domingo, dezembro 22, 2013

Este fim de semana não existe

É sabido que os fins de semana são tendencialmente bem vindos. É também verdade que o Natal é tendencialmente uma quadra em que muito se fala de paz e de alegria. Partindo destes dois postulados, não consigo perceber porque é que o fim de semana que antecede o Natal é este inferno, e de forma consistente. Nada tem a ver com este ano, nem com a crise, nem com os juízes do palácio Raton, nem com a ida ao estádio ver o Sporting jogar mal, nem com o frio, nem com os duodécimos que já lá vão, nem com nada. Este é consistentemente um fim de semana de deixar qualquer um de rastos. Porque o simples facto de sair à rua é uma aventura, andar de carro uma loucura, entrar numa loja uma proeza, sair da loja um milagre e embrulhar uma prenda uma benção divina. Por esta altura, há 2014 anos atrás, já a Maria andava com contracções e com alguns dedos de dilatação e estou em crer que se ela soubesse o que aí vinha rebentavam-lhe as águas ainda a caminho de Belém. Na escala do Pingo Doce que vai do Banco Alimentar ao 1º de Maio, este é claramente um fim de semana em 1º de Maio contínuo e generalizado mas sem a CGTP na Alameda. Findo o dito, já só quero que o Natal chegue e bem depressa se for possível. Não se confunda esta minha alergia ao fim de semana que antecede o Natal com alguma alergia ao próprio Natal. Nada disso, eu gosto do Natal e bastante. Mesmo com as operações da GNR, mesmo com o "Sózinho em casa" e a "Música no Coração", mesmo com  o Natal nos Hospitais, mesmo com os jantares de Natal e os amigos surpresa. Eu gosto do Natal, pela minha rica saúde. Palavra de honra, só queria mesmo é que este fim de semana fosse, assim de um forma muito democrática, proibido, banido, entroikado, qualquer coisa que impeça que este flagelo se perpetue. Acabem-me com este fim de semana antes do Natal.
Obrigadinho e já agora, votos de um feliz natal.

terça-feira, novembro 26, 2013

Noves fora tudo

Cheguei atrasado à natação para te apanhar e levar para casa. Já estavas de banho tomado, vestido e de cabelo mal seco. O progenitor de um outro miúdo perguntou-me se era eu o teu pai. Palavra de honra que pensei “Estupor do fedelho já asneirou. Ou se esticou no vernáculo com os amigos, ou foi malcriado com algum adulto.” Tenho-te em boa conta já se vê. Preparo-me então para o discurso evangelizador sobre o respeito com os outros, e eis que o pai do outro miúdo me dá os parabéns. Não pelo teu nono aniversário, mas pela ligeireza a resolver um problema de matemática, em que te mostraste lesto onde muitos adultos se atrapalham. Desarmei-me da pose autoritária, suspirei de alívio e inchei de orgulho, só não comentei o milagre da herança genética porque a modéstia fica quase sempre bem. Orgulho-me da tua agilidade com o raciocínio, orgulho-me dos teus nove anos, da tua persistência, da tua alegria, do teu sorriso, do teu mimo, da tua autonomia, da paciência com os teus irmãos e dessa deliciosa insistência em ser o eterno bebé da casa. Afinal ainda só tens nove anos, nem duas mãos completas para mostrar a tua idade. Desespero nos teus exageros, nas tuas birras, nos teus amuos, na tua autonomia, da falta de paciência com os teus irmãos e nessa estranha insistência em seres o bebé lá de casa. Afinal já tens nove anos, quase duas mãos completas para mostrar a tua idade. Afinal já sabes tanto, afinal já és tanto, afinal imenso. Afinal noves fora tu, noves fora tudo. Parabéns meu Amor.

