sexta-feira, novembro 05, 2004

Parabéns meu amor

"Já sou pai ...". Foi mais ou menos isto que disse à  tua avó Teresa quando
logo a seguir ao teu nascimento, cheguei junto de todos para lhes dar a
novidade. Entretanto passaram seis anos. Ainda não consigo explicar o
turbilhão de emoções quando te recebi no colo, algures entre o ser o mais
feliz dos homens, o amor incondicional e uma vontade estúpida de te contar a
toda a gente. O estupor da enfermeira nem me deixou segurar-te mais do que
uns três segundos, depois levou-te para a salinha quentinha e só no dia
seguinte, depois de ter feito um escândalo é que pude pegar-te outra vez. O
urso Puff que te ofereci ainda é maior do que tu e, à  velocidade a que
cresces, há-de continuar a ser nos próximos seis anos.
Continuo sem perceber porque é que quando chego a casa, gritas "Pai" e vens
a correr como um maluco a dar-me um abraçoo, mesmo quando está a dar o Noddy
ou as Tartarugas Ninja. É normalmente, o melhor pedacinho do meu dia, sem
contar quando vamos jogar futebol juntos para a Alameda, ou quando jogamos
na Play Station, ou quando fazemos o jantar (apesar de não achar graça que
tires as pedras de sal de cima dos bifes para as comeres). Parabéns meu
amor.
É verdade. Acho que há umas coisas em que eu sou um bocadinho mentiroso e
que preciso de te contar. Agora já sabes ler e pode ser que passes por aqui:
1. não é a mãe que manda pôr as luzes de Natal nem o Pai que as manda
acender;
2. o Manel quando nasceu não trazia uma bicicleta vermelha da barriga da
mãe, nem foi por causa da bicicleta que veio com um galo por cima do olho
(isso foi o médico que lhe fez por causa de um empate do Sporting)
3. quando fomos ver o Benfica - Leiria, a equipa de encarnado era o Leiria,
foi por isso que os senhores ao nosso lado estavam com um ar zangado quando
festejaste os golos.
4. o pai nunca guiou um fórmula um encarnado, igual aquele que aparece na
televisão. As corridas em que o pai entra são de uns carritos pequeninos
chamados Karts;
5. Aqueles casulos que estão à  porta do Carrefour de Oeiras, são para
massajar as pessoas, não são castigos e a senhora que lá estava dentro
provavelmente nem come de boca aberta;
6. não é verdade que os velhotes morrem porque não conseguem fugir a tempo
dos carros quando estão a atravessar a estrada;
7. aquela escova que a mãe comprou no Ikea é para lavar pratos, não é para
os dentes da mãe que são um bocadinho grandes;
8. mesmo que o teu quarto continuasse desarrumado, ia haver espaço para as
prendas de anos

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