segunda-feira, novembro 28, 2005

Primeiro

O primeiro choro, o primeiro beijo, o primeiro abraço. Agora o primeiro Ano. Cheio de estreias e de emoções como todos os primeiros anos. O primeiro banho, o primeiro dia em casa, o primeiro passeio. Que susto o primeiro susto, do primeiro febrão por alturas do primeiro Natal. A primeira ida de férias a cinco, as cadeiras de todos encastradas no banco de trás. Apertadas te tal maneira, que cada vez que aperto os cintos, parto dois ou três dedos. De tal maneira apertadas que quando fecho a porta do carro, tenho que o fazer com força, o que provoca sempre um salto ao desgraçado da ponta oposta. Nada a fazer, as cadeiras são largas e o banco só chega para 2,93.
Grandes aventuras portanto, senhor António. Há um ano atrás (leia-se 26 de Novembro 2004) estava eu naquela figura ridícula com a bata e touca verde já colocadas. Preservativos para os sapatos postos. Máscara prontinha nas orelhas, sentado à espera de entrar em campo. Tu e a tua mãe já lá estavam há algum tempo, e não havia maneira de me chamarem. O outro bébé já estava cá fora e o pai dele já tinha entrado há imenso tempo.
Nisto chamam-me:
“O Pai faça o favor de entrar”
Entro na zona só permitida a pessoal autorizado.Percorro o corredor e a enfermeira conduz-me à sala do fundo
“Estão a começar a cesariana, pode entrar na porta ao fundo”
Assim que entro está um sujeito fardado como eu, meio atrapalhado a sair da sala.
“Desculpa lá. Já ia para a tua cesariana. Ainda mal me estou a refazer da minha. Já sou pai. Ouvi alguém chamar pelo Pai, achei que era comigo e entrei na sala. Afinal era para ti. O meu já cá está. Boa sorte. Desculpa lá esta invasão”
“Parabéns então” Respondi-lhe
E lá fui eu assistir à cesariana. A primeira, a do João Maria, só vi a cara da mãe e a do João, quando nasceu. Havia um lençol a separar-me dos eventos. Na segunda, não me deixaram ir para o topo norte, porque estava lá o anestesista. Fiquei na bancada central mesmo em cima do acontecimento. Não achei piada nenhuma assistir a tanto corte e costura. Desta vez, contigo, senti alguma curiosidade e vi tudo com muita atenção. O médico até elogiou o estado de útero da tua mãe insinuando que ainda aguenta uma quarta jornada. A mim também me pareceu em bom estado, mas confesso-te que não faço a menor ideia como seria um em pior estado.
E lá chegaste. Lindo e desejado. Enfim. Com cara de joelho como todo o recém nascido que se preze. Pronto para o mundo. Pronto para nós os quatro que te esperávamos há tantos meses. Parabéns meu amor.
Só mais uma coisa António. Evita comer o sabonete do bidé. Não é higiénico, se bem que bem treinadinho,  podias fazer bolas de sabão com os puns. Os teus irmãos iam achar o máximo.

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