quarta-feira, abril 30, 2008

Sr Ladrão

É certo que aquela rua está mesmo a pedi-las. Deserta, quase sombria, com um ou outro sem abrigo quase ao relento, não fora a o prédio que se debruça sobre o passeio e lhes proporciona algo que se assemelha a um tecto. É certo também que o poderoso bólide de fabrico sul coreano não é um icone de protecção anti roubo, e que o rádio estava ali mesmo a acenar a quem o quisesse levar. É ainda certo que nutro alguma simpatia pelo seu modus operandi: sem quebra de vidros, sem fechaduras estragadas, o painel cuidadosamente desmontado para não causar grandes estragos. Felicito-o por isso e acho que mereceu o rádio que levou, tanto mais que a parte da frente, que era suposto eu levar sempre comigo, estava lá encaixada porque eu acredito nos robins dos bosques e nos zés dos telhados. Não sei se o rádio necessita do código, depois de desligado da bateria, mas se se der o caso de ser leitor deste blog, o código é 3872. Afinal é foleiro gamar-me o rádio e não conseguir dar-lhe algum uso. Merece o rádio sim senhor, fique lá com ele. Se quiser o manual e a garantia, deixe-me aqui uma mensagem que combinamos um dia e eu deixo a porta aberta e a documentação no porta luvas. Agradeço-lhe ainda não ter levado os patins da mala, porque são meus e comercialmente não têm qualquer valor. Talvez para investigação científica, por causa dos cogumelos que têm no fundo da bota, resultado da transpiração e da falta de ar renovado no seu interior.
Com tantos factores que me agradaram na sua actuação, senhor Ladrão, permita que lhe diga que o senhor foi um grande filho, enfim um grande palhaço, que não tinha nada que me levar os discos do Caetano Veloso e do Jorge Palma e ainda estou para ver se me levou o concerto em Colónia do Keith Jarrett. É que se for esse o caso, então terei que tomar medidas mais drásticas como dizer-lhe que o sr Ladrão é, na realidade, um palhaço da pior espécie, com todo o respeito que tenho pela nobre profissão abraçada por Alberto João.
Agradeço portanto que quando for buscar a documentação do rádio, tenha o cuidado de lá deixar os CD's que teve o descaramento de roubar. Palhaço.
Obrigados.

quinta-feira, abril 17, 2008

Caro Manel

Serve o presente para o informar, que na casa em que coabitamos, não são toleradas práticas de bruxaria ou de magia negra. Estão desta forma banidas as folhas de papel A5 cheias de autocolantes de jogadores vestidos às risquinhas verdes e brancas e com escritos de incentivo à equipa que dessa cor traja. A prática de esfregar essas folhas no ecrã da televisão será duramente punida, podendo o delinquente incorrer em castigos que podem ir do chapadão ao pagamento de multas de centenas de euros.

quarta-feira, abril 09, 2008

Miragem

Se algum líder do PSD consultar a página da metereologia, vai ter uma agradável surpresa. Tudo laranja de uma ponta a outra, parece a capa do expresso depois da segunda maioria avbsoluta de Cavaco o Silva.
Trata-se apenas da côr utilizada para sinalizar a existência de ventos fortes, e não ventos de mudança como seria da vontade do Meneses. A bem da verdade se o mapa representasse a agitação causada pelo líder laranja, nem uma brisa apareceria.
O PSD sofre do mesmo mal que o Benfica, historicamente é um adversário de respeito, mas não passa disso. Tem uma direcção miserável, um treinador condenado à saída e um plantel fraquinho...muito fraquinho.

segunda-feira, abril 07, 2008

Atmosferas


Gostei daquele apartamento. Sóbrio recto e muito boa onda. Atmosferas. Paredes meias com o Elevador da Glória, a vistas com a glória elevada do castelo, traseiras escancaradas para uma pensão de poucas estrelas, quase familiar e de águas correntes. Perto do Maxim's e do Hotclub (parabéns ao Hot que fez anos aqui há uns dias).
Gostei de encontrar as pessoas, do cartaz do MOMA's emoldurado, e do Hugo Pratt de alguns álbuns de BD (dos tempos em que BD queria dizer banda desenhada e não base de dados). O Expresso de Sábado perto da cedeira de design, e dentro do Expresso um gadget que me chamou a atenção. Uma janela_varanda desenhada e patenteada pela Hofman Dujardin Architects. Grande ideia, já reconhecida com um reddot design award (que desconhecia existir).
Cá em Portugal, a coisa faria mais sucesso, se se tratasse de uma Janela_Marquise_de_Alumínio, porque o conceito de varanda cheira sempre a espaço mesmo a pedir para ser transformado em marquise, e portanto, a bem a bem, o que eu gostava de saber, era da possibilidade de alterarem o projecto para o mercado português. Não querendo pedir demais, se fosse possível a marquise vir já alcatifada, porque as marquises são muito frias e uma alcatifa fica sempre bem. Parece-me.

