À medida que Portugal avança no campeonato do Mundo, cresce o entusiasmo à volta da equipa das quinas. Em casa, já somos cinco a torcer com igual entusiasmo. Os tempos de perguntas do estilo “Quais são os nossos ?”, ou “Como é possível ficar assim por causa de um jogo? Afinal de contas é só um jogo.” já lá vai. Desde os oitavos, que todos lá em casa se assemelham em tudo a verdadeiros adeptos do desporto rei. Eu, a Ana e o João Maria adeptos convictos de Portugal. O Manel Maria, que tende a ser insistentemente do contra, já foi adepto do Brasil, do Togo, da Argentina, de Espanha e da Holanda. Aderiu à causa lusa após ameaça de expulsão de casa e de humilhação pública com arremesso de ovos, caso fosse para a janela festejar algum golo Holandês. O António não faz a mínima ideia do que é Portugal, nem qualquer outro país, não sabe distinguir a relva do estádio, da relva do País dos Teletubbies, mas se os irmãos estão ao pé dos pais aos berros para a televisão, não há razão aparente para que ele não esteja.
Ontem, na sequência de um aniversário de uma tia velhota, vimos o jogo entre tios e primos e amigos dos tios. Foi então que cheguei a uma brilhante conclusão: a escolha de parceiros para assistir a um jogo de futebol deve, pelo menos, ser tão cuidadosa como a escolha de parceiros para umas férias, ou a escolha de parceiros sexuais. O resultado pode ser desastroso se não tomarmos todas as precauções. O pontapé de baliza, o pontapé de canto, os cartões amarelos na mesma partida, os cartões amarelos nas partidas anteriores, o árbitro e os fiscais, os lançamentos de linha lateral, o castigo máximo e o fora de jogo. Ai o fora de jogo. O infeliz que inventou o fora de jogo deve ter-se suicidado quando o tentou explicar a algumas pessoas. E ontem, quando estava tudo a correr assim assim, o Hélder Postiga tinha que marcar um golo em fora de jogo para animar ainda mais, o sofrimento do próprio jogo. Hélder obrigadinho, nem tenho palavras. Para quem não queira interferir com a demais assistência aqui vão algumas palavras:
Não guinche quando a equipa adversária estiver prestes a marcar;
Lembre-se : depois do intervalo as equipas trocam de campo;
Para identificar a equipa de Portugal, assista ao hino. Quando tocar a Portuguesa são os que estão no meio da relva a abrir e a fechar a boca;
Não insulte os jogadores da sua equipa. As paredes têm ouvidos, e nessa frequência ainda os têm mais;
Se o jogo lhe causa irritação, tome uns Valiums umas duas horas antes. Vai ver que nem dá pela irritação;
O golo de ouro já não existe pelo que não vale a pena tentar recordar as respectivas regras;
O futebol não é um jogo de azar e de sorte;
As decisões por penaltys, envolvem uma série de cinco grandes penalidades, depois logo se vê. Cada equipa marca um alternadamente e não cinco de enfiada;
Por muito estranho que possa parecer, no prolongamento as equipas voltam a trocar de campo e no intervalo do prolongamento também;
Não, o Baía já não joga pela selecção;
Valha-nos que não acabou mal, porque juro que cheguei a temer o pior.
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