quarta-feira, abril 27, 2005

Zoológico

Lá foi a família inteira ao Zoo. As cobras, os tigres, os leões, os macacos, os ursos, as girafas. Grande euforia, estava tudo a correr tão bem até chegarmos aos elefantes.
O que ali se passou vai-lhes custar, a cada um, pelo menos uma década de psicanálise. Estavam quase todos a alimentar-se dos excrementos de um dos elefantes, utilizando a tromba para se abastecerem directamente na fonte. Queeeeeeeeeeee nojo.
- Paiiiii. Olha que porcos os elefantes. Estão a por a tromba no r...
- Cala-te que ainda levas uma chapadona.
- Pai, mas o Manel está a dizer a verdade. Que nooojo.
- Não está nada. Queres apanhar também ?
- Mas pai ...
- Meniiiiiinos. Vamos embora, vamos ver as girafas.
- Mas já as vimos há bocadinho.
- Pois já, mas agora elas estão ainda mais altas porque já cresceram um bocadinho. Vamos embora já disse. Saiam daí.

Da próxima vez que quiserem ver animais compro um livro da verbo sobre a vida selvagem.

terça-feira, abril 26, 2005

A revolta do Fadista

De passagem pelo aterro sanitário televisivo, entra-me sala dentro a quinta das celebridades. Gonçalo da Câmara Pereira, mostrava-se alterado, distante do habitual ar folião, voz alterada e expressão de “caso mal resolvido”. Pensei tratar-se da difícil digestão de mais uma expulsão, ao que sei de Elsa Raposo, na véspera. Até que perante a frase “Desculpem mas a mim o Cravo Vermelho dá-me vómitos.”, descobri que a indigestão do fadista é bem mais antiga. Tem trinta e um anos. Ele contextualizou: “Eu fiz o 25 de Abril, um dos meus irmão estava na coluna do Salgueiro Maia, e eu estava no quartel. Depois do 25 de Abril fomos para Angola e quando regressámos, a minha família tinha sido expropriada das herdades. Ficámos sem nada, até fome passámos. Por isso, a mim, o Cravo Vermelho dá-me vómitos”. A revolta do fadista foi provocada pela distribuição de cravos na noite de 24 de Abril aos concorrentes de tão democrático concurso.
Sou o primeiro a admitir que o período pós revolucionário é rico em excessos, resultado óbvio da contenção de décadas, das ideias reprimidas e perseguidas, da imensa (mas nunca demais) liberdade reconquistada. E dos excessos, surgem os contra excessos, também em formatos pouco recomendáveis aos nossos sensatos olhos.
Não arranjo justificação para muito do que se fez em nome da Revolução de Abril. Acho tacanha, redutora e, por vezes, muito conveniente, a confusão entre a conquista da liberdade e os excessos cometidos em nome dessa liberdade. È mesquinho, e no mínimo, desinteligente.
Aproveito para radicalizar o raciocínio.
Jesus Cristo morreu pelos homens, por todos nós. Trouxe ao mundo uma boa nova, trouxe esperança e ensinou-nos o amor a Deus e aos Homens. Em nome de Jesus Cristo, da fé e da Igreja Católica, já se cometeram todo o tipo de atrocidades. O princípio básico mantém-se o mesmo: amar a Deus e ao próximo. Em nome deste amor já se guerreou, já se colonizaram continentes sem qualquer respeito por quem neles já habitava, já se colocou o sol na órbita da terra, já se queimaram os pensamentos contraditórios. Não acredito que o fadista sinta vómitos perante qualquer símbolo religioso, nem acho que o deva fazer. O essencial é a revolução no coração dos homens trazida por Jesus Cristo. O que se fez em nome dessa revolução deve ser objecto de reflexão para que não se repitam os mesmos erros. Com Abril, e com os Cravos Vermelhos a separação é exactamente pelo mesmo tracejado.

terça-feira, abril 19, 2005

Post

... a nove dedos.
- Posso ficar com a cabeça do dedo descoberta?
- Porque ...
- Para conseguir escrever no teclado
- Não vai ser possível. E duvido que consiga usar a mão direita porque o dedo ainda lhe vai doer durante, pelo menos, o dia de hoje.
Toma. Aqui está um post a nove dedos. Sete, porque os mindinhos raramente entram ao barulho e não contam, e os polegares só vêm à tecla de espaços ao alt e às flechas que apontam para o monitor.

