Cheguei atrasado
à natação para te apanhar e levar para casa. Já estavas de
banho tomado, vestido e de cabelo mal seco. O progenitor de um outro miúdo perguntou-me
se era eu o teu pai. Palavra de honra que pensei “Estupor do fedelho já
asneirou. Ou se esticou no vernáculo com os amigos, ou foi malcriado com algum
adulto.” Tenho-te em boa conta já se vê. Preparo-me então para o discurso
evangelizador sobre o respeito com os outros, e eis que o pai do outro miúdo me
dá os parabéns. Não pelo teu nono aniversário, mas pela ligeireza a resolver um
problema de matemática, em que te mostraste lesto onde muitos adultos se
atrapalham. Desarmei-me da pose autoritária, suspirei de alívio e inchei de
orgulho, só não comentei o milagre da herança genética porque a modéstia fica quase
sempre bem. Orgulho-me da tua agilidade com o raciocínio, orgulho-me dos teus
nove anos, da tua persistência, da tua alegria, do teu sorriso, do teu mimo, da
tua autonomia, da paciência com os teus irmãos e dessa deliciosa insistência em
ser o eterno bebé da casa. Afinal ainda só tens nove anos, nem duas mãos
completas para mostrar a tua idade. Desespero nos teus exageros, nas tuas
birras, nos teus amuos, na tua autonomia, da falta de paciência com os teus
irmãos e nessa estranha insistência em seres o bebé lá de casa. Afinal já tens
nove anos, quase duas mãos completas para mostrar a tua idade. Afinal já sabes
tanto, afinal já és tanto, afinal imenso. Afinal noves fora tu, noves fora
tudo. Parabéns meu Amor.
3 comentários:
E pronto...cá estou eu de lágrima no olho. Parabéns ao filho e parabéns ao pai.
Obrigada pelas partilhas singelas...
A tua mãe, André, deixou de chorar. É assim.
Mas aqui sim, ...
Pelo António, por ti ...
O que eu quero dizer é
PARABÉNS
para o António
para ti
Não, lágrimas.
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