que tenham adquirido o magnífico funil à venda na D-mail que lhes permite fazer xixi como os homens: de pé e com as mãos ocupadas) e que uma pesquisa por “mulheres sentadas” lhe devolverá resultados com o mesmo tipo de conteúdos. Entretanto, aproveite e pesquise “Psicanalista” juntamente com o nome da região onde vive, pode ser que encontre a ajuda que ouso sugerir que necessita.

quinta-feira, julho 13, 2006

Coupling

Já aqui falei desta série que apanho ao acaso no "People and Art's". O site da série contém frases dos personagens. A partilhar:

"Jane’s breasts scare me. They’re like Mickey Mouse’s ears. Whichever way she turns, they’re still facing you."

"You’ve never understood about bottoms, Jane. Having a bottom is like living with the enemy. Not only do they spend their lives slowly inflating, they flirt with men while we’re looking the other way."

"He works in pizza delivery, which just answers all your prayers, doesn’t it? Man, motorbike, has own food!"

"If I don’t like a woman, if there’s no chemistry, if I’m not attracted to her, then I don’t lead her on, I just get out of there... every time, before she even wakes up."

"We are men. We are different. We have only one word for soap. We do not own candles. We have never seen anything of any value in a craft shop. We do not own magazines full of photographs of celebrities with their clothes on."

"I need breasts with brains. I don’t mean individual brains, obviously... I mean, not a brain each. You know, I like intelligent women, but you’ve got to draw the line somewhere... I think breast brains would be over-egging the woman pudding."

Sem palavras

Foi como o homem ficou depois da cabeçada do careca ao italiano. Esteve a ver a final do campeonato do mundo com o filho e explicou-lhe que aquele jogador genial se ia retirar. O rapaz não percebia bem porquê. Ele falou-lhe no mérito de saber escolher a hora de saída, encontrar a derivada nula na linha da carreira para evitar o desconforto do declínio, marcar retinas com grandes exibições, tornar-se um modelo, um ícone, como Maradona, Platini, Eusébio, Pélé. Admirados e respeitados por milhões. Valorizar a imagem construída durante mais do que uma década. Nem de propósito, dez minutos depois, o careca é expulso por agressão. O pai atrapalhado olhou para o filho que resolveu nem dizer nada. Naquela idade, os filhos não confessam que já passaram a fase d' "o meu pai sabe tudo sobre todas as coisas".



Nota: Obrigado ao Pedro pelo envio da imagem que é fabulosa.

sexta-feira, julho 07, 2006

Milagre

Ontem foi retirada uma chucha espanhola do mercado porque os furos da coroa não tinham todos o mesmo diâmetro e porque a corrente se podia partir. Num só produto risco de asfixia e de estrangulamento.
Congratulo-me pela maioria de nós ter sobrevivido quase intacta à infância em situações extremas. Recordo que os nossos pais não usufruíram do precioso auxilio das entidades que zelam pela segurança dos mais novos.
Nós sobrevivemos por milagre. Se aqui estamos à volta de um blog foi por intervenção divina Dele (que ainda me há-de explicar aquele penalty contra Portugal). As tampas das nossa canetas nunca tiveram furos, o plástico, a tinta das paredes dos quartos e dos móveis eram tóxicos, crescemos em casa cheias de alcatifas (algumas tinham 5 cms de altura), não tívemos aparelhos de aerossóis, as nossa fraldas foram de pano e fechavam-se com alfinetes de dama, andámos de carro sem cadeiras, sem cintos e não havia cá monovolumes (se um casal tinha 5 filhos iam os 5 enfiados no banco de trás), no carnaval tivemos acesso a bombas de pequeno e médio porte, as carrinhas das escolas não estavam preparadas para nos transportar, não tivemos joelheiras, cotoveleiras, e capacetes para andar de bicicleta e de patins, nascemos em maternidades que nunca estariam abertas à luz dos actuais padrões, a maioria dos produtos que ingeríamos não tinha prazo de validade, muitos de nós chegaram a provar o UHU, os nossos filetes sempre foram fritos em óleo e chegavam a ter espinhas (nada de douradinhos da Iglo confeccionados no forno), tívemos que tomar Óleo de Fígado de Bacalhau, as seringas e as agulhas com que fomos vacinados eram reutilizáveis  e as alergias, a existir, eram à penicilina.
Parabéns, somos uma geração de sobreviventes. Termino com um apelo encarecido às autoridades:
Por favor, obriguem a UHU a colocar o prazo de validade na embalagem. Se algum desses pequenos mais afoitos, quiser provar cola tudo, ao menos que o faça com material dentro do prazo.

