- O Senhor faz favor de ter cuidado com esse sofá. Comprei-o há dois anos na Moviflor a 48 meses e não quero que o estrague (…) atenção a essa natureza morta, esse quadro não tem preço, vocês acondicionem isso como deve ser. Parece impossível. Se isto é maneira de tratar das mudanças de uma pessoa.
- Sr José Veiga.
- Sim.
- Somos jornalistas e pedíamos para comentar a execução destes seus bens.
- A quantas?
- A acção judicial que determinou a execução dos seus bens.
- Com licença. ATENÇÃO AO PLASMA. ATENÇÃO AO PLASMA. O meu amigo acha que isso é forma de transportar um televisor. Faça favor de voltar para trás que isso não pode seguir fora da esferovite. Diga lá o que é que quer que comente?
- A execução destes bens por causa de um milhão de euros reclamados por um banco do Luxemburgo.
- Vocês são mesmo vampiros. Estes jornalistas. De certo enviados pelo sr Pinto, já se vê. Então eu estou a mudar umas coisinhas para a minha casa de campo e vocês vêm filmar uma acção judicial? Que cambada.
- O sr Veiga desculpe. Mas trata-se na realidade de um arresto de bens. Diga-me lá porque é que são polícias a fazer a mudança?
- Parecem polícias não parecem? Mas não são. É uma empresa que eu contratei para fazer a mudança, mas não sei porquê, vestem-se desta maneira. Eu por mim não me importo, desde que não venham às riscas azuis e brancas, tanto me dá. Agora fora daqui que eu não tenho culpa que não tenham notícias para o jornal da noite. Vão mas é filmar o César Peixoto a mudar a fralda ao filho e não me chateiem. NÃÃÃÃOOOOOOOOOO. O DRAGÃO de OURO NÃO. Ó xor guarda, não me leve a estatueta. Tudo menos isso. Quer dizer. Ó senhor da empresa das mudanças, se reparar na lista de bens, de mobiliário a transportar, verá que não consta o Jorge Nuno, a minha réplica do Dragão de Ouro que apesar de tão merecida, nunca me foi atribuída. Tudo menos isso.
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