quinta-feira, abril 27, 2006

Sotão

... a casa dos meus pais não tem um sotão, mas guarda alguns tesouros.

A mais recente descoberta é um desenho não datado, que me preocupa.

Indicia que eu teria mais do que seis anos porque o meu nome está escrito por mim, mas tem tiques de desenho de quatro anos (Janelas coladas aos limites da casa, árvore sem raízes e só com tronco principal).

Ou precocemente sabia escrever o meu nome, ou esta demência que por vezes tenho, é coisa já antiga.

segunda-feira, abril 24, 2006

25 de Abril Sempre

Comemore a época revolucionária com uma revolução em sua casa. Lembra-se das emoções entre o 25 de Abril e o 1º de Maio de 1974 ? As emoções à flor da pele, o choro, o riso, as palavras de ordem gritadas em gargantas presas durante tanto tempo, os excessos, a desordem saudável, a alegria do caos ?
Quer reviver tudo isto ? Tenho o que você precisa:
O Maria’s Revolution Pack 26 Abril em três versões:

Versão Madura – ideal para quem acha que a revolução veio com o 25 de Novembro. O João Maria ainda causa alguma perturbação mas largou os excessos. Fique quatro dias com ele em sua casa e prepare-se para um tranquilo período pós revolucionário.

Versão Verão Quente – relembre os períodos conturbados do verão quente de 75. Os incêndios e as cenas de pancadaria, as lágrimas de esperança e dor em simultâneo. O Manuel Maria é a revolução e a contra revolução juntas. O Otelo Saraiva de Carvalho, e o Spínola (meu rico menino) na mesma pessoa. Dá muita luta mas garante a agitação revolucionária.

Versão Madrugada – recorde a alvorada dos quartéis da madrugada da liberdade. Compre-lhe cravos, batatas fritas e biscoitos de cão que o António Maria come tudo. O mais recente dos pacotes desperta a qualquer hora da madrugada sem aviso prévio. É o primeiro e o segundo sinal juntos. É o depois do Adeus e a Grândola Vila Morena em simultâneo.

GRANDE PROMOÇÃO – ÚLTIMOS DIAS - GRANDE PROMOÇÃO

Adquira as três versões do Maria’s Revolution Pack de uma só vez entre 26 e 30 de Abril completamente de graça e ainda lhe oferecemos uma grade de Atarax e uma EP para a próxima Festa do Avante. Oportunidade única para reviver a revolução. Vinte e Cinco de Abril Sempre. Fascismo nunca mais.

Nota: Esta promoção única surge no contexto da partida da rainha Ana para um congresso em Santiago entre 26 e 30 de Abril e da mais que provável tragédia dos Marias ficarem exclusivamente entregues aos cuidados paternais por mais do que 80 horas. Se por algum motivo, a rainha se arrepender de deixar os seus meninos praticamente ao abandono e à fome, esta promoção fica sem efeito.

sexta-feira, abril 21, 2006

Mas que post oportuno que a gaja do 100Nada se lembrou de escrever. Parece que é parva ...

Pronto. Um dia tinha que acontecer. Mais do que ninguém sei que a miúda faz t-shirts. Até arranjou um cantinho lá em casa para o efeito, mas acaba por fazê-las na sala. A Singer a dar a dar, os tecidos, as tintas, as linhas e as tesouras que desaparecem. A miúda faz as tais T-Shirts e, entre amigas e amigas das amigas e as amigas dessas, já lhe dá muita sarna para se coçar. Bem sei que, enquanto ela costura ali, eu trato dos meus conhecimentos em Pro Evolution Soccer 5 na sala mesmo ao lado. Também já sabia que parte das colecções estão escarrapachadas num blog ao qual eu me dedico na proporção de 1/20 dos pedidos que ela me faz. Mas nunca achei boa ideia publicitar o tal do blog que ilustra as criações dela e da amiga Rita. Sempre achei que se a coisa se torna séria, começo a ter uma linha de montagem em casa e ainda tenho que ceder a minha sala multimédia para o ComOReiNaBarriga.
Vai daí a Cat do 100nada, que devia andar com falta de assunto, ou porque me quer fazer a vida negra, resolveu anunciar ao mundo o ComOReiNaBarriga. O resultado está mais do que visto. Agora já todos conhecem as produções daquelas alminhas, e eu sou um ingrato que nem me dignei a publicitar a porcaria do blog que só é mesmo uma porcaria porque eu nunca trato de o pôr bonitinho. As t-shirts e afins até que são giras, mas dão muito trabalho, muita ida aos tecidos, muita ida às tinta para tecidos, muita noitada agarrada à porcaria da Singer. E as crianças choram e têm fome durante a noite, e eu estou a jogar online, e já perdi dois ou três jogos à conta desse tal ComOReiNaBarriga.

Por mim o blog continua escondidinho do público em geral.
Uma palavra especial de carinho e de agradecimento à Cat do 100Nada, pela brilhante ideia. Um grande bem haja para si dona Cat.

terça-feira, abril 18, 2006

segunda-feira, abril 17, 2006

Bofetão

Desta arrependo-me.

Eu sou daqueles tarados que paga para ver a  Sport TV. Digo isto, porque aquilo não vale um décimo do que se paga e quando peço aos senhores da TV Cabo para deixar de pagar, preciso de assinar um papel, e mesmo assim eles insistem em cobrar e em descodificar o sinal. Deixa chegar ao fim do campeonato para lhes pedir de volta o dinheiro desde Junho de 2005, data do meu último pedido de cancelamento da Sport TV. A verdade é que quando pago, espero ser compensado por exibições de luxo e resultados a condizer. O pior é que os resultados aceitáveis são escassos, e as exibições de luxo são uma ténue miragem.

