Guerra Junqueiro acima, com os três Marias soltos a pular entre carrinhos do Noddy, cavalos e eléctricos, daqueles que, com uma moeda de um euro, abanam durante dois minutos ao som de uma música infantil. Até que de repente a uns cinquenta metros lá estava a mãe Natal a distribuir qualquer coisa que não me apercebo.
Lá vão os três aos guinchos a chamar pela mãe Natal e uma vez junto dela dão-lhe abracinhos, fazem-lhe uma festa, perguntam pelo Pai Natal, querem explicações sobre o conteúdo das cartas que não foi atendido.
À medida que me aproximo da festa, noto que a mãe Natal tem um vestido estranhamente curto, um decote generoso, e aparentemente mais curvas que o próximo troço da CRIL. Algo mais me chama atenção, apesar dos miúdos lhe estarem a pedir um exemplar dos panfletos que ela generosamente distribui, ela insiste em vedar-lhes o acesso à publicidade. Grande cabra, já me está a irritar. Aproximo-me e digo-lhe:
- Bom dia Mãe Natal, não me diga que estes selvas não têm direito às lembrancinhas que está a distribuir.
A mãe Natal, com pouco mais de vinte anos se é que os tem, olha para mim, esboça um sorriso amarelado e diz num português atabalhoado com sotaque de Leste:
- Toma o senhor.
Estende-me um panfleto. Olho-o incrédulo. É de um clube de strip que promove a noite de fim de ano com um show erótico.
- Bom Ano então. MENINOS, deixem lá a Mãe Natal em paz, ela está muito cansada e já deve estar farta de meninos.
- Pois teve a ajudar o Pai Natal com as prendas. Pois foi pai?
Pois foi filho, pois foi.
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