quarta-feira, março 31, 2004

Falou-se ....
... de nomes para filhos durante o almoço. Num instante chegámos à ligeireza com que os Brasileiros arranjam nomes para os filhos:
"No Brasil, se o pai se chama Humberto, o mais natural é que o filho se possa chamar Doisberto".
Não que goste de caricaturar o povo Brasileiro, mas que se esticam na criação de nomes, lá isso esticam.
Também do MoMA ...
para alguém das redondezas, acabo de descobrir este colar, que lhe virtualmente ofereço.
.
Prenda Virtual
Hoje sinto-me um mãos largas, sei lá, apetece-me dar. Directamente do MoMA (museu de arte moderna de NY) e para quem passa por aqui, um abraço apimentado.

Este museu é fantástico, e tenho saudades dele e da Maçã que o envolve. A Grande Maçã com a eterna insónia.

terça-feira, março 30, 2004

Cinemateca
Já não passava por lá há tantos anos. Desde os tempos de faculdade. A reunião inesperada à tarde, abriu-me uma brecha à hora de almoço, que me conduziu até lá. Tinha a esperança de encontrar a loja aberta. Não abriu. Deixei-me levar pelo ambiente. Um céu estrelado, estrelas em cartazes de há muitos anos, câmaras e projectores de sonhos antigos. Luz, câmara e muita acção.
Como o pé de feijão na história do João, encontro uma infinita pilha de latas de película de filme apontada ao céu. Acho que se treparmos até ás últimas nuvens fim, encontramos a galinha dos ovos de ouro, um gigante mal amanhado e uma tocadora de harpa (provavelmente a Leonor Silveira).

Puz-me a pensar, no meio desta viagem, que o dia a dia vivido assim, se torna tão redutor. Sem querer, afastamo-nos de coisas estupidamente simples de saborear.

segunda-feira, março 29, 2004

Ainda...
... encontrei gente acordada e feliz por aqui.
Irritação
O primeiro post deste blog foi precisamente sobre isto. Sair do trabalho depois da hora em que a minha casa se transforma no reino da bela adormecida. Talvez o beijo de um príncipe acorde alguém.


Blogotinhices

Para quem ainda não percebeu a razão pela qual as obras demoram tanto tempo para além do esperado, aqui vai uma sugestão:

Visitem o site que tem esta e outras imagens. Muito bom.

domingo, março 28, 2004

Marés

Maré Cheia
A Ericeira fora de época, os sabores dos mares, os amigos.
Os convites para programas fora de horas de velhos amigos.
O esforço do Nilton para caber no seu novo programa. As perguntas que fez à Marisa Cruz.

Maré Vaza
O Inverno fora de época, a criançada fechada em casa durante a chuva insistente.
Os convites feitos fora de horas.
O formato do programa do Nilton, tipo "Isto só video". As respostas da Marisa, que não se conjugam com o esforço do rapaz.
Baú das recordações

Encontro mais uma música cheia de recordações penduradas.

Anos dourados

Tom Jobim - Chico Buarque
1986

Parece que dizes
Te amo, Maria
Na fotografia
Estamos felizes
Te ligo afobada
E deixo confissões
No gravador
Vai ser engraçado
Se tens um novo amor
Me vejo a teu lado
Te amo?
Não lembro
Parece dezembro
De um ano dourado
Parece bolero
Te quero, te quero
Dizer que não quero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais

Não sei se eu ainda
Te esqueço de fato
No nosso retrato
Pareço tão linda
Te ligo ofegante
E digo confusões no gravador
É desconcertante
Rever o grande amor
Meus olhos molhados
Insanos, dezembros
Mas quando eu me lembro
São anos dourados
Ainda te quero
Bolero, nossos versos são banais
Mas como eu espero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais

quinta-feira, março 25, 2004

José Mário Branco
... Estou com saudades de o ver mais próximo da linha da frente da nossa música.

Move-se ultimamente em bastidores de cinema, teatro e participações em discos. Faz tanta falta um perseguidor sobre ele.

O poema da Natália Correia, na boleia da sua música, tem-me visitado as canções trauteadas no carro.

