sexta-feira, dezembro 30, 2005

Matemática

Não sei porquê, mas o Mário Soares faz-me lembrar o meu professor de Matemática do 8º ano. Talvez porque era uma raposa velha de bochechas. Sim, acho que é por isso.
Há professores que não se esquecem. Por boas ou más razões, acaba por haver professores que nos marcam, e aqueles que nos esquecemos provavelmente não foram felizes na escolha da sua profissão. Agora que digo isto, descubro que não me lembro da professora de matemática do 9º ano. Estranho. Lembro-me de todos os outros, mas a do 9º não estou a ver quem era.
Sobre este professor do 8º ano ainda não percebi se não o esqueço por boas ou por más razões. O senhor era autoritário mas acabava por ter um ar simpático.
Eu nunca tive problemas com esta disciplina e nada fazia crer que alguma vez viesse a ter. Tudo se alterou na entrega dos primeiros testes. Um imenso balde de água fria. Chegou à sala, tirou os pontos corrigidos da mala de pele, e anunciou quase divertido:
"18 alunos tiveram 0 e dos restantes as melhores notas foram do Gonçalo e do André. Tiveram 40 %"
Eu e o meu primo Gonçalo olhámos um para o outro e encolhemos os ombros, atónitos com a notícia. Durante o resto do ano, nunca tive um ponto com positiva e o Gonçalo teve um 50%. Na outra turma, era o Nuno Galopim quem arrancava as melhores notas, mas raras foram as positivas.
A matéria do 8º ano incluía, entre muitas coisas, o algoritmo para achar a raiz quadrada de um número, e a resolução de problemas com duas equações e duas incógnitas. Nos testes, os números para calcular a raiz quadrada tinham uma dezena de dígitos, e os problemas aproximavam-se do impossível. Nunca me esqueci deste, que ainda hoje não acho ser de resolução imediata:
"Um automóvel viaja a velocidade constante e passa por um marco de estrada com dois algarismos. Meia hora depois encontra outro marco com os mesmos algarismos, mas na ordem inversa. Meia hora depois encontra um terceiro marco com os algarismos iniciais separados por um zero. Calcule a velocidade do automóvel e os algarismos dos marcos."
Durante o ano, os encarregados de educação faziam fila para falar com o director de turma sobre o professor de matemática e os seus métodos de avaliação. A velha raposa passou ao lado de tudo isso e nunca alterou a sua postura.
A verdade é que, no final do ano, o essencial estava feito. A matéria dada foi claramente apreendida pelos alunos, e não me parece que alguém tenha deixado ficar o seu gosto pela matemática no caminho do 8º ano.
Estupor do velho. Dava-me sempre 4 no fim do período, mas nunca lhe consegui arrancar uma positiva num teste.

sexta-feira, dezembro 23, 2005

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Carta Aberta aos Marias

Marias:

