Praia da Luz
Jornal de Domingo debaixo do braço, repleto de suplementos e de assuntos distantes da ordem do dia. Desceu as rampas e escadas desenhadas entre as árvores e apreciou o silêncio alterado por ondas e rochas. Ainda alguma névoa quase de brincadeira. Coltrane anunciou-lhe a proximidade da esplanada. Escolheu uma espreguiçadeira na primeira fila da plateia. O gigante atlântico feito palco . De um lado a mesa modesta, do outro, ligeiramente avançado, o conforto da salamandra.
Pediu um cacau quente e um torrada. Colocou a manta escocesa sobre as pernas, percorreu o jornal como lhe apeteceu. No fim de cada parágrafo lido ou página virada, dava a vez ao cacau quente ou ao pedaço da torrada.
Sol. O que perdeu em timidez ganhou em conforto. “Um Cimbalino por favor”.
Olhou a praia de todas as luzes. Falou com as marés “Não há-de faltar muito para destruírem quase tudo. Todos os invernos é a mesma coisa.”
Um novo som, das conversas por perto. Imperceptíveis, mas estupidamente cómodas de escutar. Deixou-se levar pelo convite à preguiça. A última coisa que pensou antes de adormecer “Todas as esplanadas deviam ser assim".
Sem comentários:
Enviar um comentário