Queixa das almas jovens censuradas

Dão-nos um lírio e um canivete
e uma alma para ir à escola
mais um letreiro que promete
raízes, hastes e corola

Dão-nos um mapa imaginário
que tem a forma de uma cidade
mais um relógio e um calendário
onde não vem a nossa idade

Dão-nos a honra de manequim
para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos um prémio de ser assim
sem pecado e sem inocência

Dão-nos um barco e um chapéu
para tirarmos o retrato
Dão-nos bilhetes para o céu
levado à cena num teatro

Penteiam-nos os crâneos ermos
com as cabeleiras das avós
para jamais nos parecermos
connosco quando estamos sós

Dão-nos um bolo que é a história
da nossa historia sem enredo
e não nos soa na memória
outra palavra que o medo

Temos fantasmas tão educados
que adormecemos no seu ombro
somos vazios despovoados
de personagens de assombro

Dão-nos a capa do evangelho
e um pacote de tabaco
dão-nos um pente e um espelho
pra pentearmos um macaco

Dão-nos um cravo preso à cabeça
e uma cabeça presa à cintura
para que o corpo não pareça
a forma da alma que o procura

Dão-nos um esquife feito de ferro
com embutidos de diamante
para organizar já o enterro
do nosso corpo mais adiante

Dão-nos um nome e um jornal
um avião e um violino
mas não nos dão o animal
que espeta os cornos no destino

Dão-nos marujos de papelão
com carimbo no passaporte
por isso a nossa dimensão
não é a vida, nem é a morte
(Euro 2004: Portugal pede apoio à NATO)

Exª Srª NATO:
Serve a presente para solicitar a V.Exª que se digne a estar presente em Portugal, por ocasião do EURO2004. Tratando-se de um evento para o qual já investimos tanto do nosso esforço, rogamo-lhes que assuma as diligências necessárias a garantir o sucesso desta empresa de dimensão internacional. Tendo o povo português empenhado a sua própria mãe e vendido todos os dentes da frente por forma a possibilitar a construção dos 10 magníficos palcos onde decorrerão os confrontos, não nos parece viável outro desfecho, que não a vitória final da selecção das quinas.
Considerando o sofrimento com que o nosso povo encara uma eventual derrota, parece-nos evidente que cada selecção adversária pode potencialmente tornar-se uma arma de destruição massiva. Contamos, desta forma, com a V. determinação, já demonstrada em situações semelhantes, perante tais evidências.
Com os melhores cumprimentos
Portugal

quarta-feira, março 24, 2004

Consultoria
Normalmente falo-lhe dos filhos e digo meia dúzia de coisas sem sentido. Em alternativa, assumo uma espécie de postura de consultor que se dirige ao cliente, e falo-lhe de trabalho. Sinto-lhe simpatia e a certeza que é muito boa pessoa. Chegou para mais uma reunião, como tem acontecido nos últimos tempos. A diferença estava-lhe no rosto, se calhar no andar ou na ausência de vida, mas não reparei em nada que não fosse um rosto que me pareceu alérgico. Alergia à primavera, às resistências do inverno que nos importunam, ao que quer que fosse. Pareceu-me uma alergia, que como as alergias, fazem olhos inflamados e pingam os narizes.
Não era nada uma alergia. Acabava de chegar da missa de corpo presente de uma amiga que se suicidara. Perde o controlo e chora convulsivamente como uma criança. Não sabia o que fazer. Aliás nunca soube tão pouco o que fazer. Ali fiquei , com cara de parvo a olhar para aquela mulher que se desfazia em lágrimas. Apetecia-me dar-lhe um abraço, mas um consultor não abraça um cliente.
Os reforços chegaram em segundos e com eles o abraço de alguém que trabalha muito próximo dela. Ela recompôs-se no que era possível. Eu ainda estou atrapalhado com a situação. Que cretino.

terça-feira, março 23, 2004

Fitas...
... e rolos de fotogramas que, se projectados, nos envolvem noutros cenários. Tomara que a máquina dos sonhos se avraie e que me deixe por lá uma boa temporada. Daqui a pouco vou ao cinema. Se não escrever durante uns tempos é porque estou numa outra história.

segunda-feira, março 22, 2004

Reunião
... de tupperware.

Este há-de ser o nome do meu próximo blog (com direitos de autor já reservados).
Algumas mulheres (grandes mulheres obviamente) que por aqui passam, reunem-se alegremente, trocam dicas sobre diversos temas, promovem produtos comerciais, deixam recados umas ás outras. Fazem-no de forma inconsequente e o pior de tudo é que de facto é inconsequente.
Sempre encarei o blog como um espaço de liberdade, até de libertação. Eu convivo pacificamente com o facto de ser em casa, um homem objecto (e desempenho esse papel com muito brio e orgulho). Eis que de repente, me vejo autor de um blogobjecto.
O pior é que nem posso refilar muito com esta utilização abusiva por parte do sector feminino, já que são o garante de algum sucesso da Caixa de Costura e evitam que me deprima horrores cada vez que consulto as estatísticas.
Vem-me à ideia, nem sei porquê, o "Operário em Construção" de Vinicius:
"(..)
não sabia por exemplo
que a casa de um homem
é um templo
um templo sem religião.
Como tampouco sabia,
que a casa que ele fazia,
sendo a sua liberdade
era a sua escravidão (...)"
Ora, com o blog passa-se o mesmo. Sendo a minha liberdade é a minha escravidão.

