segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Mudanças

A contas com uma mudança para uma casa provisória, antes da nova estar de obras feitas, tenho uma casa inteira encaixotada e embalada num fita cola que cola quando não deve e descola quando não pode. Três andares para baixo, atravessar a rua, dois andares para cima. Dezenas de vezes no sábado, outras quantas no domingo, a transportar a casa em puzzle. Os paralelepípedos de cartão até podem ser uma boa invenção, mas os elevadores parecem ser uma ainda melhor. Senti-lhes a falta este fim de semana. A lombalgia confirma-o.
E não, não sei sei em que caixa estão as Play Sation, nem as carteiras, nem o livro que ia para a escola, nem os carregadores de telemóvel, nem os jogos da PS3, nem a comida dos peixes:
- dá-lhes fiambre que as mudanças são difíceis para todos.

terça-feira, fevereiro 15, 2011

e agora entrega-mo-nos à vergonha porque tornámos possível morrer sem que ninguém notasse. E vem um caso e outro, e outros mais virão. Agora que já não somos aldeia, agora que não dizemos bom dia com quem nos cruzamos na rua, agora que não conhecemos quem vive no nosso prédio, nem quem connosco partilha o elevador, agora que não entramos nas casas uns dos outros a saber do que precisam ou a pedir um ramo de salsa, uma pitada de sal. E na euforia da metrópole, descobrimos incrédulos que se morre de solidão no meio de multidões. E ainda nos indignamos, antes assim.
E nesta imensa aldeia global, de que aldeia falamos? Damos pela presença dos outros, mas conseguiremos sentir a sua falta? Seremos capazes de sinalizar a sua ausência ? O que nos fará procurar alguém que deixa de estar online ? Mesmo que seja alguém muito próximo, que sexto sentido nos preocupará ?
Nada a fazer, ainda é no mundo de pessoas que se cruzam e cumprimentam e se cuidam e se preocupam que se resolvem as equações da solidão. E que bom que assim é.

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Ando com coisas a irritar-me

A saber uma delas é o dia dos namorados e outra é o grupo coral do Pingo Doce ou o Grupo de Cantares do Pingo Doce ou lá como é que aquilo se chama. E os homens dos frigoríficos que se intitulam de técnicos de frio também me causam espécie.