Não sei porquê, mas o Mário Soares faz-me lembrar o meu professor de Matemática do 8º ano. Talvez porque era uma raposa velha de bochechas. Sim, acho que é por isso.
Há professores que não se esquecem. Por boas ou más razões, acaba por haver professores que nos marcam, e aqueles que nos esquecemos provavelmente não foram felizes na escolha da sua profissão. Agora que digo isto, descubro que não me lembro da professora de matemática do 9º ano. Estranho. Lembro-me de todos os outros, mas a do 9º não estou a ver quem era.
Sobre este professor do 8º ano ainda não percebi se não o esqueço por boas ou por más razões. O senhor era autoritário mas acabava por ter um ar simpático.
Eu nunca tive problemas com esta disciplina e nada fazia crer que alguma vez viesse a ter. Tudo se alterou na entrega dos primeiros testes. Um imenso balde de água fria. Chegou à sala, tirou os pontos corrigidos da mala de pele, e anunciou quase divertido:
"18 alunos tiveram 0 e dos restantes as melhores notas foram do Gonçalo e do André. Tiveram 40 %"
Eu e o meu primo Gonçalo olhámos um para o outro e encolhemos os ombros, atónitos com a notícia. Durante o resto do ano, nunca tive um ponto com positiva e o Gonçalo teve um 50%. Na outra turma, era o Nuno Galopim quem arrancava as melhores notas, mas raras foram as positivas.
A matéria do 8º ano incluía, entre muitas coisas, o algoritmo para achar a raiz quadrada de um número, e a resolução de problemas com duas equações e duas incógnitas. Nos testes, os números para calcular a raiz quadrada tinham uma dezena de dígitos, e os problemas aproximavam-se do impossível. Nunca me esqueci deste, que ainda hoje não acho ser de resolução imediata:
"Um automóvel viaja a velocidade constante e passa por um marco de estrada com dois algarismos. Meia hora depois encontra outro marco com os mesmos algarismos, mas na ordem inversa. Meia hora depois encontra um terceiro marco com os algarismos iniciais separados por um zero. Calcule a velocidade do automóvel e os algarismos dos marcos."
Durante o ano, os encarregados de educação faziam fila para falar com o director de turma sobre o professor de matemática e os seus métodos de avaliação. A velha raposa passou ao lado de tudo isso e nunca alterou a sua postura.
A verdade é que, no final do ano, o essencial estava feito. A matéria dada foi claramente apreendida pelos alunos, e não me parece que alguém tenha deixado ficar o seu gosto pela matemática no caminho do 8º ano.
Estupor do velho. Dava-me sempre 4 no fim do período, mas nunca lhe consegui arrancar uma positiva num teste.
sexta-feira, dezembro 30, 2005
sexta-feira, dezembro 23, 2005
quinta-feira, dezembro 22, 2005
Carta Aberta aos Marias
Marias:
Como sabem, e na sequência dos acontecimentos do ano passado, em que o António, no dia 24 à noite, resolveu desenvolver uma infecção no aparelho urinário, este é potencialmente o primeiro Natal a cinco lá em casa. É precisamente para garantir esta cardinalidade que vos escrevo este pequeno conjunto de restrições adicionais.
1º O senhor António Maria, que anda a experimentar os primeiros passos, deve evitar as mesas com arestas vivas. Pelo sim pelo não a partir da meia noite de hoje é obrigatório o uso do capacete de bicicleta do Mickey que está no carro da mãe.
2º O senhor António Maria está proibido de fazer a ronda matinal à cata dos restos de comida inadvertidamente abandonados pelos seus irmãos no jantar da véspera debaixo da mesa da cozinha. Perante a inexistência de restos, não deve desatar a guinchar ou tentar comer as pastilhas de detergente da SUN. Se guinchar arrisca-se a levar uma biqueirada que já ninguém tem paciência para o ouvir. Se comer as pastilhas vai ser obrigado a engolir a loiça de duas refeições e arranjar uma forma dela sair toda seca e a brilhar. Não sei se sabe mas o detergente para a máquina é muito dispendioso.
3º Os senhores João Maria e Manel Maria estão rigorosamente proibidos de deixar cair comida durante todas as refeições.
4º O senhor Manel Maria não pode atirar objectos contundentes à cabeça do seu irmão mais velho. Além de se arriscar a levar um sopapo, pode abrir-lhe um lenho no crânio o que contraria as intenções do Natal a cinco.
5º O senhor Manel Maria deve evitar espalhar os vário bólides pela casa. Qualquer um está sujeito a pôr-lhes um pé em cima e partir uma perna ou um braço.
6º O senhor João Maria está impedido de manusear tesouras, furadores e agrafadores durante estes dias. Por muito que as suas actividades escolares o permita, o senhor insiste em não os arrumar e já de deu o caso de quase se agrafar.
7º A PSP que existe lá em casa é para uso exclusivo do pai. Devem todos os restantes elementos do agregado, assegurar uma distância mínima de cinco metros da mesma. O manuseamento, por parte de estranhos, da supra referida consola de jogos pode ser, em situações limite, a gota de água, o caldo entornado, a burra nas couves. Não mexam na dita.
8º A partir de hoje e nos próximos 5 dias existe distribuição de 5 ml de Benuron de 8 em 8 horas. Sempre que necessário serão administrados os seguintes complementos fármacos: Actifed para os ranhos, Ventilan e Atrovent (em aerosol) para a dificuldade respiratória, Ultra Levur para os desarranjos intestinais, e Brufen para SOS intervalado com o Benuron sempre que necessário.
É convicção da administração cá de casa que a adopção destas medidas será suficiente para garantir a tão almejada cardinalidade natalícia.
Com os melhores cumprimentos
Pai
Como sabem, e na sequência dos acontecimentos do ano passado, em que o António, no dia 24 à noite, resolveu desenvolver uma infecção no aparelho urinário, este é potencialmente o primeiro Natal a cinco lá em casa. É precisamente para garantir esta cardinalidade que vos escrevo este pequeno conjunto de restrições adicionais.
1º O senhor António Maria, que anda a experimentar os primeiros passos, deve evitar as mesas com arestas vivas. Pelo sim pelo não a partir da meia noite de hoje é obrigatório o uso do capacete de bicicleta do Mickey que está no carro da mãe.
2º O senhor António Maria está proibido de fazer a ronda matinal à cata dos restos de comida inadvertidamente abandonados pelos seus irmãos no jantar da véspera debaixo da mesa da cozinha. Perante a inexistência de restos, não deve desatar a guinchar ou tentar comer as pastilhas de detergente da SUN. Se guinchar arrisca-se a levar uma biqueirada que já ninguém tem paciência para o ouvir. Se comer as pastilhas vai ser obrigado a engolir a loiça de duas refeições e arranjar uma forma dela sair toda seca e a brilhar. Não sei se sabe mas o detergente para a máquina é muito dispendioso.
3º Os senhores João Maria e Manel Maria estão rigorosamente proibidos de deixar cair comida durante todas as refeições.
4º O senhor Manel Maria não pode atirar objectos contundentes à cabeça do seu irmão mais velho. Além de se arriscar a levar um sopapo, pode abrir-lhe um lenho no crânio o que contraria as intenções do Natal a cinco.
5º O senhor Manel Maria deve evitar espalhar os vário bólides pela casa. Qualquer um está sujeito a pôr-lhes um pé em cima e partir uma perna ou um braço.
6º O senhor João Maria está impedido de manusear tesouras, furadores e agrafadores durante estes dias. Por muito que as suas actividades escolares o permita, o senhor insiste em não os arrumar e já de deu o caso de quase se agrafar.
7º A PSP que existe lá em casa é para uso exclusivo do pai. Devem todos os restantes elementos do agregado, assegurar uma distância mínima de cinco metros da mesma. O manuseamento, por parte de estranhos, da supra referida consola de jogos pode ser, em situações limite, a gota de água, o caldo entornado, a burra nas couves. Não mexam na dita.
8º A partir de hoje e nos próximos 5 dias existe distribuição de 5 ml de Benuron de 8 em 8 horas. Sempre que necessário serão administrados os seguintes complementos fármacos: Actifed para os ranhos, Ventilan e Atrovent (em aerosol) para a dificuldade respiratória, Ultra Levur para os desarranjos intestinais, e Brufen para SOS intervalado com o Benuron sempre que necessário.
É convicção da administração cá de casa que a adopção destas medidas será suficiente para garantir a tão almejada cardinalidade natalícia.
Com os melhores cumprimentos
Pai
terça-feira, dezembro 20, 2005
Mundial 2006
A Alemanha prepara com todo o cuidado o Mundial de Futebol de 2006.
Neste contexto criou um sinal de trânsito que determina a proibição da actividade de prostituição para certas áreas das cidades.
Aqui está uma boa ideia dos alemães. Por cá faziam falta alguns sinais:
Proibição de insultar os outros condutores
Proibição de distribuição de publicidade aos condutores
Proibição de gestos obscenos
Proibição de cuspir no chão
Proibição de cães com dificuldades na retenção de fezes
Proibição de mastigar de boca aberta
Proibição de alimentar pombos
Proibição de palitar os dentes
Proibição de distribuir o Destak e o Metro
Neste contexto criou um sinal de trânsito que determina a proibição da actividade de prostituição para certas áreas das cidades.
Aqui está uma boa ideia dos alemães. Por cá faziam falta alguns sinais:
Proibição de insultar os outros condutores
Proibição de distribuição de publicidade aos condutores
Proibição de gestos obscenos
Proibição de cuspir no chão
Proibição de cães com dificuldades na retenção de fezes
Proibição de mastigar de boca aberta
Proibição de alimentar pombos
Proibição de palitar os dentes
Proibição de distribuir o Destak e o Metro
quinta-feira, dezembro 15, 2005
Socorro
Quem é que me mandou armar em esperto e apostar um testículo em como nunca foi utilizado o trema na língua Portuguesa ?
terça-feira, dezembro 13, 2005
domingo, dezembro 11, 2005
Presidenciais
No dia de hoje: "Ex-combatente insulta e agride Mário Soares."
O que me espanta é que este tipo de episódios são isolados. Sejamos francos. Quantas horas por ano perdemos nós a elogiar a classe política ? Uma no máximo e mesmo assim essa hora é dedicada a um ou dois políticos por quem, nutrimos alguma admiração. Dos restantes passamos a vida a dizer mal. A relembrar a sua mediocridade e incompetência no passado, a profetizar a imensa tragédia resultado de um eventual regresso ao activo, e a acusá-los de, no presente, nada fazerem, de serem todos iguais, de só pensarem no benefício próprio, de só se lembrarem do povo durante as campanhas eleitorais, de serem agentes do poder colorido, senhores das alavancas da corrupção, da lógica do compadrio. Isto tudo somadinho deve dar, no mínimo, umas 99 horas por ano a falar mal da dita classe.
Posto isto, num cenário optimista, 99% por cento da energia dos Portugueses dedicada à política é para insultar e apenas 1% é utilizada para o elogio, a gratidão e a homenagem. Perante tamanho desequilíbrio, estranho que as campanhas eleitorais não se pautem pelo tabefe e pelo insulto desmesurado. Mais me espanta que consigam encher recintos com milhares de entusiastas daqueles que passamos a vida a insultar.
Se compararmos com o fenómeno do futebol, a situação é ainda mais caricata. Os adeptos amam os seus clubes (ninguém sente por um partido político, o que um adepto sente pelo seu clube), são incapazes de trocar de clube (já trocar de partido não é assim tão invulgar, eu próprio já votei em pelo menos 5 partidos diferentes), pagam para ver o clube jogar (se os comícios fossem pagos pela assistência, eh eh eh), e se a coisa corre aquém de um bom resultado e de uma boa exibição insultam jogadores, técnicos, árbritos e dirigentes. Casos já houve em que adeptos agrediram jogadores, treinadores e dirigentes do próprio clube após uma prestação desastrosa da respectiva equipa. Se esta lógica vingasse na política, não havia sessão de parlamento que não acabasse com pelo menos 190 deputados nas urgências de São José. A classe política sente-se pouco valorizada pela opinião pública, mas se o povo lhes desse o valor que reclamam, não sobravam muitos para contar a história. A bem da verdade talvez sobrassem os que verdadeiramente fazem qualquer coisa por Portugal. É neste contexto, que apesar dos poderes limitados do Presidente da República, venho elogiar o seu desempenho. Deixa obra feita. Conseguiu reunir o Trovante o que é um feito do qual mais ninguém se pode gabar. Se o presidente tivesse mais poderes, aposto que era capaz de reunir os Sheiks, ou mesmo as Doce. Ah é verdade. Além de reunir o Trovante para um concerto, Jorge Sampaio conseguiu acabar com o governo do Santana Lopes, que é mais ou menos a mesma coisa que acabar com a novela Ninguém Com Tu da TVI. Sabemos que o fim está próximo, mas só o Eduardo Moniz é que sabe a data certa.
O que me espanta é que este tipo de episódios são isolados. Sejamos francos. Quantas horas por ano perdemos nós a elogiar a classe política ? Uma no máximo e mesmo assim essa hora é dedicada a um ou dois políticos por quem, nutrimos alguma admiração. Dos restantes passamos a vida a dizer mal. A relembrar a sua mediocridade e incompetência no passado, a profetizar a imensa tragédia resultado de um eventual regresso ao activo, e a acusá-los de, no presente, nada fazerem, de serem todos iguais, de só pensarem no benefício próprio, de só se lembrarem do povo durante as campanhas eleitorais, de serem agentes do poder colorido, senhores das alavancas da corrupção, da lógica do compadrio. Isto tudo somadinho deve dar, no mínimo, umas 99 horas por ano a falar mal da dita classe.
Posto isto, num cenário optimista, 99% por cento da energia dos Portugueses dedicada à política é para insultar e apenas 1% é utilizada para o elogio, a gratidão e a homenagem. Perante tamanho desequilíbrio, estranho que as campanhas eleitorais não se pautem pelo tabefe e pelo insulto desmesurado. Mais me espanta que consigam encher recintos com milhares de entusiastas daqueles que passamos a vida a insultar.
Se compararmos com o fenómeno do futebol, a situação é ainda mais caricata. Os adeptos amam os seus clubes (ninguém sente por um partido político, o que um adepto sente pelo seu clube), são incapazes de trocar de clube (já trocar de partido não é assim tão invulgar, eu próprio já votei em pelo menos 5 partidos diferentes), pagam para ver o clube jogar (se os comícios fossem pagos pela assistência, eh eh eh), e se a coisa corre aquém de um bom resultado e de uma boa exibição insultam jogadores, técnicos, árbritos e dirigentes. Casos já houve em que adeptos agrediram jogadores, treinadores e dirigentes do próprio clube após uma prestação desastrosa da respectiva equipa. Se esta lógica vingasse na política, não havia sessão de parlamento que não acabasse com pelo menos 190 deputados nas urgências de São José. A classe política sente-se pouco valorizada pela opinião pública, mas se o povo lhes desse o valor que reclamam, não sobravam muitos para contar a história. A bem da verdade talvez sobrassem os que verdadeiramente fazem qualquer coisa por Portugal. É neste contexto, que apesar dos poderes limitados do Presidente da República, venho elogiar o seu desempenho. Deixa obra feita. Conseguiu reunir o Trovante o que é um feito do qual mais ninguém se pode gabar. Se o presidente tivesse mais poderes, aposto que era capaz de reunir os Sheiks, ou mesmo as Doce. Ah é verdade. Além de reunir o Trovante para um concerto, Jorge Sampaio conseguiu acabar com o governo do Santana Lopes, que é mais ou menos a mesma coisa que acabar com a novela Ninguém Com Tu da TVI. Sabemos que o fim está próximo, mas só o Eduardo Moniz é que sabe a data certa.
quarta-feira, dezembro 07, 2005
Hoje à noite ...
este homem vai estar assim.
e este assim
Se esta confiança der para o torto, virem o écran de cabeça para baixo enquanto eu não apagar este post.
e este assim
Se esta confiança der para o torto, virem o écran de cabeça para baixo enquanto eu não apagar este post.
terça-feira, dezembro 06, 2005
Por mail
Soares e Cavaco falham casting para o “Levanta-te e Ri”
O que se levanta não se ri.
O que se ri não se levanta
O que se levanta não se ri.
O que se ri não se levanta
sexta-feira, dezembro 02, 2005
Banco Alimentar
Ao que parece, a campanha do passado fim de semana, do Banco Alimentar contra a Fome foi um tremendo sucesso. Quer pelo número de voluntários, quer pela quantidade de alimentos conseguidos, foram batidos todos os recordes e expectativas.
Pudera. A mim, estas campanhas, calham sempre num fim de semana em que eu vou umas dez vezes ao supermercado. E de cada vez que vou, lá estão uns miúdos betos, ou com cara de escuteiros, a acenar-me com os sacos brancos de letras azuis. Da primeira vez corre tudo muito bem, lá ponho uns leites meio gordos, e uns esparguetes, e azeitinho que faz tão bem. As restantes vezes vou comprar coisas que me esqueci da primeira. Um desodorizante, ou umas folhas de gelatina de culinária, ou lâmpadas para o candeeiro da sala. Entro esbaforido no supermercado a tentar desviar-me dos angariadores de feijão manteiga. Passei por 15 deles e nenhum deu por mim, estão ocupados com outras pessoas ou a transportar sacos de um lado para o outro. Já estou praticamente na área do super, já sou vejo o segurança e clientes. Caminho livre. Posso avançar. É nessa altura, que o segurança se transforma em voluntário e me estende um saquinho. Lá venho eu com um pacote de folhas de gelatina e seis litros de leite meio gordo. E depois com as lâmpadas e com o desodorizante, a mesma coisa. Uma vez resolvi dizer que já tinha lá estado e que já tinha contribuído. A senhora que me interpolou olhou-me com aquela cara de maisumegoístacomamesmadesculpadetantosoutros.
