Ontem foi retirada uma chucha espanhola do mercado porque os furos da coroa não tinham todos o mesmo diâmetro e porque a corrente se podia partir. Num só produto risco de asfixia e de estrangulamento.
Congratulo-me pela maioria de nós ter sobrevivido quase intacta à infância em situações extremas. Recordo que os nossos pais não usufruíram do precioso auxilio das entidades que zelam pela segurança dos mais novos.
Nós sobrevivemos por milagre. Se aqui estamos à volta de um blog foi por intervenção divina Dele (que ainda me há-de explicar aquele penalty contra Portugal). As tampas das nossa canetas nunca tiveram furos, o plástico, a tinta das paredes dos quartos e dos móveis eram tóxicos, crescemos em casa cheias de alcatifas (algumas tinham 5 cms de altura), não tívemos aparelhos de aerossóis, as nossa fraldas foram de pano e fechavam-se com alfinetes de dama, andámos de carro sem cadeiras, sem cintos e não havia cá monovolumes (se um casal tinha 5 filhos iam os 5 enfiados no banco de trás), no carnaval tivemos acesso a bombas de pequeno e médio porte, as carrinhas das escolas não estavam preparadas para nos transportar, não tivemos joelheiras, cotoveleiras, e capacetes para andar de bicicleta e de patins, nascemos em maternidades que nunca estariam abertas à luz dos actuais padrões, a maioria dos produtos que ingeríamos não tinha prazo de validade, muitos de nós chegaram a provar o UHU, os nossos filetes sempre foram fritos em óleo e chegavam a ter espinhas (nada de douradinhos da Iglo confeccionados no forno), tívemos que tomar Óleo de Fígado de Bacalhau, as seringas e as agulhas com que fomos vacinados eram reutilizáveis e as alergias, a existir, eram à penicilina.
Parabéns, somos uma geração de sobreviventes. Termino com um apelo encarecido às autoridades:
Por favor, obriguem a UHU a colocar o prazo de validade na embalagem. Se algum desses pequenos mais afoitos, quiser provar cola tudo, ao menos que o faça com material dentro do prazo.
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