sexta-feira, março 19, 2004

Pré Primária
Todos os dias, no bolso do bibe azul, encontramos as folhas de rascunho que antecedem a escrita no caderno da escola. No outro dia, resultado de alguém andar a vasculhar o lixo, alguns destes rascunhos estavam espalhados pela rua o que deixou o João, algures entre o curioso e o desconfiado. "Que giro mãe. Está ali um papel meu da escola."
Ontem podia ver-se
Gato Gato gato
Guita Guita
Gruta Gruta Gruta Gruta
Galo Galo Galo
Desconfio qiue o João, com cinco anos, chegou ao chamado ponto G.
Dia do Pai
Já tive direito a uns beijos e abraços e até a uns calções para a próxima época balnear. Cheguei a temer receber umas embalagens de Regaine, mas vieram uns calções lindos.
Aguardo ansiosamente o resultado das iniciativas escolares.

quarta-feira, março 17, 2004

Antecipação da Primavera I
Na certeza que o sonho tão desejado se fez vida. Primeiro filho da Filipa e do António. A imagem ainda é a dos sorrisos alternados com os enjôos, mas a felicidade anda a jorros, genuína por ali. E até que lhe cai muito bem.
Antecipação da Primavera II
Na temperatura do ar que tem ultrapassado as duas dezenas de graus. Ainda vamos aturar umas nuvens e umas caretas, mas a nossa cara vai concerteza estar mais ensolarada. Numa jogada de antecipação, o almoço de ontem foi entre amigos, e na esplanada de uma praia próxima. Vantagem evidente, a consciência de que para lá destas paredes e dos problemas que encerram existe vida no mundo exterior. A desvantagem traduz-se numa pontinha de inveja. A esplanada estava repleta de gente que não não se limitava a a proveitar um curtíssimo intervalo de almoço.

terça-feira, março 16, 2004

Chegou
... lá a casa há cerca de um ano e meio. Veio pela mão de uma senhora com um ar distinto, que a entregou como quem entrega uma criança ás mãos de um estranho. Cheia de conselhos, recomendações, enaltecendo todas as virtudes e disfarçando-lhe o mau feitio. Tal qual as crianças, fez asneira logo na primeira oportunidade. Derramou uma garrafa de óleo ou azeite na mesa da cozinha. Era ver a senhora distinta, com um ar aflito a desfazer-se em desculpas, receosa de algum tipo de rejeição. Acabou por dizer uma das frases com que os homens mais mentem: "Isto nunca me tinha acontecido antes !".
A senhora regressou a casa com a angústia da separação mas com o sorriso de quem faz uma boa acção. Lá em casa ficou o quinto elemento da família: a Bimby.
A Bimby é uma protagonista da cozinha, uma sopeira electrónica que não dorme com o patrão (e ainda bem que assim é porque aquelas lâminas não são de confiar), uma cozinheira com mostrador e botões. A Bimby é o Ferrari dos robots de cozinha. 10 segundos para leite creme, 30 para caipirinha, 25 para ameijoas à bolhão pato, 12 segundos para sorvete de morangos, sopa em 20 minutos, massa de tarte num minuto, açucar em pó em 5 segundos, . A bimby pesa, aquece, cozinha, tritura, amassa, coa e transforma a cozinha num box de F1, mas não trás as miúdas giras e cheias de curvas que povoam as ditas boxes.
A Bimby não tem direito a subsídio de Natal nem de Férias, não parte nada lá em casa, não passa a vida na cusquice com as outras Bimbys, mas não passa a ferro, não aspira, não faz as camas, não finge que arruma, nem que limpa o pó, não vive na zona saloia e não assobia nos esses. A Bimby não se mete na vida do patronato.
Ainda assim não sei se prefiro uma Bimby se uma Bimba.


