Ele constrói castelos no ar, ela tem os pés bem assentes na terra. Ele tem asas, ela tem uma varinha mágica. Ele luta contra gigantes de vento, ela enfrenta papões. Ele faz piruetas e desenhos entre as nuvens, ela constrói milagres na terra. Ele tem medo e ela também. Têm medos diferentes. Ela das alturas, ele da realidade. Divirto-me no diálogo deles:
- o que sentes quando passas pelas nuvens?
- sinto algodão, sinto algodão doce.
- e aqueles botões todos ? sabes para que servem ? e as luzes sabes o que querem dizer ?
- claro que não… vou carregando até aparecerem luzes verdes !!!
- e nunca comes o mesmo do teu colega do lado?
- nunca … Sou um imperador romano. Ele prova a minha comida meia hora antes de mim. Se não lhe acontecer nada, eu como.
- e aquilo de irem à casa de banho? É verdade que podem estar sair da cabine, que aquilo voa sozinho?
- enquanto não inventarem uma cadeira com arrastadeira, parece que vamos continuar a ir à casa de banho !!!
- e como sabes que ao aterrar que vais acertar naquele instante no chão ?
- ora aí está uma pergunta que me faço sempre que aterro. Como é que consegui isto ? Um dia levo-te a voar.
- eu não quero voar !!! quero só que me respondas às perguntas …
e assim continuaram, ela nos medos e nas perguntas e ele nas respostas e nas fantasias.
E se se invertessem os papéis ? Que perguntas lhe faria ele para espantar os seus medos ? Que respostas ela lhe daria? Que perguntas comandante ?
- A que altitude caiem as lágrimas de uma criança que sofre ?
- Como se faz para levantar a vida, quando parece não haver esperança ?
Ele é mágico, ela também.
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