Diz que o tele trabalho funciona melhor se mantivermos as
rotinas de escritório. Levantar cedo, tomar banho, vestir uma roupa adequada a
qualquer video-conferência que possa surgir o que pode incluir camisa, blaser e
calças de fato de treino, embora pessoalmente opte pela camisa,pullover e calças
de ganga, tomar o pequeno almoço e passear o cão. A menos da ausência do
trajecto casa escritório, a manhã é em tudo muito semelhante a uma manhã de
trabalho até que se aproxima a hora de almoço. Ora eu não tenho por hábito
cozinhar o almoço quando estou no escritório e agora em quarentena as coisas
não são bem assim.
Além do requisito de cozinhar o almoço, esta quarentena tem sido
farta em desejos gastronómicos. Um destes dias fui invadido por uma vontade
súbita de cozido à portuguesa e, entre descobrir que não conseguia via Uber-eats,
encomendar as carnes no talho, e preparar
o cozinhado, levei cinco dias até o conseguir fazer. Além do cozido, já houve
almoços de peixe ao vapor, chocos na grelha e bochechas de porco. Eu que
despachava tantas vezes o almoço com um mc Donalds, um H3 em dias especiais,
uma sandes de presunto e queijo da serra ou um prego. Não é do tempo e do esforço
que falo. É mesmo da gula. É que se o vírus tem uma curva monitorizada, por
aquilo que eu vejo nas redes sociais e pelas pessoionhas que estão comigo a fazer
esta quarentena, a curva da gula atingiu toda a população e não há forma de lhe
inverter a derivada. Devia haver um boletim diário sobre o número de infectados
pela gula, e pela ansiedade, e pela neura também.
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À cautela, a balança cá de casa, está isolada no caixote de
lixo desde o início de março. Não vá ela querer dar algum recado a alguém mais impaciente
e abrir um lenho a alguém que passe na rua quando for arremessada janela fora.
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