Sempre podiam fazer como noutros peditórios, em que colocam um autocolante minúsculo, em todos os que já foram solidários com a causa. Era simpático. Experimentem lá se faz favor. Obrigadinho.
Pudera. A mim, estas campanhas, calham sempre num fim de semana em que eu vou umas dez vezes ao supermercado. E de cada vez que vou, lá estão uns miúdos betos, ou com cara de escuteiros, a acenar-me com os sacos brancos de letras azuis. Da primeira vez corre tudo muito bem, lá ponho uns leites meio gordos, e uns esparguetes, e azeitinho que faz tão bem. As restantes vezes vou comprar coisas que me esqueci da primeira. Um desodorizante, ou umas folhas de gelatina de culinária, ou lâmpadas para o candeeiro da sala. Entro esbaforido no supermercado a tentar desviar-me dos angariadores de feijão manteiga. Passei por 15 deles e nenhum deu por mim, estão ocupados com outras pessoas ou a transportar sacos de um lado para o outro. Já estou praticamente na área do super, já sou vejo o segurança e clientes. Caminho livre. Posso avançar. É nessa altura, que o segurança se transforma em voluntário e me estende um saquinho. Lá venho eu com um pacote de folhas de gelatina e seis litros de leite meio gordo. E depois com as lâmpadas e com o desodorizante, a mesma coisa. Uma vez resolvi dizer que já tinha lá estado e que já tinha contribuído. A senhora que me interpolou olhou-me com aquela cara de maisumegoístacomamesmadesculpadetantosoutros.
Sempre podiam fazer como noutros peditórios, em que colocam um autocolante minúsculo, em todos os que já foram solidários com a causa. Era simpático. Experimentem lá se faz favor. Obrigadinho.
terça-feira, novembro 29, 2005
Há um ano atrás
segunda-feira, novembro 28, 2005
Primeiro
O primeiro choro, o primeiro beijo, o primeiro abraço. Agora o primeiro Ano. Cheio de estreias e de emoções como todos os primeiros anos. O primeiro banho, o primeiro dia em casa, o primeiro passeio. Que susto o primeiro susto, do primeiro febrão por alturas do primeiro Natal. A primeira ida de férias a cinco, as cadeiras de todos encastradas no banco de trás. Apertadas te tal maneira, que cada vez que aperto os cintos, parto dois ou três dedos. De tal maneira apertadas que quando fecho a porta do carro, tenho que o fazer com força, o que provoca sempre um salto ao desgraçado da ponta oposta. Nada a fazer, as cadeiras são largas e o banco só chega para 2,93.
Grandes aventuras portanto, senhor António. Há um ano atrás (leia-se 26 de Novembro 2004) estava eu naquela figura ridícula com a bata e touca verde já colocadas. Preservativos para os sapatos postos. Máscara prontinha nas orelhas, sentado à espera de entrar em campo. Tu e a tua mãe já lá estavam há algum tempo, e não havia maneira de me chamarem. O outro bébé já estava cá fora e o pai dele já tinha entrado há imenso tempo.
Nisto chamam-me:
“O Pai faça o favor de entrar”
Entro na zona só permitida a pessoal autorizado.Percorro o corredor e a enfermeira conduz-me à sala do fundo
“Estão a começar a cesariana, pode entrar na porta ao fundo”
Assim que entro está um sujeito fardado como eu, meio atrapalhado a sair da sala.
“Desculpa lá. Já ia para a tua cesariana. Ainda mal me estou a refazer da minha. Já sou pai. Ouvi alguém chamar pelo Pai, achei que era comigo e entrei na sala. Afinal era para ti. O meu já cá está. Boa sorte. Desculpa lá esta invasão”
“Parabéns então” Respondi-lhe
E lá fui eu assistir à cesariana. A primeira, a do João Maria, só vi a cara da mãe e a do João, quando nasceu. Havia um lençol a separar-me dos eventos. Na segunda, não me deixaram ir para o topo norte, porque estava lá o anestesista. Fiquei na bancada central mesmo em cima do acontecimento. Não achei piada nenhuma assistir a tanto corte e costura. Desta vez, contigo, senti alguma curiosidade e vi tudo com muita atenção. O médico até elogiou o estado de útero da tua mãe insinuando que ainda aguenta uma quarta jornada. A mim também me pareceu em bom estado, mas confesso-te que não faço a menor ideia como seria um em pior estado.
E lá chegaste. Lindo e desejado. Enfim. Com cara de joelho como todo o recém nascido que se preze. Pronto para o mundo. Pronto para nós os quatro que te esperávamos há tantos meses. Parabéns meu amor.
Só mais uma coisa António. Evita comer o sabonete do bidé. Não é higiénico, se bem que bem treinadinho, podias fazer bolas de sabão com os puns. Os teus irmãos iam achar o máximo.
Grandes aventuras portanto, senhor António. Há um ano atrás (leia-se 26 de Novembro 2004) estava eu naquela figura ridícula com a bata e touca verde já colocadas. Preservativos para os sapatos postos. Máscara prontinha nas orelhas, sentado à espera de entrar em campo. Tu e a tua mãe já lá estavam há algum tempo, e não havia maneira de me chamarem. O outro bébé já estava cá fora e o pai dele já tinha entrado há imenso tempo.
Nisto chamam-me:
“O Pai faça o favor de entrar”
Entro na zona só permitida a pessoal autorizado.Percorro o corredor e a enfermeira conduz-me à sala do fundo
“Estão a começar a cesariana, pode entrar na porta ao fundo”
Assim que entro está um sujeito fardado como eu, meio atrapalhado a sair da sala.
“Desculpa lá. Já ia para a tua cesariana. Ainda mal me estou a refazer da minha. Já sou pai. Ouvi alguém chamar pelo Pai, achei que era comigo e entrei na sala. Afinal era para ti. O meu já cá está. Boa sorte. Desculpa lá esta invasão”
“Parabéns então” Respondi-lhe
E lá fui eu assistir à cesariana. A primeira, a do João Maria, só vi a cara da mãe e a do João, quando nasceu. Havia um lençol a separar-me dos eventos. Na segunda, não me deixaram ir para o topo norte, porque estava lá o anestesista. Fiquei na bancada central mesmo em cima do acontecimento. Não achei piada nenhuma assistir a tanto corte e costura. Desta vez, contigo, senti alguma curiosidade e vi tudo com muita atenção. O médico até elogiou o estado de útero da tua mãe insinuando que ainda aguenta uma quarta jornada. A mim também me pareceu em bom estado, mas confesso-te que não faço a menor ideia como seria um em pior estado.
E lá chegaste. Lindo e desejado. Enfim. Com cara de joelho como todo o recém nascido que se preze. Pronto para o mundo. Pronto para nós os quatro que te esperávamos há tantos meses. Parabéns meu amor.
Só mais uma coisa António. Evita comer o sabonete do bidé. Não é higiénico, se bem que bem treinadinho, podias fazer bolas de sabão com os puns. Os teus irmãos iam achar o máximo.
quinta-feira, novembro 24, 2005
quarta-feira, novembro 23, 2005
Nestialac
Tanto frenesim só porque o leite líquido das embalagens de cartão pode ter um bocadinho de tinta. Sinceramente não entendo. O António já deve ter bebido litros desse leite e o cocó nunca mudou de cor à conta do leite.
O mais novo dos Marias lambe as paredes, come terra, come o chão de madeira, come os livros e as revistas lá de casa, come as canetas dos irmãos, e em princípio parece desenvolver-se normalmente. Até já comeu a edição especial comemorativa do aniversário da Caras e a milésima Nova Gente sem que isso lhe afectasse o cérebro. Perante isto, haverá necessidade, de tanta agitação por causa do Nan I e II ?
Qual vai ser o próximo alarme ? “A Robialac retirou do mercado todas as latas de tinta Tartaruguinha – verdeazeitonadelvas depois de terem sido detectados indícios da presença de nestum mel na sua composição” ?
O mais novo dos Marias lambe as paredes, come terra, come o chão de madeira, come os livros e as revistas lá de casa, come as canetas dos irmãos, e em princípio parece desenvolver-se normalmente. Até já comeu a edição especial comemorativa do aniversário da Caras e a milésima Nova Gente sem que isso lhe afectasse o cérebro. Perante isto, haverá necessidade, de tanta agitação por causa do Nan I e II ?
Qual vai ser o próximo alarme ? “A Robialac retirou do mercado todas as latas de tinta Tartaruguinha – verdeazeitonadelvas depois de terem sido detectados indícios da presença de nestum mel na sua composição” ?
terça-feira, novembro 22, 2005
Início de Época
- PAI, PAI, PAI. Pode ...
- Calma. Ainda agora cheguei a casa. Nem recebi beijo de boa noite e já estou a ouvir pedidos.
- Chuuuuuaaaaaaaccc. Paiiii. Pode ir buscar a árvore de Natal ?
- Posso sim João. (nem imagino quem é que te encomendou esse pedido)
segunda-feira, novembro 21, 2005
Trocas
- Desculpe mas esta casa de banho é de senhoras.
- Também já me tinha passado essa ideia pela cabeça. Por causa do boneco com saias que está pespegado na porta. Mas este bebé tem um feitio tramado. Para já, resolveu fazer cocó na fralda, o que é inadmissível num rapaz de 11 meses, e depois quis porque quis vir ao fraldário trocar de fraldas, porque o cocó lhe faz impressão. Vejam lá se lhe fura a tripa. Eu também já lhe disse que não era suposto ele estar aqui, mas não o consigo convencer. Acho que o vou levar ao psiquiatra, não é normal um bebé desta idade insistir na casa de banho das senhoras, só porque a dos homens não tem muda fraldas.
- O senhor não viu que esta casa de banho é de senhoras ?
- Olhe minha senhora a casa de banho dos homens não tem este muda fraldas. Fazemos assim: Eu estou lá fora à espera e a senhora trata de lhe mudar a fralda. Boa? Está aqui o bebé, o creme, o sabonete liquido e a fralda nova. Tem que lavar o rabo com água e com o sabonete. Não pode usar toalhetes porque ele está tão assado que acaba por sangrar com os toalhetes. Até já.
- Esta casa de banho é dos homens?
- Não minha senhora. É das senhoras. Mas a dos homens não tem estas modernices para mudar a fralda aos bebés.
- Esteja à vontade. Eu é que pensei que me tinha enganado.
Foi o terceiro diálogo que aconteceu. Mesmo assim não custa nada colocar um muda fraldas na casa de banho dos homens.
sexta-feira, novembro 18, 2005
Bye Bye Lisboa
(a propósito desta semana parca em escritas e descaradamente como o bye bye Brasil)
O fim de semana a chegar
Nem sei p’ra onde me hei-de virar
O trabalho ainda vai aumentar
O projecto finalmente no ar
Não há isto que se lh’aponte
O Natal já está no horizonte
O ano prestes a terminar
Não vejo que isto tenda a acalmar
Os professores voltaram à greve
Este ano não vai dar para a neve
Eu sonho que estou a esquiar
Lamento vou ter que acordar
O almoço irreal sobre a família
Quero acalmar com chá de tília
O PIB foi revisto em baixa
Há tempos que não escrevo na Caixa
A confiança que volta a cair
Outras eleições estão pra vir
Quem vai pr’o palácio em Belém
Os putos não jogam nada bem
Por pouco falham o europeu
O preço do crude desceu
A carta do outro lado do mar
Quase a conseguir desarmar
De igual para igual já se vê
Gostei dessa forma de ser
As crianças andaram doentes
O mais novo com a história dos dentes
O Joao anda um cabeça no ar
Eu já lhe pedi pra mudar
Falhei a hora do Euromilhões
Outra vez a contar os tostões
Eu ontem fui desopilar
Beber uns copos no bar
Conversas, cigarros e o som
Rever os amigos é bom
Afinal o Simão vai jogar
O Braga no primeiro lugar
Morreu um sargento em Cabul
A chuva volta ao centro e ao sul
O fim de semana está aí
Nestes dias quase que fugi
não pude escrever como queria
a lufa lufa do dia a dia
Prometo voltar a postar
Assim que o ritmo abrandar
Agora eu quero é o abraço
Eu vou é matar o cansaço
Marquei uma mesa para dois
O descanso fica para depois.
Alguém vai ficar com os Marias
Adeus até daqui a dois dias
O fim de semana a chegar
Nem sei p’ra onde me hei-de virar
O trabalho ainda vai aumentar
O projecto finalmente no ar
Não há isto que se lh’aponte
O Natal já está no horizonte
O ano prestes a terminar
Não vejo que isto tenda a acalmar
Os professores voltaram à greve
Este ano não vai dar para a neve
Eu sonho que estou a esquiar
Lamento vou ter que acordar
O almoço irreal sobre a família
Quero acalmar com chá de tília
O PIB foi revisto em baixa
Há tempos que não escrevo na Caixa
A confiança que volta a cair
Outras eleições estão pra vir
Quem vai pr’o palácio em Belém
Os putos não jogam nada bem
Por pouco falham o europeu
O preço do crude desceu
A carta do outro lado do mar
Quase a conseguir desarmar
De igual para igual já se vê
Gostei dessa forma de ser
As crianças andaram doentes
O mais novo com a história dos dentes
O Joao anda um cabeça no ar
Eu já lhe pedi pra mudar
Falhei a hora do Euromilhões
Outra vez a contar os tostões
Eu ontem fui desopilar
Beber uns copos no bar
Conversas, cigarros e o som
Rever os amigos é bom
Afinal o Simão vai jogar
O Braga no primeiro lugar
Morreu um sargento em Cabul
A chuva volta ao centro e ao sul
O fim de semana está aí
Nestes dias quase que fugi
não pude escrever como queria
a lufa lufa do dia a dia
Prometo voltar a postar
Assim que o ritmo abrandar
Agora eu quero é o abraço
Eu vou é matar o cansaço
Marquei uma mesa para dois
O descanso fica para depois.
Alguém vai ficar com os Marias
Adeus até daqui a dois dias
terça-feira, novembro 15, 2005
Skyline
Vistos assim. Ao longe escancarados para o sol laranja. A lua descarada e cheia revela-se aos poucos atrás da silhueta. Subúrbios imensos da cidade grande. Vistos assim quase parece bonito. Quem lá vive? Quem dorme lá ? A quem dão guarita ? Que histórias encerram ? Rastilhos ...
Manual de Instruções
Não percebo a confusão e a irritação sobre o assunto. É só uma televisão que está lá em casa há imensos anos. A televisão tem um comando que liga e desliga. E que muda de canal. E que põe o som mais alto e mais baixo. E que muda o canal para o canal de Extensão1, onde está ligada a caixa da televisão digital. O que é bestial. Porque uma vez ligada a televisão e colocada no canal Extensão1 basta pegar no comando da caixa para mudar de canal e para tratar do som. Pode acontecer o comando da caixa estar a dar ordens à televisão e nesse caso é preciso carregar no botão que diz TV CABO do comando da caixa. Outras vezes, à conta dos arremessos dos Marias, as pilhas do comando da caixa desviam-se dos polos e o comando não faz nada nem à caixa nem à televisão. Nesse caso, é abrir o compartimento das pilhas do comando da caixa e acomodá-las devidamente. Nada mais simples. Depois há o DVD que ainda é mais simpático. Nem é preciso fazer nada à televisão. Ele apodera-se da emissão, a não ser que se ligue a televisão depois do DVD. E o som está espalhadinho pelos quatro cantos da sala. Chama-se surround e não morde a ninguém. Também se pode ouvir a televisão através do surround. Neste caso para ligar a televisão é no comando da televisão, para mudar de canal é no comando da caixa e para tratar do som é no comando do DVD. Simples não é? Então se é simples, para que é que te irritas com as coisas simples ? Guarda a irritação para coisas verdadeiramente complicadas, como as fraldas do António que andam com umas fugas para as costas que me deixam em ponto de rebuçado.
sexta-feira, novembro 11, 2005
Ó Faz Favor
Sr Provedor
dos calendários semanais:
Por motivos estritamente profissionais a segunda feira que vem só deverá aparecer dentro de dois dias de trabalho, não me parecendo viável a utilização de Sábado e de Domingo para o efeito. Neste enquadramento, solicito, com carácter excepcional, o adiamento do início do fim de semana por um período de 48 horas.
Com os melhores cumprimentos
dos calendários semanais:
Por motivos estritamente profissionais a segunda feira que vem só deverá aparecer dentro de dois dias de trabalho, não me parecendo viável a utilização de Sábado e de Domingo para o efeito. Neste enquadramento, solicito, com carácter excepcional, o adiamento do início do fim de semana por um período de 48 horas.
Com os melhores cumprimentos
quinta-feira, novembro 10, 2005
Oooohhhhhh
E logo hoje que ia ao encontro sobre blogues, a R., que ajuda nos banhos e na jantarada dos Marias, resolveu ficar doente. Resultado: baldo-me ao evento e vou para casa mais cedo.
Totobelém
Cavaco – 45%
Soares – 20 %
Alegre - 18 %
Jerónimo – 9 %
Louçã – 8 %
O que é que acham ? Qual é a vossa aposta ? Andem lá, digam qualquer coisa.
Soares – 20 %
Alegre - 18 %
Jerónimo – 9 %
Louçã – 8 %
O que é que acham ? Qual é a vossa aposta ? Andem lá, digam qualquer coisa.
quarta-feira, novembro 09, 2005
Geninha
Hoje, pela manhã, surpreso por ouvir Eugénia Melo e Castro. Música antiga em dueto com Ney Mato Grosso.
Ao que parece, a Eugénia prepara-se para perfazer 25 anos de carreira. Lembro-me do seu primeiro disco "Terra de Mel". O meu pai adorava-a. Eu e a Maria oferecemos-lhe o disco por alturas do Dia do Pai. Ficou babado e comovido. A minha irmã pegou nos títulos de cada uma das canções e escreveu-lhe um texto com todos eles. Eu não me lembro bem do que escrevi.