Como sabem, e na sequência dos acontecimentos do ano passado, em que o António, no dia 24 à noite,  resolveu desenvolver uma infecção no aparelho urinário, este é potencialmente o primeiro Natal a cinco lá em casa. É precisamente para garantir esta cardinalidade que vos escrevo este pequeno conjunto de restrições adicionais.
1º O senhor António Maria, que anda a experimentar os primeiros passos, deve evitar as mesas com arestas vivas. Pelo sim pelo não a partir da meia noite de hoje é obrigatório o uso do capacete de bicicleta do Mickey que está no carro da mãe.
2º O senhor António Maria está proibido de fazer a ronda matinal à cata dos restos de comida inadvertidamente abandonados pelos seus irmãos no jantar da véspera debaixo da mesa da cozinha. Perante a inexistência de restos, não deve desatar a guinchar ou tentar comer as pastilhas de detergente da SUN. Se guinchar arrisca-se a levar uma biqueirada que já ninguém tem paciência para o ouvir. Se comer as pastilhas vai ser obrigado a engolir a loiça de duas refeições e arranjar uma forma dela sair toda seca e a brilhar. Não sei se sabe mas o detergente para a máquina é muito dispendioso.
3º Os senhores João Maria e Manel Maria estão rigorosamente proibidos de deixar cair comida durante todas as refeições.
4º O senhor Manel Maria não pode atirar objectos contundentes à cabeça do seu irmão mais velho. Além de se arriscar a levar um sopapo, pode abrir-lhe um lenho no crânio o que contraria as intenções do Natal a cinco.
5º O senhor Manel Maria deve evitar espalhar os vário bólides pela casa. Qualquer um está sujeito a pôr-lhes um pé em cima e partir uma perna  ou um braço.
6º O senhor João Maria está impedido de manusear tesouras, furadores e agrafadores durante estes dias. Por muito que as suas actividades escolares o permita, o senhor insiste em não os arrumar e já de deu o caso de quase se agrafar.
7º A PSP que existe lá em casa é para uso exclusivo do pai. Devem todos os restantes elementos do agregado, assegurar uma distância mínima de cinco metros da mesma. O manuseamento, por parte de estranhos, da supra referida consola de jogos pode ser, em situações limite, a gota de água, o caldo entornado, a burra nas couves. Não mexam na dita.
8º A partir de hoje e nos próximos 5 dias existe distribuição de 5 ml de Benuron de 8 em 8 horas. Sempre que necessário serão administrados os seguintes complementos fármacos: Actifed para os ranhos, Ventilan e Atrovent (em aerosol) para a dificuldade respiratória, Ultra Levur para os desarranjos intestinais, e Brufen para SOS intervalado com o Benuron sempre que necessário.

É convicção da administração cá de casa que a adopção destas medidas será suficiente para garantir a tão almejada cardinalidade natalícia.

Com os melhores cumprimentos
Pai

terça-feira, dezembro 20, 2005

Mundial 2006

A Alemanha prepara com todo o cuidado o Mundial de Futebol de 2006.
Neste contexto criou um sinal de trânsito que determina a proibição da actividade de prostituição para certas áreas das cidades.

Aqui está uma boa ideia dos alemães. Por cá faziam falta alguns sinais:
Proibição de insultar os outros condutores
Proibição de distribuição de publicidade aos condutores
Proibição de gestos obscenos
Proibição de cuspir no chão
Proibição de cães com dificuldades na retenção de fezes
Proibição de mastigar de boca aberta
Proibição de alimentar pombos
Proibição de palitar os dentes
Proibição de distribuir o Destak e o Metro

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Socorro

Quem é que me mandou armar em esperto e apostar um testículo em como nunca foi utilizado o trema na língua Portuguesa ?