Foi numa dessas tardes em que eu assistia a uma gloriosa exibição do Benfica no estádio da Luz, contra uma qualquer equipa que lutava para não descer de divisão. Faltavam cinco minutos para o fim e a goleada já se cifrava num generoso 0 a 0. Nisto, entra o Manel na sala, com uma espada do Peter Pan e desata à espadalhada à televisão. Ora, aquelas espadas são a brincar, mas ainda eram capazes de lesionar algum jogador. Vai daí digo eu:
“Manel não espadalhes a televisão”
E o Manel não parava de espadalhar a televisão
E o Benfica não marcava
“Manel já te disse para saíres daí e não espadalhares a televisão”
E o estupor do miúdo ali à frente do Mantorras à espadalhada à televisão.
E o Benfica não marcava a porcaria do golo.
“Manel Maria vai para o teu quarto brincar com a porcaria da espada antes que eu me chateie”
E o Paços de Ferreira a ganhar a bola.
E o Manel a espadalhar a televisão.
“Manel, sai já daí.”
E a espada, à frente do contra ataque da capital do móvel.
E num repente, já em tempo de desconto, golo do Paços.
Nem pensei duas vezes, uma grande palmada no rabo do Manel, que acabou por ser, mais a sua espada, projectado para longe dali.
O miúdo aos berros por causa da palmada.
Eu aos berros “Eu já te tinha avisado Manel Maria”
Felizmente chegou a mãe para serenar os ânimos:
“O miúdo não tem culpa do Benfica estar outra vez a perder”
..... ai minha nossa senhora do Móvel ... lá me acalmei ...

Esta foi uma palmada de que me arrependo. Porque saiu com força demais, porque havia alternativa mais saudável para ele aprender a não espadalhar o Mantorras, e porque não me garantiu os três pontos que, na altura, era o que me vinha a calhar.

Outras houve, que resultaram, e que não sendo com força, pareceram mais eficazes que conversas, castigos ou acções pedagógicas. Sei que há muita gente que opta por nunca dar um açoite ou uma palmada, percebo que o façam, mas não é assim que faço com os Marias. De vez em quando dou. Às vezes acho que são inevitáveis, outras vezes acho que escolhi a maneira mais fácil, às vezes porque já cheguei ao limite da paciência, outras porque acho mesmo que devo dar.
Não me configuro, portanto, num padrão de negligência educacional, à luz da douta opinião de um magistrado, a propósito do julgamento a uma funcionária de uma instituição que aplicava castigos físicos a crianças deficientes. Não conheço o suficiente sobre o caso. Mas na sequência deste caso, salta para a praça pública a discussão sobre se é legitimo, ou não, o uso das palmadas e dos açoites nas nossas crianças. Acho que não é grave se for a excepção à regra. Confesso que há alguns de que não me orgulho, mas também não me parece motivo de penitência.    

quarta-feira, abril 12, 2006

Proibido Fumar

Confesso que não sou flor que se cheire, no que toca a ter respeito pelos não fumadores. Não raras vezes passo a tal barreira da minha liberdade, delineada pelos limites da liberdade dos outros. Aceito e concordo com legislação que dificulte que não fumadores, sejam afectados pelos hábitos tabagistas de terceiros.
Trata-se portanto de evitar agressões prejudiciais à saúde.
Os estados de enervamento, ninguém tenha dúvidas, são prejudiciais à saúde. Há algumas coisas que me deixam com uma camada de nervos para as quais deveria haver legislação adequada.
É neste contexto que sugiro alguma atenção para um conjunto de práticas que me deixam com uma camada de nervos e que, na minha modesta opinião, cabe enquadrar legalmente:
Conjugação errada da segunda pessoa do singular. “O que é que dissestes ?” Está errado. Fizestes, dissestes e gostastes não são segunda pessoa do singular.
Exibição do bolo alimentar durante a refeição. A mistura da saliva com os mantimentos a passear-se no meio dos dentes e da língua não é um espectáculo nada dignificante. Escondam-no se faz favor.
A utilização da faca como artefacto para levar alimentos à boca. As facas cortam e são péssimas no transporte de alimentos. Haviam de tremer o que eu tremo das mãos, para descobrir que facas na boca é, sobretudo, um número arriscadíssimo.
A utilização do verbo comer para se referir a comida “O que é o comer ?”. Alguém se lembra de perguntar “Quanto está o jogar ?”
Corte das unhas em público. Este tipo de higiene pertence à mesma classe da limpeza dentária e da limpeza nasal localizada. Podendo ser realizada em público e nos semáforos, aconselha-se a privacidade de uma casa de banho.
Já o cuspir, pertence à classe do xixi e do cócó. Devem tomar-se todas as medidas necessárias para que ninguém nos interrompa nesse acto solitário. Não se cospe em público e mais: não se preparam cuspidelas em público.
Por enquanto, e por serem tantas, escuso-me a sugerir legislação para as agressões de natureza estética e sonora. Acontece que este governo só tem mais três anos para legislar, e compreendo que fazê-lo sobre tanta agressão é coisa para levar alguns 10 anos.

quarta-feira, abril 05, 2006

Hoje ...

já daqui a pouco, o Benfica vai mostrar que Gaudi também se desenha na magia do nosso futebol. Que a festa das Ramblas se vive em Lisboa. Que enquanto houver obra inacabada, o desfecho pode sempre surpreender.
Se a coisa der para o torto, faço aqui uns ajustes e retiro todos os comentários que não me agradem.