A Terra de Mel era um álbum muito bom, e avoz da Eugénia era clara. Cristalina sem pingo de rouquidão. Era uma miúda humilde e cheia de sonhos. Confesso que agora não a tenho em grande conta, mas continuo a achar que a Terra de Mel foi um grande álbum.
É desta Eugénia que me lembro, que me quero lembrar, e é esta Eugénia que deixava o meu pai com os calores.
COMEÇO DE MAR
Música: Yório Gonçalves
Letra: Eugénia Melo e Castro
No meio daquele reflexo de água
No centro de um repuxo de vento
Parada numa corrente de mar
Estou dentro do que quero estar
Há sempre uma gota de vento maré
Provoca a seca em que perco o pé
Entre um corpo que circula
Entre um ângulo que tem fim
A parede e o espaço
Entre um grito e um cansaço
está um som que reconheço
Está tão lento
Já não esqueço
Está tão velho
Recomeço
No meio deste reflexo de tempo
Entre um corpo que trabalha
Parada numa corrente de ar
Entre a parede e o cansaço
Estou no fim de um repuxo lento
Estou entre um passo que tem espaço
Dentro do que quero estar
Entre um grito e um começo de mar
está um som que reconheço
Há sempre uma gota de vento maré
Provoca a cheia em que ganho o pé
Ao que parece, a Eugénia prepara-se para perfazer 25 anos de carreira. Lembro-me do seu primeiro disco "Terra de Mel". O meu pai adorava-a. Eu e a Maria oferecemos-lhe o disco por alturas do Dia do Pai. Ficou babado e comovido. A minha irmã pegou nos títulos de cada uma das canções e escreveu-lhe um texto com todos eles. Eu não me lembro bem do que escrevi.
A Terra de Mel era um álbum muito bom, e avoz da Eugénia era clara. Cristalina sem pingo de rouquidão. Era uma miúda humilde e cheia de sonhos. Confesso que agora não a tenho em grande conta, mas continuo a achar que a Terra de Mel foi um grande álbum.
É desta Eugénia que me lembro, que me quero lembrar, e é esta Eugénia que deixava o meu pai com os calores.
COMEÇO DE MAR
Música: Yório Gonçalves
Letra: Eugénia Melo e Castro
No meio daquele reflexo de água
No centro de um repuxo de vento
Parada numa corrente de mar
Estou dentro do que quero estar
Há sempre uma gota de vento maré
Provoca a seca em que perco o pé
Entre um corpo que circula
Entre um ângulo que tem fim
A parede e o espaço
Entre um grito e um cansaço
está um som que reconheço
Está tão lento
Já não esqueço
Está tão velho
Recomeço
No meio deste reflexo de tempo
Entre um corpo que trabalha
Parada numa corrente de ar
Entre a parede e o cansaço
Estou no fim de um repuxo lento
Estou entre um passo que tem espaço
Dentro do que quero estar
Entre um grito e um começo de mar
está um som que reconheço
Há sempre uma gota de vento maré
Provoca a cheia em que ganho o pé
segunda-feira, novembro 07, 2005
Paris
Preocupa-me a leveza de espírito com que se olha para os trágicos acontecimentos de Paris. Como se de um fenómeno isolado se tratasse, ao qual fossemos completamente alheios. Mais uma vez, um insistente e autista olhar para a árvore sem se dar conta da floresta.
Lembro-me de uma tira da Mafalda, em que esta passeava pela rua com a Susaninha e cruzavam-se com um pobre que pedia esmola. A Mafalda dizia que, cada vez que via um pobre, sentia um nó garganta. A Susaninha concordava. Depois a Mafalda defendia que se devia tratar melhor dos pobres. Garantir-lhes alimentação, saúde, habitação e educação. A Susaninha responde-lhe:
Os governos preocupam-se muito com o défice e com a contenção de despesas, muito pouco com a criação de receitas, e praticamente nada com o aumento do desemprego, o crescimento da miséria, a exclusão social e o desrespeito pela natureza humana.
A nós, a cada um de nós, chateiam-nos os pedintes que nos interrompem o café na Mexicana, a quem damos uma moeda para que aquela interrupção acabe depressa mais do que pela intenção de ajudar. A nós chateiam-nos os shoppings cheios de grupos de pretos, capazes sabe-se lá do quê, e os ciganos que nos semáforos nos querem encher os vidros de um detergente que tresanda a pobreza. Mais a merda dos pensos rápidos ou dos lenços de papel que compramos 10 vezes mais caros que no super, só para nos livrarmos rapidamente do problema que é, para nós, ter aquele clandestino do Leste por perto. Queremos lá saber da sua miséria, se não têm emprego, se são ilegais, se não têm dinheiro, se não têm futuro nem no futuro o irão alguma vez ter. Têm tão bom corpo para trabalhar, nem percebo o que é que ali andam a fazer. Há aí tanta obra a precisar de força bruta, tanta escada por lavar. Queremos é que não nos chateiem, e sobretudo, que os filhos deles se afastem dos nossos. Se eles não se confinarem aos guetos, criamos guetos só para nós. Bairros onde se possa respirar à vontade. Melhor ainda, condomínios fechados.
Somos Susanas insuportáveis que exclamam de horror, indignados perante a atrocidade que cometem na cidade luz. No coração da velha e sábia Europa. Perguntamo-nos o que querem, o que ganham com toda aquela violência. Pergunto-me o que é que têm a perder? O que têm a perder aqueles que, mais do que arredados do sonho, lhes é negada a possibilidade de algum dia poderem sonhar ?
Criamos continuamente barris de pólvora à nossa volta, deixamos que os rastilhos se espalhem à nossa volta e soltamos exclamações sonoras quando um destes barris explode. A Europa Social não existe, estamos numa Europa obcecada pelas casas decimais dos rácios económicos, pelo défice, pela normalização dos bidés e pela proibição da colher de pau nas cozinhas dos restaurantes. Vivemos uma paz social podre e, pior que isso, uma paz interior em putrefacção.
A propósito do que se passa em França, mas que era possível passar-se em quase toda a dita civilização dita ocidental, li hoje uma frase que me levou a esta escrita.
“Quando a ordem é injusta, a desordem é, por si só, um factor de justiça.”
Lembro-me de uma tira da Mafalda, em que esta passeava pela rua com a Susaninha e cruzavam-se com um pobre que pedia esmola. A Mafalda dizia que, cada vez que via um pobre, sentia um nó garganta. A Susaninha concordava. Depois a Mafalda defendia que se devia tratar melhor dos pobres. Garantir-lhes alimentação, saúde, habitação e educação. A Susaninha responde-lhe:
- P’ra quê tudo isso? Basta escondê-los.
Os governos preocupam-se muito com o défice e com a contenção de despesas, muito pouco com a criação de receitas, e praticamente nada com o aumento do desemprego, o crescimento da miséria, a exclusão social e o desrespeito pela natureza humana.
A nós, a cada um de nós, chateiam-nos os pedintes que nos interrompem o café na Mexicana, a quem damos uma moeda para que aquela interrupção acabe depressa mais do que pela intenção de ajudar. A nós chateiam-nos os shoppings cheios de grupos de pretos, capazes sabe-se lá do quê, e os ciganos que nos semáforos nos querem encher os vidros de um detergente que tresanda a pobreza. Mais a merda dos pensos rápidos ou dos lenços de papel que compramos 10 vezes mais caros que no super, só para nos livrarmos rapidamente do problema que é, para nós, ter aquele clandestino do Leste por perto. Queremos lá saber da sua miséria, se não têm emprego, se são ilegais, se não têm dinheiro, se não têm futuro nem no futuro o irão alguma vez ter. Têm tão bom corpo para trabalhar, nem percebo o que é que ali andam a fazer. Há aí tanta obra a precisar de força bruta, tanta escada por lavar. Queremos é que não nos chateiem, e sobretudo, que os filhos deles se afastem dos nossos. Se eles não se confinarem aos guetos, criamos guetos só para nós. Bairros onde se possa respirar à vontade. Melhor ainda, condomínios fechados.
Somos Susanas insuportáveis que exclamam de horror, indignados perante a atrocidade que cometem na cidade luz. No coração da velha e sábia Europa. Perguntamo-nos o que querem, o que ganham com toda aquela violência. Pergunto-me o que é que têm a perder? O que têm a perder aqueles que, mais do que arredados do sonho, lhes é negada a possibilidade de algum dia poderem sonhar ?
Criamos continuamente barris de pólvora à nossa volta, deixamos que os rastilhos se espalhem à nossa volta e soltamos exclamações sonoras quando um destes barris explode. A Europa Social não existe, estamos numa Europa obcecada pelas casas decimais dos rácios económicos, pelo défice, pela normalização dos bidés e pela proibição da colher de pau nas cozinhas dos restaurantes. Vivemos uma paz social podre e, pior que isso, uma paz interior em putrefacção.
A propósito do que se passa em França, mas que era possível passar-se em quase toda a dita civilização dita ocidental, li hoje uma frase que me levou a esta escrita.
“Quando a ordem é injusta, a desordem é, por si só, um factor de justiça.”
Estremunhado
Da minha janela logo pela manhã... o sol escancarado. O prédio em frente demasiado perto para o meu gosto.
Ó vizinha deixe-me fumar o meu cigarro em paz, não sei se sabe mas na primeira meia hora, gosto pouco de conversas, e se o tema é o dos seus filhos adolescentes e das suas desventuras, menos interessado eu estou. Eu quero lá saber dos seus filhos. Os meus vão ser sempre bebés e nunca me hão-de dar maçadas nem preocupações. Está com vontade de largar tudo e ir viajar sozinha ? Então vá e poupe-me à conversa. Ainda deixo de fumar à sua conta.
Ó vizinha deixe-me fumar o meu cigarro em paz, não sei se sabe mas na primeira meia hora, gosto pouco de conversas, e se o tema é o dos seus filhos adolescentes e das suas desventuras, menos interessado eu estou. Eu quero lá saber dos seus filhos. Os meus vão ser sempre bebés e nunca me hão-de dar maçadas nem preocupações. Está com vontade de largar tudo e ir viajar sozinha ? Então vá e poupe-me à conversa. Ainda deixo de fumar à sua conta.
sexta-feira, novembro 04, 2005
Partyland
A MTV fez a festa aqui, pá. Enche-se o pavilhão da gente, das estrelas da música, da televisão e do futebol. Cidadãos do mundo. Festejam a música. Enche-se o pavilhão de cúmulos e pasma-se o país de tanga com a tanga dos pedidos excêntricos. Das velas perfumadas, dos quilos de maquilhagem, das unhas e pestanas postiças, do champanhe aos milhares, dos quartos de hotel às centenas. A produção de encantar a megalomanizar desencantos. Tanto que se lhes é permitido. São os estrangeiros a festejar. E a nossa música, pá ? E o nosso som, vizinho? Nem um acorde para não destoar. Dêem-nos lá um rebuçado, um presente, um gift, que nós prometemos portar-nos bem. Um prémio para o melhor artista português ? Tá bem, fica descansado que não levamos o adufe. Postiços mesmo.
quinta-feira, novembro 03, 2005
quarta-feira, novembro 02, 2005
São Bernardo
Ontem foi dia de Todos os Santos. A tradição familiar sediada em casa dos Pais. Antes era na da avó Céu, mas depois do avô morrer e da avó evitar que as festas fossem lá na Estrela, a mãe pegou no dia de Todos os Santos.
A casa da avó Céu era o lugar predilecto para as reuniões de primos. Um quarto andar na última fila do anfiteatro de Lisboa. O Castelo, o Terreiro do Paço, a Baixa, o Rossio, Santos e Cais do Sodré. Tudo se via daquela marquise. Então se subíssemos ao ponto mais alto do telhado. O prédio tinha um túnel que lhe passava por baixo, e dava acesso às aventuras, tinha a nespereira boa de trepar e que se ficava pelo segundo andar, tinha os quintais cheios de muros mesmo ao nosso alcance. Tinha dois terraços, e todos os esconderijos estavam lá. E a caixa de ferramentas do avô ? Sempre arrumada à nossa chegada, e descaradamente caótica quando saíamos. A caixa de ferramentas do avô tinha tudo o que precisávamos para os carrinhos de rolamentos. Depois era pegar neles e descer do miradouro do Jardim da Estrela. Granda pintarola. E as idas à Baixa de eléctrico ? Sempre tão cheio, que quase não conseguia chegar ao Camões. Armazéns do Grandela para comprar brinquedos. Pistolas e fulminantes para os rapazes e bonecas para a Maria. Transformava-mos a casa no velho Oeste e as fitas de fulminantes marchavam todas. Depois apareceram as argolas que davam um estoiro enorme. E os avós aturavam-nos tudo isto. Santa pachorra.
Isto que estava para ser um post sobre o dia de Todos os Santos, transformou-se neste novelo de lembranças. Coisas da memória. Parece esparguete cozido sem gordura. Quando se puxa por uma ponta, vem o tacho todo atrás.
A casa da avó Céu era o lugar predilecto para as reuniões de primos. Um quarto andar na última fila do anfiteatro de Lisboa. O Castelo, o Terreiro do Paço, a Baixa, o Rossio, Santos e Cais do Sodré. Tudo se via daquela marquise. Então se subíssemos ao ponto mais alto do telhado. O prédio tinha um túnel que lhe passava por baixo, e dava acesso às aventuras, tinha a nespereira boa de trepar e que se ficava pelo segundo andar, tinha os quintais cheios de muros mesmo ao nosso alcance. Tinha dois terraços, e todos os esconderijos estavam lá. E a caixa de ferramentas do avô ? Sempre arrumada à nossa chegada, e descaradamente caótica quando saíamos. A caixa de ferramentas do avô tinha tudo o que precisávamos para os carrinhos de rolamentos. Depois era pegar neles e descer do miradouro do Jardim da Estrela. Granda pintarola. E as idas à Baixa de eléctrico ? Sempre tão cheio, que quase não conseguia chegar ao Camões. Armazéns do Grandela para comprar brinquedos. Pistolas e fulminantes para os rapazes e bonecas para a Maria. Transformava-mos a casa no velho Oeste e as fitas de fulminantes marchavam todas. Depois apareceram as argolas que davam um estoiro enorme. E os avós aturavam-nos tudo isto. Santa pachorra.
Isto que estava para ser um post sobre o dia de Todos os Santos, transformou-se neste novelo de lembranças. Coisas da memória. Parece esparguete cozido sem gordura. Quando se puxa por uma ponta, vem o tacho todo atrás.
segunda-feira, outubro 31, 2005
Pontos de Vista
O documento único automóvel – DUA começou hoje a ser emitido em Lisboa. Segundo Sócrates trata-se de um projecto emblemático. Desculpe lá, eu sei que a culpa nem é sua, mas emblemático é neste país existirem dois documentos para a porcaria do carro.
Fadas
O meu filho mais velho é uma criança precoce. A tal ponto que a uma semana de fazer sete anos ainda não lhe tinha caído o primeiro dente de leite, e teve que ir ao dentista para arranca-lo já que o definitivo se preparava para se sobrepor. Ora o dentista vira-se e diz:
- Não gosto nada de fazer isto a crianças, que depois ficam traumatizados. Ouve lá miúdo, puxa isso com força para sair. Isso assim. Tungas já está.
Resultado: Primeiro ritual da fada do dente lá de casa. Dente debaixo da almofada e na manhã seguinte uma prenda em troca do dente.
Tudo correria bem, não fosse o estupor do Manel Maria, logo pela manhã:
- Isso não foi nada a fada do dente que te deu. Eu fui com a mãe à loja dos brinquedos e compramos isso para ti João.
- Manel Maria, assim a fada zanga-se contigo. Voltas a dizer tamanha barbaridade e nem que ponhas o maxilar inteiro com cisos e tudo debaixo da almofada, te aparece uma prendinha que seja. Mau.
- Não gosto nada de fazer isto a crianças, que depois ficam traumatizados. Ouve lá miúdo, puxa isso com força para sair. Isso assim. Tungas já está.
Resultado: Primeiro ritual da fada do dente lá de casa. Dente debaixo da almofada e na manhã seguinte uma prenda em troca do dente.
Tudo correria bem, não fosse o estupor do Manel Maria, logo pela manhã:
- Isso não foi nada a fada do dente que te deu. Eu fui com a mãe à loja dos brinquedos e compramos isso para ti João.
- Manel Maria, assim a fada zanga-se contigo. Voltas a dizer tamanha barbaridade e nem que ponhas o maxilar inteiro com cisos e tudo debaixo da almofada, te aparece uma prendinha que seja. Mau.
sábado, outubro 29, 2005
Blogotinhices
... e eu claro agradeço.
Isto aqui era um banner mas deixou de aparecer e vai daí, que se lixe que também cheirava a postdencherchouriços. E o link para o fabricante de banners também leva um sumiço. E agora tenho um post que não serve mesmo para nada.
Quero lá saber. Não é o primeiro e não há-de ser o último.
Espera !!
Afinal já lhe arranjei uma justificação:
Parabéns caro Filipe, cumprimentos à esposa e à pequena Leonor e espero que as duas voltem para casa o mais depressa possível. Nós sabemos que as horas de visita no hospital são uma confusão e por isso passamos lá no palácio durante o fim de semana. Levamos os Marias, cert?
Isto aqui era um banner mas deixou de aparecer e vai daí, que se lixe que também cheirava a postdencherchouriços. E o link para o fabricante de banners também leva um sumiço. E agora tenho um post que não serve mesmo para nada.
Quero lá saber. Não é o primeiro e não há-de ser o último.
Espera !!
