Este cenário, que não passa disso mesmo, de um cenário está a deixar muita gente nervosa, a desenterrar muitos fantasmas, muito irritada e sobretudo numa excitação descontrolada perto da histeria que lhes está a tirar algum discernimento de raciocínio.
Percebo alguma irritação porque António está a procurar outros consensos enquanto Pedro e Paulo continuam fascinados pelo umbigo um do outro, pouco mais fazendo que reunir com António em tom de quem anda a toque de caixa para não perderem o comboio. Convém lembrar a estes senhores que ganharam as eleições e que têm um governo e um programa a apresentar e que colocarem-se como espetadores não abona muito a favor deles.
Percebo alguma frustração e desencanto da direita com a coligação, porque votaram num programa da continuidade, e agora Pedro e Paulo querem governar pelo programa do António.
Já o nervosismo com as conversas que António tem à sua esquerda, é-me muito difícil entender.
Alguma vez Aníbal chamaria António para formar Governo?
Alguma vez o PCP faria parte de um governo PS ou apoiaria um governo PS durante toda uma legislatura? Axandrem-se. Nem o PCP cede tanto, nem o PS muda tanto.
Com certeza que não, mas esta possibilidade de, passados 40 anos, a esquerda poder entender-se torna tudo muito incómodo.
Pessoalmente, dá-me um gozo bestial que haja maior entendimento entre os partidos de esquerda e ainda maior ao ver a cara de caso de Paulo e Pedro e o nervosismo disparatado de quem os acha uma escolha razoável.
Também gosto de saber que o PCP e o BE, em pouco mais que uma semana, passaram a fazer parte do arco de governação e que Paulo inventou um novo arco: o arco europeu. Só ainda não percebi qual é que tem maior diâmetro: o da governação ou o europeu?
Só espero que o António seja um tudo nada mais divertido na liderança deste processo, já que parece ser o único com vontade de o fazer. Ao menos que o faça em grande.
A meu ver, o António não é homem não é nada, se na próxima reunião com o Pedro e Paulo não trouxer o TGV e o novo Aeroporto para a mesa das negociações.
E a libertação do preso político.
E o carro eléctrico.
E as novas oportunidades.
A terceira travessia do Tejo não é preciso, porque com o atual diâmetro do arco da governação, basta colocar o CDS-PP no barreiro e o Bloco no Terreiro do Paço. No ministério das finanças por exemplo.