Cinza. È desta cor que traja o céu. Gosto da chuva de outono gosto de a ver ziguezaguear nos vidros. Sempre gostei. Aliás tenho um gosto parvo por exageros de chuva, de vento, de neve e de trovoadas. Não percebo, mas pelo-me por uma tempestade. Talvez porque em criança, estas coisas davam direito a umas baldas à escola. Lembro-me de um ventania, com caixotes de lixo a voar e árvores a cair, que deu direito a uma balda extra de dois dias à escola primária. As trovoadas na Beira Alta também quebravam os verões muito quentes e secos, ficávamos sem luz e havia uma agitação que me agradava. Um frenesim. um nervoso miudinho das velhas da aldeia e umas lembranças repentinas da Santa Bárbara, candeeiros a petróleo (Petromax. Seria Petromax o nome daquilo?) e muitas velas.
Vou tomar como certo que gosto destas coisas pela quebra da rotina. A alternativa é tratar-se de algum distúrbio do foro psiquiátrico . Não. É perfeitamente compreensível gostar de alguns exageros da natureza, mar a galgar a terra inclusive.
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