domingo, novembro 24, 2013

Nem o pai morre nem a gente almoça

Hoje surgiu na agenda dos jornais e das televisões, a crescente e preocupante dimensão da geração nem-nem. Uma geração algures entre os vintes avançados e os trintas iniciados de gente que nem estuda nem trabalha. Corolário da conjuntura, da crise, das escolhas, do mercado, da cultura e da troika assistimos serenos ao crescimento desta geração de nem nem. Estou em crer que esta geração congrega pessoas de vários perfis e encerra vários "nem-nem". Há os "nem-nem" do lado "Nem tenho idade nem feitio para trabalhar nisso, nem que me paguem o meu peso em ouro" resignados e de tímida iniciativa e há os "Nem que fechem todas as portas, nem que me esgote de todas as forças eu vou desistir" lutadores, combativos e persistentes. O futuro, se colocar de lado uma certa ironia tantas vezes atribuída ao destino, há-de tratar cada um destes casos com um presente coerente com cada nem-nem.
No entanto, em consciência, não se pode falar do futuro destes nem-nem sem referir que quer eles, quer o futuro por que lutam ou esperam é o resultado de uma geração política sem-sem ou sem-nem. Sem alma nem escrúpulos, sem eira nem beira, sem critério, sem palavra, sem honra nem glória, sem ponta por onde se lhe pegue, sem ideias, e pior ainda, sem ideais nem ideologias, sem coração, sem solidariedade, sem vergonha na cara nem peso na consciência, sem pingo de decência, sem coragem, sem sabedoria, sem soluções, sem respeito e sem qualquer valor. Esta geração política é sem-sem, e temo que continue a ser sem-nem até que o país fique assim, sem rei nem roque.

quarta-feira, outubro 23, 2013

Estação de Tratamento de Resíduos Domésticos

O tratamento de resíduos domésticos é um tema que nos devia preocupar a todos e hoje em dia, com o objectivo de promover e possibilitar a reciclagem, quase todos fazemos a separação do lixo das nossas casas. A recolha, tratamento e eliminação de resíduos é um serviço assegurado pelos Municípios ou por empresas contratadas por estes, vocacionadas para o efeito e cada vez mais se ouve falar da possibilidade dos portugueses pagarem em função do lixo que produzem. Neste contexto, estuda-se, a implementação de uma tarifa do lixo cobrada consoante a quantidade de resíduos produzidos. O conceito pay as you throw pretende tornar mais justo o custo do tratamento dos resíduos, penalizando quem tem menor consciência ambiental. Na prática, poderá significar cobrar um preço consoante o peso ou o volume do saco do lixo.
Tratando-se da possibilidade de ter que pagar mais um imposto ou de ser agravado naquele que já pago comecei a pensar numa solução. Somos cinco lá em casa e o lixo tem uma tendência crescente para se multiplicar. Nem sei bem porquê, mas facilmente enchemos cada um dos três caixotes que habitam a zona por baixo do lava loiça.
Perante este cenário estamos a desenvolver lá em casa o protótipo de uma estação móvel de tratamento de resíduos sólidos. Este dispositivo inovador é capaz de recolher resíduos dos caixotes e de reciclar com eficácia grande parte do seu conteúdo. Há pormenores ainda a resolver como a diminuição do ruído nas fases de recolha e processamento inicial, o aumento da capacidade de tratamento de resíduos e a possibilidade de controlar remotamente (quem sabe por internet) o arranque do processo, mas convenhamos que, face aos ganhos, estas pequenas estações podem trazer, estamos perante pequenas arestas a limar numa solução verdadeiramente inovadora.
A imagem que se segue, mostra o protótipo em plena acção. O próximo passo é garantir a patente deste modelo e embalsamá-lo para que nunca mais volte a fazer uma brincadeira parecida.


quinta-feira, outubro 17, 2013

Estranho ....

a inércia dos burlões de idosos perante os cortes nas pensões de sobrevivência dos viúvos e das viúvas. A burla junto da terceira idade, especialmente de viúvas e viúvos, tem sido um dos poucos sectores de actividade em franca expansão em contra-ciclo com a nossa mais que deprimida economia. Seria portanto de esperar que os profissionais do sector, perante um cenário de corte nas pensões, manifestassem a sua revolta e profunda indignação.
Ou andam distraídos ou são preguiçosos, o que me custa a acreditar, uma vez que se fartam de fazer quilómetros para ir ao encontro dos pés de meia os idosos que vivem mais isolados. Agora que a CGTP vai construir a terceira ponte sobre o Tejo, Lisboa - Quinta da Atalaia, com o objectivo de realizar protestos na ponte e de criar a existência de um eixo fundamental de acesso à Festa do Avante, sugiro que os burlões de idosos entrem em conversações com a Central Sindical para garantir o aluguer da ponte visando a realização uma jornada de luta. Burlões de idosos: estou convosco e com a vossa luta.
A concorrência que o estado vos está a fazer é desleal. Se este país ainda se reger por uma constituição, esta forma de burlar idosos travestida de austeridade não há-de passar no crivo do Palácio Ratton. Esta luta é também a vossa luta.

