... e sobre as listas de colocação dos professores. Algumas considerações que me parecem importantes.
O Ministério contratou uma empresa para que procedesse ao desenvolvimento de uma aplicação para o efeito. Este tipo de contratos define normalmente um conjunto de obrigações e de responsabilidades da empresa contratada e da contratante. Se é obrigação da empresa contratada desenvolver uma aplicação com qualidade em determinado espaço de tempo, também é obrigação da empresa contratada garantir atempadamente as regras de negócio´e as decisões necessárias para o fazer.
O contrato entre as partes traça um percurso comum entre até que se atinjam os objectivos finais. Infelizmente é vulgar que este percurso esteja cheio de tropeções imputáveis quer a uma quer a outra parte, e que os prazos derrapem para lá do desejável A primeira pergunta a fazer é sobre a dimensão da folga entre a data planeada e a data prevista para a divulgação do resultado das colocações. Se fôr inferior ao tempo estimado para o projecto, a asneira começou aí.
Antes de ser posta em produção, uma aplicação complexa, deve passar por um apertado controlo de qualidade, testada em três ou quatro ambientes cada vez mais próximos da realidade e não deve avançar de amnbiente enquanto não passar no anterior. O ambiente de pré produção, que antecipa a sua colocação em real é praticamente igual a este e os dados devem ser uma cópia dos reais. Aí devem ser verificados os resultados da aplicação para que possa entrar em real. Esta validação costuma ser feita pela empresa que contrata, eventualmente com a participação da contratada.
Parece-me que, a existir, este último passo está a ser dado em falso. Cada uma destas fases de testes pode levar uma ou mais semanas e raramente se conseguem diminuir aumentando o número de pessoas que nela intervêm. Têm que ser pessoas que conheçam as regras de trás para a frente e que consigam detectar as chamadas "não conformidades".
Receio ainda que a pressão do início do ano lectivo tenha levado a situações como o recurso a pensos rápidos e o atalhar caminho pelas fases de validação final. Assim que alguém detecta um erro, apressa-se a comunicá-lo e arranja-se uma solução que o resolve localmente sem que se descubra que essa solução cria, só por si, outros tantos que não existiam. Quer isto dizer que quando se altera uma aplicação é necessário saber a verdadeira dimensão da alteração e não verificar apenas se resolveu a razão pela qual ela existiu.
Com a visibilidade que foi dada aos erros existentes, não me parece que num prazo de dias se consigam eliminá-los de forma segura. São normalmente precisas semanas para o fazer.
Pelo que ouvi, a ministra estava convencida que a resolução dos problemas estava por horas, o que é quase impossível dadas as dimensões dos problemas. Acho que além dos alunos, dos pais e dos professores, a ministra vai ser vítima de acreditar no que lhe dizem e de herdar uma situação que na altura em tomou posse já seria mais que certa. Tomara que, entretanto, alguém com bom senso lhe explique a realidade.
(Ao que este blog chegou, a defender uma ministra da coligação.)
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