quinta-feira, julho 06, 2006

Mais Paris...


(... a bem dizer poderia ser num mercado doutra qualquer cidade)

Paris

de repente, a propósito não sei bem do quê, lembrei-me que ainda não tinha publicado nenhuma foto da viajem a Paris.

terça-feira, julho 04, 2006

Meias Finais

João – Quem é que ainda está no campeonato ?
Eu – A França, Portugal, a Alemanha e a Itália.
Manel – A Alemanhia joga com Portugal ?
Eu – Ainda não se sabe.
Manel – Eu gosto desse nome. Agora sou da Alemanhia.
João – E se a Alemanha jogar com Portugal ?
Manel – Sou de quem ganhar.

segunda-feira, julho 03, 2006

Susaninha

Juro que hoje dei de caras com ela.

Única ...

... a prima Rita que na coluna da Única do Expresso deste Sábado escreveu sobre a Caixa de Costura.
Sabes que a CaixadeCostura tem progenitores. O teu Parapeito e o 100nada da Catarina. Obrigado prima. Vou só fazer umas extensões e umas nuances ao ego e já volto.

domingo, julho 02, 2006

Fora de Jogo

À medida que Portugal avança no campeonato do Mundo, cresce o entusiasmo à volta da equipa das quinas. Em casa, já somos cinco a torcer com igual entusiasmo. Os tempos de perguntas do estilo “Quais são os nossos ?”, ou “Como é possível ficar assim por causa de um jogo? Afinal de contas é só um jogo.” já lá vai. Desde os oitavos, que todos lá em casa se assemelham em tudo a verdadeiros adeptos do desporto rei. Eu, a Ana e o João Maria adeptos convictos de Portugal. O Manel Maria, que tende a ser insistentemente do contra, já foi adepto do Brasil, do Togo, da Argentina, de Espanha e da Holanda. Aderiu à causa lusa após ameaça de expulsão de casa e de humilhação pública com arremesso de ovos, caso fosse para a janela festejar algum golo Holandês. O António não faz a mínima ideia do que é Portugal, nem qualquer outro país, não sabe distinguir a relva do estádio, da relva do País dos Teletubbies, mas se os irmãos estão ao pé dos pais aos berros para a televisão, não há razão aparente para que ele não esteja.
Ontem, na sequência de um aniversário de uma tia velhota, vimos o jogo entre tios e primos e amigos dos tios. Foi então que cheguei a uma brilhante conclusão: a escolha de parceiros para assistir a um jogo de futebol deve, pelo menos, ser tão cuidadosa como a escolha de parceiros para umas férias, ou a escolha de parceiros sexuais. O resultado pode ser desastroso se não tomarmos todas as precauções. O pontapé de baliza, o pontapé de canto, os cartões amarelos na mesma partida, os cartões amarelos nas partidas anteriores, o árbitro e os fiscais, os lançamentos de linha lateral, o castigo máximo e o fora de jogo. Ai o fora de jogo. O infeliz que inventou o fora de jogo deve ter-se suicidado quando o tentou explicar a algumas pessoas. E ontem, quando estava tudo a correr assim assim, o Hélder Postiga tinha que marcar um golo em fora de jogo para animar ainda mais, o sofrimento do próprio jogo. Hélder obrigadinho, nem tenho palavras. Para quem não queira interferir com a demais assistência aqui vão algumas palavras:
Não guinche quando a equipa adversária estiver prestes a marcar;
Lembre-se : depois do intervalo as equipas trocam de campo;
Para identificar a equipa de Portugal, assista ao hino. Quando tocar a Portuguesa são os que estão no meio da relva a abrir e a fechar a boca;
Não insulte os jogadores da sua equipa. As paredes têm ouvidos, e nessa frequência ainda os têm mais;
Se o jogo lhe causa irritação, tome uns Valiums umas duas horas antes. Vai ver que nem dá pela irritação;
O golo de ouro já não existe pelo que não vale a pena tentar recordar as respectivas regras;
O futebol não é um jogo de azar e de sorte;
As decisões por penaltys, envolvem uma série de cinco grandes penalidades, depois logo se vê. Cada equipa marca um alternadamente e não cinco de enfiada;
Por muito estranho que possa parecer, no prolongamento as equipas voltam a trocar de campo e no intervalo do prolongamento também;
Não, o Baía já não joga pela selecção;
Valha-nos que não acabou mal, porque juro que cheguei a temer o pior.