Isto é o resultado de ter arrancado uma pele junto da unha, e da infecção subsequente.
Anelar da mão direita enfaixado. Se fosse o da esquerda tínhamos chatice em casa.

segunda-feira, abril 18, 2005

Mas que raio

de substância terei eu ingerido, que me forçou a estreitar a minha relação com a casa de banho no último sábado ? Má disposição e trânsito desregulado levou-me várias vezes a precipitar-me até à tal divisão da casa. Nem acompanhei o jogo do Benfica, e ao que parece, ainda bem. Parece que temos os Spontings à perna, o de Braga e provavelmente o de Portugal também.
Terá sido da ida familiar à loja do cidadão, na vã esperança de conseguir bilhetes de identidade para os Marias ? Terá sido resultado da festa de 60 anos de um familiar na noite de Sexta Feira no páteo alfacinha (não gosto daquele sítio, faz-me lembrar a decadência do Portugal dos Pequenitos em Coimbra)? Não faço ideia o que foi, mas eu e a minha casa de banho estamos muito mais próximos desde este fim de semana. Não é uma relação que me interesse aprofundar.
No rescaldo da indisposição, uma fogaz ida até à zona sul da expo para um almoço de amigos. O João calçou os patins em linha e manteve-se equilibrado. O Manel não largou a mota de plástico e quase desaparecia em direcção a Norte, quando o descobri era um pontinho encarnado longe no horizonte, quase no oceanário. Rweclamam para si os títulos de príncipe da mota de Power Ranger Azul e príncipe dos patins. Para o próximo sábado está prometida uma descida da Alameda, pelo sim pelo não é melhor mandar cortar o trÂnsito da Almirante de Reis.

sexta-feira, abril 15, 2005

Mandatos

O Governo quer limitar o número de mandatos exxercido por uma figura em determinados cargos políticos. Presidências de Câmara e de Governos Regionais fazem parte da lista proposta, deputados nem por isso. O PSD acusa o governo de legislar à medida de Alberto João Jardim. Mesmo que seja o caso, até concordo que se faça.
A limitação deveria ser imposta apenas a presidentes inflamados e com alguma tendência para a palhaçada de regiões autónomas e de arquipélagos com menos de 5 ilhas, com uma economia dominada pela produção de bananas, bordados, vinho, espetadas, défice democrático, corrupção e off shore.
Estão também abrangidos por esta lei, os presidentes de clubes de futebol da região Norte do país e que tenham, na presente época, trocado pelo menos duas vezes de terinador.
A lei deveria ser aplicada no imediato com efeitos retroactivos.

terça-feira, abril 12, 2005

Despedidas

Aí há uns dias atrás, antes de umas compras atribuladas, jantámos num restaurante franchisado indiano e ficámos relativamente perto (quase ao colo) de dois casais. Um desses casais tinha dois filhos e outro se os tinha, deixou-os sabiamente ao cuidado de alguém. O João e o Manel também ficaram com a avó e connosco só estava o António, que não sendo propriamente bonito, acaba por chamar a atenção por ser bébé.
Dez minutos depois de nos termos sentado já sabíamos o nome de toda a família e já tínhamos anunciado que o António era o mais novo de três. Quando os casais se levantaram para sair, desejaram-nos felicidades, que nós obviamente retribuímos, e partiram.
Ora este é um estranho fenómeno. De repente as pessoas que conhecemos acidentalmente, deixam de se despedir com uma Boa Tarde, ou Boa Noite ou Bom Fim de Semana e passam a desejar felicidades. Isto começou a notar-se quando nos preparavamos para casar e agravou-se com o aparecimento dos filhos. Existem duas teorias sobre o assunto:
Teoria I
As pessoas desconfiam dos projectos de vida a dois e ainda desconfiam mais se envolverem descendência. Quando se despedem de pessoas nestas condições dizem "Felicidades", mas o que querem dizer é "Felicidades. Vão precisar delas, casados e com crianças. Se pudesse ficava aqui a desejar felicidades o resto do dia, mas infelizmente não posso e mesmo que pudesse não ia adiantar grande coisa. O vosso destino já está traçado. Imaginem. Casados e com filhos." Nestes caso os votos de felicidades são dados do fundo do coração, com conhecimento de causa, mas escondendo a razão pela qual precisamos tanto dela.
Teoria II
As pessoas preferem desejar felicidades a quem aparentemente já se encontra numa das rotas certas para a felicide e dizem-no por redundância. Neste caso o que querem dizer é "Mesmo que eu fique para aqui caladinha, já nada vos safa da felicidade, portanto olha. Felicidades"´. Os outros que não dão sinais externos de rumo à felicidade, que não aparentam ter encontrado as almas gémeas ou que não ostentam crianças ao colo, continuam a levar com o boa tarde, boa noite e bom fim de semana.
Isto se tiverem sorte, porque se derem sinais externos de infelicidade, um sem abrigo por exemplo, arrisca-se a ser ignorado ou pior ainda maltratado. Segundo esta teoria deseja-se felicidade a quem menos precisa e deseja-se ver pelas costas quem mais precisa de votos de felicidade.

