quarta-feira, julho 27, 2005

Máquina do Tempo II

Ontem cheguei a casa ensopado. Soube-me bem a chuva e não apressei passos para lhe fugir. O homem do restaurante cumprimentou-me "Já viu esta chuva senhor André?". Não via eu outra coisa. Gosto de coisas fora de tempo. Morangos e cerejas no inverno. Gosto dos cheiros das chuvas de Verão. E de trovoadas.
Estas chuvas levam-me sempre até às tardes de Outouno, primeiros dias de escola, cadernos e livros por estrear, colegas e professores novos. As trovoadas até à Beira Alta. O velho sotão da casa. Quente e abafado. A janela aberta para o vale e os relâmpagos no ziguezaguear de luz. Ainda hoje conto os segundos até ao trovão, para lhes medir a distância. Trezentos e quarenta metros por cada segundo de silêncio. Estrondo.
Acho que o que gosto mesmo é de quebrar a rotina. É o que fazem as coisas fora de tempo. No Brasil o Natal é no verão e a lua nunca mente.

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