quarta-feira, fevereiro 04, 2004

Olé

Eis que aos poucos se aproxima o Carnaval. A Gotinha que me perdoe mas o mês de Fevereiro lembra-me duas coisas. O Carnaval e uma ida à Serra da Estrela donde voltei deprimido, já que fui na clara disposição de esquiar, e mal consegui ver neve. Nunca me lembro do dia dos namorados que está, para mim, na mesma classe do “Dia Internacional da Uva Mijona” ou do “Dia Mundial do Canhoto”, com o devido respeito pelos namorados, pelos canhotos e pela incontinência do fruto.
O Carnaval é como o festival da Canção, quando nasci era muito importante e foi perdendo prestígio, sendo que, de vez em quando recupera alguma importância. A propósito, parabéns à Sofia da Operação Triunfo sobretudo por ser assim. Aqui há uns poucos anos, quase já nem me lembrava do Carnaval, apareceram na minha vida umas festas de Carnaval muito animadas e ímpares.
Ímpares porque eram na residência dos embaixadores de Espanha, e porque nunca eram no Carnaval. Eram sempre umas três semanas depois para que todos os filhos dos embaixadores pudessem juntar-se em Lisboa. Isto atirava o Carnaval para a segunda metade da quaresma, animando-a definitivamente. Ainda hoje os vizinhos comentam aquelas saídas lá de casa, eventualmente no final de Março, de um grupo de mascarados para uma noite que prometia farra. A animação era garantida pela quantidade de bebida disponível na festa sem que a mesma fosse acompanhada de comida. Prevenido, no segundo ano, já levava os bolsos carregadinhos de batatas fritas e aperitivos, para serenar a taxa de álcool.
Não consigo contar muito mais dessas festas porque de facto, só me lembro da primeira meia hora, tudo o resto está naquela zona híbrida que não consigo destinguir se era verdade ou mentira. Uns cães muito feios, um senhor que veio ter comigo porque eu estava a desafinar o piano do salão nobre (ora eu nem sei tocar piano), um lago com peixinhos mal dispostos, uma cozinha com um Pata Negra mesmo a pedi-las (mas eu era incapaz de comer alguma coisa que me não tenha sido oferecida). Tudo isto deve ser fruto da minha fértil imaginação. Seguro que sim.
De qualquer forma retomei o gosto pelo Carnaval, o que me leva a ter alguma compreensão pelo João e Manuel Marias que ficaram doidos no Domingo com as máscaras que apareceram lá por casa.

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