quarta-feira, outubro 02, 2013

O primeiro filho

Nota do Autor: a ideia da escrita que se segue, surgiu a ouvir o “Governo Sombra”. A propósito do panorama de pedir o Segundo Resgate, cenário discutido durante a campanha das autárquicas, Ricardo Araújo Pereira sugeriu que que Portugal esquecesse o segundo resgate e pedisse logo o terceiro. Que saltasse o segundo, já que este segundo parece ser tão controverso. O primeiro resgate chegou depois de um parto difícil, almejado por muitos, indesejado por outros tantos, inevitável disseram quase todos. Como um primeiro filho, alterou os hábitos da imensa família, revolucionou o orçamento familiar e é o Ai Jesus de todos. O primeiro resgate vai ao pediatra cada vez que espirra, só em avaliações ao desempenho já vai na nona, e até o cocó do menino é assunto de debate, o que dá uma trabalheira, porque o primeiro resgate faz uma quantidade de merda invulgar. Desemprego, recessão, doses de carga fiscal e cortes de pensões e de subsídios em SOS, taxas solidárias, educação e saúde bem pagas, leis laborais. Não há memória de um resgate com tanta dificuldade na retenção de sólidos. Não obstante a quantidade de fezes, toda a atenção do mundo paira sobre o menino. Cuidado com a constituição que faz dói-dói ao menino. A constituição é muito má, parece que embirra com ele. Ai que o petiz não aguenta uma crise política. Ele parece estar com défice excessivo, será que apanhou despesas não previstas. Parece que está com a receita inflamada. Não falem mal do menino que a mamã Troika pode ficar ofendida e está lá dentro a avaliar como é que tratamos dele. Será que já podemos ir aos mercados e deixá-lo com a resgate sitter, ou ela ainda é pequenino e não aguenta ? Palavra de honra, não há paciência para a panasquice do primeiro resgate, como não há para as mariquices de primeiro filho. É mais que provável que tenhamos sido assim com o Maria mais velho. Entre fita magnética das cassetes de vídeo e rolos de fotografia, devemos ter gasto suficiente para embrulhar o mundo com um laçarote. Acho que já aqui falei sobre o primeiro gatinhar do mais velho dos Marias. Recapitulando,foi um autentico happening: “Parece que o menino vai gatinhar”. Convoque-se a imprensa, chamem-se as televisões. Pai com máquina fotográfica, mãe com câmara de vídeo, avós, primos e tios em claque organizada com cânticos e festejos emocionados. O menino levanta uma perna balofa, cheia de rufegos, num gesto semelhante ao de um cão a querer marcar território, e as lágrimas, palmas e o coro de palavras de incentivo enchiam a sala. Seguiu-se um debate sobre se os movimentos que o precoce rapaz efectuou, correspondiam ou não ao acto de gatinhar e finalmente registámos no livro de criança a data e hora precisa de tamanho feito com assinatura de todos e se possível com reconhecimento notarial. Dois Marias depois, o cenário era bem diferente. Chegamos a casa com compras e os três Marias. Os dois mais velhos imundos à conta de brincadeiras no jardim. Um vai dar banho aos mais velhos, o outro vai arrumar as compras e o mais pequeno deposita-se em cima da cama dos pais, para não chatear. A meio do banho dos mais velhos, ouve-se um som seco de uma queda, dois segundos de silêncio e uma guincharia a invadir a casa. Um de nós vai ver o que se passa e grita para o outro “Olha o António caiu da cama. Já gatinha”. O outro responde “Parece que é parvo. Não podia começar logo a andar? Sempre nos poupava esta parte das quedas. Magoou-se muito? A Estefânia a esta hora deve estar um horror.” ”Ainda bem que não. Melhor assim” O terceiro resgate é com certeza assim. Despanascado. “Ai a medida é anti-constitucional ? Paciência, a Troika que se vá encher de moscas. Se não quisesse, não emprestasse o dinheiro”. “O Portas está com um surto de demissão irrevogável? Mas afinal o que é que ele agora quer? Ser presidente da JSD? Ele que vá levar … Não é melhor não“ “Ai o défice chegou aos três dígitos? Sempre teve, agora só se livrou da vírgula” “O Cavaco quer um consensozinho quentinho? Consensos não há, pode ser bolo rei?”. Definitivamente concordo com o Governo Sombra. Vamos lá buscar os impressos e preenchê-los para pedir já o terceiro resgate. Assim como assim, já se sabe que os resgates do meio são assim meio ressabiadinhos do efeito sanduiche. Nota Final do Autor: no dia 13 de Setembro este blog fez 10 anos. Obrigado.

