terça-feira, novembro 16, 2004

No parapeito

Há uns dez anos atrás, pouco tempo depois de ter começado a namorar com a Ana, fui convidado para o baptizado da Inês, a primeira das crianças da nova geração da respectiva família. Foi um evento muito colado ao início do namoro o que o transformou na minha apresentação oficial à família da Ana.
Sempre que vejo o início do Shrek 2, lembro-me desse baptizado. Durante dias ouvi algumas recomendações no sentido de pontuar muito junto da mãe e da avó da Ana. Para aumentar o desconforto, a Ana foi a madrinha da Inês, o que a afastou durante toda a cerimónia e mesmo durante alguns instantes que a antecederam. Momentos de angústia portanto. A mãe da Ana, após a apresentação formal, sugeriu que eu a acompanhasse durante a cerimónia, sugestão que eu educadamente, e com um nó na garganta, aceitei. Enquanto a cerimónia não se iniciava, os brincalhões da família, iam passando por nós e dizendo as piadas do costume que me deixavam cada vez mais constrangido:
"Não comeces já a embirrar com o rapaz. Olha que ele não te fez mal nenhum e a tua filha já não vai para nova."
"Vê lá se desta vez não destróis o namoro à rapariga."



A cerimónia está prestes a começar, e lá me encaminho em direcção aos bancos da igreja, ao lado da minha (agora) sogra. Nisto, sinto-me a ser agarrado pelo braço e vejo uma catraia de nariz arrebitado que me diz "Anda priminho, vem para junto de nós" e que me leva para junto dos restantes primos. A minha salvadora era a Rita. Tinha dezassete anos (acho eu) a miúda espevitada, e nesse dia, foi a minha heroína.
Entrada directa para o meu top de afectos. Nunca mais de lá saiu.

Em Setembro do ano passado, a Ana passou-me um endereço http://noparapeito.blogspot.com. Fui espreitar o blog. Era da prima Rita e era um parapeito cheio de flores, de palavras penduradas, de ternuras, de angústias e de amores. Passar naquele parapeito e dar-lhe uma espreitadela de esguelha fez-se hábito suadável para mim. Já o disse aqui, que a par com o 100Nada, o Parapeito foi o empurrão para a Caixa de Costura. O blog já não existe, mas quando acabou, ficou a promessa de reaparecer. E é isso que vai acontecer hoje. O Parapeito vem encadernado, impresso, e de certeza carregadinho das emoções da miúda espevitada que me salvou naquele dia. Um para(lado esquerdo do)peito lindo é lançado hoje no Teatro Aberto pelas 18:30. A Caixa de Costura vai-se fazer representar pela Raínha e respectiva barriga. Gostava muito de estar por lá, mas prima é prima, e alguém naquela casa, tem que assegurar os banhos e jantares dos selvas Marias. A restante comunidade bloguistica que se faça representar que o Teatro, o Evento e a Janela do Parapeito, estão abertos para todos (menina Cat, faça o favor de divulgar - só peço directamente à Cat por ser a única com quem tenho confiança para o fazer).
Prima Ritinha vai correr tudo muito bem, e se precisares que alguém te salve, corre para a Ana que ela há-de saber como me chamar.


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