quarta-feira, setembro 01, 2004

Aborto

Continuamos a discutir o aborto sem dicutir o aborto. Desta vez a discussão é à volta do barco do aborto e de permitir ou não a sua entrada em águas territoriais portuguesas.
Sempre que o assunto vem à baila, a discussão gira à volta do acessório e quase nunca do essecial. Discute-se se existe ou não vida a partir da semana n de gravidez, se se é ou não um verdadeiro defensor da vida, se se despenaliza ou se se legaliza, se educamos ou não o suficiente para agir por prevenção em vez de solucionar.
Acredito:
- que uma mulher que decida interromper a gravidez, não o faz de ânimo leve.
- que se decide fazer, não é o facto de ser ilegal que a demove.
- que se tiver dinheiro para o realizar em condições, procura fazê-lo em países onde sejam oferecidas essas condições.
- que a despenalização/legalização não se traduz no aumento do recurso à prática do aborto.
- que a verdadeira discussão se trata de proporcionar ou não condições humanas e médicas para acompanhar quem decide abortar.
- que devia ter votado no último referendo sobre o assunto.
- que existem muitas mulheres que defendem a despenalização/legalização que são incapazes de abortar e que algumas já escolheram não o fazer
- que existem muitas mulheres que não defendem a despenalização/legalização que são capazes de abortar e que algumas já o fizeram
- que quem defende a despenalização e que quem não a defende está carregadinho de boas intenções
- que de boas intenções está o inferno cheio.

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