Há uns anos atrás, não muitos, o fenómeno do facebook e dos micro blogues estendeu-se à política e aos políticos. Passou a ser lugar comum a existência de páginas de facebook e twitters de políticos. Umas mais institucionais como a do presidente, outras menos, umas com maior actividade e outras deixadas ao abandono após os tempos eleitorais. Nesses tempos de eleições não há candidato a deputado, cabeça de lista distrital ou mandatário que não escreva assiduamente nas contas de facebook, ou de twitter. Este frenesim de actividade nas redes sociais, pode depois dar asneira, como no caso da página de Fernando Nobre, ou o mais recente desabafo de Passos Coelho sobre a comunicação que fez ao país na passada Sexta Feira quando este se encontrava em estágio para enfrentar a poderosa selecção do Luxemburgo com exibição de luxo. A propósito de Pedro Passos Coelho, e das suas decisões políticas, uma visita à sua conta de twitter na altura pós chumbo do PEC IV, só não é divertida porque revela que mais uma vez não somos muito dotados a fazer e a escolher políticos e governantes. Pedro Passos Coelho sabia, nessa altura a gravíssima situação em que o país se encontrava e escrevia na sua conta de twitter:
1 de Abril - Já ouvi o primeiro-ministro (José Sócrates) dizer que o PSD quer acabar com o 13.º mês, mas nós nunca falámos disso e é um disparate
7 de Abril - Isto pode-se fazer com um Governo muito mais pequeno e com um número de ministros não superior a dez.
12 de Abril - O PSD chumbou o PEC 4 porque tem de se dizer basta: a austeridade não pode incidir sempre no aumento de impostos e no corte de rendimento.
20 de Abril - Estamos a pagar bens essenciais muito caros ao estrangeiro, quando as Pescas e a Agricultura podem dar emprego a muita gente.
2 de Maio - Se formos Governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema português.
2 de Maio - Temos de apostar na economia, mas na economia que cria emprego, não na economia que cria rendas aos amigos do poder.
2 de Maio - Faremos diferente, trazendo para cima da mesa as contas verdadeiras e pondo o Estado a fazer os sacrifícios que andou a impor aos cidadãos.
10 de Maio - Se não queremos cortar salários, temos de baixar a taxa social única para ganhar competitividade no curto prazo
11 de Maio - O aumento de impostos previsto por este Governo no documento que assinámos com a UE e o FMI é mais do que suficiente
16 de Maio - Prefiro ser criticado por alguma medida mais difícil que defendo do que ser acusado de ludibriar as pessoa
18 de Maio - É uma tragédia o estado a que o nosso estado social tem chegado. Precisamos de novas políticas activas de emprego
24 de Maio - Se continuássemos a empurrar os cortes na despesa com a barriga desta forma, acabaríamos o ano com mais mil milhões de euros de défice real.
31 de Maio - Um desemprego tão elevado reforça a necessidade absoluta de se tomarem medidas para transformar a nossa economia.
Depois de ler isto e relembrando o governo de José Sócrates, eu tenho em crer que a culpa não está nos primeiros ministros. Trata-se de um vírus que afecta os candidatos a primeiro ministro mesmo antes de serem eleitos, e olhando para a lista de disparates, tenho em crer que o dito vírus esteve particularmente agressivo a 2 de maio (a declaração de 1 de Abril, como parece óbvio, nada tem a ver com o vírus, antes foi o assinalar do dia das mentiras).
Definitivamente, tantas décadas de ditadura, não nos ensinaram a ser cuidadosos nas escolhas da democracia.
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