Não sei qual das teorias é a correcta, mas estou muito tentado a acreditar na primeira. A segunda é tão absurda.

segunda-feira, abril 11, 2005

Tanto mar

Apanhaste-nos a todos de surpresa
- Sabes quem fala?
- Adriana
- Estou em Lisboa
Fiquei escasso em palavras, perdi o pé.
- O Ivan e a criançada?
- Ficaram no Rio. Vim cá em formação.
Bem sei que à velocidade a que acontecem os dias, nem reparamos nos letreiros da nossa distância, do tanto mar. Nem sei há quanto tempo partiram. Só sei a falta que nos faz ter-vos mais perto.
Agora, sem aviso, à mão de semear. Ainda nessa manhã, a Ana tinha falado com o Manel sobre os tios que moram na terra do português com sotaque.
Combinámos que te ia buscar. Levei o João Maria, que ensaiou a canção da Maria Rita para te cantar. Ele adorou o gato das redondezas. Eu sou alérgico a gatos e provavelmente foi isso que me encheu os olhos com água salgada. Por azar, logo na altura em que abracei.
A casa nova, o Manel que só tinhas visto em bébé, o António que não conhecias, as fotos do João a andar de mota e do Leo com os caracóis loiros, o telefonema para o Ivã. Há ainda tanto a sincronizar. Descobri que houve quem gostasse do vosso jantar de despedida, aquele a que não pudeste ir porque tinhas milhares de coisas para tratar antes do vôo e que custou os olhos da cara. Eu hem!!!
Vamos ver-nos mais nestes dias que faltam, e vamos fazer uma almoço ou um jantar de despedida outra vez. Se puderes comparecer vai ser bom. Legal se voçê pintar.
"Qualquer dia, amigo, eu volto, para te encontrar ..."

terça-feira, abril 05, 2005

(Ela na fotocopiadora a cantarolar Djavan)
- "Meu bem querer... é segredo, é sagrado, está sacramentado em meu coração... "
Vira-se para mim
- Sabes André, que eu sou uma grande frustrada.
- Eu sei.
- Eu nasci com um microfone na mão. Eu nasci para viver na ribalta.
- Já imaginava isso.
- Então e tu André, quando é que vais à menina ?
- Desculpa ?
- Quando é que encomendas a Constança ?
Risos meus
- Estou a falar a sério. Quando é que vem lá a menina ?
- Desculpa. Estou a rir-me por já teres nome para uma filha minha.
- É que tu tens ar de tio, o que é bom aqui no meio de nós. Nós somos todos roskof é sempre bom haver assim pessoas distintas.
- Ó rapariga, que disparate
- A sério. Mas diz-me lá tens dois rapazes, não é?
- Três. O último nasceu há quatro meses.
- Ai não sabia, parabéns. Chama-se como?
- António ...
- Maria. Não é verdade ? Os teus filhos são todos Marias. Vês como és muito tio.
- Essa agora !!!
- Mas agora a sério. Diz-me lá, és muito devoto da Virgem Maria?
Risos meus. Muitos
- Agora a falar a sério.(muda de expressão) È que uma tia minha era muita devota à Virgem Maria e chamou Maria aos filhos todos.
Ataque den riso meu
- Desculpa estar a rir, mas não me estou a aguentar. Mas não tem nada a ver com a Virgem Maria.
- Pois, mas olha que podia ser. Tenho muitos primos e primas Marias
(já a lacrimejar de tanto rir)
- Ai desculpa, mas tenho que ir fazer xi xi. Não me estou a aguentar.
- Vês que bom que é rir. Faz bem André. Vai lá antes que te mijes aqui.