quinta-feira, agosto 29, 2013

A primeira e a terceira

A ria tem destas coisas. Atrai-me.
A primeira foi por vontade própria. No fundo só não sabia onde estava o fundo. A margem estava tão perto que achei que era uma boa altura para saltar para fora de bordo e ajudar à manobra de ancorar a embarcação. Escolhi a proa e lancei-me para ficar com água pelos joelhos. Entrei de pés e a água passou os joelhos, a cintura, o pescoço, a cabeça e submergi. Tratou-se só e apenas de uma incorrecta leitura de profundidade.
A terceira foi por desequilíbrio. Na popa era necessário uma manobra que envolvia soltar um pequeno mecanismo no exterior da embarcação. Tudo parecia correr bem, mas como se sabe a ria é traiçoeira e tem ondas capazes de fazer inveja ao canhão da Nazaré. Ora a embarcação ficou ainda mais inclinada e o meu ponto de sustentação desapareceu. Foi como se o chão se fosse embora. Desta vez não mergulhei na totalidade, apenas até à cintura. Ou o externo pronto. Os mamilos tenho a certeza que se safaram, mas o  mesmo não posso dizer do telemóvel, nem da carteira. O resto da manhã foi a passar os cartões por água doce e a dar arroz ao telemóvel. A lavagem de dinheiro correu bem, mas o estupor do gadget de fraca qualidade ainda não saiu do coma induzido.
Esperemos por dias melhores, mais secos, mais longe da ria.

terça-feira, agosto 27, 2013

A segunda queda

Ainda não descrevi a primeira, mas lá iremos. Não existe regra que obrigue ao respeito pela ordem cronológica dos acontecimentos.
No regresso da praia parámos no meio da ria para a criançada dar uns mergulhos. Largámos a âncora e alguém comentou a existência de alguma corrente. Sem qualquer ordem as crianças lançam-se à água em estilos mais ou menos conseguidos. O mais novo também. Não demorou muito até o ouvir gritar "Tiooooo. Trave o barco que eu não consigo apanhá-lo". Meu rico príncipe que achou que a corrente da ria era uma brincadeira do comandante da embarcação.
Ora para dar meia volta e ir buscar o  náufrago envolvia recolher a âncora, ligar o motor, fazer a manobra e proceder ao salvamento. Atirei-me à ria pela segunda vez. Nadei até ao aflito António e por pouco não o esbofeteei porque se agarrou ao meu pescoço como se a vida dele dependesse disso. Mandei-o serenar e combinámos que íamos ficar a boiar e a nadar devagarinho até nos virem buscar. Assim fizemos.
Olhei para a embarcação e ainda a manobra de recolher a âncora decorria. Eis que apareceu um bote de borracha com um senhor de barbas brancas e sunga preta que nos deu boleia até ao barco. Hosana nas alturas. Aquele senhor só podia ser Deus. Nunca o imaginei assim. De sunga preta ainda vá que não vá, afinal Deus não vai para novo e não estranho que esteja preso a modas mais antigas. Agora o bote de borracha com um motor de dois cavalos é que me surpreendeu. Sobretudo porque o filho Dele tem aquela mania irritante de andar sobre as águas sem esquis. E mesmo com esquis, andar em cima das águas é lixado por causa da esteira e da ondulação. Seja como for foi Deus que nos rebocou até à embarcação e para mim, naquele momento, o bote de borracha pareceu-me um iate de luxo vindo directamente do céu. Para o pequeno António também, que aprendeu que o mar tem vontade própria nem sempre coincidente com a nossa. Eu fiquei a saber muito mais sobre Deus e sobre a respectiva indumentária. Na capela Sistina, Miguel Angelo não foi muito justo com Ele. Ainda que de sunga preta, estava com muito melhor aspecto que no tecto da capela. E tinha um bote de borracha caramba. Deus não anda de nuvem, anda de bote de borracha.