segunda-feira, junho 26, 2006

Comunicado Real

Hoje o Reino está em festa por ocasião do trigésimo e tal aniversário da Rainha. Neste contexto príncipes, rei, rainha e o resto da corte vão oferecer um porto de honra no palácio real. Os festejos encerram com uma soirée gastronómica dos Reis num restaurante do reino. Durante o jantar, os príncipes ficarão entregues à Rainha Mãe..
As fadas estão convidadas a comparecer ao evento, contudo, as bruxas más, deverão equacionar a ausência dos festejos.
Viva a Rainha.

quarta-feira, junho 21, 2006

11 de Setembro

Se bem me lembro, a minha longínqua odisseia pela feira de São Pedro de Sintra rendeu-me um porta chaves com lanterna, alicate, abre garrafas e canivete. O abre cápsulas nunca funcionou, a lanterna está sem pilha, o alicate nunca teve uso e o canivete duvido que alguma vez tenha.
No embarque para Paris, e para evitar os apitos do detector de metais, despejei os bolsos para o cesto de plástico que passou no aparelho de raio-x. Passo pela porta, sou revistado e volto a encher os bolsos. Deparo-me com o objecto adquirido na feira de São Pedro. Se há mais algum controlo aquele canivete ainda me traz problemas. Vou ter com o homem da segurança.
- Eu não devia embarcar com isto.
Mostro-lhe o canivete
- Ah pois não.
Estamos de acordo e ele fica a olhar para aquilo e acaba por dizer.
- Mas agora já passou pelo controlo. Da próxima vez não traga isso.
Manda-me seguir. Faço-o ainda confuso com o diálogo.

No regresso de Paris o porta chaves já foi na mala do porão para evitar cenas. Foi por muito pouco que os disparadores de foguetões de espuma dos Power Rangers adquiridos na  Loja Disney , não foram apreendidos pela segurança de Charles de Gaulle. Tiveram direito a apreensão, reunião com o chefe de segurança do aeroporto e foram devolvidos com a frase:
- Há seis meses atrás não teriam passado.

Au revoir.

