quarta-feira, outubro 23, 2013

Estação de Tratamento de Resíduos Domésticos

O tratamento de resíduos domésticos é um tema que nos devia preocupar a todos e hoje em dia, com o objectivo de promover e possibilitar a reciclagem, quase todos fazemos a separação do lixo das nossas casas. A recolha, tratamento e eliminação de resíduos é um serviço assegurado pelos Municípios ou por empresas contratadas por estes, vocacionadas para o efeito e cada vez mais se ouve falar da possibilidade dos portugueses pagarem em função do lixo que produzem. Neste contexto, estuda-se, a implementação de uma tarifa do lixo cobrada consoante a quantidade de resíduos produzidos. O conceito pay as you throw pretende tornar mais justo o custo do tratamento dos resíduos, penalizando quem tem menor consciência ambiental. Na prática, poderá significar cobrar um preço consoante o peso ou o volume do saco do lixo.
Tratando-se da possibilidade de ter que pagar mais um imposto ou de ser agravado naquele que já pago comecei a pensar numa solução. Somos cinco lá em casa e o lixo tem uma tendência crescente para se multiplicar. Nem sei bem porquê, mas facilmente enchemos cada um dos três caixotes que habitam a zona por baixo do lava loiça.
Perante este cenário estamos a desenvolver lá em casa o protótipo de uma estação móvel de tratamento de resíduos sólidos. Este dispositivo inovador é capaz de recolher resíduos dos caixotes e de reciclar com eficácia grande parte do seu conteúdo. Há pormenores ainda a resolver como a diminuição do ruído nas fases de recolha e processamento inicial, o aumento da capacidade de tratamento de resíduos e a possibilidade de controlar remotamente (quem sabe por internet) o arranque do processo, mas convenhamos que, face aos ganhos, estas pequenas estações podem trazer, estamos perante pequenas arestas a limar numa solução verdadeiramente inovadora.
A imagem que se segue, mostra o protótipo em plena acção. O próximo passo é garantir a patente deste modelo e embalsamá-lo para que nunca mais volte a fazer uma brincadeira parecida.


quinta-feira, outubro 17, 2013

Estranho ....

a inércia dos burlões de idosos perante os cortes nas pensões de sobrevivência dos viúvos e das viúvas. A burla junto da terceira idade, especialmente de viúvas e viúvos, tem sido um dos poucos sectores de actividade em franca expansão em contra-ciclo com a nossa mais que deprimida economia. Seria portanto de esperar que os profissionais do sector, perante um cenário de corte nas pensões, manifestassem a sua revolta e profunda indignação.
Ou andam distraídos ou são preguiçosos, o que me custa a acreditar, uma vez que se fartam de fazer quilómetros para ir ao encontro dos pés de meia os idosos que vivem mais isolados. Agora que a CGTP vai construir a terceira ponte sobre o Tejo, Lisboa - Quinta da Atalaia, com o objectivo de realizar protestos na ponte e de criar a existência de um eixo fundamental de acesso à Festa do Avante, sugiro que os burlões de idosos entrem em conversações com a Central Sindical para garantir o aluguer da ponte visando a realização uma jornada de luta. Burlões de idosos: estou convosco e com a vossa luta.
A concorrência que o estado vos está a fazer é desleal. Se este país ainda se reger por uma constituição, esta forma de burlar idosos travestida de austeridade não há-de passar no crivo do Palácio Ratton. Esta luta é também a vossa luta.

