Se há coisa que cresce, além da ansiedade, durante uma quarentena,
é o cabelo. Mesmo em carecas que ainda ficam pior com gadelha do que qualquer
outra espécie, porque há zonas sem qualquer cabelo e outras com cabelo
ridiculamente compridos. Normalmente atrás e dos lados sendo que o pólo norte
está um deserto capilar. Os cabelos dos miúdos também crescem desalmadamente e começou
a tomar corpo a ideia que, o melhor mesmo, era comprar uma máquina de cortar cabelo e fazer a
manutenção capilar em casa.
Chegou ontem e, nem passadas 24 horas, já há uma corrente de
pensamento que defende que nunca deveria ter chegado. A rainha e o Maria dos caracóis
não aderiram à iniciativa. O bochechas, o sirenes e eu decidimos dar uso ao
artefacto. Sabiamente, o mais velho cortou atrás e nas laterais deixando a
parte de cima, farta mas bem cortada. Foi uma intervenção calculada e correu
bem.
O mais novo, optou por um modelo avatar dita,
para imensa alegria da matriarca cá de casa que só não foi com uma síncope para
o hospital porque nesta altura o melhor é evitar situações delicadas de saúde
que convidem a uma ida às urgências.
A besta rapou a
cabeça e deixou uma seta no alto da dita.
Eu ia fazer um corte exactamente igual ao que faço no
barbeiro. Pente quatro em cima, pente três dos lados e atrás. Eu não sei que merda
de escala é que a porcaria da máquina tem, mas de certeza que não é igual à do
meu barbeiro – “barbeiro do bairro”. Na primeira passagem até me ia cuspindo
quando olhei para o espelho. Aquilo estava a cortar aos soluços (atente-se que nada tem nada a ver com tremeliques a cortar) ou lá que era , que mais parecia uma
ovelha com uma doença dermatológica com bocados de lã a cair e outros intactos.
Lá fiz uma segunda passagem devidamente assistido pelo mais velho e aquela
porcaria tem mesmo a escala desajustada. Só pode. Nem nos tempos de tropa
senhores. Fiquei tão mais careca, que a parte mais comprida do meu penteado são
os cinco cabelos do pólo norte que resistiram à passagem da máquina. Estilo cebolinha.
Portanto, feitas as contas, depois da chegada da rebarbadora
temos uma mãe e um filho com cabelos compridos, um avatar, um cebolinha e um com
um ar meio rabeta.
Um dia destes vamos pintar o cabelo à mãe e há vários
artistas inscritos para participarem na actividade criativa. Vai, com certeza, ficar
um espectáculo.
1 comentário:
Socorro😂🤣😂 diante de tantos talentos, eu,fosse a mãe, consideraria uma bandana:)
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