Afinal já lhe arranjei uma justificação:
Parabéns caro Filipe, cumprimentos à esposa e à pequena Leonor e espero que as duas voltem para casa o mais depressa possível. Nós sabemos que as horas de visita no hospital são uma confusão e por isso passamos lá no palácio durante o fim de semana. Levamos os Marias, cert?
sexta-feira, outubro 28, 2005
Um dia
Um dia todos os sonhos juntos a espicaçar a vida. O sabor das ondas do mar, o voo picado do louco pássaro, o arco das sete cores, tocar cada instrumento da imensa orquestra, o pico mais alto do mundo, os cem metros num segundo, todo o universo à vista desarmada, o golo impossível. Um dia ser Miró, Senna, Jobim, Coltrane e Bergman ao mesmo tempo. Falta-me o espaço para a sobra de euforia. Fazer a volta mais rápida à volta do teu beijo. Canto directo ao primeiro poste do coração. Um dia a tua mão. Um dia, há tanto tempo, ainda hoje, sempre tu.
quinta-feira, outubro 27, 2005
Calendário Gastronómico
Recebi um mail com imensa informação sobre marisco, valor nutricional, dicas e uma dúzia de receitas.
Então o marisco só deve ser comido em meses com R? janeiRo, feveReiro, maRço, abRil, maiRo, jRunho, jRulho, agRosto, setembRo, outubRo, novembRo e dezembRo.
Então o marisco só deve ser comido em meses com R? janeiRo, feveReiro, maRço, abRil, maiRo, jRunho, jRulho, agRosto, setembRo, outubRo, novembRo e dezembRo.
Dica do Dia
Hora de Inverno
Mais uma vez os relógios vão atrasar uma hora no próximo Domingo. Isso quer dizer que o fim de semana vai ter uma hora a mais o que pode ser considerado uma boa notícia.
Lá em casa estamos todos eufóricos já que o António Maria vai finalmente deixar de acordar às 6 e 15. Para passar a acordar às 5 e 15.
- É verdade senhor doutor, eles estão todos com uma alergia qualquer. E parece-me que é das graves. Quando é que eu posso passar aí para o senhor doutor receitar três frascos de Atarax?
Lá em casa estamos todos eufóricos já que o António Maria vai finalmente deixar de acordar às 6 e 15. Para passar a acordar às 5 e 15.
- É verdade senhor doutor, eles estão todos com uma alergia qualquer. E parece-me que é das graves. Quando é que eu posso passar aí para o senhor doutor receitar três frascos de Atarax?
quarta-feira, outubro 26, 2005
Senhores Pombos da Minha Rua:
Eu bem sei que os meus filhos vos costumam perseguir e assustar lá pela rua, mas isso não é razão para deixarem o vidro e o capot do meu carro naquela lástima. Podem argumentar que o carro não está num estado que se possa considerar impecável, mas também vos digo que, depois das chuvas, até estava com um ar quase civilizado. Não havia razão objectiva para aquilo.
Perante a quantidade de bostas com que bombardearam o carro, vi-me na obrigação de lhe dar uma mangueirada na bomba de gasolina mais próxima, e de limpar o excedente com toalhetes. Só depois me lembrei dos hagás-cinco-ene-uns que os ditos excessos podiam abrigar. Fiquei preocupado e queria que me esclarecessem alguns pontos:
Muito obrigado pela atenção.
Perante a quantidade de bostas com que bombardearam o carro, vi-me na obrigação de lhe dar uma mangueirada na bomba de gasolina mais próxima, e de limpar o excedente com toalhetes. Só depois me lembrei dos hagás-cinco-ene-uns que os ditos excessos podiam abrigar. Fiquei preocupado e queria que me esclarecessem alguns pontos:
- Vocês tem sentido dores no corpo, olhos lacrimejantes, pingo no bico e um estado febril geral?
- Têm espirrado com frequência ?
- Tem-vos apetecido ficar em casa de mantinha nas patas e chávena de chá ao lado ?
- Quando fizeram aquilo ao meu carro estavam poisados no candeeiro ou estavam a voar ? Se estavam a voar, a que altura ?
Muito obrigado pela atenção.
terça-feira, outubro 25, 2005
Cavaco Silva
segunda-feira, outubro 24, 2005
Prova Escrita
Preparação da primeira prova de avaliação do João.
A coisa começou logo mal porque a prova era hoje, e na sexta feira,a mochila do João não transportava o livro de português.
Eu, que não sou de me deixar abalar por insignificâncias, resolvo pegar na lista da matéria e ajudá-lo na preparação da sua estreia na avaliação escrita.
Ditado, interpretação, acentuação das palavras, translineação, divisão em sílabas, género e número dos substantivos, pontuação e composição.
Passadas duas horas, faltavam os dois últimos itens. Resolvi abreviar.
- João, faz uma composição em que uses o ponto final, o ponto de interrogação e o ponto de exclamação.
Resultado
O dia de anos do meu mano.
Ontem o meu mano Manel fez anos.
E quem é que faz anos daqui a quinze dias? Eu!
A propósito Manelinho. Parabéns.
A coisa começou logo mal porque a prova era hoje, e na sexta feira,a mochila do João não transportava o livro de português.
Eu, que não sou de me deixar abalar por insignificâncias, resolvo pegar na lista da matéria e ajudá-lo na preparação da sua estreia na avaliação escrita.
Ditado, interpretação, acentuação das palavras, translineação, divisão em sílabas, género e número dos substantivos, pontuação e composição.
Passadas duas horas, faltavam os dois últimos itens. Resolvi abreviar.
- João, faz uma composição em que uses o ponto final, o ponto de interrogação e o ponto de exclamação.
Resultado
O dia de anos do meu mano.
Ontem o meu mano Manel fez anos.
E quem é que faz anos daqui a quinze dias? Eu!
A propósito Manelinho. Parabéns.
Disse-se ...
... no programa elas sobre eles.
“Qualquer homem da classe média-alta ou alta, tem um fetiche sexual com uma cabeleireira do Cacém”
A verdade é que não conheço nenhuma. É o que dá pertencer à classe média, alguém dos segmentos A ou B me explica o que eu estou a perder.
“Existem muitas mulheres a fingir o orgasmo, porque existem muitos homens a fingir os preliminares.”
Nisso, peço desculpa, os homens são muito mais honestos. Não fingimos coisa nenhuma. “Deixa-te de lamechices e vamos ao que interessa.” não é propriamente fingir.
“Qualquer homem da classe média-alta ou alta, tem um fetiche sexual com uma cabeleireira do Cacém”
A verdade é que não conheço nenhuma. É o que dá pertencer à classe média, alguém dos segmentos A ou B me explica o que eu estou a perder.
“Existem muitas mulheres a fingir o orgasmo, porque existem muitos homens a fingir os preliminares.”
Nisso, peço desculpa, os homens são muito mais honestos. Não fingimos coisa nenhuma. “Deixa-te de lamechices e vamos ao que interessa.” não é propriamente fingir.
domingo, outubro 23, 2005
Domingo
segundo este artigo do DN, é o dia em os a maioria do homens morre.
Ora o Domingo por si só já só é meio dia. A partir das três da tarde começam as actividades de saldar a conta da semana que findou e preparar o arranque da que se inicia. A primeira conta que eu saldo sempre é a do sono, e raras serão as três da tarde de domingo que não esteja a passar pelas brasas, sob o pretexto de adormecer um dos Marias.
Isto tudo para dizer que o Domingo, a bem da verdade é só meio dia e havia logo de ser aquele em que os homens mais morrem. É certo que o facto deles terem natação às 9 da manhã pode ser, em determinadas circunstâncias, razão para o suicídio. Se pensar que a natação é no Alvalade XXI, o risco aumenta significativamente. Mas vejamos, também é um dia que tem coisas boas. Por exemplo tem o grande directo da 1ª Companhia, e o Herman Sic, e o Marcelo Rebelo de Sousa na RTP e a Corrente das Correntes aqui ao lado na Igreja Universal do Reino de Deus. Tem graça, parece que, de repente, o título do artigo já não me causa tanta estranheza.
Posto isto , e a partir de agora, a seguir ao Sábado vem outro Sábado.
Ora o Domingo por si só já só é meio dia. A partir das três da tarde começam as actividades de saldar a conta da semana que findou e preparar o arranque da que se inicia. A primeira conta que eu saldo sempre é a do sono, e raras serão as três da tarde de domingo que não esteja a passar pelas brasas, sob o pretexto de adormecer um dos Marias.
Isto tudo para dizer que o Domingo, a bem da verdade é só meio dia e havia logo de ser aquele em que os homens mais morrem. É certo que o facto deles terem natação às 9 da manhã pode ser, em determinadas circunstâncias, razão para o suicídio. Se pensar que a natação é no Alvalade XXI, o risco aumenta significativamente. Mas vejamos, também é um dia que tem coisas boas. Por exemplo tem o grande directo da 1ª Companhia, e o Herman Sic, e o Marcelo Rebelo de Sousa na RTP e a Corrente das Correntes aqui ao lado na Igreja Universal do Reino de Deus. Tem graça, parece que, de repente, o título do artigo já não me causa tanta estranheza.
Posto isto , e a partir de agora, a seguir ao Sábado vem outro Sábado.
sexta-feira, outubro 21, 2005
Presidenciais
Cavaco - Vou-me candidatar à Presidência da República
Soares – Tá giro. Ainda não me tinha lembrado dessa.
Louçã – Vai daí que era uma boa. A condescendência é a mãe de todos os males.
Jerónimo – Põe-te com merdas põe. Não tarda muito, está aí o Paulo a acusar-te de não saberes o que é ser mãe. Já foste mãe alguma vez?
Alegre – A presidência do inconformado, não se olha o dente a cavalo dado, ao PS não estou amarrado, recebo apoios em todo o lado.
Cavaco – Quero ajudar Portugal
Jerónimo – Eu é que quero ajudar Portugal contra o grande Capital e derrotar o Aníbal
Alegre – Se voltas a fazer verso vou ter que apresentar queixa na Comissão Nacional de Eleições
Soares – Eu também quero ajuda a TAP Air Portugal, que me leva de Espanha ao Nepal
Alegre – Ai ai ai ai ai, que já me estão a enervar. Aqui quem faz versos sou eu.
Louça – Eu vou liberalizar a presidência e ajudar a liberalizar Portugal e a droga e os homossexuais e as putas e o aborto e os furacões e as colheres de pau e os incêndios de verão, não quero um novo Cavaquistão.
Alegre – Mas que merda. Já vos disse que o poeta sou eu, rimar foi um dom que Deus me deu, indo eu indo eu, a caminho de Viseu, encontrei o meu amor, ai Soares que lá vou eu. Eu vou ajudar Portugal, Portugal eu vou ajudar, eu sou contra o eixo do mal, que a direita está a marcar.
Cavaco - Tenho plena consciência dos poderes e do papel do Presidente
Louçã – A consciência é a mãe de todos os males. O poder do presidente é o da liberalização e da despenalização.
Alegre – Não rimes palhaço.
Louçã – Tu sabes lá o que é ser palhaço. Tu já foste palhaço alguma vez ?
Soares – Eu já. E agora sei fazer pinturas faciais e bonecos com balões. Faço festas de anos e descontos em lares e centros de dia.
Jerónimo – Podes ir ao congresso da Juventude Comunista actuar ? Dava-nos jeito ter lá um jovem para animar o pessoal.
Alegre – Um presidente é um poeta, o presidente é um grito vermelho na seara dourada, a presidência é a porta aberta, para a reforma antecipada.
Soares – Ai nem me falem na reforma, ainda me falta tampo tempo. Estive no outro dia a fazer as contas, aquele moço, o Guterres deu-me uma ajuda. Só daqui a 70 anos é que tenho direito à reforma por inteiro.
Louçã – A culpa é do Sócrates que quer prolongar a idade da reforma.
Jerónimo – A culpa é do grande Capital, e da política imoral.
Alegre – Voçê parece que faz de propósito. Deixe-se de rimas. Maricas parasita.
Louçã – Mas o que é que você sabe sobre Maricas Parasitas? Alguma vez foi maricas parasita? É preciso ter lata, lá porque fizeram a revolução, já acham que sabem tudo.
Cavaco – Portugal tem 400 mil desempregados.
Jerónimo – São 500 mil. Para quem nunca se engana, não está nada mal não senhor. E se contar com o segurança do Hospital que foi despedido por não conhecer o primeiro ministro da altura, são 500 mil e um.
Louçã – Vamos lá acabar com isto. Aníbal manda lá os senhores para casa.
Cavaco – Viva Portugal.
Todos – Viva a eleição Presidencial.
Alegre – Não rimem.
Louçã – Liberalizem-se as rimas.
Soares – Tá giro. Ainda não me tinha lembrado dessa.
Louçã – Vai daí que era uma boa. A condescendência é a mãe de todos os males.
Jerónimo – Põe-te com merdas põe. Não tarda muito, está aí o Paulo a acusar-te de não saberes o que é ser mãe. Já foste mãe alguma vez?
Alegre – A presidência do inconformado, não se olha o dente a cavalo dado, ao PS não estou amarrado, recebo apoios em todo o lado.
Cavaco – Quero ajudar Portugal
Jerónimo – Eu é que quero ajudar Portugal contra o grande Capital e derrotar o Aníbal
Alegre – Se voltas a fazer verso vou ter que apresentar queixa na Comissão Nacional de Eleições
Soares – Eu também quero ajuda a TAP Air Portugal, que me leva de Espanha ao Nepal
Alegre – Ai ai ai ai ai, que já me estão a enervar. Aqui quem faz versos sou eu.
Louça – Eu vou liberalizar a presidência e ajudar a liberalizar Portugal e a droga e os homossexuais e as putas e o aborto e os furacões e as colheres de pau e os incêndios de verão, não quero um novo Cavaquistão.
Alegre – Mas que merda. Já vos disse que o poeta sou eu, rimar foi um dom que Deus me deu, indo eu indo eu, a caminho de Viseu, encontrei o meu amor, ai Soares que lá vou eu. Eu vou ajudar Portugal, Portugal eu vou ajudar, eu sou contra o eixo do mal, que a direita está a marcar.
Cavaco - Tenho plena consciência dos poderes e do papel do Presidente
Louçã – A consciência é a mãe de todos os males. O poder do presidente é o da liberalização e da despenalização.
Alegre – Não rimes palhaço.
Louçã – Tu sabes lá o que é ser palhaço. Tu já foste palhaço alguma vez ?
Soares – Eu já. E agora sei fazer pinturas faciais e bonecos com balões. Faço festas de anos e descontos em lares e centros de dia.
Jerónimo – Podes ir ao congresso da Juventude Comunista actuar ? Dava-nos jeito ter lá um jovem para animar o pessoal.
Alegre – Um presidente é um poeta, o presidente é um grito vermelho na seara dourada, a presidência é a porta aberta, para a reforma antecipada.
Soares – Ai nem me falem na reforma, ainda me falta tampo tempo. Estive no outro dia a fazer as contas, aquele moço, o Guterres deu-me uma ajuda. Só daqui a 70 anos é que tenho direito à reforma por inteiro.
Louçã – A culpa é do Sócrates que quer prolongar a idade da reforma.
Jerónimo – A culpa é do grande Capital, e da política imoral.
Alegre – Voçê parece que faz de propósito. Deixe-se de rimas. Maricas parasita.
Louçã – Mas o que é que você sabe sobre Maricas Parasitas? Alguma vez foi maricas parasita? É preciso ter lata, lá porque fizeram a revolução, já acham que sabem tudo.
Cavaco – Portugal tem 400 mil desempregados.
Jerónimo – São 500 mil. Para quem nunca se engana, não está nada mal não senhor. E se contar com o segurança do Hospital que foi despedido por não conhecer o primeiro ministro da altura, são 500 mil e um.
Louçã – Vamos lá acabar com isto. Aníbal manda lá os senhores para casa.
Cavaco – Viva Portugal.
Todos – Viva a eleição Presidencial.
Alegre – Não rimem.
Louçã – Liberalizem-se as rimas.
40000 visitantes
Ou me engano muito ou é hoje ....
A pessoa que demonstrar ser a 40 000 visitante, receberá um convite duplo para visitar as instalações da redacção da Caixa de Costura e um fim de semana grátis com os três Marias numa unidade familiar/ hoteleira junto à Alameda.
A pessoa que demonstrar ser a 40 000 visitante, receberá um convite duplo para visitar as instalações da redacção da Caixa de Costura e um fim de semana grátis com os três Marias numa unidade familiar/ hoteleira junto à Alameda.
Serviço Público
Deferimento – concessão
Exemplo: O Juiz deu deferimento à pretensão do advogado.
Diferimento – adiamento
Exemplo: O diferimento do jogo deveu-se ao mau tempo.
Doferimento – relativo ao ferimento quando a tecla de espaços não funciona
Odiferimentodofinaldojogodeve-seaotempoperdidoàcontadoferimentodoavançado.
Dofermento - relativo ao fermento quando a tecla de espaços não funciona
Obolocresceudaquelamaneiraestúpidaporqueaanormaldacozinheira
deixoucairalatadofermentonamassa.
Exemplo: O Juiz deu deferimento à pretensão do advogado.
Diferimento – adiamento
Exemplo: O diferimento do jogo deveu-se ao mau tempo.
Doferimento – relativo ao ferimento quando a tecla de espaços não funciona
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Dofermento - relativo ao fermento quando a tecla de espaços não funciona
Obolocresceudaquelamaneiraestúpidaporqueaanormaldacozinheira
deixoucairalatadofermentonamassa.
quinta-feira, outubro 20, 2005
Fora de época
Preocupava-me aquela presença. Quase constrangedor vê-lo a assar castanhas num Outono de 30 graus. “O que é que hei-de fazer? É o tempo delas.” Mas não havia maneira do tempo estar para elas. O guarda chuva guardava-o do sol, e o cheiro a castanhas assadas não batia certo com as mangas curtas ou com a vontade de gelados dos miúdos da secundária. Quando chegava a casa, pelo fim da tarde, cruzava-me com ele. Perguntava-lhe pelo negócio. Encolhia os ombros e reclamava mais frio e até alguma chuva.
De há uns dias para cá a coisa mudou e o céu abandonou aquele monótono e inapropriado azul. Ganhou todos os tons cinzas e encheu-se de cores no fim da tarde. Desconfio que ele também gosta dos novos tons e já o descobri sem mãos a medir para o negócio. Antes assim. Afinal de contas é Outono e as castanhas querem-se para aconchegar do frio e da chuva. Oxalá tenha vindo para ficar.
quarta-feira, outubro 19, 2005
Uma no cravo ...