Sotavento

O sotavento algarvio é um outro Algarve. Mais não seja porque não tem a rua da Oura nem Albufeira onde se concentram centenas de jovens ingleses, com as hormonas do crescimento à razão inversa do bom gosto, do bom senso e da tolerância ao álcool. Os adolescentes ingleses vomitam muito  e não sabem que peúgas e saltos altos são uma combinação pouco, ou mesmo nada, atraente. Por seu lado, o sotavento Algarvio tem mais moluscos bivalves, porque tem mais rias.
Estas rias não só nos dão uma trabalheira a ir para a praia (envolve sempre andar de barco ou atravessar pontes), como nos brindam com algumas jóias resistentes às investidas turísticas. Cacela Velha é uma destas jóias, que além do encanto paisagístico, tão consensual que até irrita, tem o encanto gastronómico, ainda mais consensual e portanto mais irritante.
Do apartamento de férias vê-se a ria o que é bom. Para nós e para as melgas que se juntam a partir do fim da tarde.
Para ir até à praia, apanhamos o barco na ria e, pasme-se, tenho caído à ria sempre que fazemos a travessia. Não me atiro por acidente, atiro-me com convicção. Da primeira e da segunda vez tive o cuidado de me livrar da carteira e do telemóvel antes de me atirar. Na terceira convidei-os para o mergulho. Aparentemente o telemóvel não gostou da brincadeira. O amuadinho da Smasung desde essa altura que não dá de si. Não gosto de telemóveis com tiques de falta de educação. Hei-de achar uma forma de o pôr no seu devido lugar. Eventualmente o lixo.

quarta-feira, maio 08, 2013

Exames Nacionais

Se estas perguntas não saírem nos exames do 4º ano, o Crato não é homem não é nada:

Língua Portuguesa
Lê atentamente a frase de autoria de Passos Coelho ainda durante a governação de Sócrates “O PSD chumbou o PEC 4 porque tem de se dizer basta: a austeridade não pode incidir sempre no aumento de impostos e no corte de rendimento.”
a) Sublinha no texto e classifica morfologicamente a palavra “Otários”
b) Qual a figura de estilo a que o actual primeiro-ministro recorreu? 
    1. Eufemismo
    2. Ironia
    3 Aldrabice

História 
Comenta a seguinte afirmação: “Após a morte de D. João III, D Sebastião teve que esperar até aos 14 anos para assumir a governação. D Sebastião, com o cognome de 'o Desejado', tornou-se o primeiro governante dos destinos do país proveniente das Jotas."

Geografia 
Ramiro acabou o curso de biologia marítima com uma média superior a 17, e foi convidado a trabalhar numa empresa de outro país. Ramiro tentou arrancar a sua própria empresa, mas a sua energia esgotou-se em processos intermináveis de licenciamento e alvarás, burocracia e juros muito altos junto da banca. Durante o período em que tentava criar a sua empresa Ramiro ainda trabalhou num Call Center durante dois anos só que o seu contrato não foi renovado e ficou desempregado. Ramiro foi para outro país trabalhar como biólogo marítimo.
 Depois do que leste, o que achas que aconteceu ao Ramiro ?
a) Emigrou
b) Imigrou
c) Transformou a adversidade do desemprego numa experiência positiva
d) Foi expulso

Matemática 
Dona Alzira recebia em 2011, 400 € de pensão. Em cada avaliação da troika Passos Coelho agrava-lhe a contribuição para o raio que o parta em 5 % e Paulo Portas desagrava a mesma contribuição em 2%. No final do período de assistência, quantas reformas da Alzira são precisas para igualar o ordenado do 1º Ministro ?

segunda-feira, abril 29, 2013

Cão como nós

... depois de muito resistir e fartos de tantos anos sem noites mal dormidas à conta de choros acedemos à vontade da troika de Marias cá de casa. Não querendo que este blog seja um d(l)og parece-me pertinente apresentar o Matias. Meigo, obstinado e energético, este coisa que faz xixi e cocó de forma mais ou menos aleatória converge a passos largos para a algália e arrastadeira. Se ainda assim continuar a chatear, empalhá-lo afigura-se como um cenário possível. Acresce que não usa máquina de calcular e nunca foi presidente de câmara.

