quarta-feira, março 23, 2005

Páscoa

Depois da quaresma, eis que finalmente chega a Páscoa. Além da penitência e das muitas Aleluias, a páscoa traz-nos uns coelhos especiais que põem ovos de chocolate. Os mais sofisticados ainda põem ovos de chocolate com brinquedos lá dentro. Estes coelhos são provavelmente o resultado do cruzamento de uma galinha, com um cangurik (o animal do Nesquick que se assemelha a um canguru e fabrica chocolate em pó) e um action man. Além de tudo isto, a Páscoa antecipa o fim de semana com uma santa Sexta Feira Santa, e nada melhor que ir com a família até São Martinho. O primeiro fim de semana fora a cinco. E pelos preparativos, prevejo aventuras capazes de fazer inveja a qualquer obra da Enid Blyton.
A primeira aventura é fazer com que a casa caiba no carro. A Bimby vai porque sem Bimby é impossível sobreviver, a máquina de costura também vai para ver se se consegue dar um bom avanço ao negócio das t-shirts que tem mais encomendas que a capacidade de produção - o sector textil está em crise mas aqui não se nota nada disso. Além destas máquinas (a Playstation fica, onde já se viu levar a Playstation para fim de semana), é preciso levar a cama de bébé, mais a roupa se estiver frio e a roupa se estiver calor (por azar São Martinho tem um microclima como Sintra e nunca se sabe) e o melhor é fazer aqui as compras do supermercado e levá-las para lá para não perdermos tempo em compras. Depois é só mais as bicicletas, as trotinetas e os patins. E pronto, agora é só enfiar tudo numa carrinha de cinco lugares (espero que o novo código de estrada não proíba que uma criança viaje, com capacete e colete reflector obviamente, numa bicicleta atrelada a um ligeiro). Pôr os cintos de segurança entre aquelas cadeiras de criança é uma tormenta para os dedos, acabo sempre por partir um ou dois a colocar os cintos e os restantes a tirá-los:
- Ó sr Guarda, o senhor não me enerve. Eu sei que as crianças têm que viajar de cinto, mas aquelas coisas partem-me as mãos. Mas já que está aí sem nada para fazer, faça-me o favor de colocar os apetrechos aos petizes.
Posto isto, e depois de pelo menos três paragens, porque um quer biberon, o outro quer chichi e o outro vomitou por cima de toda a carga, lá chegamos à casa de fim de semana. A casa é pequena, mas graças a Deus tem um terreno enorme à volta, onde eles se divertem muito quando não chove, o que não é o caso segundo a opinião dos meteorologistas (esses aldrabões). Numa casa com alguns 40 metros quadrados, ter três crianças fechadas mais que meia hora, é sinónimo de uma vontade irresistível de nos atirarmos de um penhasco. E se os há por aquelas bandas.
Para não vivermos esta aventura sózinhos, levamos um casal de amigos para repartirmos o eventual desespero. Claro que estes amigos também são os progenitores de três crianças encantadoras que vão partilhar connosco aquela imensidão de espaço.
Alguém conhece uma ama comparticipada pela Segurança Social, para os lados das Caldas da Raínha, que gostasse de passar a Páscoa com seis criaturas dóceis e bem comportadas ?

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