Recebi este mail e resolvi divulgá-lo.
O Site do Cancro da Mama está com problemas por não ter o nº de acessos e cliques necessários para alcançar a quota que lhes permite oferecer 1 mamografia gratuita diariamente a mulheres desprivilegiadas.
Ir ao site e carregar na tecla cor de rosa que diz: Free Fund Mammograms, é uma questão de segundos.
Isto não custa nada e pelo n.º diário de pessoas que clicam os patrocinadores (Avon, Tupperware, etc....) oferecem a mamografia.
Depois fui até ao site e descobri que vendem roupa interior com o lacinho cor de rosa. Então não é que vendem cuecas e não vendem soutiens ? Que raio de mensagem de esperança querem passar ?
O Site do Cancro da Mama está com problemas por não ter o nº de acessos e cliques necessários para alcançar a quota que lhes permite oferecer 1 mamografia gratuita diariamente a mulheres desprivilegiadas.
Ir ao site e carregar na tecla cor de rosa que diz: Free Fund Mammograms, é uma questão de segundos.
Isto não custa nada e pelo n.º diário de pessoas que clicam os patrocinadores (Avon, Tupperware, etc....) oferecem a mamografia.
Depois fui até ao site e descobri que vendem roupa interior com o lacinho cor de rosa. Então não é que vendem cuecas e não vendem soutiens ? Que raio de mensagem de esperança querem passar ?
terça-feira, outubro 18, 2005
segunda-feira, outubro 17, 2005
Género
João – Deixa lá Manel.
Manel – Não. E não é deixa. É deixe. Porque eu sou rapaz, não sou menina.
Manel – Não. E não é deixa. É deixe. Porque eu sou rapaz, não sou menina.
sexta-feira, outubro 14, 2005
Ao gosto
do novo diccionário de língua portuguesa.
Por aí
Tanto trabalho na última actualização à direita e fui-me logo esquecer dos diários do tiaguinesperado que até, por acaso, tinha mesmo que ir para lá.
Por aqui
Tiaguinesperado - Cada post no diário inesperado escrito pelo Tiago.
Já lá está o linkário
Por aí
Tanto trabalho na última actualização à direita e fui-me logo esquecer dos diários do tiaguinesperado que até, por acaso, tinha mesmo que ir para lá.
Por aqui
Tiaguinesperado - Cada post no diário inesperado escrito pelo Tiago.
Já lá está o linkário
Sinto-me
quinta-feira, outubro 13, 2005
Guarda Chuvas
Existem há tanto tempo, e ainda não houve ninguém que inventasse algo mais prático para nos guardar da chuva.
Os que acabam em forma de bengala ainda servem para pendurar mochilas e sacos de ginástica, mas mesmo assim, quando chove, levá-los à escola, é sempre uma aventura com várias viagens entre o carro e o alpendre de entrada.
Os que acabam em forma de bengala ainda servem para pendurar mochilas e sacos de ginástica, mas mesmo assim, quando chove, levá-los à escola, é sempre uma aventura com várias viagens entre o carro e o alpendre de entrada.
quarta-feira, outubro 12, 2005
Actualizações
... na coluna da direita. É que estava farto de ir ao fundo da Caixa para vos ler. Obrigado pelos vossos escritos.
Futebol e Política
Por ocasião do seu 80º aniversário, Mário Soares reiterou permanecer afastado da vida política activa.
Este é um exemplo clássico, de que os jovens não pensam muito naquilo que dizem, e deixam escapar o primeiro disparate que lhes vem à cabeça. Passado algum tempo, acabam por amadurecer, e mostrar ao mundo o quanto estavam errados.
Vejamos outro exemplo.
Este é um exemplo clássico, de que os jovens não pensam muito naquilo que dizem, e deixam escapar o primeiro disparate que lhes vem à cabeça. Passado algum tempo, acabam por amadurecer, e mostrar ao mundo o quanto estavam errados.
Vejamos outro exemplo.
terça-feira, outubro 11, 2005
Álbum de Recordações
Feito a correr o álbum. A vida contada aos quadradinhos. Distribuir nas páginas, o que não se revela nas fotos. Ali estás tu ainda menino, ar de traquinas e quase sempre São Martinho. Ali naquela outra já mais velho, velhos amigos, saudades desses tempos, as brincadeiras, as partidas. Ainda te faz mossa a partida. Não te detenhas aí. Muda de página. Olha quem chega agora, a menina linda dos teus olhos. Também dos meus. Sempre princesa. É ela quem te abraça, em caso de emergência. Vem a seguir mais um sorriso, uma outra mão, um outro abraço. Aquilo que agora sentes, saiu do enquadramento, vem desfocado. Se olhos brilham não os escondas, que um homem também vacila. Ponham-se em fila vêm lá as fotos e as palavras de tantos amigos. Lembras-te de tudo isto ? Textos escritos nas cumplicidades, alegria, sorrisos e gargalhadas. Neste a lembrança é mais séria. Da porrada que levaste em Caxias. Histórias de embalar que escrevias à princesa, como se estivesses em Espanha. Anda lá mais um bocadinho para a frente. É que cada um de nós vai dizer o que sente, bem perto de uma imagem. A última foto tiro-a agora. Apanho-te no meio delas as duas, a folhear o álbum. Nesta, fica-te bem o sorriso. Havemos de cá estar para o que for preciso.
segunda-feira, outubro 10, 2005
Abusar da sorte
Já escrevi uma vez sobre isto. Sobre as pessoas que já esgotaram o plafond de sorte que lhes está destinado para a vida. Um gajo que sobrevive a um desastre de avião tem é que estar quietinho em casa, e rezar para que nada mais o importune. Não deve candidatar-se a coisa nenhuma, nem sequer à administração do condomínio. É que nestas coisas de eleições, a sorte, por vezes, também conta, e o meu amigo já esgotou o seu plafond.
De igual forma, uma pessoa cujo filho sobreviveu a um desastre de avião, tem é que ir para casa agradecer a todos os santinhos e deixar-se ficar no seu aconchego sem importunar as outras pessoas. Não abusem da sorte meus senhores.
Por fim, há quem acredite que, ao casar com a Bárbara, o Manuel Maria esgotou o seu plafond de sorte e que, nesta linha de raciocínio, se devia dedicar a ficar em casa e ser, para o resto da vida, um homem objecto. Eu não acho que seja propriamente a sorte grande, mas que o homem estava a pedir uma tareia, lá isso estava. Bem feita.
De igual forma, uma pessoa cujo filho sobreviveu a um desastre de avião, tem é que ir para casa agradecer a todos os santinhos e deixar-se ficar no seu aconchego sem importunar as outras pessoas. Não abusem da sorte meus senhores.
Por fim, há quem acredite que, ao casar com a Bárbara, o Manuel Maria esgotou o seu plafond de sorte e que, nesta linha de raciocínio, se devia dedicar a ficar em casa e ser, para o resto da vida, um homem objecto. Eu não acho que seja propriamente a sorte grande, mas que o homem estava a pedir uma tareia, lá isso estava. Bem feita.
Elas sobre eles sobre elas
Ontem à noite, provavelmente cansado da noite eleitoral, parei na SIC Mulher, num programa em que quatro pessoas do sexo feminino, falavam sobre os homens. Guida Maria, Luísa Castelo-Branco, Ana Marques e Solange F discutem alegremente as relações entre mulheres e homens num programa chamado “Elas sobre eles”. Parece existir um programa exactamente no mesmo formato em que eles falam sobre elas, mas esse nunca assisti.
Trata-se de dividir a humanidade em dois grandes conjuntos, e discutir premissas sobre cada um deles. Temos então conjunto das mulheres e o conjunto dos homens. E a partir daqui é generalizar:
Os homens pensam da cintura para baixo
Os homens são mais práticos
Os homens davam jeito porque sabem colocar buchas, parafusos o que permite pendurar algumas das tralhas que as mulheres gostam de ter em penduradas. Mas desde que inventaram os berbequins, as mulheres conseguiram dominar o mundo da bricolage e já não precisam dos homens para nada. Ainda há a questão da muda dos pneus.
Os homens são intermitentes e as mulheres são contínuas.
Há sete mulheres para cada homem. Elas caçam, eles escolhem.
Os homens não se aguentam muito tempo sozinhos. Depois de um divórcio ou de ficarem viúvos encontram logo uma nova mulher.
Mais vale ser esperta que inteligente. Os homens fogem da inteligência feminina. Se conhecerem uma mulher gira, boa, rica e inteligente fogem a setes pés.
Eu sei que estas alminhas estão a falar de estereótipos, mas mesmo assim ... que raio de homens é que terão conhecido, para insistir na divisão do mundo pelo tracejado dos sexos? A velha divisão entre índios e cowboys, os policias e ladrões, os bons e os maus, é tão mais sábia ...
Todo o século XX a convergir para a igualdade entre homens e mulheres e assim que se vêem com um canal de televisão nas mãos, a primeira coisa que fazem é marcar fronteiras, cavar fossos e marcar terreno ? Mas de que é que estávamos à espera ? Eu já sabia, isto o mulherio é todo igual, quem já viu uma já viu todas. Assim que lhes concedemos uma coisinha querem logo tudo. Mas quem é que disse que as mulheres devem ter um canal de televisão? As mulheres na televisão, só devem fazer duas coisas, locução de continuidade e limpar o pó ao aparelho. Vão mas é para casa, tratar das tarefas domésticas. Desavergonhadas. Ordinaronas. Ressabiadas.
Trata-se de dividir a humanidade em dois grandes conjuntos, e discutir premissas sobre cada um deles. Temos então conjunto das mulheres e o conjunto dos homens. E a partir daqui é generalizar:
Os homens pensam da cintura para baixo
Os homens são mais práticos
Os homens davam jeito porque sabem colocar buchas, parafusos o que permite pendurar algumas das tralhas que as mulheres gostam de ter em penduradas. Mas desde que inventaram os berbequins, as mulheres conseguiram dominar o mundo da bricolage e já não precisam dos homens para nada. Ainda há a questão da muda dos pneus.
Os homens são intermitentes e as mulheres são contínuas.
Há sete mulheres para cada homem. Elas caçam, eles escolhem.
Os homens não se aguentam muito tempo sozinhos. Depois de um divórcio ou de ficarem viúvos encontram logo uma nova mulher.
Mais vale ser esperta que inteligente. Os homens fogem da inteligência feminina. Se conhecerem uma mulher gira, boa, rica e inteligente fogem a setes pés.
Eu sei que estas alminhas estão a falar de estereótipos, mas mesmo assim ... que raio de homens é que terão conhecido, para insistir na divisão do mundo pelo tracejado dos sexos? A velha divisão entre índios e cowboys, os policias e ladrões, os bons e os maus, é tão mais sábia ...
Todo o século XX a convergir para a igualdade entre homens e mulheres e assim que se vêem com um canal de televisão nas mãos, a primeira coisa que fazem é marcar fronteiras, cavar fossos e marcar terreno ? Mas de que é que estávamos à espera ? Eu já sabia, isto o mulherio é todo igual, quem já viu uma já viu todas. Assim que lhes concedemos uma coisinha querem logo tudo. Mas quem é que disse que as mulheres devem ter um canal de televisão? As mulheres na televisão, só devem fazer duas coisas, locução de continuidade e limpar o pó ao aparelho. Vão mas é para casa, tratar das tarefas domésticas. Desavergonhadas. Ordinaronas. Ressabiadas.
domingo, outubro 09, 2005
Finalmente
Já reflecti e já decidi. Exactamente no dia destinado para o efeito. Amanhã (daqui a umas horas) voto.
sexta-feira, outubro 07, 2005
Teoria
Em três passos conhece-se qualquer pessoa do mundo.
Eu explico.
Imagine-se uma pessoa qualquer do mundo. Então conhecemos alguém que conhece alguém que conhece alguém que conhece essa pessoa.
Será verdade? Não sei.
Serve para alguma coisa ? Huuuumm provavelmente não.
Mas é engraçado como assunto.
Eu explico.
Imagine-se uma pessoa qualquer do mundo. Então conhecemos alguém que conhece alguém que conhece alguém que conhece essa pessoa.
Será verdade? Não sei.
Serve para alguma coisa ? Huuuumm provavelmente não.
Mas é engraçado como assunto.
Discurso Directo
“Quero fazer um apelo ao voto dos ‘gays’ em Manuel Maria Carrilho , que é um candidato que nos apoia, não só em palavras mas também em actos.”
António Serzedelo
Presidente da Opus Gay
Diário de Notícias de Hoje
António Serzedelo
Presidente da Opus Gay
Diário de Notícias de Hoje
quinta-feira, outubro 06, 2005
Museu de Cera
As sondagens em Lisboa dão vantagem a Carmona. O PS arrisca-se a ficar, mais uma vez, arredado da CML.
Também quem é que os manda escolher um candidato que mais parece uma estátua do Madame Tussot.
Também quem é que os manda escolher um candidato que mais parece uma estátua do Madame Tussot.
Aprende a nadar companheiro
Continuo a surpreender-me com as memórias associadas a alguns sentidos. No outro dia, o cheiro da cantina da escola dos príncipes, levou-me até ao “Formigueiro”, o meu colégio castelo. Não me lembro como era a cantina mas o cheiro dos pratos e copos de plástico, dos pudins às cores, era exactamente aquele. O que será feito da Ercília ?
Ontem lá em casa ouviu-se esta canção, mais uma máquina capaz de nos transportar no tempo, até às viagens à Beira Alta, com a minha avó. Como bons burgueses que éramos, ia-mos de táxi, mas não dispensávamos o cancioneiro revolucionário. Do cancioneiro, a maré, como a Beira, ia alta.
Aprende a nadar, companheiro
Aprende a nadar, companheiro
Que a maré se vai levantar
Que a maré se vai levantar
Que a liberdade está a passar por aqui
Que a liberdade está a passar por aqui
Que a liberdade está a passar por aqui
Maré alta
Maré alta
Maré alta
(ajuda a equilibrar o post anterior)
Ontem lá em casa ouviu-se esta canção, mais uma máquina capaz de nos transportar no tempo, até às viagens à Beira Alta, com a minha avó. Como bons burgueses que éramos, ia-mos de táxi, mas não dispensávamos o cancioneiro revolucionário. Do cancioneiro, a maré, como a Beira, ia alta.
Aprende a nadar, companheiro
Aprende a nadar, companheiro
Que a maré se vai levantar
Que a maré se vai levantar
Que a liberdade está a passar por aqui
Que a liberdade está a passar por aqui
Que a liberdade está a passar por aqui
Maré alta
Maré alta
Maré alta
(ajuda a equilibrar o post anterior)
terça-feira, outubro 04, 2005
Teatro
Aviso aos leitores: este é um post muito reaccionário.
Tema: A crise das companhias teatrais (essencialmente no Norte) por atrasos no processo de distribuição de subsídios por parte do ministério da cultura.
Este atraso na distribuição de verbas já cabimentadas tem vindo a provocar a suspensão ou cessação de actividade de algumas companhias de teatro nortenhas. De um modo genérico, o teatro em todo o país sofre de uma exagerada subsídio dependência. Não me parece que faça sentido que uma actividade esteja sobredimensionada para o mercado que tem, esperando a existência de subsídios para garantir a sobrevivência. A dura realidade é que não há público suficiente para tanta companhia de teatro e que, à semelhança do que se passa noutros mercados, a oferta vai ter que se dimensionar à procura. Isto implica necessariamente o desaparecimento de muitas destas companhias. As mercearias de bairro fecham, os cinemas de bairro fecham, as indústrias pouco competitivas fecham, as escolas sem alunos fecham, os clubes de vídeo fecham e as galerias de arte também. Porque estão no meio de lutas desiguais mas sobretudo porque não têm mercado e porque o que existe procura soluções mais económicas. Isto quer dizer que eu acho que o estado não deva subsidiar o teatro? Não. Acho que o deve fazer de forma a não criar relações de subsídio dependência.
Formam-se comissões independentes que avaliam os projectos e decidem quais as companhias a financiar. Isto é não é nada. Quem é que garante que uma comissão independente faz uma triagem válida, face ao público que vai, ou está disposto a ir, ao teatro. Para mim, fazia sentido que o estado comparticipasse ou financiasse as acções de divulgação das peças que as companhias colocam em cena, e que pagassem em função do número de espectadores que tivessem ou directamente aos espectadores que comprassem bilhetes para as peças. Seguramente a ida de escolas ao teatro deveria ser totalmente paga pelo estado para garantir a vertente educacional e criar de uma vez por todas os bons hábitos. Virtude desta ideia: a triagem é feita pelo público. Defeitos desta ideia: corre-se o risco de premiar a falta de qualidade, a ausência de conteúdos culturais e educativos, a versão pimba do teatro. Existiriam casos destes como existiria o contrário, ganhar-se-ia a garantia que só se financiavam projectos com aceitação do público. Não acredito no financiamento de Brancas de Neve. Problema da ideia: as companhias deixavam de ter capital à cabeça. Solução para o problema: teriam que procurar investidores ou recorriam a crédito bancário com taxas de juro bonificadas. E se o projecto corresse mal ? Se corresse mal, acontecia o mesmo que acontece a todas as pessoas que têm ideias brilhantes mas que não resultam, e que se vêm a braços com a necessidade de pagar um empréstimo que contraíram para as colocar na prática. O risco só pode estar do lado de quem quer levar a sua avante. É natural e desejável que assim seja.
