sexta-feira, janeiro 07, 2005

2005

Depois destes tempos de alguma agitação, dou por mim já atrasado em 2005. Ainda não tracei a minha lista de objectivos, tanto mais que o ano de 2004 ainda está por encerrar. O Pai Natal só logo à noite é que vai colocar as prendas nos sapatos e no Sábado à meia noite fazemos a passagem de Ano. Tomara que os vizinhos não se chateiem com os a barulheira dos tachos e tampas de panelas na varanda.

Mal dei por mim em 2005, descobri que o mundo anda às avessas, que durante todos estes dias nos têm entrado ondas de tragédia pela casa dentro, numa imparável contagem de mortes, cuidadosamente alternadas com um ou outro quase milagre. Há sempre mais um vídeo amador para mostrar, uma pessoa com uma boa história para contar. A destruição em mil e uma versões e histórias. Com a (quase nenhuma) informação adicional que trazem, estas histórias não valem o esforço e o dinheiro que custam. Ofereçam o esforço e o dinheiro na reconstrução da vida dos que ficaram.

Por cá a onda que parece estar na berra é a que rebenta no parlamento. A dança das listas partidárias para o grande baile do parlamento. Meninas ofendidas que afinal já não querem ir ao baile, outros que se portaram mal e que portanto já não merecem ir, convites distribuídos, retirados, trocados. Parece a festa na Casa do Castelo para o início de época Algarvia.

Enquanto isto o governo agoniza em incidentes. O défice que insiste em só baixar com artifícios de última hora. Ao fim destes anos de obcessão com o défice, nunca se conseguiu que a estrutura da economia o reduzisse. Chegado o fim do ano, fazemos uma lipoaspiração para ficarmos bem na fotografia da passagem de ano. Durante o ano engordamos, ganhamos banhas e rufegos, comemos gorduras e bolos, inchamos de calorias. Chegamos a Dezembro como umas lontras à espera da magia do Natal. Um destes dias não há lipoaspiração que nos valha. Talvez o melhor seja mesmo regrarmos a vida durante o ano.

Não obstante, encare-se 2005 com optimisto. O túnel das Amoreiras vai ficar pronto, as listas de espera nos hospitais vão desaparecer, as obras do metro na praça do comércio vão acabar, o desemprego vai baixar, a retoma vai finalmente acontecer de forma consistente, o Benfica vai ser campeão e o Sporting não vai dizer que a culpa é do sistema, o sistema vai rejeitar o Porto como o organismo rejeita um corpo estranho, a justiça vai ser rápida, séria e eficaz, a corrupção no futebol vai acabar e quem deve pagar impostos vai com certeza fazê-lo. Viva 2005.

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