segunda-feira, abril 04, 2005

Compras do Mês

Os Marias mais velhos estavam entregues à avó. Grande oportunidade do António Maria saborear as raras oportunidades de filho único. Para mal dos pecados de todos nós, a dispensa, congelador e preteleiras de bens essenciais estão em ruptura de stocks. Estamos naquele período em que quase todas as necessidades são resolvidas por soluções de contingência. Torradas com margarina porque a manteiga acabou, tomar duche com fairy e amaciador da roupa porque o gel e o shampô acabaram, lavar a loiça com detergente da roupa porque o fairy nunca está no sítio dele. Posto isto, tornava-se urgente uma ida a um qualquer hipermercado tratar de repôr as existências.
Levamos o António a jantar fora e se a coisa estiver a correr bem, damos uma voltinha no hipermercado, trazemos o essencial, e pedimos para nos entregarem o resto em casa no Sábado de manhã.
Certo e sabido que, se a lista não estiver parametrizada, as compras excedem sempre as espectativas. Fenómeno engraçado, álgebra revolucionária, o número de coisas que pensamos comprar, nunca é igual ao número de coisas que colocamos no carrinho, que por sua vez nunca coincide com o número de coisas que pagamos e que nada tem a ver com o número de coisas que nos entregam em casa.
Meia hora no talho para o senhor preparar a carne e dividi-la em saquinhos, mais fiambre e queijo cortado à medida, mais umas gambarolas que estavam a um preço camarada, peixinho também pedido na peixaria, e frutas e legumes devidamente escolhidas e pesadas. Tudo o resto foi da prateleira directamente para o carrinho, que muito a custo lá arrastámos até à caixa.
Quando solicitámos a entrega em casa, já com o António aos guinchos porque estava em cima da hora do beberon, a senhora surpreende-nos com uma notícia invulgar "Este fim de semana já não temos disponibilidade para entregas. Talvez na segunda de manhã seja possível."
"Lamento imenso, mas assim sendo, pago esta´garrafa de água donde já bebi e deixo-lhe aqui o carro com as compras."
Ainda preenchi uma reclamação pela demora do serviço e por não existir qualquer informação destinada a esclarecer quem se proponha a gastar duas preciosas horas de fim de semana nas compras do mês.
No Sábado de manhã, num hipermercado da concorrência, voltámos a fazer as compras. Às três e meia já estavam entregues e às cinco já estavam artrumadinhas nas prateleiras. O fairy regressou ao lava loiças e as torradas já não provocam vómitos.

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