Sempre que passo nas prateleiras dos pensos higiénicos, lembro-me da minha aventura de há um ano atrás. Continua a acontecer-me. Cada vez que tenho que comprar pensos, lá me deparo eu com aquele exagero de opções e aposto que não há-de tardar muito até existirem uns ecológicos bio-degradáveis feitos com flocos de aveia ou com fibras de barbas de milho super absorventes. A propósito, o Manel no outro dia, perante a ausência de papel no rolo, resolveu limpar-se a um penso que enfiou na sanita. Foi o João que deu por ela, quando foi à casa de banho:
"Paiiiiii. Está um penso higiénico na sanita."
O meu espanto ficou repartido entre o João saber o nome do coiso, o Manel se ter limpo ao coiso, e o facto de ter usado o lado errado do coiso para se limpar.
Adiante. Na segunda feira fui comprar um acessório para a máquina de barbear do meu pai, e deparo-me com uma mulher a olhar para as prateleiras com a mesma cara de parva que eu ponho quando olho para as prateleiras dos pensos. Usar e deitar fora, ou de substituição de lâminas, uma, duas ou três lâminas, com ou sem vibracall, com ou sem faixa lubrificante, cabeça fixa ou adaptável, cabeça rija ou flexível. Fiquei a fingir que procurava um desodorizante, enquanto a mulher varria as prateleiras estupefacta com a variedade de combinações. Nisto, e em quase tudo o resto, são mais práticas que os homens. Pegou no telefone, marcou o número e com a delicadeza das mulheres apaixonadas que fazem tudo pelos seus homens, perguntou "Ouve lá, qual é a porcaria de máquina que queres que eu compre?". Passados dois segundos, tirou a máquina da prateleira e foi À vida dela. Homem nenhum telefonaria a perguntar que pensos é que a mulher quer. Se não quiser arriscar, pega numa caixa de cada e vai embora. Mesmo assim continuo a achar que os pensos são desafios mais difíceis que as máquinas de barbear. É que elas têm uma variante mais arredondada, de cor rosa ou azul bebé para se depilarem, e a única altura em que nós comprámos algo parecido a pensos higiénicos, foi precisamente pensos higiénicos. Na tropa, para reforçar as alças da mochila, ou forrar a parte interior do capacete porque aquilo magoa como um raio. E eram daqueles que pareciam umas fraldas.
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