Ti Nó Ni
O dia de Sexta complicou-se para lá dos limites impostos. A lista de tarefas era longa e longe de estar fechada. De repente, uma daquelas coisas que baralham todas as prioridades. O príncipe menor tinha ido ao hospital para equilibrar o estômago e pulmões e ficou em observação até ao fim do dia. Levar um filho ao hospital envolve estar preparado para esperar, eventualmente para sofrer com as micro maldades inerentes a diagnósticos e curas. Em visitas de toca e foge, as esperas e as pequenas picadas na alma são toleráveis. Quando se sucedem as iterações nos gabinetes médicos e locais de exame e se adensam incógnitas, soltam-se uns fantasmas filhos da mãe capazes de nos tirar fomes e cansaços. Desarmam-nos por completo e ali ficamos por perto a aprender uma velocidade que não é a pretendida, mas a aconselhável. Por todo o lado paciência e ternura dos médicos e enfermeiros e uma espécie de cumplicidade com outros ali mesmo ao lado. Por fim começam sinais indicadores de acalmia, e conselhos sobre os cuidados a ter nos dias que se avizinham. Enfim. Advinha-se a guia de marcha para casa e a fome, o cansaço e boa disposição vêm à tona. “Com tantos fios e esse monitor pareces uma Play Station”. Piada cretina mas antecipa uma noite mais calma e um fim de semana dedicado à recuperação de todas as forças. Nossas e do príncipe que está magrinho que dá dó. “Ana. Se ele vomitar agora à saída tapa-lhe a boca, ou ainda o obrigam a passar cá o resto da noite.”
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