terça-feira, abril 23, 2013

O derby dos nossos clubes

Se a jornada futebolística começa à Sexta e termina à segunda, os debates televisivos sobre tema começam ao Domingo e estendem-se até, pelo menos, Terça Feira. São programas onde se analisam lances polémicos durante horas a fio, vistos por todos os ângulos e a várias velocidades. Mais do que discutir futebol, discutem-se arbitragens. É o equivalente a ter um programa de sexologia, com um painel de convidados em que pelo menos um é adepto dos homens, e outro é adepto das mulheres, a debater um filme de poucos diálogos, revendo os mesmos planos em várias velocidades, tentando chegar à conclusão sobre se alguém está a fingir ou se tudo é verdadeiro.
Depois do derby, e estando atento ao que se diz nesse rol de programas, já foram perdoados 1273 penáltis ao Benfica, o Maxi deveria ter sido expulso 873 vezes e Miguel Relvas é um menino quando comparado com João Capela, que deve ter ido a uma acção de formação de Subbuteo para obter equivalência a árbitro de categoria internacional.
 Se me perguntam como Benfiquista, se preferia que o jogo não tivesse casos, digo que sim e que a vitória não sabe tão bem como saberia, caso a prestação do árbitro não fizesse lembrar a prestação de Roberto nos seus melhores dias.
Também é verdade que se me perguntarem como Sportinguista, se preferia ter levado dois secos limpinhos, confesso que não. Gosto da atenuante do árbitro-vitor-feitor-pinto. Atenua-me a frustração da derrota em casa do eterno rival.
 Revolta, indignação e frustração são usados por nós Sportinguistas para exprimir os sentimentos face ao que se passou no jogo contra o nosso clube, o Glorioso. E como se não bastasse, nós sportinguistas estamos muito atentos a este escândalo que é o branqueamento que a comunicação social pratica com os actos do nosso Benfica, apelidando de grande feito o que deveria ser considerado como uma verdadeira espoliação. Por ser o clube que maior base de apoio possui, o nosso Benfica é apontado como beneficiando de um estatuto de impunidade aos olhos de toda a comunicação social. Acontece que a dimensão da base de apoio nunca foi razão para preferências da comunicação social, veja-se o bloco de esquerda que sempre foi tão acarinhado pela classe jornalística e que nunca chegou às pré-eliminatórias da liga dos campeões: o melhor que conseguiu foi um 4º lugar. Posto isto, se quiser cair nas boas graças da imprensa, o que o nosso presidente tem que fazer é levar o nosso clube pelos caminhos do futebol-caviar e não há-de tardar muito para que o nosso Sporting seja acarinhado até pela Bola.
Finda esta jornada que podia ter corrido muito melhor, mas que também podia ter sido bem pior restam quatro jornadas para o fim do campeonato e espero muito sinceramente que o nosso Benfica alcance o título e o nosso Sporting um lugar na liga europa. Quanto ao árbitro, o senhor Capela, que arranje um cão guia à altura e uma bengala vermelha e branca porque ele tem um grande futuro na carreira da invisualidade.