sexta-feira, junho 09, 2006

Mimos

- Então o Sr nega que na sua instituição sejam por vezes utilizadas formas violentas de repreender as crianças ?
- Isto aqui, meu amigo, não funciona como uma instituição. Isto é uma família. Onde as crianças, recebem muito amor. Naturalmente, como em qualquer lar, de vez em quando dão-se uns açoites. Mas ainda agora estou aqui com esta criancinha ao colo a dar-lhe beijinhos e abraços. Isto é Amor meu amigo. Passe lá na sua rádio que aqui as crianças crescem com amor. “Agora sai daqui, vai ter com os mais velhinhos que estão ali a jogar à bola”
- Mas há acusações graves de maus tratos a crianças verificadas nesta instituição.
- Maus tratos ??? Pegar numa criança ao colo e dar-lhe abraços e beijos é mau trato ?
- Mas após uma auditoria ...
- Mas quais auditoria quais o caraças. Esses gajos vieram aqui e não verificaram nada. Aliás se voltam a pôr os pés aqui dentro, levam uma tareia de pau de marmeleiro que até saltam. “Já te disse para saíres daqui miúdo, vai lá ter com os outros da bola. Raio do puto.”
- Então o senhor não confirma os maus tratos.
- Ó meu amigo, conforme lhe disse, de vez em quando é necessário castigar as crianças. Muito raramente. Tavez um açoite. Sabe como são as crianças. Parece que há dias em que só lá vão à porrada. Como este aqui. Cabrão do gaiato, não me deixa em paz. “Anda cá que já vais levar um chuto nos dentes. Toma que é para aprenderes. Vê lá agora se ainda te apetece chatear o senhor entrevistador?”
- Mas o senhor acabou de mandar um pontapé na cabeça de uma criança !!!
- Lá estão estes jornalistas a exagerar. Eu agora, com o Mundial, de vez em quando tenho este tique dos remates. E quem meteu a cabeça aqui mesmo ao alcance foi o menino. Coitadinho ali a sangrar. Já se sabe que isto do futebol é desporto para homens. Se isto fosse à séria, era falta a meu favor, punível com livre indirecto. O rapaz fez jogo perigoso.
- Mas eu vi o senhor a dar-lhe um pontapé.
- Ai isso é que não viu. O senhor nos tempos livres deve ser daqueles árbitros aldrabões. Aqueles gatunos. Andam há décadas a explorar o adepto e a viajar à borla com tudo pago pelos dirigentes. Você é um malandro.
- Então o miúdo está ali desmaiado a sangrar...
- Ai ele é assim mesmo. De um momento para o outro, adormece. Estas crianças quando vêm para cá trazem muitos problemas. Ainda onteonte estava ali à minha volta há uns bons dez minutos enquanto eu regava a minhas plantinhas, e de um instante para o outro adormeceu com a cabeça mesmo debaixo do regador. E o que ele sangra. Até já lhe disse que ele devia consultar um médico. Jorra sangue como se não houvesse amanhã. Tanta gente a precisar de sangue e aquele infeliz a desperdiçá-lo daquela maneira. São muito carentes. Fazem tudo para chamar a atenção.
- Mas não será melhor levá-lo ao posto?
- Ai também já ouviu falar da história do poste? É outra invenção, que não sei como apareceu. Não temos nenhum poste onde penduramos os meninos.
- Mas olhe que ele não está a acordar. Não tem uma enfermaria.
- Está a fazer fita senhor. Quer ver como ele acorda ? Ouve lá ó miúdo, se não acordas já, ficas o fim de semana no poste... Tá a ver como acordou ? Lá vai ele a correr agarradinho à cabecinha. Tem aquela mania o raça do fedelho.
- Afinal sempre existe um poste...
- É o poste da baliza. Estes miúdos gostam muito de futebol, mas ninguém quer ir à baliza. Eu naquela idade também era assim. Queria era marcar golos. Assim que se fala de ficarem à baliza fogem a sete pés. São vivaços os estafermos dos putos.
- O senhor acha que bater numa criança e amarrá-las a um poste são as atitudes correctas para educar crianças ?
- Oh homem. Olhe que já me está a fazer perder a paciência. Está aqui, está com o microfone encastrado nas cordas vocais, nunca mais entrevista ninguém. Ponha a andar daqui para fora. Olhe que ainda nos falta um guarda redes. Vá lá ver se não vais tu para o poste. Está um gajo aqui a dar conversa a estes palerma. Toma lá um estaladão seu desenvergonhado e põe-te a andar.