Patinhas II

Ontem o Manel Maria pediu-me para lhe trocar as modas que tinha por uma nota de 5 euros. A conversa do dinheiro preocupa-me, mas o dia não lhe estava a correr bem. Estatelou-se a andar de bicicleta e esfolou a bochecha esquerda (“Com a cara tão encarnada, amanhã na escola vão pensar que estou apaixonado.”). Perguntei-lhe onde tinha arranjado as moedas. 2,5 € da semanada e 2,5 da aposta com o João.
- Como????
- Apostei em como lhe ganhava no pro evolution soccer. E ganhei.
A juntar às regras já existentes, estão desde então proibidos os jogos de azar, as apostas e qualquer actividade que envolva penalizações ou compensações financeiras. É melhor estender esta regra à escola também. Não deve ser preciso muito, para o loiro de caracóis e de bochecha esfolada, inaugurar na escola uma sala de jogo clandestino, com roleta, mesas de jogo, jogo do bicho, e banca de apostas.
Loiro, vamos lá a ver se nos entendemos. Isto de arranjar dinheiro é tradicional e (quase) exclusivamente da competência parental.
Tenho a sensação que se um dia descobres que se pode vender tralha na feira da ladra, acabas por limpar o já parco recheio lá de casa.

sexta-feira, abril 04, 2008

Andorra III

E vai um



E vão dois



E vão três



O sirenes está num monte de neve provocado pela avalanche que a guincharia provocou.

quinta-feira, abril 03, 2008

$$$$

O Manel é o tio Patinhas lá de casa. Só a ordem cronológica me convence que o personagem não foi inspirado nele.
Os dias de semanada são aguardados com contagem decrescente e quando o descaramento está solto, quase sempre, pede dinheiro a quem quer que seja. Há tempos, a recusa da avó, veio acompanhada de explicação:
"A avó não pode dar-te mais uma nota porque já deu na passada semana e o dinheiro tem que chegar para comprar tudo o que é preciso até ao fim do mês. É preciso ter muito cuidado e atenção quando se trata de gastar dinheiro."
"E é assim a vida toda ?"
"É sim Manel."
"O que é que hei-de fazer para ganhar dinheiro ? Estou tramado."
Em Andorra, depois de uns meses de poupanças, gastou as economias numa Nintendo DS prateada, colocando a zeros o saldo da sua carteira. A bem da verdade sobraram-lhe 2 euros mas ele não parece ter uma relação feliz com as moedas.
A ausência de fundo de maneio tem vindo a preocupá-lo e ontem a olhar desolado para o imenso vazio do porta moedas, comunicou-nos:
"- Vou ter que ir pedir dinheiro à saída da missa. Não estou a ver outra saída"
Se ele descobre que pode arrumar carros, ou baby siting, é capaz de nos dar uns dias difíceis.

quarta-feira, abril 02, 2008

Andorra II - Carajillo


A descida para Grau Roig, como quem vem de Soldeu, começa sempre com uma queda. Quem sai das cadeiras, depara-se com o início de uma pista preta mesmo à frente do nariz, e quanto mais não seja, apanha um susto e cai. O João Maria chamou-lhe preta avermelhada antes de a fazer, e retirou-lhe o avermelhada quando, depois de a fazer, se gaba do feito. Descendo o início da preta e virando logo à direita pelo caminho do lago, encontra-se passados dois quilómetros uma cabana onde se bebe, entre outras coisas, um Carajillo. Metade café metade brandy (ou outra bebida com alcool).
Parece que a expressão carajillo, vem de coragem. "Vamos a coger corajillo", daí a carajillo. Pelo menos, para a abordagem às pistas mais difíceis, parece ter funcionado.