terça-feira, outubro 07, 2003

Aquilo não foi culpa dela.Aquela galinha deve ter morrido com uma crise de pânico. Não há outra explicação para ter ficado com os músculos naquele estado. Tensos e rijos que nem cornos. Nem com duas horas de cozedura o animal relaxou. Eu aposto que mesmo que fizessem hamburgers daquele bicho, iam ficar tão duros como os congelados. Ora a criatura vinha anunciada como sendo do campo, no estado em que a encontrei só se fosse do campo de concentração. Esquálida e escura. O colapso nervoso foi de tal forma que quando fez canja deu letras em vez de arroz.
Os galináceos que povoam as mesas urbanas vêm do aviário, têm uma vida estúpida e curta, e uma morte não anunciada e tranquila. Os do campo pelo contrário têm uma vida invejável, ar livre e comida diversificada. O pior é quando morrem. Uma mulher gorda envergando um enorme facalhão a correr na sua direcção. Qualquer criatura, mesmo desta espécie a quem não se reconhece grande inteligência, paralisava de medo perante o cenário. Foi isso que aconteceu. E quando assim é, não há panela de pressão que valha. O melhor mesmo é pintá-la às cores como fazem em Barcelos, e colocá-la na recém chegada mesinha do hall de entrada.

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