quarta-feira, junho 07, 2006

Aula Magna 1983



Procuro na gaveta dos CD’s companhia para as próximas horas. Livre Trânsito 1983. Longínquo registo de um concerto do Trovante. Eu fui. E depois da ida, as memórias até ao próximo. Desde aí o Combóio como preferida “Cada apitadela tem uma história para contar ...” e uma outra canção a que me habituara o Sérgio. O Namoro. Teve direito a lado B de single e usei-a para pedir namoro à minha primeira namorada. Ela ia numa viagem de estudo de camioneta. Gravei uma cassete e fiz um cartão “num canto sim noutro canto não”. Com a cumplicidade de um amigo comum, a cassete foi parar ao som da camioneta e o cartão às mãos dela com anúncio do remetente. E no canto do sim dobrou.
O Viriato da Cruz é o culpado pela letra, o Fausto pela música, o Sérgio por tantas canções e o Trovante por esta e por outras boas lembranças os tais “sorrisos que queremos rever devagar”. Fica aqui a letra do Viriato da Cruz

"Namoro"

Mandei-lhe uma carta em papel perfumado
e com letra bonita eu disse ela tinha
um sorrir luminoso tão quente e gaiato
como o sol de Novembro brincando
de artista nas acácias floridas
espalhando diamantes na fímbria do mar
e dando calor ao sumo das mangas

Sua pele macia - era sumaúma...
Sua pele macia, cheirando a rosas
Seus seios, laranjas - laranjas do Loje
Mandei-lhe essa carta
e ela disse que não.

Mandei-lhe um cartão
que o amigo Maninho tipografou:
"Por ti sofre o meu coração"
Num canto - SIM, noutro canto - NÃO
E ela o canto do NÃO dobrou

Mandei-lhe um recado pela Zefa do Sete
Pedindo e rogando de joelhos no chão
pela Senhora do Cabo, pela Santa Ifigénia,
me desse a ventura do seu namoro...
E ela disse que não.

Levei á Avo Chica, quimbanda de fama
a areia da marca que o seu pé deixou
para que fizesse um feitiço forte e seguro
que nela nascesse um amor como o meu...
E o feitiço falhou.

Andei barbado, sujo e descalço,
como um mona-ngamba.
Procuraram por mim
"-Não viu...(ai, não viu...?) não viu Benjamim?"
E perdido me deram no morro da Samba.

Para me distrair
levaram-me ao baile do Sô Januário
mas ela lá estava num canto a rir
contando o meu caso
às moças mais lindas do Bairro Operário.

Tocaram a rumba e dancei com ela
e num passo maluco voamos na sala
qual uma estrela riscando o céu!
E a malta gritou: "Aí Benjamim !"
Olhei-a nos olhos - sorriu para mim
pedi-lhe um beijo - e ela disse que sim

