A quarentena, não fazendo por mal, obriga-nos a prestar atenção a alguns detalhes que quase nos passavam despercebidos dentro da própria casa, ou nas vizinhanças próximas.
Não fazia ideia que tinha tantos vizinhos e, por incrível que pareça, a maior parte deles interage com bom dia e boa tarde e chegam a sorrir. Até os do 2º esquerdo do nº 27, pasme-se. Parecem uma republica estudantil e até há dois dias atrás tinham uma escala para irem à varanda fumar e comer. Entretanto ou baixaram o nível de alerta para laranja ou enrolaram-se todo uns com os outros que já vai na segunda noite que fazem raves na varanda e na escada todos a menos de um metro uns dos outros e bebem, cantam, conversam e riem. Não me incomoda e até gosto de ouvir a agitação. Se se lembrarem de cantar canções de tuna académica, chamo a polícia e a direcção geral de saúde. Até lá, podem continuar.
Há três rapazes mais ou menos miúdos, mais ou menos adultos, que vivem cá em casa e que também parecem ser muito simpáticos. Até cozinham de quando em vez. Um de forma mais consistente, outro sempre que necessita e o do meio sempre que não consegue convencer ninguém a cozinhar para ele. Além de cozinhar, começam a sorrir e já dão os primeiros passos fora do quarto. Não tarda começam a falar connosco. Parece que estamos a reviver a altura em que eram bebés. Aposto que mais duas semanas e a rainha convence-os a voltar a vestir de igual e lá para o final de Abril ainda voltam aos cueiros e podemos andar com eles ao colo. Estou doido para que digam pai. Ao fim da tarde estão um bocadinho agitados mas nada que umas colheres de atarax não possam resolver.
O cão está cada vez mais profissional e hoje foi o cão que melhor se portou na conference call das 10, ao contrário do cão do responsável técnico do cliente que ladrou durante a reunião toda. Estou muito contente com o desempenho dele e acho que o vou promover de rookie a associate consultant e fazer cartões de visita para ele.
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