quarta-feira, setembro 22, 2004

Oiço ...

... a Terceira Margem do Rio. Caetano o que havia de ser.

Terceira Margem do Rio
(Caetano Veloso)

Oco de pau que diz:
Eu sou madeira, beira
Boa, dá vau, tristriz
Risca certeira
Meio a meio o rio ri
Silencioso sério
Nosso pai não diz, diz:
Risca terceira

Água da palavra
Água calada pura
Água da palavra
Água de rosa dura
Proa da palavra
Duro silêncio, nosso pai

Margem da palavra
Entre as escuras duas
Margens da palavra
Clareira, luz madura
Rosa da palavra
Puro silêncio, nosso pai

Meio a meio o rio ri
Por entre as árvores da vida
O rio riu, ri
Por sob a risca da canoa
O rio viu, vi
O que niguém jamais olvida
Ouvi ouvi ouvi
A voz das águas

Asa da palavra
Asa parada agora
Casa da palavra
Onde o silêncio mora
Brasa da palavra
A hora clara, nosso pai

Hora da palavra
Quando não se diz nada
Fora da palavra
Quando mais dentro aflora
Tora da palavra
Rio, pau enorme, nosso pai

Curioso o nome da canção (acho que também é o nome de um livro do Caetano) e o jogo de palavras. Um dia quando fôr grande e tiver um blog chamo-lhe assim: A Terceira Margem do Rio.

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