terça-feira, abril 14, 2009
Ainda era cedo pá
Já te tinha adivinhado assim no olhar vazio. O que foste tu fazer homem.? Percebeste ao menos que ninguém ali estava para despedidas? Viste-os os olhos perdidos dos teus amigos à espera de explicações no inexplicável? Viste a tua filha entrar na casa vazia, sem perceber a tua ausência, a vasculhar memórias que atenuassem dores. E os teus netos homem? Agora é que eles estão a chegar aquela idade que querias. A idade de os levares às pescarias, de ires com eles de madrugada à lota para o peixe fresco, de os ensinares a cozinhar, e a jogar Poker e Xadrez, de ires com eles às flores para os canteiros de São Martinho. Eles ainda tinham tanto para aprender contigo, homem. Todos tínhamos, mas eles então. Sei que a tua princesa grande já nem estava, mas caramba rapaz, foi também ela quem nos ensinou a lutar sempre até ao fim. Bem sei que estavas refilão, mas nunca te conhecemos doutra forma, e foi assim que aprendi a gostar de ti. E olha que foi gostar que se farta. Deves ter ficado chateado com o que te disse naquela noite em que resolveste que não querias ser internado, mas se soubesse o que sei hoje, tinha dito o dobro ou o triplo até te convencer que não podias ir para casa naquele estado. Desculpa lá a maneira como te falei, mas era-te tão urgente seres internado. Agora não vale a pena dizer-te tudo isto, que a tua mulher deve-te estar a dar uma desanda como já não ouvias há muito. Agora só vale a pena dizer-te que te sentimos tanta falta A falta que os filhos sentem de um pai, que os netos sentem de um avô e que os amigos sentem dos amigos. E sim é mesmo assim, as bochechas do João são iguais às tuas, e no génio do Manel e no gargalhar do António. E deixas-lhes também a doçura deles todos e da rainha lá de casa. A tua filha, heroína nesta história, levou o álbum das fotos lá para perto de ti porque ninguém se queria despedir, só queriam dar-te um abraço e um beijo. Havias de os ver felizes a recordar-te, é que ainda não era altura para despedidas. Ainda não era agora. Ainda era cedo.
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20 comentários:
(beijos)
um beijo imenso para todos, mesmo todos. e um abraço cheio de força para a Iana.
lindas, estas palavras, como só tu consegues.
um abraço muito apertado á rainha e bjs. aos marias da tia blogosférica M&M
Sinto muito :(
Um beijinho especial para a Ana.
Conseguiste pôr-me de lágrima ao canto do olho...
Só tu para seres capaz dos maiores disparates mas depois para escreveres isto!
Bj
[beijos aos 5]
Ficas com uma enorme responsabilidade, maior do que já tinhas!
Asseguras que em S. Martin não falte o licor beirão, os churrascos e a boa T.V....
E onde quer que Ele esteja está super feliz com a maravilhosa descedência que deixou.
Bjsssssssssssss
Pois é, pá. Alguns partem sempre cedo de mais; são normalmente os que chegaram tarde à nossa vida, mas nela deixaram uma marca tão forte como se desde sempre nela tivessem estado. Não posso querer mal aos amigos por me deixarem. Levo-lhes a mal, isso sim, que se tenham deixado a si próprios. Mas o tempo (o deles) não é de recriminações, nem a mim me compete julgá-los. Que vão em paz.
cá estou de lágrimas a correr. Um grande beijo a todos e em especial à Ana.
:(
Um abraço.
Um grande beijo à Ana e um abraço forte à família toda.
Muitos beijos
Essa hora é sempre cedo, André.
Um abraço.
... Como não há palavras que aliviem uma dor destas deixo apenas um beijo e sintam um forte abraço, em especial para a Ana.
Beijos.
Tao bonito. Adorei ler. :)
Souberam-me bem os vossos mimos!
Obrigada. beijo.
Ana
Um enorme beijo para a Ana e outros mais pequenos para todos.
:(
beijos
Um beijo muito especial para a tua mulher.
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