A primeira foi por vontade própria. No fundo só não sabia onde estava o fundo. A margem estava tão perto que achei que era uma boa altura para saltar para fora de bordo e ajudar à manobra de ancorar a embarcação. Escolhi a proa e lancei-me para ficar com água pelos joelhos. Entrei de pés e a água passou os joelhos, a cintura, o pescoço, a cabeça e submergi. Tratou-se só e apenas de uma incorrecta leitura de profundidade.
A terceira foi por desequilíbrio. Na popa era necessário uma manobra que envolvia soltar um pequeno mecanismo no exterior da embarcação. Tudo parecia correr bem, mas como se sabe a ria é traiçoeira e tem ondas capazes de fazer inveja ao canhão da Nazaré. Ora a embarcação ficou ainda mais inclinada e o meu ponto de sustentação desapareceu. Foi como se o chão se fosse embora. Desta vez não mergulhei na totalidade, apenas até à cintura. Ou o externo pronto. Os mamilos tenho a certeza que se safaram, mas o mesmo não posso dizer do telemóvel, nem da carteira. O resto da manhã foi a passar os cartões por água doce e a dar arroz ao telemóvel. A lavagem de dinheiro correu bem, mas o estupor do gadget de fraca qualidade ainda não saiu do coma induzido.
Esperemos por dias melhores, mais secos, mais longe da ria.