sexta-feira, novembro 09, 2012

Empobreçamos então Isabel


Como um treinador de futebol em desgraça que passa de bestial a besta, como a "Floribela que numa semana passou de boazinha a boazona" (esta graça pertence, se não estou em erro, ao Bruno Nogueira), como um político que em semana de tomada de posse passa de promissor governante a mentiroso compulsivo, a responsável pelo Banco Alimentar contra a Fome é nesta semana despromovida à categoria de besta. Esta contestação generalizada a Isabel Jonet surge na sequência das declarações feitas sobre a necessidade dos Portugueses reaprenderem a empobrecer, depois de anos de vidas acima das reais possibilidades. A versão travestida de Manuela Eanes ilustra o novo paradigma de empobrecimento, com o tema bitoque: «Se nós não temos dinheiro para comer bifes todos os dias, então não comemos bifes todos os dias».
Estas declarações causaram espanto e indignação nas redes sociais e até há quem exija a demissão da Manuela Eanes das grandes superfícies. Caramba, a senhora também não disse um disparate assim tão grande. Apenas nos aconselhou o empobrecimento e a reformulação dos menus familiares.
Pessoalmente, já acatei os sábios conselhos do Fernando Nobre de saias, e ainda ontem, com a emoção do jogo do Sporting deixei o refogado passar um tudo nada do ponto e a carne guisada planeada para hoje vai ser servida ao jantar com o empobrecimento sugerido. Hoje ao jantar há “Carne à Sporting” que não é mais que carne guisadóesturricada. Nos próximos dias vamos continuar com ementas mais modestas que incluem Empadão à Troika (só arroz ou puré), Salsichas à Paulo Portas (duas salsichas de lata em forma de submarino submersas em água quente) e o inevitável Cozido Gaspar (faz-se o cozido completo, entregam-se as carnes e os enchidos às finanças e serve-se o caldo e as hortaliças). Espero que estas sugestões estejam de acordo com o programa de empobrecimento global sugerido.
Relembro aqui que Isabel Jonet não tem só o mérito de nos fazer mais solidários quando empurramos carrinhos de supermercado em determinados fins-de-semana. O grande mérito da senhora, é o de, nesses mesmos fins-de-semana, justificar a existência de milhares de escuteiros e libertá-los por três dias do estigma de “ajudar os velhinhos a atravessar a rua”.

2 comentários:

lu! disse...

desta não estava a espera! a sério? também é contra a solidariedade? isto é conversa de esquerda caviar, não de alguém que se diz católico. antes ajudar velhinhos a atravessar a rua, do que passar o dia a debitar disparates na internet.

quanto ao cartoon, pelo menos essas pessoas contribuem alguma coisa para os outros. a razão porque o fazem está entre elas e a sua consciência. os actos devem sempre valer mais que as palavras. 20 anos de actos extraordinários dizem mais sobre Isabel Jonet do que um conjunto de declarações politicamente incorrectas.

"O que fizerdes ao mais pequenino dos meus irmãos é a mim que fazeis." (Mt 25, 40)

Anónimo disse...

Para lul (?)

Este texto está muito bem escrito

e faz pensar.

Vivemos realmente num grande défice de capacidade de pensar.

«Fazer pensar» é um acto de amor e tem um sinal mais.

É mesmo ser solidário.