domingo, março 14, 2004

Almoço de Primos
Não sei bem a propósito do quê, depois das entradas, a meio do arroz de pato e mesmo antes dos morangos, insinuou-se que assim, à primeira vista, eu podia ser considerado como ... careca. CARECA ???
Há uns anos atrás, a avó da Ana espreitava da janela quando eu ia buscá-la à porta de casa. A sua cusquice levou-a a alertar o meu futuro sogro que a menina dos olhos da família devia estar a sair com um homem bem mais velho, careca e tudo. Olha já se sabe que, a partir de certa idade os olhos nos atraiçoam, e veio-se a comprovar que as suas suspeitas eram infundadas e que eu não só se tratava de um jovem de vinte e tantos anos como era possuidor de uma farta cabeleira (mal distribuída talvez, mas farta).
Há menos anos atrás, ia eu a descer uma rua com alguma inclinação, e oiço uma criança atrás de mim (devia sofrer de alucinações) a perguntar ao respectivo progenitor "Pai, porque é que aquele senhor é careca?". Olhei em volta e não vi mais ninguém. Apeteceu-me mandar um estalo ao fedelho, mas vi logo que a criança devia ter algum problema. Do estilo ser muito mentirosa.
Nestes últimos tempos, várias são as situações em que sou abusivamente classificado na categoria dos carecas ou, ainda pior, na dos calvos. É um disparate equivalente a dizer que o planeta terra é todo coberto por água. Eu tenho cabelo, e em abundância, em parte significativa do hemisfério norte da minha cabeça.
A propósito deste tema, senti imenso a falta do Daniel neste almoço de primos.

quinta-feira, março 11, 2004

Beiço no beiço
Aproveitando o título da Rita, e o post jé desde a BananadaDeGoiaba. Deu isto. Logo a mim que acho estas coisas tão pouco hegiénicas. A imagem é tão pirosinha, mas dá um post lindo. Falta-lhe um pôr do sol e umas pombas lá por trás.
lip kiss
kiss on the lips - you're sweet and simple but
quite daring. you move for the kill confidently
knowing the other person wants the same thing.


What Sign of Affection Are You?
brought to you by Quizilla
Hijos de Puta
Espanta-me
a quantidade de notícias existente sobre Marte. Que raio de raça é a nossa que gasta rios de tinta a escrever sobre um planeta que não parece mais que um imenso court de terra batida, cheio de imperfeições e ainda por cima sem bancadas. Pelo que ouvi hoje na rádio, parece que a atmosfera do dito cheira a pum. O que há mais para escrever sobre Marte? Que teve água ? A garrafa que está à minha frente também já teve água e agora está vazia. E digo mais. A garrafa à minha frente não tem cheiro. Se de vez em quando, algo cheira a pum aqui nas redondezas, a culpa é exclusivamente minha.
Tratando-se de um planeta vermelho, haverá algum receio de uma nova ameaça comunista proveniente do espaço. Será isso que preocupa o mundo? Será que acham que em Marte se comem criancinhas. Será que vão surgir fotografias em panfletos reaccionários sobre gastronomia envolvendo criancinhas em Marte? Neste mundo tudo é possível. Noutro mundo, não sei.


Então
isto faz-se? Começa a chover ao início da tarde e deixa-se a água aberta até estarmos todos com os carros espetados uns nos outros. Está barata a água, não é verdade? E a rapaziada das oficinas cobra pouco, não? Estar numa fila de automóveis pode até ser uma oportunidade para alguma coisa que não me estou bem a lembrar o quê, mas que enerva um bocadinho quando se tem um compromisso importante ao qual se chega atrasado mais do uma hora, lá isso enerva. E MUITOOOOOOO. Ao Dom Pedro pelo tempo que fez, e ao Dom Pedro pelo túnel das Amoreiras obrigadinho.

terça-feira, março 09, 2004

Ando
... meio desfasado. Ainda bêbado do cansaço físico saboreado. Ando com um sorriso estúpido na cara, quase imune ás chatice. Reencontro com as coisas boas, as pessoas e os sorrisos de estar feliz. Encontrei sorrisos tão bons. Sabe-me bem o regresso assim. Tomo-lhe o gosto, tomara que fique, oxalá esteja para durar. O tempo é a melhor das dimensões. Dá para chapinhar nas poças das boas memórias.

segunda-feira, março 08, 2004

Janico
No seu melhor estilo, orgulho óbvio de pais babados.
Para o ano também vais Manel.
Ser Mãe ...
... dá uma trabalheira invulgar.
Chegar a casa com quilos de tralhas ás costas, dar-lhe lanche, dar-lhe banho, secar-lhe o cabelo, espalhar os cremes para que à chegada a Lisboa ninguém perceba as marcas de -9 graus de temperatura máxima, brincarmos juntos um pedacinho de tempo, fazer-lhe o jantar, dar-lhe o jantar, deixá-lo brincar enquanto se come qualquer coisa, deitá-lo, sentar-me em frente à televisão com aquela pequena angústia de ter que preparar tudo para o dia seguinte, levantar-me e preparar tudo para o dia seguinte, deitar-me doido de cansaço.
A todas aquelas que vão sentido o apelo da maternidade, deixem-se levar por ele, que para lá deste cansaço, há tanta coisa boa.
O João Maria portou-se tão bem, meu amor e herói das neves, tanto mais que vem carregadinho de boas cores e (certificação materna) mais gordo.