quarta-feira, abril 17, 2013

Onde o espaço é quase tudo e o tempo é quase nada

Já estive em jantares de amigos em que as pessoas estão menos próximas que naquele restaurante ínfimo. Mesas encavalitadas a convidarem à conversa entre os fregueses. “Negócio de família e olhe que a sala já foi metade do que é agora”. Uma cerveja e tremoços enquanto se espera que a família do canto liberte a mesa. Conversas à solta. Ainda mal chegada, recebida com entusiasmo pela família, a senhora de cabelo curto e corpo deformado não se coibia na conversa com quem queria. O casal do lado, generoso na disposição, pareceu gostar da disponibilidade para a conversa. A senhora elogiava o tamanho do cabelo da mulher. “Com esse comprimento, deve ter pelo menos dois anos sem ver tesoura. Só aparar as pontas, presumo”. A mulher sorriu e confirmou algum tempo sem um corte drástico. “Um milímetro de dois em dois dias. É essa a velocidade a que cresce o cabelo. Este aqui já tem dois meses.” Exibiu com orgulho quase três centímetros de cabelo. Não era difícil adivinhar-lhe a recente quimioterapia. A mesma cruel e puta doença de sempre. Maldita seja. E ainda assim, os olhos dela brilhavam e ainda assim a energia contagiava quem a ouvia. A família mimava-a com elogios à beleza, ela assumia a personagem e mimava-se também. O casal do lado, apanhado na onda de elogios, ofereceu-se à conversa, quase cúmplice. A gargalhada do homem, inconfundível para quem o ouve na rádio, denunciava-o em cada momento de boa disposição. No final do jantar, por alturas da sobremesa, a senhora de cabelo curto anunciou o truque para que o bolo de bolacha ganhasse outras dimensões: umas gotas de água do vimeiro. Tirou da mala uma pequena garrafa e abençoou o bolo com algumas gotas. O homem do casal do lado, pediu licença e cheirou a garrafa: “Olhe que eu estive no Vimeiro, e não me lembro desta água por lá”. E assim foi o jantar. À pressa porque a hora do concerto a trazia, devagar porque cada frase ouvida parecia querer ficar, depressa porque quando assim é nem se dá pelo passar do tempo. O concerto não foi assim tão bom, só que da noite ficou o jantar. No tempo apertado, no espaço tão curto, as cumplicidades nascem depressa, quando regadas, quando risadas, quando alegrias de viver.

terça-feira, março 19, 2013

Surpreenda o seu pai

Palavra de honra Apple, francamente !!! Surpreenda o seu pai com o novo iPad ? Eu bem sei que é o dia do pai, mas olhem que, dadas as circunstâncias, não precisaria de um iPad para surpreender o meu pai. Bastava aparecer-lhe à frente que, com toda a certeza, o surpreenderia. A ele e a todos aqueles que me são próximos.
 

segunda-feira, março 04, 2013

Memória futura



... antes que isto se altere, porque em futebol, nada é certo até ao último apito. Deixa-me cá registar que o Benfica está em primeiro lugar no campeonato. A bem da verdade, faço-o , porque nos últimos 10 anos (idade que este blog vai completar) não foram muitas as jornadas em que o Benfica esteve à frente.   Sou honesto no comentário mas repudio qualquer insinuação de que o Benfica anda a ganhar jogos,  com vestígios de vitórias portistas.

Sensação estranha ...

... esta que tenho de, ao ouvir  "Portugal terá mais tempo para pagar empréstimos à troika", parecer que me estão a dizer "Portugueses deverão ver prolongadas e reforçadas as medidas de austeridade" . Aquilo dos PEC's parecia menos mau. Igualmente inconsequente, mas menos mau.

domingo, março 03, 2013

A resignação do Papa, a carne de vaca e a Grândola


Ainda antes da quaresma, Bento XVI anunciou a sua resignação. O anúncio da resignação, sinal de lucidez, a ter em conta por tantos políticos em especial aqueles que, não podendo, insistem em ser candidatos à presidência de algumas câmaras municipais. Devem estes estranhar a lucidez de resignar, podendo continuar. Pedro Passos Coelho, a propósito do tema, aproveitou para comunicar que a resignação papal está em linha com as previsões do governo. Já Relvas, cantou a Grândola.
Quase em simultâneo com a renúncia, surgiram as notícias de indícios de carne de cavalo em quase tudo o que envolve vaca. Estranho com tanto alarido à volta do tema. Enquanto, nas aulas de equitação, o professor não me mandar agarrar aos cornos no cavalo, não ficarei inquieto. Lasanha, hambúrguer e almôndegas são locais indicados para vestígios de carne de cavalo, da mesma maneira que um rissol de camarão é um bom sítio para encontrar vestígios de cavalo-marinho. Não vem daí grande mal ao mundo. Não vamos relinchar mais ou dar mais coices na sequência da ingestão de carne de cavalo. Pior, muito pior seria se os tóxicos dependentes encontrassem vestígios de vaca nas doses de cavalo. Pedro passos Coelho esclareceu que a presença de vestígios de carne de cavalo na lasanha e nas almôndegas está alinhada com as melhores previsões do governo. Relvas cantou a Grândola.
O país voltou à rua. Para mandar lixar a Troika e para cantar a Grândola Vila Morena. O mérito de fazer um país esquecer algumas diferenças partidárias e vir para a rua indignar-se e cantar uma canção revolucionária, é repartido pela Troika, por Passos Coelho, por Vitor Gaspar e por Relvas.  A solução da Troika parece má, o governo tempera-a para ficar ainda pior, e é-nos servida com vestígios de insensibilidade. Desemprego, distribuição desequilibrada dos sacrifícios e sobredosagem parecem não nos levar ao caminho certo do fim da crise. O país saiu à rua para o dizer e cantar. O número de participantes, segundo Passos  Coelho, está alinhado com as previsões do governo. Desta vez Relvas não cantou a Grândola por estar numa festa de anos. Cantou os parabéns a você mas já tratou de pedir a equivalência.

