quinta-feira, novembro 27, 2003

Sofá
Sentou-se no sofá e deixou-se abraçar lentamente por ele até tornar imperceptível onde o corpo começa e o sofá acaba. As mãos embrulhavam a caneca de chá, calor de corpo e alma. Abriu o livro e entrou devagar, pé ante pé numa história de gente feliz. A música, sempre a música, compassava-lhe as frases lidas. O sorrir ténue alternado com maré cheia no olhar. Semáforos acesos sobre o que o livro conta, encruzilhadas de emoções, trânsito proibido ao real, sentido único para o sonho. Aproximei-me a medo para não a expulsar para o dia a dia. Sentei-me tão perto. Tomei-lhe o abraço e o corpo, deu-me uma boleia até à imaginação. No regresso apanhamos o primeiro beijo que por aqui passar.

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