quarta-feira, novembro 09, 2005

Geninha

Hoje, pela manhã, surpreso por ouvir Eugénia Melo e Castro. Música antiga em dueto com Ney Mato Grosso.
Ao que parece, a Eugénia prepara-se para perfazer 25 anos de carreira. Lembro-me do seu primeiro disco "Terra de Mel". O meu pai adorava-a. Eu e a Maria oferecemos-lhe o disco por alturas do Dia do Pai. Ficou babado e comovido. A minha irmã pegou nos títulos de cada uma das canções e escreveu-lhe um texto com todos eles. Eu não me lembro bem do que escrevi.
A Terra de Mel era um álbum muito bom, e avoz da Eugénia era clara. Cristalina sem pingo de rouquidão. Era uma miúda humilde e cheia de sonhos. Confesso que agora não a tenho em grande conta, mas continuo a achar que a Terra de Mel foi um grande álbum.
É desta Eugénia que me lembro, que me quero lembrar, e é esta Eugénia que deixava o meu pai com os calores.


COMEÇO DE MAR
Música: Yório Gonçalves
Letra: Eugénia Melo e Castro

No meio daquele reflexo de água
No centro de um repuxo de vento
Parada numa corrente de mar
Estou dentro do que quero estar
Há sempre uma gota de vento maré
Provoca a seca em que perco o pé

Entre um corpo que circula
Entre um ângulo que tem fim
A parede e o espaço
Entre um grito e um cansaço
está um som que reconheço
Está tão lento
Já não esqueço
Está tão velho
Recomeço

No meio deste reflexo de tempo
Entre um corpo que trabalha
Parada numa corrente de ar
Entre a parede e o cansaço
Estou no fim de um repuxo lento
Estou entre um passo que tem espaço

Dentro do que quero estar
Entre um grito e um começo de mar
está um som que reconheço
Há sempre uma gota de vento maré
Provoca a cheia em que ganho o pé

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