O país está cheio de pessoas que não estão a fazer aquilo para o qual investiram toda a sua formação. Os actores, encenadores, figurinistas, técnicos de luz e técnicos de som não têm que estar imunes à crise que o país atravessa. A verdade é que face a uma crise financeira, uma família começa por cortar naquilo que é considerado actividade de recreio. É triste ? É duro ? Pois é. Mas é nessa área que as pessoas do teatro resolveram trabalhar. Não têm outra alternativa ? Deviam ter. Eu gosto muito de escrever e tenho paixão por cantar. Gostava muito de cantar. Pois claro que gostava (mas também acho que o mundo não tinha obrigação de me aturar as cantorias). Não tive coragem para viver da minha paixão ? Pois não tive, e admiro muito quem teve. Mas as escolhas pessoais são sobretudo isso. Pessoais. Quando se escolhe sabe-se o que é que se está a escolher e os riscos que se estão a correr.
Uma companhia de teatro só deve existir, se conseguir levar pessoas às suas peças e se conseguir gerar receitas que permitam suportar os custos que têm. Podem e devem, face à actividade que exercem, ser apoiadas. Nunca sustentadas. Confesso que me irrita ouvir dizer que o estado não está a cumprir com as suas obrigações quando estamos a falar de um apoio que devia ser encarado como uma ajudam, e é transformado no principal suporte do exercício da actividade.
Tema: A crise das companhias teatrais (essencialmente no Norte) por atrasos no processo de distribuição de subsídios por parte do ministério da cultura.
Este atraso na distribuição de verbas já cabimentadas tem vindo a provocar a suspensão ou cessação de actividade de algumas companhias de teatro nortenhas. De um modo genérico, o teatro em todo o país sofre de uma exagerada subsídio dependência. Não me parece que faça sentido que uma actividade esteja sobredimensionada para o mercado que tem, esperando a existência de subsídios para garantir a sobrevivência. A dura realidade é que não há público suficiente para tanta companhia de teatro e que, à semelhança do que se passa noutros mercados, a oferta vai ter que se dimensionar à procura. Isto implica necessariamente o desaparecimento de muitas destas companhias. As mercearias de bairro fecham, os cinemas de bairro fecham, as indústrias pouco competitivas fecham, as escolas sem alunos fecham, os clubes de vídeo fecham e as galerias de arte também. Porque estão no meio de lutas desiguais mas sobretudo porque não têm mercado e porque o que existe procura soluções mais económicas. Isto quer dizer que eu acho que o estado não deva subsidiar o teatro? Não. Acho que o deve fazer de forma a não criar relações de subsídio dependência.
Formam-se comissões independentes que avaliam os projectos e decidem quais as companhias a financiar. Isto é não é nada. Quem é que garante que uma comissão independente faz uma triagem válida, face ao público que vai, ou está disposto a ir, ao teatro. Para mim, fazia sentido que o estado comparticipasse ou financiasse as acções de divulgação das peças que as companhias colocam em cena, e que pagassem em função do número de espectadores que tivessem ou directamente aos espectadores que comprassem bilhetes para as peças. Seguramente a ida de escolas ao teatro deveria ser totalmente paga pelo estado para garantir a vertente educacional e criar de uma vez por todas os bons hábitos. Virtude desta ideia: a triagem é feita pelo público. Defeitos desta ideia: corre-se o risco de premiar a falta de qualidade, a ausência de conteúdos culturais e educativos, a versão pimba do teatro. Existiriam casos destes como existiria o contrário, ganhar-se-ia a garantia que só se financiavam projectos com aceitação do público. Não acredito no financiamento de Brancas de Neve. Problema da ideia: as companhias deixavam de ter capital à cabeça. Solução para o problema: teriam que procurar investidores ou recorriam a crédito bancário com taxas de juro bonificadas. E se o projecto corresse mal ? Se corresse mal, acontecia o mesmo que acontece a todas as pessoas que têm ideias brilhantes mas que não resultam, e que se vêm a braços com a necessidade de pagar um empréstimo que contraíram para as colocar na prática. O risco só pode estar do lado de quem quer levar a sua avante. É natural e desejável que assim seja.
O país está cheio de pessoas que não estão a fazer aquilo para o qual investiram toda a sua formação. Os actores, encenadores, figurinistas, técnicos de luz e técnicos de som não têm que estar imunes à crise que o país atravessa. A verdade é que face a uma crise financeira, uma família começa por cortar naquilo que é considerado actividade de recreio. É triste ? É duro ? Pois é. Mas é nessa área que as pessoas do teatro resolveram trabalhar. Não têm outra alternativa ? Deviam ter. Eu gosto muito de escrever e tenho paixão por cantar. Gostava muito de cantar. Pois claro que gostava (mas também acho que o mundo não tinha obrigação de me aturar as cantorias). Não tive coragem para viver da minha paixão ? Pois não tive, e admiro muito quem teve. Mas as escolhas pessoais são sobretudo isso. Pessoais. Quando se escolhe sabe-se o que é que se está a escolher e os riscos que se estão a correr.
Uma companhia de teatro só deve existir, se conseguir levar pessoas às suas peças e se conseguir gerar receitas que permitam suportar os custos que têm. Podem e devem, face à actividade que exercem, ser apoiadas. Nunca sustentadas. Confesso que me irrita ouvir dizer que o estado não está a cumprir com as suas obrigações quando estamos a falar de um apoio que devia ser encarado como uma ajudam, e é transformado no principal suporte do exercício da actividade.
segunda-feira, outubro 03, 2005
Diálogo
Aos berros no local de trabalho
- Carlaaaaa
- Sim
- Qual é o tema de hoje ?
- Humm. Masturbação feminina.
- Boa.
- É bom.
- Pois é.
Quebras
Estou fanhoso, de nariz entupido, não consigo assoar-me, tenho sono e uma preguiça imensa. Apetece-me sofá e filmes. Para acompanhar tudo isto, o meu cérebro também está entupido. Deve ser castigo pelo esforço feito a dissertar sobre disparates. O meu crânio está em lusco-fusco. A propósito.
Quem é que, pela manhã, se enganou e pôs uma lâmpada de 25 W no sol?
Quem é que, pela manhã, se enganou e pôs uma lâmpada de 25 W no sol?
domingo, outubro 02, 2005
Homens ... Senhoras
(continuação do post anterior)
Desde então que, até há uns dias atrás, andava com esta dúvida na cabeça. O mistério esclarece-se à conta de outro mito do mulherio. O mito das pontas espigadas. O que é isto dos cabelos terem as pontas espigadas? Porque raio de carga de água as pontas dos cabelos espigariam? Aparentemente este é um fenómeno como o da candidatura de Cavaco Silva à presidência, toda a gente fala dele mas a verdade é que não existe. Foi numa destas dissertações a propósito da inexistência de pontas espigadas que uma mulher se disponibilizou a demonstrar-me a sua existência. Eu confrontei-a com a delicadeza da situação, explicando-lhe que ela não ia achar muita graça se eu me disponibilizasse a mostrar-lhe uma ponta espigada, mas ela não se demoveu e entregou-se a uma infindável tarefa de procurar uma ponta espigada no meio de milhões de pontas. Dez minutos naquela tarefa e lá mostrou um sorriso vitorioso.
- Aqui está uma.
Exibe-me a ponta de um cabelo em forma bifurcada. Isto é que é uma ponta espigada? Um Y na ponta de um cabelo. É por isto que se vendem milhões de champôs ao dobro do preço. Porque causa dos Y’s? Então e os W’s, e os X’s e os S’s e os Z’s. Como se não bastasse, ela conseguiu separar o cabelo em dois, o que na realidade significa duplicar o cabelo. Ora isto põe-me a pensar que o que eu preciso é de um champô que me espigue as pontas. Pago 10 vezes o preço de um champô normal para duplicar os meus parcos cabelos. Isto é a solução para os meus problemas.
Não contente com a demonstração, aquela mulher resolveu encontrar outra ponta espigada para um colega meu, que entretanto se interessou pelo assunto. Mais dez minutos de intensas buscas e lá conseguiu encontrar a outra ponta em Y.
Isto fez-nos falar a todos sobre o assunto e chegar a meia dúzia de conclusões. As mulheres têm exactamente duas pontas espigadas no meio dos seus milhões de cabelos e sentem tremendas dificuldades para as encontrar. Precisam de ajuda para o fazer e fazem-no aos pares ou aos trios. Ajudar outra mulher a localizar as suas duas pontas espigadas, faz parte da conduta de honra do sexo feminino, mesmo que não se conheçam de lado nenhum. É um ritual provavelmente parecido ao catar dos piolhos dos macacos. Dão as costas, no caso o couro cabeludo, e o outro cata os piolhos. É isto que as leva em grupo à casa de banho. Vão catar as duas pontas espigadas que possuem nos cabelos. É um hábito social que deve ter regras muito próprias, ditar relações de poder, enfim um ritual de contornos bem definidos e que me falta aprofundar.
É natural que a esta descoberta seja negada com maior ou menor veemência. Mas a negação é tantas vezes o primeiro dos sintomas de tanta coisa...
Desde então que, até há uns dias atrás, andava com esta dúvida na cabeça. O mistério esclarece-se à conta de outro mito do mulherio. O mito das pontas espigadas. O que é isto dos cabelos terem as pontas espigadas? Porque raio de carga de água as pontas dos cabelos espigariam? Aparentemente este é um fenómeno como o da candidatura de Cavaco Silva à presidência, toda a gente fala dele mas a verdade é que não existe. Foi numa destas dissertações a propósito da inexistência de pontas espigadas que uma mulher se disponibilizou a demonstrar-me a sua existência. Eu confrontei-a com a delicadeza da situação, explicando-lhe que ela não ia achar muita graça se eu me disponibilizasse a mostrar-lhe uma ponta espigada, mas ela não se demoveu e entregou-se a uma infindável tarefa de procurar uma ponta espigada no meio de milhões de pontas. Dez minutos naquela tarefa e lá mostrou um sorriso vitorioso.
- Aqui está uma.
Exibe-me a ponta de um cabelo em forma bifurcada. Isto é que é uma ponta espigada? Um Y na ponta de um cabelo. É por isto que se vendem milhões de champôs ao dobro do preço. Porque causa dos Y’s? Então e os W’s, e os X’s e os S’s e os Z’s. Como se não bastasse, ela conseguiu separar o cabelo em dois, o que na realidade significa duplicar o cabelo. Ora isto põe-me a pensar que o que eu preciso é de um champô que me espigue as pontas. Pago 10 vezes o preço de um champô normal para duplicar os meus parcos cabelos. Isto é a solução para os meus problemas.
Não contente com a demonstração, aquela mulher resolveu encontrar outra ponta espigada para um colega meu, que entretanto se interessou pelo assunto. Mais dez minutos de intensas buscas e lá conseguiu encontrar a outra ponta em Y.
Isto fez-nos falar a todos sobre o assunto e chegar a meia dúzia de conclusões. As mulheres têm exactamente duas pontas espigadas no meio dos seus milhões de cabelos e sentem tremendas dificuldades para as encontrar. Precisam de ajuda para o fazer e fazem-no aos pares ou aos trios. Ajudar outra mulher a localizar as suas duas pontas espigadas, faz parte da conduta de honra do sexo feminino, mesmo que não se conheçam de lado nenhum. É um ritual provavelmente parecido ao catar dos piolhos dos macacos. Dão as costas, no caso o couro cabeludo, e o outro cata os piolhos. É isto que as leva em grupo à casa de banho. Vão catar as duas pontas espigadas que possuem nos cabelos. É um hábito social que deve ter regras muito próprias, ditar relações de poder, enfim um ritual de contornos bem definidos e que me falta aprofundar.
É natural que a esta descoberta seja negada com maior ou menor veemência. Mas a negação é tantas vezes o primeiro dos sintomas de tanta coisa...
sexta-feira, setembro 30, 2005
Homens ... Senhoras
È um mistério de dimensão semelhante ao criação. O que leva as mulheres a irem juntas à casa de banho? Porque o fazem, aos pares ou mesmo em trio ? O que é que haverá num WC de senhoras que as obriga a irem até lá em conjuntos de cardinalidade superior a um. Desde os tempos de escola que têm este hábito. Ao longo da vida fazem-no no liceu, na faculdade, no trabalho, em casa, em festas, em jantares, em congressos, algumas até nos aviões. Cheguei a pensar que as casas de banho delas tinham uma estrutura de sala de espera de consultório ou de cabeleireiro. Uma mesa cheias de revistas, e várias sanitas à volta, onde cada uma estava sentadinha entregue às leituras. Sempre que encontravam um artigo interessante comentavam o assunto umas com as outras e falavam sobre os seus problemas. A ideia de que as idas à casa de banho eram uma espécie de terapia de grupo, esfumou-se quando entrei numa casa de banho de senhoras e descobri que para além da ausência de urinóis e a presença de um número maior de recipientes, não havia grande diferença para as dos homens. Aliás, os wc’s femininos são muito mais orientados ao isolamento social que o dos homens, onde se chega ao cumulo do grande urinol comum sem qualquer divisória.
Quando estava na tropa, aprendi que em situação de guerra nuclear, biológica ou química, um soldado deve solicitar ajuda de outro em caso de necessidade fisiológica. Foi nesta fase da vida que desconfiei que elas precisavam de se ajudar umas às outras para não se contaminarem. Há casas de banho que fazem inveja ao mais agreste ambiente biológico e a razão devia ser essa. Mas por amor de Deus. As mulheres orgulham-se da sua emancipação, usam como arma de arremesso a sua capacidade para gerir tudo sozinhas. Como tão bem gostam de sublinhar, a carreira, a casa e os filhos, está tudo nos seus ombros e depois não eram capazes de mijar sozinhas ? Não. Esta não podia ser a razão.
... (continua porque tenho mais que fazer)
Quando estava na tropa, aprendi que em situação de guerra nuclear, biológica ou química, um soldado deve solicitar ajuda de outro em caso de necessidade fisiológica. Foi nesta fase da vida que desconfiei que elas precisavam de se ajudar umas às outras para não se contaminarem. Há casas de banho que fazem inveja ao mais agreste ambiente biológico e a razão devia ser essa. Mas por amor de Deus. As mulheres orgulham-se da sua emancipação, usam como arma de arremesso a sua capacidade para gerir tudo sozinhas. Como tão bem gostam de sublinhar, a carreira, a casa e os filhos, está tudo nos seus ombros e depois não eram capazes de mijar sozinhas ? Não. Esta não podia ser a razão.
... (continua porque tenho mais que fazer)
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Tema para um post. Qual a verdadeira razão para as mulheres irem juntas à casa de banho ?
quinta-feira, setembro 29, 2005
Abracadabra
Toda a magia tem os seus perigos. Aquela que costumas ver no canal Panda parece fácil de controlar mas não é bem assim. Existe sempre a forte possibilidade do feitiço se virar contra o feiticeiro, e nesse caso os dissabores são evidentes. É neste contexto, que sinto necessidade de te explicar meia dúzia de verdades:
- As portas mágicas, na realidade não o são. Não é por dizeres abracadabra aos berros no meio da rua que elas começam a girar. Existe uma célula que detecta a tua minúscula presença e que acciona o mecanismo que a faz girar.
- Quando se entra para dentro da porta é necessário acompanhar o movimento que ela faz. Não é suposto ficar ali parado no meio à espera de levar com um chapadão da parede de vidro que avança perigosamente na tua direcção.
- A saída da porta implica que tu te movimentes. Meia volta se quiseres entrar. Uma volta completa se quiseres voltar para a rua. Essa história de saíres no preciso momento em que a fresta para a rua tem exactamente a dimensão do teu crânio pode ser considerado suicídio.
- A senhora do Millenium BCP não gritou por ter achado fantástica a magia que fizeste com a porta. Gritou quando se apercebeu que ias ficar entalado a saíres daquela maneira.
- O gerente do banco não é nenhum mago com poderes ocultos que veio cá fora para combater a tua magia. O senhor só veio verificar que tinhas saído com vida daquela brincadeira e veio avisar-me do perigo que representa a utilização de portas rotativas por parte de crianças quando não acompanhadas por adultos.
- Qualquer que seja a entidade divina que te permitiu escapar ileso e por milímetros ao entalanço mágico tem obviamente uma vida demasiado ocupada para estar sempre a fazer marcação cerrada aos teus movimentos. Tenta dar-lhe algum descanso.
- O facto de tudo isto acontecer quando a máquina ao lado da porta estar a cuspir o dinheiro que eu tinha pedido e o António estar a tentar agarrá-lo não me retiraria muita responsabilidade, mas às vezes ainda sinto dificuldades a controlá-los aos três quando estamos sozinhos na rua.
- Se voltas a fazer uma destas, acabaram-se as idas à porta mágica, aos peixinhos do lago, ao café das sanduíches aparadas e à escola pelo caminho da floresta e das rampas. Pelo menos quando estiver sozinho com vocês todos.
quarta-feira, setembro 28, 2005
Despertar
Não fosse o sono, diria que gosto de acordar uns minutos antes da hora. Surpreender o despertador e retirar-lhe a oportunidade do dia. Gosto daqueles minutos antes de toda a casa acordar e antes das correrias. Posso visitar o dia anterior e antecipar o que está prestes a começar. Digerir com calma o noticiário das 7. Não há nada que me surpreenda. Os Americanos reconheceram a suprema qualidade de alguns vinhos Portugueses. E então? Não são os mesmos Americanos que consomem metros cúbicos de Mateus Rosé. Anda o nosso mais famoso semi círculo, a debater novamente a liberalização do aborto. Há vinte e três anos que o faz e não há forma de acertarem na legislação e no referendo. Vinte e três anos senhores!!! A TMN mudou de imagem e as bancas dos jornais estão todas em azul suave. Porque é que isto é notícia ? O Benfica não aproveitou a oportunidade. Pois parece que não.
Os leites estão prontos. Vamos lá começar o dia. O António Maria agita os braços quando me vê entrar, levanto-o e deito-o aos lado da mãe. Beijos aos dois, leite. Aí vem o Manel que acorda com os barulhos do irmão. O João só acorda depois.
É oficial. Arrancou o dia.
Os leites estão prontos. Vamos lá começar o dia. O António Maria agita os braços quando me vê entrar, levanto-o e deito-o aos lado da mãe. Beijos aos dois, leite. Aí vem o Manel que acorda com os barulhos do irmão. O João só acorda depois.