terça-feira, dezembro 13, 2005

domingo, dezembro 11, 2005

Presidenciais

No dia de hoje: "Ex-combatente insulta e agride Mário Soares."
O que me espanta é que este tipo de episódios são isolados. Sejamos francos. Quantas horas por ano perdemos nós a elogiar a classe política ? Uma no máximo e mesmo assim essa hora é dedicada a um ou dois políticos por quem, nutrimos alguma admiração. Dos restantes passamos a vida a dizer mal. A relembrar a sua mediocridade e incompetência no passado, a profetizar a imensa tragédia resultado de um eventual regresso ao activo, e a acusá-los de, no presente, nada fazerem, de serem todos iguais, de só pensarem no benefício próprio, de só se lembrarem do povo durante as campanhas eleitorais, de serem agentes do poder colorido, senhores das alavancas da corrupção, da lógica do compadrio. Isto tudo somadinho deve dar, no mínimo, umas 99 horas por ano a falar mal da dita classe.
Posto isto, num cenário optimista, 99% por cento da energia dos Portugueses dedicada à política é para insultar e apenas 1% é utilizada para o elogio, a gratidão e a homenagem. Perante tamanho desequilíbrio, estranho que as campanhas eleitorais não se pautem pelo tabefe e pelo insulto desmesurado. Mais me espanta que consigam encher recintos com milhares de entusiastas daqueles que passamos a vida a insultar.
Se compararmos com o fenómeno do futebol, a situação é ainda mais caricata. Os adeptos amam os seus clubes (ninguém sente por um partido político, o que um adepto sente pelo seu clube), são incapazes de trocar de clube (já trocar de partido não é assim tão invulgar, eu próprio já votei em pelo menos 5 partidos diferentes), pagam para ver o clube jogar (se os comícios fossem pagos pela assistência, eh eh eh), e se a coisa corre aquém de um bom resultado e de uma boa exibição insultam jogadores, técnicos, árbritos e dirigentes. Casos já houve em que adeptos agrediram jogadores, treinadores e dirigentes do próprio clube após uma prestação desastrosa da respectiva equipa. Se esta lógica vingasse na política, não havia sessão de parlamento que não acabasse com pelo menos 190 deputados nas urgências de São José. A classe política sente-se pouco valorizada pela opinião pública, mas se o povo lhes desse o valor que reclamam, não sobravam muitos para contar a história. A bem da verdade talvez sobrassem os que verdadeiramente fazem qualquer coisa por Portugal. É neste contexto, que apesar dos poderes limitados do Presidente da República, venho elogiar o seu desempenho. Deixa obra feita. Conseguiu reunir o Trovante o que é um feito do qual mais ninguém se pode gabar. Se o presidente tivesse mais poderes, aposto que era capaz de reunir os Sheiks, ou mesmo as Doce. Ah é verdade. Além de reunir o Trovante para um concerto, Jorge Sampaio conseguiu acabar com o governo do Santana Lopes, que é mais ou menos a mesma coisa que acabar com a novela Ninguém Com Tu da TVI. Sabemos que o fim está próximo, mas só o Eduardo Moniz é que sabe a data certa.

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Hoje à noite ...

este homem vai estar assim.

e este assim


Se esta confiança der para o torto, virem o écran de cabeça para baixo enquanto eu não apagar este post.

terça-feira, dezembro 06, 2005

Por mail

Soares e Cavaco falham casting para o “Levanta-te e Ri”
O que se levanta não se ri.
O que se ri não se levanta

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Banco Alimentar

Ao que parece, a campanha do passado fim de semana, do Banco Alimentar contra a Fome foi um tremendo sucesso. Quer pelo número de voluntários, quer pela quantidade de alimentos conseguidos, foram batidos todos os recordes e expectativas.
Pudera. A mim, estas campanhas, calham sempre num fim de semana em que eu vou umas dez vezes ao supermercado. E de cada vez que vou, lá estão uns miúdos betos, ou com cara de escuteiros, a acenar-me com os sacos brancos de letras azuis. Da primeira vez corre tudo muito bem, lá ponho uns leites meio gordos, e uns esparguetes, e azeitinho que faz tão bem. As restantes vezes vou comprar coisas que me esqueci da primeira. Um desodorizante, ou umas folhas de gelatina de culinária, ou lâmpadas para o candeeiro da sala. Entro esbaforido no supermercado a tentar desviar-me dos angariadores de feijão manteiga. Passei por 15 deles e nenhum deu por mim, estão ocupados com outras pessoas ou a transportar sacos de um lado para o outro. Já estou praticamente na área do super, já sou vejo o segurança e clientes. Caminho livre. Posso avançar. É nessa altura, que o segurança se transforma em voluntário e me estende um saquinho. Lá venho eu com um pacote de folhas de gelatina e seis litros de leite meio gordo. E depois com as lâmpadas e com o desodorizante, a mesma coisa. Uma vez resolvi dizer que já tinha lá estado e que já tinha contribuído. A senhora que me interpolou olhou-me com aquela cara de maisumegoístacomamesmadesculpadetantosoutros.
Sempre podiam fazer como noutros peditórios, em que colocam um autocolante minúsculo, em todos os que já foram solidários com a causa. Era simpático. Experimentem lá se faz favor. Obrigadinho.