Sempre gostei que se falasse das gentes da rádio como viajantes do éter. Ou simples assíduos frequentadores do éter. Gosto do conceito. Do que se propaga no nada. O que se propaga no inexistente.
“Éter é o nome da substância que os físicos acreditavam existir em todo o universo, mas sem massa, volume e indetectável, por não criar atrito. Os físicos do séc. XIX sabiam que a luz tinha natureza ondulatória, e imaginavam que deveria precisar de um meio para se propagar. Daí o Éter. Sabe-se hoje que essa substância não existe.”
Gosto de rádio. Ligo-o logo que acordo. Hoje trouxe-me, nos tropeções do trânsito e do tempo, a Esplanada do Trovante. 1984. Levei a minha namorada ao concerto no velho Coliseu. A Clara. O pai dela não achou grande graça ao programa, contámos com a mãe como aliada. O homem lá permitiu tamanho desvario. “Porreiro pá”. Até foi.
“Da esplanada em vão me projecto para lá de onde me sinto ...”
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