segunda-feira, junho 05, 2006

10 Anos

Eu já sabia que era alérgico a cavalos. Ainda assim arrisquei. A princesa, que nesse dia foi rainha, queria mesmo tudo o que uma rainha tem direito e os dois quilómetros de charrete faziam parte dos requisitos. Ninguém contou com a ventania que me atirou o cheiro do cavalo direito às narinas e, findos os tais dois quilómetros, os meus olhos estavam inchados e lacrimejantes e o meu nariz parecia um torneira mal vedada. As velhas tias, ainda hoje, relembram o quanto eu me comovi depois daquele passeio de charrete. Não era para menos. O dia do meu casamento com a agora rainha. Meia hora para me recompor enquanto recebia os convidados. Verdade seja dita que, lamechas como eu sou, já me tinha comovido quando ela entrou agarrada ao braço do baixote bochechudo que também estava a modos que para o nervoso com tanta emoção.
Um de Junho de 1996. Agora, três príncipes depois, chegámos aos 10 anos de casado. A rainha levou-nos a Paris para comemorar. Quando eu digo que nos levou, quero mesmo dizer que nos levou. Literalmente, porque tratou de tudo. Tratou de marcar a viagem, de combinar a estadia, de redistribuir os príncipes na nossa ausência, de perder o BI na véspera de viajarmos e de conseguir um BI novo em menos de 8 horas. 10 anos depois, lá estamos em Paris. É impressionante a capacidade de organização das mulheres e este tema foi, aqui e ali, motivo de conversa. Ultrapassam-se, excedem-se, e isso pode ser considerado genericamente bom.
Nestes dez anos, em vizinhanças tão próximas, tanta mudança. Afinal aquela história de “na alegria e na tristeza” não é invenção. É mesmo a sério. O homem das vestes estranhas que celebrou o nosso casamento, bem que nos avisou que esta coisa da felicidade não eram favas contadas. O Chefe dele que está em todo o lado e sempre por perto, tem um sentido de humor difícil de entender. E tem aquela mania irritante de ora fechar portas, ora abrir janelas, e a malta que se aguente a evitar as correntes de ar. Isto de ver chegar e partir pessoas de quem gostamos tanto dá cabo dos nervos a qualquer um.
A viagem a Paris há-de dar ainda que mostrar e escrever aqui na Caixa. Ficam, por ora, alguns agradecimentos pertinentes. Aos avós Tó, Guga, Tété e Manel a quem fizemos uma distribuição equitativa da criançada e que os devolveram, tal qual a selecção, com excelentes níveis anímicos e de confiança. Aos tios M. e E, nossos anfitriões, que sábia e simpaticamente nos receberam e acolheram na cidade luz, e que nos fizeram sentir como rei e rainha. Enfim, estragaram-nos com mimos. Ainda há o Gastão, meu cúmplice das cigarradas nocturnas, sempre pronto a ir passear à rua.  

quinta-feira, maio 25, 2006

Rui

Em princípio, o Rui Costa é hoje apresentado como jogador do Benfica. Lembro-me, de aqui há uns anos, numa reportagem do Expresso, o Rui Costa e o Figo falarem da sua vida e da relação que tinham com a cidade em que viviam. Florença e Barcelona respectivamente. O Rui conhecia a história, as pessoas, a cidade, os monumentos e a cultura. Impressionou-me naquela bitola habitual dos futebolistas.
Não me agrada toda esta euforia pelo regresso de um jogador. Parece-me da mesma natureza da euforia com a vitória presidencial do Cavaco. Não acredito em salvadores da pátria nem em Dons Sebastiões. Este homem, que uma vez chorou quando marcou um golo contra o Benfica, vale sobretudo pela pessoa que é, e nesse aspecto, de boas pessoas, estamos muito necessitados. Portugal entenda-se.
Que, à semelhança do whisky, a ausência por 12 anos, seja ganho de qualidade.

terça-feira, maio 23, 2006

Hoje vão umas amigas lanchar lá a casa ...

Companhia privilegiada, no meu bólide de fabrico francês, no percurso até ao trabalho, a TSF noticiou a realização da primeira tuppersex em Portugal. Em tudo igual às reuniões da tupperware, a menos das caixas de plástico, que se vêem substituídas por brinquedos eróticos. Além de garantirem umas reuniões mais animadas, aposto que não se perdem tantas tampas como nas malditas caixas de plástico. Ainda há lugar para muita promotora destas novas reuniões femininas. Detalhes, para quem quiser, aqui.