segunda-feira, abril 04, 2005

Compras do Mês

Os Marias mais velhos estavam entregues à avó. Grande oportunidade do António Maria saborear as raras oportunidades de filho único. Para mal dos pecados de todos nós, a dispensa, congelador e preteleiras de bens essenciais estão em ruptura de stocks. Estamos naquele período em que quase todas as necessidades são resolvidas por soluções de contingência. Torradas com margarina porque a manteiga acabou, tomar duche com fairy e amaciador da roupa porque o gel e o shampô acabaram, lavar a loiça com detergente da roupa porque o fairy nunca está no sítio dele. Posto isto, tornava-se urgente uma ida a um qualquer hipermercado tratar de repôr as existências.
Levamos o António a jantar fora e se a coisa estiver a correr bem, damos uma voltinha no hipermercado, trazemos o essencial, e pedimos para nos entregarem o resto em casa no Sábado de manhã.
Certo e sabido que, se a lista não estiver parametrizada, as compras excedem sempre as espectativas. Fenómeno engraçado, álgebra revolucionária, o número de coisas que pensamos comprar, nunca é igual ao número de coisas que colocamos no carrinho, que por sua vez nunca coincide com o número de coisas que pagamos e que nada tem a ver com o número de coisas que nos entregam em casa.
Meia hora no talho para o senhor preparar a carne e dividi-la em saquinhos, mais fiambre e queijo cortado à medida, mais umas gambarolas que estavam a um preço camarada, peixinho também pedido na peixaria, e frutas e legumes devidamente escolhidas e pesadas. Tudo o resto foi da prateleira directamente para o carrinho, que muito a custo lá arrastámos até à caixa.
Quando solicitámos a entrega em casa, já com o António aos guinchos porque estava em cima da hora do beberon, a senhora surpreende-nos com uma notícia invulgar "Este fim de semana já não temos disponibilidade para entregas. Talvez na segunda de manhã seja possível."
"Lamento imenso, mas assim sendo, pago esta´garrafa de água donde já bebi e deixo-lhe aqui o carro com as compras."
Ainda preenchi uma reclamação pela demora do serviço e por não existir qualquer informação destinada a esclarecer quem se proponha a gastar duas preciosas horas de fim de semana nas compras do mês.
No Sábado de manhã, num hipermercado da concorrência, voltámos a fazer as compras. Às três e meia já estavam entregues e às cinco já estavam artrumadinhas nas prateleiras. O fairy regressou ao lava loiças e as torradas já não provocam vómitos.

sexta-feira, abril 01, 2005

Ufffff !!!

Que semana...
Tanto temopo sem costurar. Nem alinhavar eu alinhavei.
Terça Feira foi dia de Gala da entrega dos prémio do Webcedário, e lá fui buscar o traje a um canto do armário, retirei-lhe o pó, o bolor e os cogumelos que entretanto tinham crescido dentro dos bolsos. Valeu a pena. A minha frase teve direito a um dos restritos lugares da Shorlist:

Espreitem todos os prémios que vale a pena.

Depois foi um corre-corre, uma lufa-lufa sempre a queimar deadlines (se as linhas estão mortas, não entendo porque é nos preocupamos tanto com elas), sempre no limite.
Eis-me de volta. Lembrei-me de uma frase que bem podia fazer patrte de uma canção do Jorge Palma, ou dos Toranja (ainda ninguém me convenceu que não são a mesma pessoa):
"A luz do sol, por si só, não justifica tanta fantasia no teu olhar"