sexta-feira, novembro 16, 2012

À Carga

A propósito da carga policial na passada quarta feira, tenho alguma dificuldade em perceber as vozes que se levantam contra a mesma. Alguns dos manifestantes que permaneceram no largo da assembleia após o fim da manifestação da CGTP, nada mais fizeram do que provocar e atingir à pedrada o corpo policial durante mais que uma hora, a polícia fez um pré aviso de distribuição de pancadaria dando oportunidade de recuo a quem o quisesse fazer, e depois carregou sobre quem resolveu ficar. Estavam à espera de quê? Que fosse só na reinação? Que a polícia fosse dar abracinhos a quem os esteve a apedrejar durante mais que uma hora ? Não entendo qualquer indignação sobre esta intervenção por muito que me custe, neste caso e só neste caso, estar alinhado com o discurso do governo.
Ainda a propósito da intervenção policial, parece-me pertinente tecer mais duas considerações:
1. O governo e os grupos parlamentares do PSD e do CDS não têm feito outra coisa senão agredir de forma violenta os cidadãos do país, carregando de forma abusiva na carga fiscal e descurando a redução da despesa. Instanciando, o governo tem agredido e provocado os elementos das forças de segurança, razão pela qual me parece ser inevitável que mais tarde ou mais cedo, se assista a uma carga policial de fora para dentro da Assembleia. Não deve, portanto, tardar muito para assistirmos a uma carga policial sobre os membros do governo e sobre os deputados que sustentam o mesmo. Também neste caso devem ser avisados para que, caso pretendam, recuem nas acções de provocação e agressão às forças de segurança.
2. À semelhança do que aconteceu com Luisão, a UEFA pondera suspender por dois meses, o corpo de intervenção da polícia na sequência da carga policial de Quarta Feira. A reincidência de desacatos desta natureza pode até levar à interdição da escadaria da assembleia ou mesmo à realização de manifestações à porta fechada.
E é isto.

1 comentário:

FF disse...

André, é fácil falar sem lá ter estado. Eu estive e fiquei chocado com a forma como a narrativa oficial, pró-governo, começou imediatamente a circular em todos os telejornais. A verdade é que os avisos não foram ouvidos por ninguém: eu estava na esquina com a Calçada da Estrela e não ouvi nada; e há um vídeo no youtube onde se ouve um dos apedrejadores a perguntar, a dois metros da linha policial e depois de se ouvir um megafone roufenho, "o que é que eles disseram?". A verdade é que tive de fugir a correr, depois de uma carga que só por acaso não provocou feridos graves. A verdade é que a polícia não protegeu o meu direito a manifestar-me (e fê-lo, curiosamente, no dia a seguir a ter visto confirmado um aumento salarial).
Isto ou foi um exemplo de incompetência (era fácil ter dominado desde o início os poucos "troublemakers") ou uma manobra de intimidação, para reduzir drasticamente a participação nas próximas manifestações. O facto de teres "comprado" este discurso prova que funcionou.