Esmola
Passa por mim mais uma vez, como faz há tantos anos. Estende-me a mão e pede dinheiro. Para remédios ou para uma sopa ou para o que for, pouco me importa. Fico sempre com aquela dúvida cretina de que faz aquilo por hábito e que não precisa da caridade para nada. É isso que se diz nos cabeleireiros ali das redondezas.
Por vezes entrego-lhe uns cêntimos, solução fácil para o pequeno transtorno de ter à minha frente aquela figura de mão estendida, sobre quem nada sei. Preferia que vendesse pensos para lhe dizer que não preciso, ou para lhe perguntar se vendia soro fisiológico que isso sim é que eu precisava.
Faz parte da paisagem, como o carro das castanhas ou a banca dos jornais ou a loja de fast food, apenas é itinerante. Sei que há-de surgir, só não sei quando nem onde.
E se, às tantas, a moeda que lhe não dou, faz mesmo a diferença? Que raio de crápula que por vezes sou.
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