Ele eram dores de cabeça, ele era febre, ele era diarreia e ele era um sem número de colegas em casa de diagnóstico confirmado. Estefânia connosco pois então, apesar de ser Sexta ao final da tarde e da semana ter sido fértil em alarmismo. Após o meu relato na recepção das urgências, a senhora entrega-nos duas máscaras e manda-nos para o pavilhão da gripe A. Cheio, à cunha, a abarrotar a adivinhar tempos de espera irreais. 20 minutos à espera de ser chamado para a triagem, relato repetido, e a confirmação sobre o tempo de espera: código verde e 5 horas até à consulta o que nos atirava para lá da meia noite. Vermelhos e amarelos que entretanto chegassem passariam à frente.
A sala do pavilhão montado há pouco tempo para o efeito quase não tinha vagas. Contentores transformados em banco de urgência para a gripe A, com cartazes a agradecerem ao IKEA e a mais duas ou três empresas que colaboraram na respectiva montagem. Mesmo de olhar descoberto, é difícil perceber o estado de alma por detrás das máscaras brancas. Ainda pensei desenhar uns dentes de vampiro na máscara do loiro de caracóis. Afinal era quase dia das bruxas e sempre se animava aquela gente toda. Está bem que preocupados, está bem que cansados, está bem que quase desesperados.
Entendo mal quem crie mais stress em situações de stress. Um comentário aqui e ali, sobre o inacreditável tempo de espera, sobre os que chegam mais tarde e são atendidos mais cedo, a insinuação de cunhas. Crescendo de desagrado e num repente, num instante uma dezena de insatisfeitos aos berros com o segurança. Meia hora de protestos desmesurados, ao segurança e depois a um médico. E não adiantava a explicação de situações de maior urgência, ninguém ali queria uma explicação racional para os tempos de espera e para os que passam à frente. Só exprimir de formas tanto ou quanto desmesuradas o desagrado por ali estar. Sugerida a utilização do livro de reclamações, os doze protestantes transformaram-se em três reclamantes. Outros abandonaram as urgências antes da consulta. Um colega de escola do Manel, chegado há pouco tempo, acabadinho de sair da triagem, foi chamado para a consulta.
"Aquele acabou de chegar, já vai lá para dentro. Nem a cadeira aqueceu"
Resolvi dizer à senhora que aquele, estava já confirmado desde a ante véspera, que estava com problemas respiratórios sérios e que por isso tinha passado à frente. E que fazia sentido que casos urgentes, fossem tratados enquanto tal. Respondeu-me que a filha também tinha a gripe que lhe diagnosticaram no centro de saúde. Relembrei o problema respiratório e não respondeu mais.
Durante o resto do tempo manteve-se algum frenesim. Lá chamaram o Manel para a consulta, e depois de uma hora, para a colheita. Saímos de lá sete horas depois de ter entrado, e o resultado, só passadas quarenta e oito.
No Sábado, as dores de cabeça, a febre e a diarreia passaram, veio uma tosse. Ligeira e pouco persistente. É tudo o que resta de sintomas de gripe. Isso e o resultado do laboratório. Positivo.
O meu filho é tão esperto que até na gripe tem A.
2 comentários:
As urgências, com ou sem gripe A são sempre um caos, o melhor é aguentar... As melhoras rápidas do pequeno.
As melhoras para o pequenote, muita paciencia e calma!
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