quarta-feira, outubro 02, 2013

O primeiro filho

Nota do Autor: a ideia da escrita que se segue, surgiu a ouvir o “Governo Sombra”. A propósito do panorama de pedir o Segundo Resgate, cenário discutido durante a campanha das autárquicas, Ricardo Araújo Pereira sugeriu que que Portugal esquecesse o segundo resgate e pedisse logo o terceiro. Que saltasse o segundo, já que este segundo parece ser tão controverso. O primeiro resgate chegou depois de um parto difícil, almejado por muitos, indesejado por outros tantos, inevitável disseram quase todos. Como um primeiro filho, alterou os hábitos da imensa família, revolucionou o orçamento familiar e é o Ai Jesus de todos. O primeiro resgate vai ao pediatra cada vez que espirra, só em avaliações ao desempenho já vai na nona, e até o cocó do menino é assunto de debate, o que dá uma trabalheira, porque o primeiro resgate faz uma quantidade de merda invulgar. Desemprego, recessão, doses de carga fiscal e cortes de pensões e de subsídios em SOS, taxas solidárias, educação e saúde bem pagas, leis laborais. Não há memória de um resgate com tanta dificuldade na retenção de sólidos. Não obstante a quantidade de fezes, toda a atenção do mundo paira sobre o menino. Cuidado com a constituição que faz dói-dói ao menino. A constituição é muito má, parece que embirra com ele. Ai que o petiz não aguenta uma crise política. Ele parece estar com défice excessivo, será que apanhou despesas não previstas. Parece que está com a receita inflamada. Não falem mal do menino que a mamã Troika pode ficar ofendida e está lá dentro a avaliar como é que tratamos dele. Será que já podemos ir aos mercados e deixá-lo com a resgate sitter, ou ela ainda é pequenino e não aguenta ? Palavra de honra, não há paciência para a panasquice do primeiro resgate, como não há para as mariquices de primeiro filho. É mais que provável que tenhamos sido assim com o Maria mais velho. Entre fita magnética das cassetes de vídeo e rolos de fotografia, devemos ter gasto suficiente para embrulhar o mundo com um laçarote. Acho que já aqui falei sobre o primeiro gatinhar do mais velho dos Marias. Recapitulando,foi um autentico happening: “Parece que o menino vai gatinhar”. Convoque-se a imprensa, chamem-se as televisões. Pai com máquina fotográfica, mãe com câmara de vídeo, avós, primos e tios em claque organizada com cânticos e festejos emocionados. O menino levanta uma perna balofa, cheia de rufegos, num gesto semelhante ao de um cão a querer marcar território, e as lágrimas, palmas e o coro de palavras de incentivo enchiam a sala. Seguiu-se um debate sobre se os movimentos que o precoce rapaz efectuou, correspondiam ou não ao acto de gatinhar e finalmente registámos no livro de criança a data e hora precisa de tamanho feito com assinatura de todos e se possível com reconhecimento notarial. Dois Marias depois, o cenário era bem diferente. Chegamos a casa com compras e os três Marias. Os dois mais velhos imundos à conta de brincadeiras no jardim. Um vai dar banho aos mais velhos, o outro vai arrumar as compras e o mais pequeno deposita-se em cima da cama dos pais, para não chatear. A meio do banho dos mais velhos, ouve-se um som seco de uma queda, dois segundos de silêncio e uma guincharia a invadir a casa. Um de nós vai ver o que se passa e grita para o outro “Olha o António caiu da cama. Já gatinha”. O outro responde “Parece que é parvo. Não podia começar logo a andar? Sempre nos poupava esta parte das quedas. Magoou-se muito? A Estefânia a esta hora deve estar um horror.” ”Ainda bem que não. Melhor assim” O terceiro resgate é com certeza assim. Despanascado. “Ai a medida é anti-constitucional ? Paciência, a Troika que se vá encher de moscas. Se não quisesse, não emprestasse o dinheiro”. “O Portas está com um surto de demissão irrevogável? Mas afinal o que é que ele agora quer? Ser presidente da JSD? Ele que vá levar … Não é melhor não“ “Ai o défice chegou aos três dígitos? Sempre teve, agora só se livrou da vírgula” “O Cavaco quer um consensozinho quentinho? Consensos não há, pode ser bolo rei?”. Definitivamente concordo com o Governo Sombra. Vamos lá buscar os impressos e preenchê-los para pedir já o terceiro resgate. Assim como assim, já se sabe que os resgates do meio são assim meio ressabiadinhos do efeito sanduiche. Nota Final do Autor: no dia 13 de Setembro este blog fez 10 anos. Obrigado.