Confesso que não sou flor que se cheire, no que toca a ter respeito pelos não fumadores. Não raras vezes passo a tal barreira da minha liberdade, delineada pelos limites da liberdade dos outros. Aceito e concordo com legislação que dificulte que não fumadores, sejam afectados pelos hábitos tabagistas de terceiros.
Trata-se portanto de evitar agressões prejudiciais à saúde.
Os estados de enervamento, ninguém tenha dúvidas, são prejudiciais à saúde. Há algumas coisas que me deixam com uma camada de nervos para as quais deveria haver legislação adequada.
É neste contexto que sugiro alguma atenção para um conjunto de práticas que me deixam com uma camada de nervos e que, na minha modesta opinião, cabe enquadrar legalmente:
Conjugação errada da segunda pessoa do singular. “O que é que dissestes ?” Está errado. Fizestes, dissestes e gostastes não são segunda pessoa do singular.
Exibição do bolo alimentar durante a refeição. A mistura da saliva com os mantimentos a passear-se no meio dos dentes e da língua não é um espectáculo nada dignificante. Escondam-no se faz favor.
A utilização da faca como artefacto para levar alimentos à boca. As facas cortam e são péssimas no transporte de alimentos. Haviam de tremer o que eu tremo das mãos, para descobrir que facas na boca é, sobretudo, um número arriscadíssimo.
A utilização do verbo comer para se referir a comida “O que é o comer ?”. Alguém se lembra de perguntar “Quanto está o jogar ?”
Corte das unhas em público. Este tipo de higiene pertence à mesma classe da limpeza dentária e da limpeza nasal localizada. Podendo ser realizada em público e nos semáforos, aconselha-se a privacidade de uma casa de banho.
Já o cuspir, pertence à classe do xixi e do cócó. Devem tomar-se todas as medidas necessárias para que ninguém nos interrompa nesse acto solitário. Não se cospe em público e mais: não se preparam cuspidelas em público.
Por enquanto, e por serem tantas, escuso-me a sugerir legislação para as agressões de natureza estética e sonora. Acontece que este governo só tem mais três anos para legislar, e compreendo que fazê-lo sobre tanta agressão é coisa para levar alguns 10 anos.
Sem comentários:
Enviar um comentário