terça-feira, janeiro 29, 2013

Recado na Caderneta


Excelentíssima professora:
Tendo um profundo apreço pelo seu método de ensino, e reconhecendo a importância dos petizes conhecerem os principais cursos de água deste país, venho por meio desta sugerir-lhe que nos próximos trabalhos de casa, peça às crianças para saberem tudo sobre outro rio que não o Sado. Entendo que a bacia do Sado seja particularmente interessante, bonita, com golfinhos e Arrábidas e Tróias, e que o Sado nasça na Serra da Vigia, que será porventura um local de beleza inigualável do Alentejo, mas havendo tanto rio neste país, podia escolher um em que o Google não sugira imagens de Sado-Masoquismo.
Nada tem a ver com uma eventual tentativa de afastar determinados temas da educação das crianças, mas é que aquela imagem de senhores e senhoras vestidos com roupa interior em coro, chicotes e correntes distraia-os muito do tema fluvial. Em vez de quererem falar dos afluentes e da foz, insistem em obter explicações sobre aquelas sugestivas práticas. Neste contexto, reforço o meu pedido para que a senhora professora eleja o Mondego como rio para trabalho de casa. Mesmo não tendo golfinhos.
Pedia-lhe ainda o favor de, caso o tema venha à baila, ajudar a explicar porque é que há pessoas que gostam de misturar alguma dor com coisas que lhes dão muito prazer.
Só mais uma coisa, se ele disser que é como estar a comer esparguete à bolonhesa e gostar de levar uma vacina ao mesmo tempo, não ligue. São coisas de criança.

quinta-feira, janeiro 10, 2013

FMI

E em vez dos Reis, o início do ano brinda-nos com um relatório do FMI com fórmulas indicadas para a poupança de 4000 milhões de euros na despesa. Aparentemente, o estado está a viver acima das suas possibilidades no que toca a políticos, forças de segurança, militares, professores e profissionais de saúde e a solução passa por gastar menos em todas estas áreas.
Não vou comentar a essência de um documento de recomendações que é anunciado ao país por iniciativa de um jornal, que gera comentários contraditórios entre elementos do governo e que aparentemente foi construído com base em pressupostos errados. Só comento conteúdos  certificados pelo Professor Doutor Oliveira Gaspar.
Neste contexto, resta-me partilhar algumas preocupações. Preocupa-me, por exemplo, se os possíveis cortes na despesa com a classe política envolvem retirar a conta de facebook a Aníbal Cavaco Silva. O senhor quase não comunica connosco, excepção feita ao canal da rede social, se lhe retiram a conta como saberemos que ele continua sem nada para dizer?  A Assunção Cristas está de esperanças (esta história de rezar tanto para chover tinha que dar asneira) e já não cabe nos saia casaco do ano passado. Eu espero que haja o bom senso de deixarem a senhora renovar o guarda roupa para que possa exibir tanta esperança sem vergonha. Por outro lado, existe esta questão da taxa de alcoolemia dos deputados. Já se viu do que eles são capazes quando estão sóbrios, se calhar é feliz a ideia da deputada que foi apanhada a conduzir ligeiramente alterada: impeçam a entrada no hemiciclo de qualquer deputado que não tenha pelo menos uma taxa de 1,5 gramas de álcool por litro de sangue. Quem sabe assim chumbem qualquer medida proposta no âmbito deste documento do FMI que provavelmente também foi redigido sob o efeito de estupefacientes.
Expostas algumas das preocupações, resta-me rezar para que o supra citado documento seja inconsequente. Obviamente não me ajoelho por dois motivos:
1. o Senhor lá em cima já não vai para novo e pode não ver bem. Lá cima apanha-me a rezar, confunde-me com a Cristas e desata a chover. E já chega de chuva por ora.
2. Para não engravidar