sexta-feira, maio 22, 2009

Oração

Meu Deus faz com que se alguma vez tiver Alzheimer, nunca me esqueça do endereço do youtube

quinta-feira, maio 21, 2009

Submarino ao Fundo

Um décimo do que eu fazia. Saiba eu que fazes um décimo do que fazia na tua idade. A nespereira até lá acima em casa da Avó Céu, ou descer pelos tubos que suportavam a escada de serviço desde o quarto andar até ao rés do chão, ou subir as mesmas escadas sempre pelo lado de fora do corrimão, ou subir as paredes do corredor e passar por cima das portas , ou andar nos telhados dos prédios em frente à Igreja do Bairro, ou entrar em casa pela janela aberta da marquise. Sonhe eu que chegas a estes calcanhares, e falta-me imaginação para a reacção. Não obstante, podes partir-te um bocadinho, mas só mesmo um bocadinho e daqueles que são de rápido remédio. Um dedo vá. A cabeça pronto. Ou o queixo, que eu também parti. Um dente é discutível, só se for daqueles que ainda não são definitivos, ou que o sendo estão sentados nos lugares mais baratos, segundo ou terceiro balcão. Os dentes que estão na plateia VIP não são para partir, definivamente não pode ser. Sobretudo esse, o do meio, em cima, a favola maior. Logo esse que substituiu muito a custo, um outro que, com um ano, resolveste enfiar para dentro numa queda e que portanto andou morto até cair, dando lugar a essa fabulosa favola que agora está … partida ??? Favola partida é uma chatice João Maria, é como partir uma das tuas bochechas. É um cartão de visita. Tu vai-me preparando uma história comovente e heróica, que eu estou capaz de descontar o dinheiro de um pivot na tua mesada … ora fazendo as contas, em 400 semanas o caso fica sanado.

quinta-feira, maio 14, 2009

Não sei se vais lá ...

...
"é que Jesus está vivo, mas também está morto. Metade está vivo e a outra metade está morta"
Nisto desenha uma linha imaginária entre a cabeça e os pés e continua
"... deste lado aqui está vivo, deste lado aqui está morto e nem tem ossos nem nada, é só a alma"
e finge que se desconjunta todo.
Sirenes, hás-de ser considerado apto para a primeira comunhão lá para os trinta e mesmo assim ....

sexta-feira, maio 08, 2009

Direito de Resposta

Hoje, na fila do euromilhões, numa daquelas papelarias de centro comercial apinhada de gente, a senhora da caixa dirige-se alto e bom som para o senhor que folheava a Playboy:
- Ó meu senhor, é proibido consultar a revista. Está aí um cartaz a dizer isso.
Olha que história, uma bancada inteira com a playboy cheia de silicones e o homem ia lá reparar no cartaz. Encolheu-se até onde podia e pousou a revista no seu devido lugar.
Não consegui, mas apeteceu-me tanto, mas tanto dizer bem alto:
- Também não é caso para tamanho chavascal, o senhor só estava a ver as gordas.

quinta-feira, maio 07, 2009

Filhos Legítimos

Estranhei logo quando fui inscrever o primeiro na creche, antes ainda dele nascer. A directora da dita chamou-me Pai, ou pai não interessa. Até fiquei com pena da senhora. Olha teve um deslize e chamou-me pai, deve estar mais atrapalhada que eu, vou fingir que não notei. Afinal não. De há dez anos a esta parte tem sido uma prática corrente, e à medida que o número de filhos aumenta, o número de pessoas que têm a mania de me tratar por pai aumenta também. Auxiliares, cozinheiras, enfermeiros, médicos, educadoras, professoras, lojistas e babysitters tratam-me por pai. Que espero que não por Pai. E logo eu que achava que só tinha rapazes, volvida esta década vejo-me rodeado por uma catrefada de filhos, a maior parte deles do sexo feminino e algumas mais velhas do que eu. E estão mesmo convencidas que são minhas filhas. Legítimas, porque também chamam mãe à minha mulher, e avô e avó ao meu pai e à minha mãe. Ora isto não é um engano, é mesmo uma profunda convicção que são filhos e filhas. Será que contam viver lá em casa? É que o espaço já não é muito e o que eu gasto em cerelac, leite e gromittis nota-se no PIB. Talvez não contem muito com isso porque depois não agem propriamente como filhos. Não nos saltam para o colo quando nos vêem, não aparecem a meio da noite a pedir para se deitarem ali porque tiveram sonhos maus e não reagem nada bem quando lhes tento dar banho. Não querendo tirar partido da situação, eu até os acolho em casa porque a um filho não se vira as costas, mas pelo menos dêem-me direito ao respectivo abono de família. Salvo seja.