É oficial. Arrancou o dia.
terça-feira, setembro 27, 2005
Dar de Frosques
Face ao actual estado da nação, é natural que se verifique um forte aumento na procura de outros destinos a que se possa chamar de Pátria. Sempre atento a estas situações, o governo planeia a criação de mais um aeroporto para a zona da grande Lisboa. Vocacionado para as chamadas companhias de baixo custo, para facilitar o êxodo das massas, o governo decidiu que o TGV deverá ter um apeadeiro junto ao novo aeroporto.
A Caixa de Costura obteve imagens exclusivas da simulação em realidade virtual do fluxo de passageiros nesse apeadeiro. Se olharem com atenção conseguem ver que, na carruagem da frente, se encontra Fátima Felgueiras transportando um enorme saco azul.
A Caixa de Costura obteve imagens exclusivas da simulação em realidade virtual do fluxo de passageiros nesse apeadeiro. Se olharem com atenção conseguem ver que, na carruagem da frente, se encontra Fátima Felgueiras transportando um enorme saco azul.
Glad Manuel
... é o resultado obtido, sempre que se traduzem para inglês via Google, notícias sobre Manuel Alegre. Vejamos: “Glad Manuel advances in the race to the Presidency “.
Para além deste Glad(iador) Manuel, temos River como candidato à Câmara do Porto, e este título estranho “Of Hunter the Doors, until the return with Ribeiro and Castro” para a versão original “De Monteiro a Portas, até ao regresso com Ribeiro e Castro”.
Assim traduzida, a actualidade parece-me mais apelativa.
Para além deste Glad(iador) Manuel, temos River como candidato à Câmara do Porto, e este título estranho “Of Hunter the Doors, until the return with Ribeiro and Castro” para a versão original “De Monteiro a Portas, até ao regresso com Ribeiro e Castro”.
Assim traduzida, a actualidade parece-me mais apelativa.
segunda-feira, setembro 26, 2005
Hiper Domingo
O problema dos hipermercados ao Domingo é que fecham à uma da tarde. Essencialmente é isso. E estão cheios que nem um ovo o que impede a circulação nos corredores. Pronto. E não têm pessoas suficientes a atender por ser Domingo e fecharem à uma. Garante certo de três quartos de hora, entre o instante de tirar a senha do talho e ser atendido pelo único empregado destacado para o efeito. Aparte isso, tudo bem. E também não abrem as caixas necessárias. Certíssimo. E como as pessoas preferem estragar o Domingo ao Sábado, este seja transforma-se no dia de eleição para as compras do mês. Quer isto dizer, que cada pessoa na fila da caixa, tem três carros cheios de compras para despachar.
Conclusão. Domingo seria um óptimo dia para ir ao hipermercado, não fosse estes fecharem à uma, não terem pessoal suficiente a atender, nem caixas abertas em número razoável, para dar vazão às multidões que resolvem penhorar o salário do mês seguinte nas compras do mês.
Foi por isso Manel, que depois de te ter levado a fazer xixi a meio das compras e de já passar da uma da tarde, e de estarmos na fila do talho há três quartos de hora, com o carro apinhado de compras, desatei aos berros para aguentares quando disseste que tinhas que ir fazer cócó. Sobre o resto da história, não teço aqui comentários.
Só mais uma coisinha. A diarreia ao Domingo de manhã é culpa tua. Já te avisei que quando vais à natação, não podes beber toda a água da piscina, mais a mais, tratando-se da água da piscina do Sporting, que além de cloro deve estar cheia de derrotite.
sexta-feira, setembro 23, 2005
Dá-me
Um corrupio, um assombro, dá-me a volta, a roda viva, dá-me um segundo, dá-me o tempo do abraço, dá-me o braço, dá-me a mão, dá-me o instante do teu olhar, olha para isto, dá-me um visto para o teu sonho, dá-me o teu fogo, dá-me lume, dá-me o tempo de um cigarro, dá-me só mais um segundo. Dá-se o corpo ao manifesto, dá-se trinta por uma linha, dá-se o dito por não dito, dá-se um grito. Dá-me um grito, diz-me um segredo, um murmúrio, dá-me a mão, afasta o medo, dá-me um beijo de fugida, dás-me a vida, dá-me tudo, dá-me só o último segundo.
quinta-feira, setembro 22, 2005
País do Carnaval
Fátima Felgueiras foge à justiça durante dois anos, regressa, é detida no aeroporto, ouvida em tribunal, fica em liberdade, anuncia a candidatura à presidência da câmara como se fosse uma prova de gratidão ao povo, participa em debates televisivos e tem direito a horas de tempo de antena gratuito.
Fátima Felgueiras faz tudo isto pela mesmíssima razão que os cães lambem os testículos. Porque consegue.
Num país em que não se consegue baixar o défice, o desemprego ou a miséria, conseguem-se coisas aparentemente impossíveis. Este é o outro tipo de miséria em que o nosso país está mergulhado. A miséria da esperteza saloia, da Justiça constantemente capturada nas suas próprias armadilhas, refém dos seus próprios buracos, obrigada a abandonar a cegueira e o equilíbrio. Este é o nosso país. O País do Carnaval.
Fátima Felgueiras faz tudo isto pela mesmíssima razão que os cães lambem os testículos. Porque consegue.
Num país em que não se consegue baixar o défice, o desemprego ou a miséria, conseguem-se coisas aparentemente impossíveis. Este é o outro tipo de miséria em que o nosso país está mergulhado. A miséria da esperteza saloia, da Justiça constantemente capturada nas suas próprias armadilhas, refém dos seus próprios buracos, obrigada a abandonar a cegueira e o equilíbrio. Este é o nosso país. O País do Carnaval.
quarta-feira, setembro 21, 2005
Palavras para quê ?
O País dos Retornados
Depois do regresso de Soares à Política, da Valentina Torres à televisão e do Benfica às vitórias, eis que Portugal se vê a braços com mais um estranho retorno. O de Fátima Felgueiras.
Depois da madrugada de hoje, em que nem sequer havia nevoeiro, acredito em tudo. No regresso do Cavaco, do Mourinho, do Padre Frederico, do Jorge Gonçalves, do Vale e Azevedo, do Carlos Cruz, do Rui Costa, do D. Sebastião, do Santana Lopes e do Paulo Portas. Seja o diabo cego, surdo, mudo e paralítico.
Depois da madrugada de hoje, em que nem sequer havia nevoeiro, acredito em tudo. No regresso do Cavaco, do Mourinho, do Padre Frederico, do Jorge Gonçalves, do Vale e Azevedo, do Carlos Cruz, do Rui Costa, do D. Sebastião, do Santana Lopes e do Paulo Portas. Seja o diabo cego, surdo, mudo e paralítico.
terça-feira, setembro 20, 2005
ABS
Ontem a TVI, transmitiu a horas menos próprias, o seu novo programa sobre sexualidade. É difícil encontrar um formato eficaz para este tema. Algures entre o Júlio Machado Vaz enterrado no sofá a analisar palavra por palavra os mails que relatam e questionam a sexualidade, e a Elsa Raposo vestida por Fátima Lopes a apresentar contos eróticos, viagens de carro e entrevistas de rua, deve existir um formato capaz de resultar. O AB Sexo é mais uma tentativa. Programa em directo, com uma apresentadora, que de vez em quando assume a postura de professora, outras vezes de conselheira. Anda à caça da naturalidade num ambiente que parece de laboratório, com um público que dá risadinhas nervosas cada vez que se fala em clitóris, sexo oral ou que se exibe um pirilau mágico – vulgo massajador facial. Colocadas pela assistência em estúdio, por telefone ou por mail, as questões por vezes parecem tiradas das páginas da Maria, mas Sr.ª professora lá se vai safando e, mais emissão menos emissão, é bem capaz de atingir a naturalidade. Com um bocadinho de arte, engenho e muita descontracção obviamente.
segunda-feira, setembro 19, 2005
Análises
Seguindo as indicações do pediatra, o Sr Incrível e o Flecha foram fazer análises. É preciso saber a que é que os super-heróis são alérgicos. Finalmente vamos saber se têm alergia a periquitos, o que é muito útil uma vez que, se a memória não me falha, eles nunca tiveram contacto próximo com nenhum.
Colheita da primeira urina. Alguém sabe se há frascos de colheita cá em casa. Pois. Parece não haver. Não faz mal. Usam-se os tupperwares da sopa do Zézé. Resultado: duas baixas no stock de caixas de plástico.
O Sr incrível já tinha feito análises e dele não se esperava outra coisa que não uma valentia exemplar. Já o Flecha... Pois é. Nada de fitas, nem uminha. O pequeno herói só gemeu, enquanto lhe tiravam uma enorme seringa de sangue. Outro valente lá em casa. No fim das análises, fomos todos tomar um grande pequeno almoço para quebrar o jejum e experimentar as seringas novas que receberam com prémio da valentia. Hoje, no banho, vai haver guerra de esguichos e depois vamos montar um laboratório para recolha de sangue. A baby sitter, o António, a mãe e o pai têm análises marcadas lá para as 8 da noite.
Colheita da primeira urina. Alguém sabe se há frascos de colheita cá em casa. Pois. Parece não haver. Não faz mal. Usam-se os tupperwares da sopa do Zézé. Resultado: duas baixas no stock de caixas de plástico.
O Sr incrível já tinha feito análises e dele não se esperava outra coisa que não uma valentia exemplar. Já o Flecha... Pois é. Nada de fitas, nem uminha. O pequeno herói só gemeu, enquanto lhe tiravam uma enorme seringa de sangue. Outro valente lá em casa. No fim das análises, fomos todos tomar um grande pequeno almoço para quebrar o jejum e experimentar as seringas novas que receberam com prémio da valentia. Hoje, no banho, vai haver guerra de esguichos e depois vamos montar um laboratório para recolha de sangue. A baby sitter, o António, a mãe e o pai têm análises marcadas lá para as 8 da noite.
sábado, setembro 17, 2005
Teste
Este post provavelmente não serve para nada (não que os restantes sirvam para algo), a não ser para testar se a relação entre o Word e o Blogger tem alguma consistência.
sexta-feira, setembro 16, 2005
Lisboa
Cada passeio é uma peça de arte, obra de calceteiros. Na minha cidade há recantos de fontes e chafarizes, há escadas e corrimões, há eléctricos e elevadores. Quem nela vive ainda encontra quem distribua leite, quem vende língua da sogra em semáforos, quem venda castanhas e gelados, quem mande na chuva e se faça anunciar em melodias num instrumento de sopro. A minha cidade tem jazz, tem fado, tem rock e tem pop. Tem acordeões e violinos. Quem nela vive sabe onde a cidade entrega ao rio, sabe onde se namora e onde se vêm as vizinhas na cusquice. Sabe como é que se apanha e se salta de um eléctrico em andamento. Consigo mostrá-la por inteiro dos locais que me ensinaram. A minha cidade são todas as aldeias juntas, sei de portas e janelas abertas para a rua, sei o nome das pessoas, sei onde moram os artistas, onde se pede esmola, onde se acena a quem passa e onde se encontram os velhos amigos. A minha cidade é a cidade da Maluda, do Carlos, do Vasco e da Beatriz, do Eugénio, do Cassiano, do Sérgio, do Fernando, da Teresa e de muitos outros. E de todos nós. A minha cidade é cheia de luz e sombras e cheira bem.
Os senhores que ontem à noite deram, na televisão, aquele triste espectáculo não são Lisboa. São parvos.
quinta-feira, setembro 15, 2005
Parabéns
Para a Mãe, a prenda de aniversário prometida, e já bastante atrasada.
Um blog a manter com todo o carinho.
Aqui está ele.
A minha avó chama-se Alice e era dona de uma leitaria em Campo de Ourique com o nome dela escrito às avessas. A infância da minha mãe passa por lá e as pequenas histórias foram-me contadas vezes sem conta. Foi destas memórias que criei o nome do blog oferecido A leitaria Ecila.
Depois melhoramos o sistema de comentários e damos uns toques no template e acrescentamos milhares de ligações aqui à Caixa de Costura.
Alvorada
Pareceu-me ouvir o mais novo a refilar, na cama de grades mesmo ali ao lado. Levantei, a custo, uma das pálpebras e tentei focar o despertador. Vi um 6 e nem olhei para os outros dois algarismos.
“Cala-te António. Ainda é cedo” Com 9 meses ainda tem graves lacunas na comunicação oral. Talvez tenha sido por isso que não me obedeceu. Continuou a fazer barulhos e a palrar. Se ele vê alguém a debruçar-se sobre a cama dele, tem um ataque de alegria, e como os cães que dão ao rabo, o António dá aos braços e às pernas, sem ter conta a madrugada. O melhor era tentar a segunda estratégia. Cotovelada na Ana e anunciar-lhe a necessidade de preparar o biberão. “Acorda Ana. O teu filho não se cala parece que quer leite.” Cotovelada. “Ai pai. Tenho frio. Também quero leite”. Afinal não é a Ana que ali está, é o do meio. Puxo os lençóis para cima. O Manel está com frio e não o quero a choramingar àquela hora. Os lençóis vêm para cima a custo. Está alguém aos pés da cama. È a Ana, a minha salvadora que vai tratar dos leites. Não. É o João. Mas afinal ... Cobarde deixou-me ali ao abandono rodeado de selvagens esfomeados. Está a dormir sozinha na cama do João. Abandonou os filhos na calada da noite. Que golpe baixo. Hoje à noite vão todos tomar leitinho para não terem fome de madrugada. E dentro de cada leitinho .... TRÊS COLHERES BEM CHEIAS DE ATARAX.
“Cala-te António. Ainda é cedo” Com 9 meses ainda tem graves lacunas na comunicação oral. Talvez tenha sido por isso que não me obedeceu. Continuou a fazer barulhos e a palrar. Se ele vê alguém a debruçar-se sobre a cama dele, tem um ataque de alegria, e como os cães que dão ao rabo, o António dá aos braços e às pernas, sem ter conta a madrugada. O melhor era tentar a segunda estratégia. Cotovelada na Ana e anunciar-lhe a necessidade de preparar o biberão. “Acorda Ana. O teu filho não se cala parece que quer leite.” Cotovelada. “Ai pai. Tenho frio. Também quero leite”. Afinal não é a Ana que ali está, é o do meio. Puxo os lençóis para cima. O Manel está com frio e não o quero a choramingar àquela hora. Os lençóis vêm para cima a custo. Está alguém aos pés da cama. È a Ana, a minha salvadora que vai tratar dos leites. Não. É o João. Mas afinal ... Cobarde deixou-me ali ao abandono rodeado de selvagens esfomeados. Está a dormir sozinha na cama do João. Abandonou os filhos na calada da noite. Que golpe baixo. Hoje à noite vão todos tomar leitinho para não terem fome de madrugada. E dentro de cada leitinho .... TRÊS COLHERES BEM CHEIAS DE ATARAX.
quarta-feira, setembro 14, 2005
Benfica
No início do terceiro ano de Caixa de Costura, e porque hoje o Benfica joga na liga dos Campeões, e ainda por cima porque o Benfica se encontra num dos últimos lugares do Campeonato, publico um texto do Miguel Esteves Cardoso que me parece muito a propósito. Há quem ande a anunciar que o Benfica corre o risco de descer de divisão. Se calhar até corre, mas se isso acontecesse, os Benfiquistas iam ficar chateados, mas os adeptos dos outros iam morrer de depressão.
Miguel Esteves Cardoso
É por não gostar de futebol que sou do Benfica. Tal como compreendo como é que há portugueses que conseguem ser de outros clubes.
O Sporting, o Porto podem jogar bem e o Belenenses e a Académica podem calhar bem em sociedade, mas só o Benfica, como o próprio nome indica, é o próprio Bem. Que fica.
Só o Benfica pode jogar mal sem que daí lhe advenha algum mal. Basta olhar para os jogadores para ver que sabem que são os maiores, que não precisam de esforçar-se muito, porque são intrínseca e moralmente a maior equipa do mundo inteiro. Porquê? Ninguém sabe. Mas sente-se. Quando perdem, não se indignam, não desesperam.
Eusébio só chorou quando jogou por Portugal.
Quem joga no Benfica tem o privilégio e o condão de estar sempre a sorrir.
Não conseguem resistir.
O Benfica, a bom ver, nem sequer é uma equipa de futebol. É um nome.
É como dizem os brasileiros, uma "griffe". Têm uma cor. Antes de entrar em campo, já têm um mito em jogo, já estão a ganhar por 3-0, graças só à reputação. Quando o Benfica perde, parece sempre que quis perder.
Essa é a força inigualável do Sport Lisboa e Benfica - faz sempre o que lhe apetece. O problema é que lhe apetece frequentemente, perder.
Qual é o segredo do Benfica? São os benfiquistas. São do Benfica como são filhos de quem são.
Ninguém "escolhe" o Benfica, como ninguém escolhe a Mãe ou o Pai.
Em geral, aliás, os benfiquistas odeiam o Benfica e lamentam-no no estádio e em casa, mas pertencem-lhe. Quanto mais pertencemos a uma entidade superior, seja a Família, a Pátria, Deus - ou o Benfica, mais direito, temos de criticá-la e blasfesmá-la. Não há alternativa.
Em contrapartida, os sportinguistas e portistas parecem genuinamente convencidos que apoiam as equipas deles porque são as mais dignas ou as melhores. Desgraçados! Se fossem coerentes, seriam todos adeptos do REAL MADRID, AC MILAN, etc, etc.
No Benfica, não se exige qualquer lealdade. Só se pede, em relação aos adeptos de outros clubes, caridade e comiseração.
O Sporting, por exemplo, tem a mania e a pretensão de ser "rival" do Benfica, um pouco como o PSN se julga crítico parlamentar do PSD.
Mas, se se tirasse o Benfica ao Sporting, o Sporting deixaria de existir.