segunda-feira, maio 22, 2006

Bodas

Conversa com a brasileira que nos costuma atender ao almoço
Eu  - Então aquele rapaz é que é o seu marido?
Ela - Sim aquele ali.
Eu  - E ri do quê ? Casou-se consigo e está a rir.
Ela - Ele quando casou já estava avisado. Vivemos juntos dois anos antes de nos casarmos na passada sexta feira.
Eu - Casaram na sexta feira ?
Ela - Sim. Mas eu não fui ao casamento.
Eu - Desculpe ?
Ela - Foi por procuração. Quem se casou por nós foram os meus pais. Tentámos casar nós aqui, mas havia sempre um papel sem um carimbo. Então os meus pais casaram por nós.
Eu - E a festa ?
Ela - Foi lá em casa dos meus pais no Brasil.
Eu  - Ainda bem para os seus pais. Sempre estão tendo uma segunda lua de mel. Quem é que apanhou as flores da noiva ?
Ela - Olha que não sei. Vou ter de perguntar.
Eu - Felicidades então.
Ela - Obrigado.

sexta-feira, maio 19, 2006

Mistério

A Playstation estava aberta e o Colin Mc Rae não estava na gaveta da consola.
- Manel sabes do disco que estava na playstation ?
- Não. Não mexi.
- João Maria, o jogo que estava na playstation ?
- O António andou a mexer.
Há-de aparecer amanhã...
(...) hoje de manhã.
- António, quem é que pôs isto na banheira ?

segunda-feira, maio 15, 2006

( Suspiro )

A IURD, minha vizinha quase paredes meias, para os lados da Alameda, chateia-me. Por causa das correntes. À segunda a corrente da vida, à terça a do dinheiro, à quarta a do amor, à quinta a da fé, à sexta a da exclusão social, ao sábado a dos drogados e ao Domingo a grande corrente das correntes. Esta coisa deixa-me a rua acorrentada de carros de fieis seguidores e raro é o dia, em que arrumar o carro à hora da corrente seja tarefa fácil. Não contentes com isto resolveram criar mais um local para o culto. Isto já de si me chateia um bocado, mas mais grave ainda, é que esse sítio é o único em que eu realmente exercia o culto do bife com molho. O  bife do café Império, agora também na posse da IURD. Aquele que estava cotado, lá em casa, como sendo o melhor bife de Lisboa, desapareceu sem pré aviso. Ai que saudades do bife do Império. Raios parta tanta corrente. Porque é que eles não compraram uma Portugália ? Há tantas que mais uma menos uma não se dava por isso.

segunda-feira, maio 08, 2006

Guelas



Depois da descoberta, em casa dos avós, de um saco de berlindes, não descansámos enquanto não conseguimos um lá para casa. Ontem foi o primeiro dia de jogatana no tapete do quarto de brincar. Dois a jogar, um a garantir que o António não devorava nenhum dos bilas.
No meu tempo de meninice passei tantas horas no jardim da parada a jogar às três covas e, raios parta a idade, não me lembro de todas as regras.
Não importa, jogámos pelas nossas regras e bem nos divertimos apesar do ar alucinado do António Maria. Um dia, certo e sabido, hás-de jogar connosco, a menos que, antes, consigas engolir um e seja necessário enfiar no lixo os 102 guelas que proliferam lá por casa.

quinta-feira, maio 04, 2006

Se ...

Portugal fosse uma marca estava condenado ao desaparecimento.
  1. Ainda bem que não é

  2. E se fosse um animal ?

  3. E se fosse uma planta ?

  4. E se fosse uma canção ?

Esta mania que Portugal não presta, a não ser quando estamos longe, deixa-me meio desconcertado. Portugal é um país bestial, onde não há isto que se lhe aponte
Talvez a maior parte dos nossos dirigentes fosse dispensável.
O ordenamento do território também não é nada famoso
E há aquela história da produtividade
E a iliteracia
E a miséria e o desemprego
E as vidas acima das possibilidades
E os incêndios no Verão
E as cunhas, os favores e as luvas

Mas à parte isso, Portugal é bestial. Até, pelo Natal, ficamos sempre com a maior árvore de Natal da Europa. Somos pioneiros no Multibanco e na Via Verde e agora também temos o Simplex. Temos Estádios Novos , a Dulce Pontes  e aquele rapaz dos Delfins. O José Cid.