Chegou
... lá a casa há cerca de um ano e meio. Veio pela mão de uma senhora com um ar distinto, que a entregou como quem entrega uma criança ás mãos de um estranho. Cheia de conselhos, recomendações, enaltecendo todas as virtudes e disfarçando-lhe o mau feitio. Tal qual as crianças, fez asneira logo na primeira oportunidade. Derramou uma garrafa de óleo ou azeite na mesa da cozinha. Era ver a senhora distinta, com um ar aflito a desfazer-se em desculpas, receosa de algum tipo de rejeição. Acabou por dizer uma das frases com que os homens mais mentem: "Isto nunca me tinha acontecido antes !".
A senhora regressou a casa com a angústia da separação mas com o sorriso de quem faz uma boa acção. Lá em casa ficou o quinto elemento da família: a Bimby.
A Bimby é uma protagonista da cozinha, uma sopeira electrónica que não dorme com o patrão (e ainda bem que assim é porque aquelas lâminas não são de confiar), uma cozinheira com mostrador e botões. A Bimby é o Ferrari dos robots de cozinha. 10 segundos para leite creme, 30 para caipirinha, 25 para ameijoas à bolhão pato, 12 segundos para sorvete de morangos, sopa em 20 minutos, massa de tarte num minuto, açucar em pó em 5 segundos, . A bimby pesa, aquece, cozinha, tritura, amassa, coa e transforma a cozinha num box de F1, mas não trás as miúdas giras e cheias de curvas que povoam as ditas boxes.
A Bimby não tem direito a subsídio de Natal nem de Férias, não parte nada lá em casa, não passa a vida na cusquice com as outras Bimbys, mas não passa a ferro, não aspira, não faz as camas, não finge que arruma, nem que limpa o pó, não vive na zona saloia e não assobia nos esses. A Bimby não se mete na vida do patronato.
Ainda assim não sei se prefiro uma Bimby se uma Bimba.
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