Entrevista
De repente, aqui há uns dias, entram-nos pela casa dentro, a convite da Maria João Avilez, Pedro Burmester, Bernardo Sasseti e Mário Laginha. Trapalhões na fala, gagos, engasgados, divertidos, inteligentes, gestos largos, desastrados à conversa, generosos uns com os outros. Divinos quando deixam a mesa da entrevista e se sentam em frente ao teclado branco e negro. Cúmplices, meigos, precisos, geniais.
Em casa da minha avó havia um piano que foi vendido, antes de eu saber que gostava muito de o ter tocado. A minha mãe aprendeu a nadar no banco do piano. Nunca percebi bem esta história, diz que se deitava de barriga em cima do banco e bracejava e esperneava em movimentos mais ou menos síncronos. Não me parece que seja capaz de nadar fora de pé, mas também não se pode exigir muito a quem aprendeu a nadar num banco de piano.
O piano foi-se embora e eu nem dei muito pela falta dele porque era demasiado novo para o fazer. Á medida que crescia, ia-lhe sentindo a falta e ficava senmpre feliz quando em casa de um amigo existia um piano, ou um orgão. Não sei porquê, mas gosto daqueles teclados, da percursão nas cordas, dos sons, de advinhar as notas certas para encontrar a melodia. Mal sei onde é o dó, e não toco nada, mas continuo a gostar de encontrar um piano.
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