O Benfica é um grande clube porque tem história e talento suficientes para não dar importância aos resultados. Tem uma tradição de "nonchalance" e de pura indiferença que não tem igual nos grandes clubes europeus.
O Benfica não joga - digna-se jogar.
Não joga para vencer - vence por jogar.
Odeio futebol.
Mas amo o Benfica.
As opiniões de quem gosta de futebol são suspeitas.
Claro que os sábios são do Benfica. Mas a força deste grande clube está nos milhões que são benfiquistas apesar do Benfica, apesar do futebol, e apesar deles próprios. Em contrapartida, aposto que a totalidade de pessoas que são do Sporting ou do Porto, por infortúnio pessoal ou deficiência psicológica, são sócios. A força do Benfica, meus amigos, está em quem não paga as quotas, que não vai a jogos, quem não sabe o nome dos avançados - isto é, no resto do mundo.
O Benfica, é o Benfica.
E o que tem de ser - e é - tem muita força.
Miguel Esteves Cardoso
terça-feira, setembro 13, 2005
Aniversário
A Caixa de Costura faz hoje dois anos. A maior parte das vezes, deixar aqui algumas letras, continua a dar-me muito gozo. Os comentários, os leitores, as referências, as vizinhanças e os laços que nasceram nestes dois anos, também me deixam com o ego sobredimensionado. Usando a formula gasta dos melhores momentos volto a publicar um dos primeiros posts. Um daqueles que mais gostei de escrever.
"Os príncipes retomaram a natação após os meses de verão. Quase que me esquecia da animação que é uma ida à natação com a criançada. Tudo começa sexta à noite com a promessa de que só se vai à natação se eles acordarem suficientemente cedo. Que todos tivemos uma semana complicada e que não vale a pena forçarmos a madrugada se o instinto nos manda dormir mais umas horas no Sábado. Pura demagogia, o instinto manda-nos dormir e a choradeira manda-nos acordar. Acordam mesmo naquela hora em que não é suficientemente tarde para nos baldarmos à piscina, nem suficientemente cedo para nos arranjarmos sem pressas, correrias e tropeções.
Os três quartos de hora que se seguem são indiscritíveis. Fraldas, toucas, fatos de banho, chinelos, cartões de acesso. Encontrar cada um destes items envolve sempre uma expedição organizada, e um relatório de averiguação sobre as causas do desaparecimento. Encontram-se os culpados que, à semelhança da realidade nacional, escapam sempre impunes. Dez minutos antes do início da aula, saímos de casa e entramos no elevador. O mais novo começa a fazer uma cara muito esforçada, ganha cores vermelhas e agarra-se aos joelhos. Um cheiro nauseabundo invade os dois metros cúbicos do elevador. Tudo para cima outra vez. Troca de fralda e de roupa, que a matéria ultrapassou os limites impostos por uma fralda mal colocada. Inquérito para apurar o responsável pela má colocação. Culpado encontrado. Culpa que morre solteira. Paz à sua alma.
O carro pega à primeira e lá vamos todos até à piscina. Um vai com o mais novo para dentro de água, o mais velho já vai sozinho. Eu tenho a depilação sempre feita, nunca estou menstruado pelo que faz todo o sentido que seja eu a ir para a água. As aulas são seguidas para não criar demasiadas facilidades e o mais velho é o último a entrar em cena. Lá me preparo. Fato de banho, touca ridícula e chinelos. Recebo o mais novo embrulhado num robe e ostentando uma touca que tem o dobro do tamanho da cabeça. No caminho entre o balneário e a piscina descubro que me esqueci de cortar as unhas dos pés e começo a achar que todos estão a reparar nisso. Para dentro de água finalmente. A água faz o efeito de lupa e as unhas dos pés parecem rebarbadoras de relva. Ai meu Deus que vergonha. Meia hora com um selvagem ao colo que está convencido que as braçadeiras que usou no verão ainda estão nos braços. Deixo-o cair para lhe fazer ver que não há razão para se libertar dos meus braços. Lá regressa à superfície de olhos esbugalhados. De vez em quando o que ele faz coincide com o que professora manda fazer. Ela tenta exemplificar um exercício e tira-mo do colo. Ele tenta espancá-la e ela devolve-o com um sorriso amarelo e a dizer “Não está muito bem disposto o nosso Manuel”. Para já não é nosso e depois chama-o sempre de Manuel em vez de Manel. Não vou perder tempo a dizer-lhe que prefiro a versão mais curta do nome. Assim como assim, é só meia hora por semana. Para embirrar o corrector ortográfico sublinha a vermelho o Manel e deixa passar o Manuel. Aposto que a professora de natação está por trás disto.
Final da aula do Manel. Regresso ao balneário e troca de criançada. Levo o mais velho para a piscina enquanto a mãe tenta dar duche ao Manel. O raio do miúdo escorrega horrores quando se passa gel pelo o corpo. Estar vestido a dar duche a um bébé escorregadio é uma aventura. Sempre se pode poisá-lo mas ele costuma fugir.
O mais velho fica sozinho na aula e regresso calmamente para o balneário. Estou sozinho e com algum tempo para tomar um duche há muito esperado. A meio do meu duche chegam uns pais agitadíssimos com algo que só me apercebo depois. Um miúdo qualquer resolveu vomitar ou fazer cocó na piscina. Raios, logo no meio do duche. Tenho que ir a correr buscar o maior. Faço figas para que a culpa da azáfama não seja dele. Com a pressa nem reparo que além das unhas compridas, tenho o cabelo cheio de shampô. Paciência. O que interessa é que não foi o João Maria. Regresso aos balneários e começam as perguntas recursivas. Porque é que a aula acabou? E porque é que o menino fez cocó na piscina? E porque é que o pai tem a pilinha à mostra? Merda. Além das unhas e do shampô esqueci-me vestir os calções para o ir buscar. O melhor é anular a matrícula deles porque nesta piscina não volto a pôr os pés. Parece haver um segurança que quer falar comigo sobre o tema “Desrespeito à moral”. Explico o sucedido o melhor que posso. Finalmente lá consigo sair das instalações. Tomar o pequeno almoço no bar da piscina está completamente fora de questão.
Os príncipes não dão qualquer sinal de cansaço e parecem dispostos a actividade intensa durante longas horas. Eu quero chorar e desaparecer durante longos anos. A minha mulher propõe-se a gastar o saldo do telemóvel contando o sucedido a toda a gente."
"Os príncipes retomaram a natação após os meses de verão. Quase que me esquecia da animação que é uma ida à natação com a criançada. Tudo começa sexta à noite com a promessa de que só se vai à natação se eles acordarem suficientemente cedo. Que todos tivemos uma semana complicada e que não vale a pena forçarmos a madrugada se o instinto nos manda dormir mais umas horas no Sábado. Pura demagogia, o instinto manda-nos dormir e a choradeira manda-nos acordar. Acordam mesmo naquela hora em que não é suficientemente tarde para nos baldarmos à piscina, nem suficientemente cedo para nos arranjarmos sem pressas, correrias e tropeções.
Os três quartos de hora que se seguem são indiscritíveis. Fraldas, toucas, fatos de banho, chinelos, cartões de acesso. Encontrar cada um destes items envolve sempre uma expedição organizada, e um relatório de averiguação sobre as causas do desaparecimento. Encontram-se os culpados que, à semelhança da realidade nacional, escapam sempre impunes. Dez minutos antes do início da aula, saímos de casa e entramos no elevador. O mais novo começa a fazer uma cara muito esforçada, ganha cores vermelhas e agarra-se aos joelhos. Um cheiro nauseabundo invade os dois metros cúbicos do elevador. Tudo para cima outra vez. Troca de fralda e de roupa, que a matéria ultrapassou os limites impostos por uma fralda mal colocada. Inquérito para apurar o responsável pela má colocação. Culpado encontrado. Culpa que morre solteira. Paz à sua alma.
O carro pega à primeira e lá vamos todos até à piscina. Um vai com o mais novo para dentro de água, o mais velho já vai sozinho. Eu tenho a depilação sempre feita, nunca estou menstruado pelo que faz todo o sentido que seja eu a ir para a água. As aulas são seguidas para não criar demasiadas facilidades e o mais velho é o último a entrar em cena. Lá me preparo. Fato de banho, touca ridícula e chinelos. Recebo o mais novo embrulhado num robe e ostentando uma touca que tem o dobro do tamanho da cabeça. No caminho entre o balneário e a piscina descubro que me esqueci de cortar as unhas dos pés e começo a achar que todos estão a reparar nisso. Para dentro de água finalmente. A água faz o efeito de lupa e as unhas dos pés parecem rebarbadoras de relva. Ai meu Deus que vergonha. Meia hora com um selvagem ao colo que está convencido que as braçadeiras que usou no verão ainda estão nos braços. Deixo-o cair para lhe fazer ver que não há razão para se libertar dos meus braços. Lá regressa à superfície de olhos esbugalhados. De vez em quando o que ele faz coincide com o que professora manda fazer. Ela tenta exemplificar um exercício e tira-mo do colo. Ele tenta espancá-la e ela devolve-o com um sorriso amarelo e a dizer “Não está muito bem disposto o nosso Manuel”. Para já não é nosso e depois chama-o sempre de Manuel em vez de Manel. Não vou perder tempo a dizer-lhe que prefiro a versão mais curta do nome. Assim como assim, é só meia hora por semana. Para embirrar o corrector ortográfico sublinha a vermelho o Manel e deixa passar o Manuel. Aposto que a professora de natação está por trás disto.
Final da aula do Manel. Regresso ao balneário e troca de criançada. Levo o mais velho para a piscina enquanto a mãe tenta dar duche ao Manel. O raio do miúdo escorrega horrores quando se passa gel pelo o corpo. Estar vestido a dar duche a um bébé escorregadio é uma aventura. Sempre se pode poisá-lo mas ele costuma fugir.
O mais velho fica sozinho na aula e regresso calmamente para o balneário. Estou sozinho e com algum tempo para tomar um duche há muito esperado. A meio do meu duche chegam uns pais agitadíssimos com algo que só me apercebo depois. Um miúdo qualquer resolveu vomitar ou fazer cocó na piscina. Raios, logo no meio do duche. Tenho que ir a correr buscar o maior. Faço figas para que a culpa da azáfama não seja dele. Com a pressa nem reparo que além das unhas compridas, tenho o cabelo cheio de shampô. Paciência. O que interessa é que não foi o João Maria. Regresso aos balneários e começam as perguntas recursivas. Porque é que a aula acabou? E porque é que o menino fez cocó na piscina? E porque é que o pai tem a pilinha à mostra? Merda. Além das unhas e do shampô esqueci-me vestir os calções para o ir buscar. O melhor é anular a matrícula deles porque nesta piscina não volto a pôr os pés. Parece haver um segurança que quer falar comigo sobre o tema “Desrespeito à moral”. Explico o sucedido o melhor que posso. Finalmente lá consigo sair das instalações. Tomar o pequeno almoço no bar da piscina está completamente fora de questão.
Os príncipes não dão qualquer sinal de cansaço e parecem dispostos a actividade intensa durante longas horas. Eu quero chorar e desaparecer durante longos anos. A minha mulher propõe-se a gastar o saldo do telemóvel contando o sucedido a toda a gente."
Recado
"Ola menina deichei aqui esta pessa que eu axo que e do aspirador mas nao fasso ideia de aonde se podesse ver se era"
Resposta
"Bom dia D Felissiana
Fico felis com a sua perespicassia. De fato apezar de ser da mesma cor que o aspirador e de encaixar com perfeissao naquele bucado que aparesseu partido, essa pessa pertensse a uma unidade antiaeria. Como çabe o urço Pooh do menino joão enlouquesseu e tomou de assalto o cuarto dos brinquedos juntamente com o doende verde e com o rafael (uma das tartarugas ninjas). Os outros brinquedos organizaramsse em grupos de reisitencia para tentar repore ordem. Este fim de cemana travouce uma terrivel batalha porque o doende verde e o urço pooh transformaram a bimby e a turradeira em naves espassiales e atacaram os quarteises da resistenssia. Cem escapatoria pocivel, o homem aranha, o buzz laitiere e o sr incrivel tiveram que usar o aspirador como arma de defeza anti aeria e repodiarão o ataque inimigo, não evintando poreim que o seu posto foçe atingido. Foi desta terrivel batalha que saiu eça pessa e a d felissiana nada tem com que se preocupare a nao sere com os planos malevolosos dus urço, do doende e do rafael que pretendem transformare o microndas numa devoradora de mulheres a dias. Vamus tere muito cuidado e cuntinuare a cumunicare em codigu para as nossas mençagens não çerem intersseptadas pelo inimigo.A senhora nao tem a culpa mas estou a pençar descontar o valor de uma antiaeria nova na sua retribuissao mensale para que a felissiana possa contribuir com alegriapara a causa. Que a forssa esteja sempre consigo e que u amor de Jedi nos una muito dona felissiana. "
Resposta
"Bom dia D Felissiana
Fico felis com a sua perespicassia. De fato apezar de ser da mesma cor que o aspirador e de encaixar com perfeissao naquele bucado que aparesseu partido, essa pessa pertensse a uma unidade antiaeria. Como çabe o urço Pooh do menino joão enlouquesseu e tomou de assalto o cuarto dos brinquedos juntamente com o doende verde e com o rafael (uma das tartarugas ninjas). Os outros brinquedos organizaramsse em grupos de reisitencia para tentar repore ordem. Este fim de cemana travouce uma terrivel batalha porque o doende verde e o urço pooh transformaram a bimby e a turradeira em naves espassiales e atacaram os quarteises da resistenssia. Cem escapatoria pocivel, o homem aranha, o buzz laitiere e o sr incrivel tiveram que usar o aspirador como arma de defeza anti aeria e repodiarão o ataque inimigo, não evintando poreim que o seu posto foçe atingido. Foi desta terrivel batalha que saiu eça pessa e a d felissiana nada tem com que se preocupare a nao sere com os planos malevolosos dus urço, do doende e do rafael que pretendem transformare o microndas numa devoradora de mulheres a dias. Vamus tere muito cuidado e cuntinuare a cumunicare em codigu para as nossas mençagens não çerem intersseptadas pelo inimigo.A senhora nao tem a culpa mas estou a pençar descontar o valor de uma antiaeria nova na sua retribuissao mensale para que a felissiana possa contribuir com alegriapara a causa. Que a forssa esteja sempre consigo e que u amor de Jedi nos una muito dona felissiana. "
segunda-feira, setembro 12, 2005
Um ponto
Parabéns para o Tiago Monteiro que coloriu os resultados desportivos deste fim de semana. É engraçado. O rapaz numa tarde, fez tantos pontos quantos aquela equipa da águia em três jornadas.
sexta-feira, setembro 09, 2005
Deixa-te estar mais um bocadinho
Sentou-se. Ficou de olhos presos a um qualquer objecto fora de foco. Entregou-se à raiva contida de tamanha dor. A garganta seca carregada de nós não lhe permite o grito. Geme de dor e de impotência. Foi em vão todo aquele esforço? Oxalá não o tivesse sabido assim. As más notícias deviam ser dadas por anjos, nunca daquela maneira. E agora, o que vai fazer a tantas encruzilhadas ? Em qual dos caminhos se faz inversão à vida ? E se adormecesse até que tudo passasse? Não passa e destes pesadelos não se acorda aliviado. Deixou-se ficar ali. Olhos e alma seca, à espera que o próximo sobresalto a atirasse para a vida.
Movimentações
à direita.
O Sopro e o Canto sobem para o alinhavado. Estes dois blogs andam na vizinhança quase desde o início da caixa e encantam e agitam desde então. O canto tem um candeeiro por cima da cama que me deixa roidinho - parece capaz de iluminar almas, o sopro perdeu o cravo na mão do Zeca mas anda um sonho.
O Sopro e o Canto sobem para o alinhavado. Estes dois blogs andam na vizinhança quase desde o início da caixa e encantam e agitam desde então. O canto tem um candeeiro por cima da cama que me deixa roidinho - parece capaz de iluminar almas, o sopro perdeu o cravo na mão do Zeca mas anda um sonho.
quinta-feira, setembro 08, 2005
A postpósito
... uma pequena piada em estrangeiro, para internacionalizar a Caixa de Costura
The little girl:
"Excuse me. Does Barbie come with Ken?"
"No. She fucks Ken, but only comes with Superman"
The little girl:
"Excuse me. Does Barbie come with Ken?"
"No. She fucks Ken, but only comes with Superman"
Barbietização
Todos os dias sou assaltado pelo rosa shocking dos novos cartazes da campanha de Manuel Maria Carrilho. Aquilo não é côr para se colocar na via pública. É uma agressão violenta e um perigo para a condução de qualquer um.
A campanha do Carilho é foleira como o carraças.
Parece coisa de Barbie (atenção que eu disse Barbie). Aqueles cartazes parecem o corredor da Barbie do Continente da Amadora. Aliá, se a Matel estiver atenta, deveria lançar um pack "Barbie e Ken candidato a Presidente de Câmara - inclui uma Barbie, um Ken, um bébé, umas faixas pretas para os isolar dos media, um paparazzi conveniente, um paparazzi indesejado para agredir, um adversário que estranhamente gosta da cidade, um bairro degradado, um mercado, vários cartazes rosa shocking onde podes escrever as promessas do candidato Ken e muitos livros para o casal se divertir."
A campanha do Carilho é foleira como o carraças.
Parece coisa de Barbie (atenção que eu disse Barbie). Aqueles cartazes parecem o corredor da Barbie do Continente da Amadora. Aliá, se a Matel estiver atenta, deveria lançar um pack "Barbie e Ken candidato a Presidente de Câmara - inclui uma Barbie, um Ken, um bébé, umas faixas pretas para os isolar dos media, um paparazzi conveniente, um paparazzi indesejado para agredir, um adversário que estranhamente gosta da cidade, um bairro degradado, um mercado, vários cartazes rosa shocking onde podes escrever as promessas do candidato Ken e muitos livros para o casal se divertir."
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